Sunday, April 29, 2018

O Destino dos Judeus na Alemanha - 29/4/2018

Em setembro de 2006, na cidade de Dresden, a Alemanha ordenou rabinos pela primeira vez desde 1942,. Na época, o evento foi celebrado até pela mídia americana com artigos no Washington Post e no The New York Times que disse que a Alemanha “havia tomado um longo passo para sair das sombras da história”. A Chanceler Angela Merkel na ocasião escreveu uma carta em honra do evento dizendo que o Geiger Institute para o treinamento de rabinos era um “símbolo de uma comunidade Judaica vibrante no país”. O recém-ordenado rabino Daniel Alter declarou que as relações judaico-alemãs iriam só melhorar daí por diante se não fosse permitido às forças negras da direita reaparecerem na Alemanha.”

Tanto otimismo e sentimento de volta à normalidade não haviam sido vistos na Alemanha desde a década de 20.

Entre o Movimento Reformista, o Conservativo e o Chabad, houve um grande impulso para restaurar a presença judaica no meio de uma nação que se dedicou à erradicação dos judeus, dos seus centros de culto e de sua fé. Hoje a comunidade judaica alemã conta com 100 mil imigrantes da ex-União Soviética, outros 25 mil que viviam no país antes de 1990 e alguns milhares de israelenses que se mudaram para lá nas últimas décadas. A única comunidade da diáspora de crescimento continuo.

Mas apenas doze anos depois as forças negras voltaram. O presidente do Conselho Central dos Judeus da Alemanha, Dr. Joseph Schuster, acabou de recomendar aos judeus de “não se mostrarem abertamente judeus, e de não usarem a kipá nos grandes centros urbanos da Alemanha”.

O que está em jogo agora não é a restauração da comunidade Judaica na Alemanha com dignidade, mas com segurança. Não seu relacionamento com o que ocorreu no passado, mas como ela vê o seu futuro. Pelas declarações da Chanceler e de outros políticos todos estão do lado dos judeus. A resposta de Merkel ao ataque brutal de um árabe israelense que estava usando a kipá por um imigrante sírio pareceu sincero e a foto do Ministro do Exterior Heiko Mass usando uma kipá pareceu genuína. E sim, os protestos em múltiplas cidades aonde os judeus e não judeus se reuniram usando kipot foi reconfortante. Mas não se enganem... e aí me desculpem mas vem o balde de água fria...

Mesmo o maior protesto, na cidade de Berlim, atraiu apenas 2 mil pessoas! Numa metrópole de mais de 6 milhões isto não chega a ser considerado nem uma aglomeração! Só para efeito de comparação, neste final de semana 30 mil pessoas saíram para protestar o veredito vergonhoso de uma gangue que estuprou uma moça de 18 anos , na cidade de Pamplona, na Espanha. Pamplona tem apenas 220 mil habitantes. O que isto nos diz sobre os alemães?

O que está absolutamente claro é que a Alemanha sofreu uma transformação do dia para a noite com a chegada de quase um milhão de imigrantes árabes extremamente antissemitas e anti-Israel e sem medo de proclamar estes sentimentos. Dá até para pensar que, impossibilitados de expressar seu antissemitismo, os alemães decidiram “importar” uma população que o faz por eles.

Fora das agressões físicas que acontecem de tempos em tempos, os judeus alemães devem pensar no impacto político dessa imigração nos próximos anos. No desafio direto que esta população fará à comunidade judaica no futuro.

O primeiro impacto já está aqui, com o surgimento do partido “Alternativa para a Alemanha”.  Este partido, estabelecido em 2013 numa plataforma anti-estrangeiros, se cresceu rapidamente e já é o terceiro maior partido do país. Ele causou uma séria paralisia política no ano passado, ao desviar os votos dos democratas-cristãos, ganhando 94 assentos no Bundestag. Judeus alemães que estão prestando atenção a estes acontecimentos já soaram o alarme para um caos político maior e mais feio.

O segundo efeito, é que os eleitores árabes irão eventualmente impactar as posições dos principais políticos, como tem acontecido em outros lugares da Europa, principalmente no Partido Trabalhista britânico. As repetidas gafes e provocações anti-semitas do líder trabalhista Jeremy Corbin revelam  um cálculo claro e racional: coletar votos muçulmanos.

Nesta semana, líderes da comunidade judaica da Inglaterra criticaram Jeremy Corbyn depois de uma reunião que tiveram com ele para exatamente discutir o anti-semitismo no Partido Trabalhista. A carta que emitiram depois do encontro o descreveu como "decepcionante e uma oportunidade perdida".

