Sunday, June 25, 2017

A Estratégia Americana na Síria, o Irã e a Coreia do Norte - 25/06/2017

No domingo passado, a força aérea americana abateu um jato sírio no norte do país envolvendo os Estados Unidos na guerra civil que assola a Síria há mais de seis anos. Agora, o impasse não é mais entre milícias locais, nem entre as forças regionais, mas entre os Estados Unidos em direta oposição à Rússia e ao Irã.

Os Estados Unidos querem separar os dois conflitos atuais na Síria: um contra o Estado Islâmico no leste e o outro, a guerra civil entre Assad e os rebeldes no oeste. Trump não nega sua interferência no primeiro, mas quer ficar fora do segundo. Assim, os rebeldes e curdos apoiados pela América estão proibidos de atacar as forças de Bashar al-Assad.

Enquanto a vitória sobre o Estado Islâmico parece inevitável, Assad – ou mais precisamente, o Irã e a Rússia – estão determinados a vencer os rebeldes. Isso coloca os Estados Unidos frente a duas escolhas: ou deixar seus aliados serem derrotados pelo regime, o Irã e a Rússia, ou ajudar a defendê-los. Uma decisão que Trump terá tomar o quanto antes.

Que seja uma Síria fragmentada, com Assad no oeste e os rebeldes no leste; ou a destruição do regime de Assad e a implantação de zonas seguras; ou a sobrevivência do regime de Assad e a volta de toda a Síria para suas mãos, qualquer destas escolhas é difícil e tem um custo. Mas o preço mais alto será pago se a América não definir uma estratégia e logo. A falta desta estratégia já permitiu às forças iranianas chegarem à fronteira entre o Iraque e a Síria e a cortarem o progresso dos rebeldes apoiados pelos Estados Unidos.

Porque isto é importante para Israel? Se os Estados Unidos e seus aliados forem derrotados no leste da Síria, o resultado será o estabelecimento de um corredor contíguo para o Irã passando pelo Iraque e a Síria até o Mediterrâneo. Pela primeira vez, os aiatolás estarão fisicamente às portas da Europa e na fronteira com Israel. Isto irá profundamente transformar a ameaça iraniana ao Estado Judeu.

Isso não tem a ver somente com a transferência de armamentos aos jihadistas e à Hezbollah no sul do Líbano. Para entender o perigo que representa tal corredor é preciso analisar o estilo de guerra que o Irã tem conduzido na última década na Síria e no Iraque. Sem ter declarado qualquer guerra, milícias iranianas entraram no Iraque e na Síria e têm comandado ataques, transferido armamento, tudo para proteger seus aliados e seus interesses. Com a desculpa de lutar contra o Estado Islâmico, o Irã, hoje constitui a maior força de poder nestes dois países.

Israel tem que assumir que numa futura guerra com a Hezbollah, ela não estará imune a este modelo. O líder da Hezbollah, Hassan Nasrallah, declarou nesta sexta-feira que o próximo confronto com Israel atrairá milhares de combatentes do Irã, do Iraque, da Síria e do Iêmen.

O fato dos governos tanto do Iraque como da Síria estarem em desalinho, é uma grande vantagem para o Irã. A criação de um corredor contíguo até o Líbano dará uma vantagem enorme aos aiatolás numa guerra com Israel e mísseis iranianos posicionados no Mediterrâneo servirão para dissuadir qualquer país europeu e mesmo a América de se envolver.

E aí temos a Coreia do Norte. Apesar de todas as sanções e condenações pelo tratamento de Otto Warmbier, Pyongyang está aumentando seus testes nucleares. Ontem mesmo testaram o motor de um míssil balístico intercontinental que poderá atingir os Estados Unidos. Este impulso irracional de Kim Jon-un pode ter Teerã por trás já que o programa nuclear norte-coreano é feito em conjunção com o Irã. É sabido que assim que a Coreia do Norte alcançar a tecnologia de mísseis balísticos intercontinentais, o Irã terá posse dela.

Por isso é imperativo que Israel impeça o Irã de estabelecer este corredor e para isso precisa convencer a administração americana desta necessidade.

E falando da Coreia do Norte, tristemente, o estudante judeu americano Otto Warmbier morreu menos de uma semana após ter retornado aos Estados Unidos em estado vegetativo. A história dele nos seguiu a semana inteira. A última imagem que temos deste garoto vivo é frente ao tribunal fantoche, chorando e implorando de modo humilhante, por sua vida arruinada por acusações que ele não pode desmentir. Otto só encontrou injustiça na Coreia do Norte. Um julgamento fraudado, uma confissão forçada, uma sentença de 15 anos de trabalhos forçados, tortura e morte. Ele só tinha 22 anos.

E estes animais ainda têm a cara-de-pau de dizer que o retornaram por “razões humanitárias”. Que humanidade existe no regime da Coreia do Norte?? Eles eram responsáveis pelo bem-estar deste jovem, culpado ou não, dentro de seu sistema carcerário. E qual foi o crime de Otto? Ele fora acusado de tentar remover um pôster do governo e leva-lo como lembrança. Este governo beócio afirmou que este ato minou a própria fundação do Estado!! Se for assim, a fundação do estado norte-coreano não resta sobre muita coisa fora da insanidade de seu líder.

Otto negou ter cometido este suposto “crime contra o Estado” e a prova do governo foi um filme obscuro mostrando alguém não identificável, que tentou, mas não conseguiu remover o pôster.

Otto não é a primeira nem será a última pessoa a receber uma punição extrema por um crime que não cometeu ou por uma infração menor. E o regime da Coreia do Norte não é o único a impor estes tipos de punições em nossos dias. Na Tailândia há punições por insulto ao monarca, na Arábia Saudita sentenças de chibatadas até decapitações são comuns por “crimes” como feitiçaria. No Paquistão, jovens são apedrejadas ou mortas por suas famílias por quererem ir para a escola.

Qualquer um de nós poderia ser Otto Warmbier. Não conheço ninguém que não tenha cometido alguma infração na juventude comparável à que Otto foi acusado. A diferença é que vivemos em países civilizados nos quais tais transgressões resultam em advertências, não em pena de morte! Mas há milhares de Ottos no mundo, que vivem em regimes totalitários como o Irã, aonde mulheres são presas por assistirem a um jogo de vôlei ou por cantar num vídeo do Youtube. E o mundo se cala e ainda premia estes governos com, por exemplo, a presidência da UNESCO. Sim senhores, o delegado iraniano Ahmad Jalali será o presidente da organização e o responsável por implementar suas resoluções como as que negam o elo dos judeus com o Monte do Templo e Jerusalem.

Precisamos quebrar este silêncio que está permitindo tudo a estes déspotas. Se cada um de nós imaginasse ser Otto Warmbier, com os direitos de vida mais básicos negados, lutaríamos com unhas e dentes contra estes regimes. Mas inexplicavelmente continuamos em silêncio apesar de estarmos livres para poder opinar e exigir mudanças.  Vamos pedir para o Brasil cortar relações com a Coreia do Norte. Vamos denunciar o Irã e exigir que somente países com direitos humanos possam liderar organizações internacionais. Vamos lutar para que ninguém mais sofra esta sorte ou amanhã você também pode ser Otto Warmbier. 

Sunday, June 18, 2017

A Complacência com o Islamismo Radical e o Antissemitismo Europeu - 18/06/2017

Começamos mais uma semana cobertos de luto. A linda jovem Hadass Malka, de apenas 23 anos foi assassinada por um terrorista palestino na cidade velha de Jerusalem na sexta-feira à noite. Seu último ato antes de morrer foi de enviar um selfie sorridente a seus amigos, desejando a todos um Shabat Shalom.

Hadass era uma mulher maravilha real. Começando seu serviço militar na marinha, ela pediu transferência para a polícia militar. O treinamento físico extenuante, patrulhas difíceis e perigosas, nada deteve Hadass que queria servir seu país de modo significativo. Seu rosto lindo, risonho e confiante deve ter sido demais para este bando de “losers” - perdedores (como os definiu Donald Trump).

E de fato, é incrível ver o filme Mulher Maravilha, estrelado pela esplendida atriz israelense Gal Gadot, ter sido proibido no mundo árabe. A desculpa é por ela ser israelense, mas ver uma mulher forte salvando o mundo deve ser ofensivamente castrante para homens que só se sentem machos quando oprimem suas mulheres. E o pior é que estão levando esta cultura para o ocidente que infelizmente não sabe como lidar estas supostas “tradições culturais e religiosas”.