O Conselho de Liderança Judaica e o Conselho de Representantes dos Judeus Britânicos disseram que Corbyn "não concordou com nenhuma das propostas para ações concretas" que eles apresentaram. Dirigindo-se aos repórteres depois da reunião, Jonathan Goldstein do Conselho de Liderança Judaica disse: “Estamos extremamente desapontados que, um mês após termos publicado uma série de propostas muito sensatas e bem pensadas, nenhuma delas - nenhuma só delas - foi aceita por Corbyn."

Ele acrescentou: “Todas as desculpas dadas pelo Sr. Corbyn e sua equipe foram cercadas por processo. Aqui temos um líder do Partido Trabalhista que tem o controle do executivo nacional e que tem indubitável força e controle sobre seu partido. O pretexto do processo é apenas mais uma desculpa para a inatividade.

Essa tendência política já está em jogo em países como a Bélgica e a Suécia, e no devido tempo também atingirá o centro político alemão. Enquanto isso pode levar alguns anos, a tensão entre alemães cristãos e sírios muçulmanos, iraquianos e afegãos já está fervendo em toda a Alemanha, pois os milhões de refugiados sentem que estão sendo obrigados a engolir uma cultura e ideologias que eles não podem digerir.

Ainda é cedo para dizermos se uma catástrofe é iminente. Ainda não estamos em 1938. Mas uma Alemanha que passa por um sério confronto étnico combinado com um partido popular crescente que prega o ódio ao estrangeiro não pode oferecer nada de bom para um judeu. Já vimos este filme antes.


A pergunta que o judeu na Alemanha -  encurralado entre o alemão xenófobo e o muçulmano antissemita, deverá em breve fazer aos seus vizinhos é de que lado do barbarismo você está? 

Para mim, um país aonde um judeu precisa esconder a sua fé não é um país aonde um judeu deva viver.

Sunday, April 22, 2018

A Hora De Batermos de Frente - 22/04/2018

A cada dia que passa o mundo desce um pouco mais fundo na lama do antissemitismo, radicalismo e violência.

Na Síria os inspetores da ONU foram impedidos de entrar em Duma para colherem amostras dando aos russos tempo para limpar o local de resíduos dos gases clorina e sarin que mataram mais de 60 civis, incluindo 20 crianças e bebês há algumas semanas. A Venezuela está em caos e seis pessoas morreram na Nicarágua em protestos contra o governo.

No chamado primeiro mundo, 300 celebridades francesas assinaram um  manifesto denunciando o “novo antissemitismo” marcado pela “radicalização islâmica” depois de uma cadeia de assassinatos de judeus no país. Como se o antissemitismo pudesse ser rotulado como novo, velho, moderno, arcaico...

O último, muito pouco divulgado, aconteceu no mês passado quando uma judia, de 85 anos foi esfaqueada 11 vezes e depois teve seu corpo queimado. Sua morte brutal levou 30 mil pessoas às ruas de Paris numa marcha em sua memória. Ela foi a 11ª vítima na França, depois da médica de 65 anos que foi jogada do terraço de seu apartamento aos gritos de Alahu Akbar enquanto a polícia decidia se entrava ou não no imóvel enquanto era torturada.

A França tem a maior comunidade judaica da Europa, em torno de meio milhão. Mas é a comunidade que mais tem se mudado para Israel nos últimos anos porque não mais se sente segura e porque seus filhos não mais podem frequentar as escolas do governo sem sofrerem bulying, discriminação ou ataques físicos.

O parlamento da Islândia, (conhecem este país?) tem uma expressiva comunidade judaica de 35 pessoas, mas se ocupou nos últimos meses em aprovar uma lei proibindo a circuncisão. É não ter o que fazer!

E aí temos a Alemanha! Cinco dias atrás um árabe israelense de nome Adam Armoush, de 21 anos que está vivendo em Berlim, questionou seu amigo israelense judeu do porque ele não usava sua kipá fora de Israel. O amigo disse que era perigoso. Adam não acreditou. Pegou a kipá do amigo e saiu andando pela Lychener Strasse no bairro gentrificado e chique de Prenzlauer Berg para provar que o amigo judeu estava paranoico. Não deu cinco minutos e os dois foram atacados por três homens. O principal atacante, um refugiado vindo da Síria, surrou Armoush com seu cinto gritando “yahudi”, a palavra “judeu” em árabe. O amigo judeu saiu correndo atrás dos atacantes gritando que iria chamar a polícia. O árabe israelense que filmou seu próprio ataque postou o vídeo no Facebook causando um mal-estar nas autoridades que negam haver antissemitismo na Alemanha. Em 2017, somente na cidade de Berlim foram registrados 947 ataques antissemitas, sendo que a própria polícia reconhece que a maioria dos incidentes não é reportada.