Por mais que a ativista muçulmana Linda Sarsour negue, práticas como casamento de meninas impúberes, mutilação genital, assassinatos por honra e outras pérolas da cultura islâmica, têm a ver sim com o islamismo. No primeiro caso nos Estados Unidos, em abril deste ano, as cortes federais de Michigan indiciaram dois médicos e a esposa de um deles, por praticarem a mutilação genital em meninas. Este procedimento cirúrgico é muito doloroso e consiste em remover o clitóris e a lábia que protege a vagina para suprimir qualquer desejo sexual nas meninas para o resto de suas vidas. Os médicos teriam efetuado o procedimento em mais de 100 meninas só em Michigan.

A defesa dos três, pasmem, alegou que isto é um procedimento religioso e, portanto, criminaliza-lo seria ferir a liberdade de culto protegido pela Constituição americana. E quem vocês acham pagou pelas mutilações? A mesquita frequentada pelos médicos.

A perda do norte moral pelos islamistas não está restrito ao Estado Islâmico com suas decapitações e escravidão sexual de meninas infiéis. A coisa chegou ao ponto de um apresentador de um programa de televisão no Egito que supostamente responde perguntas sobre religião, recomendar a uma espectadora respeitar os pedidos sexuais do pai dela e entender que ele estava viúvo já que a mãe dela tinha morrido. O link do vídeo desta infâmia está postado aqui. Isto tudo bem, mas pegar a filha trocando mensagens no Facebook com algum menino, ah, isto é justa causa para mata-la e defender a honra da familia....!

O problema é que o politicamente correto no ocidente praticamente amarrou e amordaçou as autoridades que só agem quando é tarde demais com medo de serem rotulados de islamofobos.

A complacência do ocidente em relação a estas práticas bárbaras e ilegais em seus países se contrapõe cada vez mais à postura anti-Israel domesticamente e nos fóruns internacionais. Algum psicólogo deveria estudar a relação destas duas forças incompreensíveis.

A rede Franco-Alemã de tevê ARTE, decidiu cancelar a transmissão de um documentário sobre o antissemitismo que assola a Europa, especialmente o antissemitismo islâmico. O filme, chamado “Escolhidos e Excluídos” foi considerado uma obra-prima por historiadores e jornalistas especializados em antissemitismo contemporâneo.  O editor do filme Julian Reichelt disse que as “redes de televisão europeias se recusam a mostrar o filme porque não é politicamente correto e porque o filme mostra uma aceitação do antissemitismo em grande parte da sociedade europeia e isso é perturbador”.

E em meio a tudo isso, no teatro do absurdo da UNESCO, depois dela ter negado os laços dos judeus com a cidade de Jerusalem, a organização agora quer designar o túmulos dos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó e suas esposas Sarah, Rebecca e Léa, em Hebron como uma herança do “Estado da Palestina” em sua próxima reunião na Polônia dia 2 de julho próximo.

O embaixador de Israel na Unesco descreveu esta votação como uma nova ofensiva na guerra sobre os locais sagrados aos judeus que os palestinos estão promovendo como parte de sua campanha contra Israel e os laços históricos do povo judeu com a terra de Israel.

Esta é uma nova oportunidade para exortar nossos parlamentares e mudar o voto vergonhoso do Brasil que insiste em se colocar do lado errado da História.

Finalmente, vou levantar minha voz em protesto contra uma das maiores mostras de desrespeito pela vida humana e o que governos liderados por déspotas ignorantes chegam a fazer.

No final de 2015 um estudante americano de 21 anos estava viajando pela China quando viu uma propaganda de uma agencia de turismo em inglês, convidando jovens a visitarem a Coreia do Norte. Otto Warmbier achou a aventura interessante e decidiu ir depois da agência ter assegurado que a viagem era segura para americanos. Otto foi para a Coreia do Norte para cinco dias durante o ano novo.

Enquanto esperava para embarcar para seu voo de volta, Otto foi preso no aeroporto de Piongyang e levado para questionamento por policiais. Eles alegaram que Otto havia roubado um pôster do falecido líder Kim Jong-Il para levar como lembrança e de acordo com as leis da Coreia do Norte, isto é um crime de traição. Otto foi obrigado a confessar o crime dizendo que o tinha cometido por instigação do governo americano e outras afirmações absurdas.

Em Março de 2016, Otto recebeu uma sentença de 15 anos de trabalhos forçados e seus pais não mais ouviram falar dele. Nem cartas, nem telefonemas, nada. A administração Obama recomendou que a família não fizesse alarde e confiasse que ele seria tratado humanamente. Com a mudança do governo americano, Trump decidiu sim fazer alarde e conseguiu a libertação de Otto. Só que ele voltou aos Estados Unidos nesta semana em estado de coma. As autoridades coreanas do norte disseram que ele tinha contraído botulismo, mas os médicos americanos negaram declarando que ele sofrera um dano neurológico severo por insuficiência respiratória. E não só isso. Otto está em coma desde abril do ano passado. Ele não aguentou as torturas e surras nas notórias prisões da Coreia do Norte nem um mês.

Antes desta viajem fatídica, Otto era um estudante exemplar, cursando o primeiro ano da universidade da Virginia em Comércio e Economia. Ele era um ótimo atleta e muito ativo na organização Hillel do Campus da Universidade. Com 16 anos ele participou da viagem a Israel com o grupo Birthright. Sim, Otto é judeu, não que isto faça qualquer diferença.

Quando um país prende alguém, independente do crime, ele se torna responsável por sua segurança e bem estar. O presidiário, por não ter liberdade, não pode fazê-lo sozinho. A Coreia do Norte, epítome do social-comunismo, que impõe a idolatria de seus líderes, não escapa a esta regra.

O Brasil mantem relações diplomáticas com a Coreia do Norte. Acho que além da UNESCO devemos pressionar o governo brasileiro a cortar relações com este ditadorzinho de meia tigela, mandando uma mensagem para aqueles que se conduzirem como párias, que eles serão tratados como párias.






Sunday, June 11, 2017

A Complicada Situação de Qatar - 11/06/2017

Nesta semana tivemos vários eventos com consequências imprevisíveis para os Estados Unidos e Israel.

Primeiro, a embaixadora americana na ONU Nikki Haley visitou Israel, recebendo uma acolhida de estrela. Apesar de estar baseada em Nova Iorque, Haley tem marretado o Conselho de Direitos Humanos em Genebra e ameaçou retirar os Estados Unidos – o maior patrocinador do Conselho - se suas exigências de reforma não forem implementadas. Uma dela é a eliminação do Artigo 7 da Agenda que obriga o Comitê a criticar Israel a cada sessão. O único país do mundo a ter um artigo de condenação obrigatório. 

No meio da semana tivemos o testemunho bizarro do ex-diretor do FBI, James Comey no qual ele confessou ter vazado para a imprensa um memorando oficial de seu encontro com Trump. Pelo menos Comey confirmou de uma vez por todas que não houve qualquer conluio entre Trump e os russos sobre as eleições – para desespero dos democratas.

Pela primeira vez, esta semana o Irã tomou uma dose de seu próprio veneno. Sendo o patrocinador-mor do terrorismo mundial, Teherã sofreu dois ataques simultâneos na quarta-feira, supostamente perpetrados pelo Estado Islâmico.  O Irã imediatamente culpou a Arábia Saudita e prometeu vingança.

E finalmente, tivemos a inesperada ação da Arábia Saudita, Egito, Líbia, Iêmen, Bahrain e Emirados Árabes que cortaram relações diplomáticas com Qatar, fechando suas fronteiras, negando acesso ao seu espaço aéreo e declarando um bloqueio econômico ao Emirado por suas ligações com grupos terroristas e a Irmandade Muçulmana.

O pequeno emirado devia estar esperando por uma destas. Há anos que o Emir trabalha incessantemente para dominar a política do mundo Islâmico. Em 1995, Qatar descobriu um dos maiores campos do mundo de gás natural. Só que um terço do campo está em águas territoriais do Irã o que prontificou a aproximação entre o emirado Sunita e a Republica Islâmica xiita.

Nos anos 90 Qatar se tornou um dos países mais ricos do mundo e seu regime adotou uma política para minar os regimes sunitas do mundo árabe usando propaganda e patrocinando o terrorismo.

Em 1996, o Emir de Qatar criou o canal de noticias em árabe Al Jazeera. Em 2013 Al Jazeera comprou o canal Current TV do ex-presidente americano Al Gore e lançou Al-Jazeera em inglês. O canal tem  em média 60 milhões de telespectadores, sendo o maior formador de opinião do mundo árabe. Sua programação é abertamente oposta aos Estados Unidos e seus aliados sunitas,  apoia a Irmandade Muçulmana e todo grupo terrorista derivado além do Irã e da Hezbollah.