Isto sem falar que no país da compaixão de Angela Merkel, anteontem, 750 pessoas se reuniram num concerto de Rock para comemorar o aniversário de Adolf Hitler!

Com tudo isto acontecendo, o que mobilizou a União Europeia e a ONU ontem, no meio de um sábado, foi a morte de um palestino de 15 anos de Gaza, perto da cerca de separação. Ele estava entre os participantes do que os palestinos chamam “A Grande Marcha de Retorno” pela qual os residentes de Gaza pretendem derrubar a cerca e invadir Israel. Na última quinta-feira o Hamas recusou o pedido do Egito de parar com estas manifestações das sextas-feiras dizendo que não tinha controle sobre algo “espontâneo”. É, nós conhecemos a “espontaneidade” do Hamas.

Desde o começo desta onda, Israel avisou que não tolerará qualquer tentativa de derrubar a cerca e tem usado atiradores para impedir que isso aconteça. A hipocrisia aqui é do Hamas que leva crianças e adolescentes para fazer o trabalho dos marmanjos, esperando que eles sejam mortos para mobilizar a União Europeia e a ONU, tirando sua causa do gelo, da Sibéria midiática, para a frente das manchetes. E eles conseguem.
E conseguem por quê? Porque na verdade, os europeus e o resto do mundo não perdem uma oportunidade para expressar seu antissemitismo. O mesmo de lá atrás, não um novo, ou revisado, mas o mesmo que fez todos se calarem enquanto Hitler esquentava os fornos crematórios.

Até mesmo aqui em NY, a cidade com a maior comunidade judaica do mundo, está passando por uma onda vergonhosa. Nesta semana 51 grupos da Universidade de Nova Iorque publicaram uma declaração comprometendo-se a adotar o boicote, desinvestimento e sanções contra Israel e vejam só: também contra grupos pró-Israel da universidade e dos Estados Unidos. Entre eles, a Liga Anti-Difamação, o AIPAC, e até o Taglit.

É surpreendente que tantos grupos, inclusive o dos afro-americanos, o grupo mexicano, o grupo dos estudantes asiáticos e outros 48 não tenham questionado um documento tão antissemita. Não acharam nada de anormal boicotar as duas organizações judaicas do campus da universidade e seis organizações judaicas nacionais. Notem, organizações judaicas americanas e não israelenses.

Mas o pior não é isso. Esta iniciativa teve a cobertura de uma outra organização que se diz judaica, chamada "Voz Judaica Pela Paz". Esta organização minúscula serve de fachada para seu parceiro “Estudantes pela Justiça na Palestina” ou EJP. A EJP está por trás de cada iniciativa de boicotar Israel e judeus nos Estados Unidos. Eles conseguiram até que a Voz Judaica para a Paz publicasse uma nova Hagadah de Pessach que inclui uma azeitona no prato do Seder, para os judeus lembrarem do mal que fizeram aos palestinos ao comemorarem sua libertação da escravidão no Egito!

A Voz Judaica para a Paz tem o papel de legitimar e normalizar a retorica anti-judaica e a discriminação e o ódio antissemita nos campus universitários da América. Lembrem que há apenas um ano, o grupo convidou a terrorista palestina Rasmea Odeh para falar em seu encontro anual dizendo-se honrados com sua presença. Rasmea Odeh foi membro da Frente Popular para a Libertação da Palestina, condenada por Israel à prisão perpétua por sua participação em dois ataques a bomba em Jerusalem em 1969. Estes ataques custaram as vidas de Leon Kanner e Eddie Joffe e feriram outros nove. Ela foi libertada em 1980 numa troca de prisioneiros e se mudou para a Jordânia. De lá imigrou para os Estados Unidos.  Em 2017 ela perdeu a cidadania americana por ter mentido em seu requerimento e foi deportada de volta para a Jordânia.

A resposta dos grupos judaicos a esta absurda resolução assinada por tantos grupos foi no máximo tépida e terá um efeito corrosivo na capacidade dos judeus se defenderem contra uma discriminação que hoje é completamente aberta.

O Rabino Yehuda Sarna do Centro Bronfman pela Vida Judaica da NYU disse apenas que a resolução era uma “fonte de tristeza e desapontamento” e que “a universidade deve ser sobre a união de pessoas, não sobre pessoas que se recusam a falar com outras com visões diferentes”. Sério???? É só isso?

A presidente do "Realize Israel", Adela Cojab, um dos dois grupos judaicos da NYU boicotados, descreveu o clima do campus sobre Israel como "de animosidade" dizendo que "não esperava que tantas pessoas e tantos grupos se voltassem contra os alunos judeus do jeito que eles o fizeram", disse ela.