A Al-Jazeera é também visceralmente anti-Israel e antissemita.

O canal funciona como  braço propagandístico da Al-Qaeda, da Hezbollah, do Hamas, do Jihad Islâmico e de qualquer um que atacar a América, Israel, a Europa ou seus aliados.  A Al-Jazeera fez uma extensa cobertura das comemorações em Beirute da volta de Samir Kuntar, o brutal terrorista solto por Israel em 2008 que em 1979 matou quatro adultos a tiros e duas crianças batendo suas cabeças contra pedras na praia em Nahariah.

Al Jazeera teve um papel central na tomada de poder no Egito pela Irmandade Muçulmana e na queda de Muamar Qadafi na Líbia. Nos últimos 20 anos o regime de Qatar foi o maior financiador da al-Qaeda, do Hamas e das milícias associadas com o Estado Islâmico no Iraque e Síria.  Numa comunicação do Depto de Estado americano vazada pela Wikileaks em 2009, Qatar figura como o maior financiador do terrorismo do mundo.

A gota que transbordou o copo, de acordo com o Financial Times, foi a descoberta pelos sauditas que em abril Qatar pagou ao Irã e suas milícias iraquianas e às forças da al-Qaeda na Síria, módicos 1 bilhão de dólares para libertar 50 terroristas presos na Síria.

Depois da visita de Trump ao Oriente Médio, os países sunitas decidiram romper com Qatar até que o emirado denuncie sua aliança estratégica com o Irã, cesse seu suporte financeiro a grupos terroristas e expulse terroristas de seu território.

Se isto acontecer, o Irã irá sofrer um baque enorme. Qatar funciona hoje como seu banqueiro e intermediário diplomático. E se fosse só isso, seria fácil para Trump se manter firme junto a seus aliados sunitas, mas a coisa é mais complicada.

Os Qataris não são bobos e assistiram O Poderoso Chefão. No filme, o filho de Don Corleone diz ter aprendido a manter seus amigos próximos e seus inimigos ainda mais próximos. Nestes anos os Qataris não mediram esforços e dinheiro para envolver os Estados Unidos e suas instituições num emaranhado de relações que levou o Secretario de Estado Rex Tillerson a correr para colocar panos quentes na crise.

Além de doações milionárias a várias fundações, inclusive a dos Clintons, os Qataris investiram centenas de milhões de dólares em universidades americanas. As seis maiores universidades dos Estados Unidos têm campus em Qatar. Até o Instituto Brookings, o prestigioso think-tank americano, abriu uma filial em Doha.

Qatar tentou até trazer Israel para sua zona de influência. Em 1996 o emirado estabeleceu relações comerciais com o Estado Judeu que abriu um escritório comercial em Doha. O escritório foi fechado em 2000 e em 2009 Qatar rompeu todas as relações comerciais com Israel por causa da guerra com o Hamas.

Não é surpresa que Obama tenha tentado substituir o Egito por Qatar como mediador durante a guerra entre Israel e o Hamas. Não funcionou porque Qatar defendeu completamente as exigências do Hamas.

E aí temos o Pentágono. No fim dos anos 90, Qatar gastou mais de um bilhão de dólares para construir a Base Aérea Al Udeid e a ofereceu aos Estados Unidos. Em 2003, o Comando Militar Central Americano foi transferido da Arábia Saudita para Doha e é de lá que as ações americanas no Iraque, Afeganistão e Síria são coordenadas.

Com medo da situação deteriorar, o Irã enviou sua Guarda Revolucionária para proteger o Emir de Qatar, sua família e palácio. Na quarta-feira o parlamento turco, defensor da Irmandade Muçulmana votou para enviar tropas para proteger o regime em Qatar.

Isto tudo foi muito bem calculado. Qualquer ataque a Qatar será entendido como um ataque ao Irã e à Turquia que é membro da OTAN. Em toda esta bagunça entra também a Rússia, tentando tomar o lugar dos Estados Unidos. Trump imediatamente disse que ele próprio iria mediar o conflito e pode ser que ele consiga que Qatar atenda as exigências dos outros países sunitas do Golfo.

De qualquer forma, hoje temos uma nova realidade no Oriente Médio que não está mais claramente dividido entre sunitas e xiitas mas aonde poderosos critérios econômicos tomaram precedência.

Temos que estar todos atentos porque pessoas com um ego enorme, recursos ilimitados e contatos com os maiores grupos terroristas do mundo podem fazer muito estrago se decidirem faze-lo.




Sunday, June 4, 2017

A Guerra Contra a Imagem de Israel - 04/06/2017

Parece que não saímos das mesmas noticias e comentários. Na semana passada começamos com a contagem de 51 mortos e centenas de feridos em dois ataques terroristas: um em Manchester na Inglaterra e outro contra um ônibus de cristãos no Egito.  Os dois ataques foram reivindicados pelo Estado Islâmico. E nesta semana começamos com sete mortos e dezenas de feridos em Londres, muitos em estado crítico. Depois de atropelarem dezenas, três terroristas saíram de uma van armados de facões e apunhalaram vários pedestres incluindo uma criança.

Mais uma vez ouvimos os políticos, a polícia, os comentaristas, os especialistas, e mais velas, flores e ursinhos serão colocados no local do último massacre. O prefeito Sidi Khan procurou assegurar a população dizendo que Londres é a cidade internacional mais segura do mundo. Sério?? Três ataques em três meses, dezenas de mortos e a cidade é a mais segura do mundo?

Infelizmente a Europa criou um problema para si que hoje ninguém consegue resolver. Depois da Segunda Grande Guerra, como penitência pelos crimes cometidos em nome da pureza de raça, os europeus abriram suas portas a milhões de refugiados, especialmente os vindos de países islâmicos e antigas colônias. E como para provar sua redenção, resolveram adotar a política do multiculturalismo. Em outras palavras, em vez de assimilar os refugiados à cultura, língua e valores europeus, a Inglaterra e outros países abraçaram as culturas estrangeiras permitindo a criação de um estado paralelo, literalmente. Hoje só na Inglaterra existem mais de 100 cortes islâmicas para os muçulmanos. Imaginem, um sistema judiciário distinto para os que são de uma certa fé! Na capital da França, Paris, há bairros em que a polícia não entra sem permissão. E todo o tipo de violência, crimes e contravenções são aceitos se cometidos por muçulmanos, só para que o país não seja rotulado de islamofobico.

Há algumas semanas atrás, uma medica de 65 anos, que morava sozinha em um pequeno apartamento num bairro modesto de Paris, foi atacada enquanto dormia. O atacante, seu vizinho de 27 anos com várias passagens pela polícia, entrou no apartamento pela varanda e a torturou por mais de uma hora. O ataque foi tão violento que resultou em mais de 20 fraturas em seu rosto e corpo. Quando os gemidos cessaram, o atacante pegou a senhora ainda viva, e a jogou pela janela do terceiro andar no pavimento, gritando allah uakbar.

Durante todo o incidente, a policia armada estava do lado de fora do apartamento e não fez nada. Os vizinhos, que podiam ouvir os gritos da vítima, também não fizeram nada. A mídia foi avisada ainda durante o evento. Ela não apareceu e não reportou o assassinato.

O nome da vítima era Sara. Sara Halimi.

Esta cena atroz não ocorreu em 1942, à véspera do Rafle du Veld’hiv, quando os franceses prenderam seus judeus e os transportaram para os campos de concentração nazistas. Esta cena aconteceu entre o dia 3 e 4 de abril deste ano, num apartamento a alguns quarteirões do Bataclan, aonde mais de 100 jovens foram mortos por terroristas muçulmanos em 2015.

No domingo seguinte ao assassinato de Sara, uma marcha silenciosa foi organizada na área. Ela foi saudada pelos jovens do bairro aos gritos de “morte aos judeus” e “nós temos kalachnikovs”.

Se a Europa conseguiu abraçar o estrangeiro e seus valores retrógrados e medievais, ela não conseguiu erradicar seu ódio ao judeu. Este ódio milenar se transformou com a criação do Estado de Israel.

Contra todas as expectativas, um punhado de sobreviventes dos campos nazistas conseguiram rechaçar o ataque dos exércitos árabes em 1948.  E ao fazê-lo, sem qualquer ajuda exterior, o Estado judeu tornou-se independente. Longe de ser o resultado do colonialismo europeu, a criação do Estado de Israel moderno foi um exemplo milagroso e único, de um povo antigo, que depois de dois mil anos de exilio, conseguiu retornar à sua terra, ressuscitar sua língua e se tornar um sucesso econômico.
  
Isto não foi digerido pela Europa acostumada a mandar no Oriente Médio. Em novembro de 1967, quando o mundo ainda maravilhava a vitória de Israel na Guerra dos Seis dias e a reunificação de Jerusalem, o Presidente francês Charles de Gaulle chocou 900 jornalistas e 200 diplomatas com uma declaração que não havia sido ouvida por um líder europeu desde 1945: Ele disse: “Os judeus são um povo elitista, dominador e seguros de si próprios”, uma nação que – tendo seu próprio estado – exibirá uma “ambição ardente de conquista” um estado que se tornou de fato “guerreiro” e “determinado a se expandir”.  

Apesar da declaração ter trazido muitas condenações, ela foi o ponto de partida na guerra sobre a imagem de Israel. Uma guerra que Israel ainda não conseguiu vencer.

Sem poder explicar sua derrota contra um adversário minúsculo, os líderes árabes se empenharam em desviar a atenção de sua incompetência para o caráter de Israel. E para fazer isso usaram o livro de receita nazista. Os Protocolos dos Sábios de Sião têm sido publicados em árabe desde 1951 junto com acusações de conspirações para dominar o mundo, libelos de sangue e outras acusações fantásticas. Em 1965, para torpedear a influencia israelense em projetos de agricultura na Africa, os egípcios publicaram um panfleto “Israel, o Inimigo da África” que descrevia os judeus como trapaceiros, ladrões e assassinos.  

Mas até 1967 estes esforços árabes foram ridicularizados pelo mundo. A Guerra dos Seis Dias mudou isto. A terrível derrota militar sofrida dobrou os esforços árabes para desfigurar Israel mundo afora. O problema de De Gaulle foi que Israel ousou lutar apesar dele ter dito não e pior, Israel ousou ganhar, apesar dos planos dele preverem uma vitória árabe. Quando confrontado com a traição de Israel, ele decidiu culpar o Estado judeu. Sem qualquer vergonha de usar o melhor estilo nazista, De Gaulle disse que Israel tinha uma ajuda vasta em “dinheiro, influência e propaganda” dos “círculos judaicos na América e Europa”. Tudo para obter favor junto aos árabes.

Com De Gaulle as elites ocidentais aprenderam a atacar Israel pelas costas enquanto seus vizinhos atacavam pela frente.

Em Moscou, a vitória de Israel causou outro tipo de frustração. As armas usadas por Israel eram americanas enquanto as dos árabes eram soviéticas. A derrota em seis dias causou um dano enorme à indústria armamentista soviética, uma de suas maiores fontes de renda.  

Antes mesmo da Guerra acabar, o embaixador soviético na ONU em um discurso histérico, acusou o exército de Israel de ser uma gangue hitlerista, redefiniu a guerra de defesa declarando Israel como agressora e os árabes passaram a serem “vítimas”, argumentos até hoje usados em propagandas anti-Israel. Israel estava sendo acusada por aqueles que prenderam escritores, construíram Gulags e ocuparam à força terras da Lituânia até o norte do Japão!

Bater em Israel passou a ser o instrumento de todo aquele que quisesse desviar a atenção de qualquer problema. Esta guerra contra a imagem de Israel piorou em 2001. Duas semanas após um suicida matar 15 na pizzaria Sbarro em Jerusalem, milhares marcharam em Durban, na África do Sul, chamando Israel de racista enquanto mais de três mil ONGs acusavam Israel de genocídio sistemático. E pior, heróis culturais como o escritor José Saramago, o cantor inglês Roger Waters e outros embarcaram no trem do ódio. Um trem obcecado, irracional, implacável, independente das ações ou inações de Israel.

Hoje o mundo está entendendo talvez um pouco o que Israel tem enfrentado todos estes anos com o terrorismo. Mas o politicamente correto ainda reina. Em seu discurso hoje pela manhã Tereza May falou muito em engajar os muçulmanos, coisa que ouvimos 16 anos atrás depois dos ataques de 11 de setembro e não funcionou. Chegou a hora de colocar os terroristas na defensiva, interrogando suspeitos, deportando ilegais, expulsando imams radicais, cancelando a cidadania europeia dos perpetradores e seus familiares.


E Israel tem que entender que a guerra por sua imagem é tão importante quanto as conquistas militares. E para vencê-la ela tem que fazer o que faz de melhor: ir ao ataque e expor aqueles que querem sujar seu nome.