A presidente do outro grupo, "TorchPAC", Rebecca Stern, disse que seu grupo quer abrir um diálogo com os grupos que acabaram de oficialmente condenar seu grupo ao ostracismo. Ela disse que “está trabalhando para tentar conversar com as pessoas e ver o que especificamente as atraiu nesta resolução para adotá-la. Nós realmente queremos nos estabelecer como uma comunidade tolerante e baseada em discussões”.

Estas declarações passivas a um ataque claramente intolerante contra a pessoa dos judeus e contra as instituições que representam a esmagadora maioria da comunidade judaica americana é indignante e absurda.

As organizações judaicas têm que impedir que ativistas e simpatizantes destes grupos antissemitas e racistas ganhem posições de poder e influência sobre suas instituições locais. Elas têm que denunciar, acionar legalmente e responder a estes ataques através de todos os meios disponíveis.


A única razão do sucesso destes grupos é devida (infelizmente novamente) à passividade dos judeus em responderem às agressões, discriminação e mentiras espalhadas na mídia. Desde a Segunda Guerra falamos “basta!”, e “nunca mais”. Não é com respostas tímidas, quase inaudíveis, que conseguiremos isso. Temos que bater de frente! Chegou a hora de cumprirmos concretamente o que prometemos. 

Sunday, April 15, 2018

A Punição da Síria e os 70 Anos de Israel - 15/04/2018

Na sexta-feira à noite Donald Trump cumpriu mais uma promessa. Ele não deixou o ataque químico perpetrado pelo governo sírio contra seu próprio povo seguir sem resposta. Junto com a Inglaterra e a França, os países aliados acreditam ter destruído não só o laboratório de pesquisas, mas os principais depósitos aonde Assad armazena as armas químicas. O exercito americano definiu a operação com três palavras: precisa, esmagadora e efetiva.

A Rússia imediatamente pediu uma sessão de emergência do Conselho de Segurança da ONU para condenar a América dizendo que não havia provas suficientes que um ataque químico teria ocorrido. Este argumento pobre só convenceu a China e a Bolívia e os russos perderam vergonhosamente a votação.

Imaginem a cara de pau da Rússia! Um país que invadiu a Ucrânia e ocupou toda a península da Crimeia dizer que os Estados Unidos haviam violado a lei internacional ao atacar a soberania de outro país!

Este ataque deixou Putin em má situação, pois no dia 13 de março último ele tinha prometido proteger o território sírio de um ataque americano. As baterias antiaéreas russas ficaram surpreendentemente silenciosas mostrando que as defesas sírias não são tão robustas como queriam que pensássemos. Quase que imediatamente, para diminuir o dano à sua reputação, os russos lançaram uma campanha de desinformação dizendo que haviam abatido 70 dos 105 mísseis lançados. Os aliados negaram. Após todos os 105 mísseis terem atingido os três objetivos designados, os sírios lançaram uns 40 mísseis para o ar, simbolicamente. O Irã, como sempre, condenou os aliados chamando-os de “criminosos”!

Será que este ataque será suficiente para deter a Síria de usar armas químicas contra a sua população no futuro? Claro que não. A Síria certamente tem outros armazéns e a regularidade do uso de gás clorina e sarin nesta guerra civil tem sido desconcertante. 73 ataques desde 2012, 14 deles só nos últimos 2 anos com centenas de mortos e milhares de feridos.  

Nikki Haley, a embaixadora americana na ONU, deixou claro no sábado, que se houverem outros ataques, os Estados Unidos e seus aliados estão prontos para dar outra lição a Assad.

E ontem foi a vez de Israel. A Força Aérea destruiu um túnel do Hamas de alguns quilômetros, que começava em Gaza e terminava a poucos metros da comunidade Kfar Aza, numa clara demonstração de que é mais importante para o grupo terrorista usar os recursos doados pela comunidade internacional para construir tuneis contra Israel do que dar moradia, água, eletricidade e outros serviços básicos à sua população.

73 anos após o final da Segunda Guerra Mundial, as forças do mundo novamente parecem se concentrar em torno do povo judeu. Na época eram os judeus da Europa, hoje é o Estado de Israel que nesta semana comemora 70 anos de independência.

O número 70 é muito significativo e tem até um aspecto místico no judaísmo.

De acordo com o Midrash Zuta: “Deus, que tem 70 nomes, deu a Torá, que tem 70 nomes, a Israel - que também tem 70 nomes, e que se originou das 70 pessoas que desceram ao Egito com Jacó. Israel foi escolhida entre as 70 nações da terra para celebrar 70 dias santos no ano (52 sábados e 18 dias festivos). A Torá foi transmitida a 70 anciãos e o Sinédrio (o Tribunal) composto por 70 Sábios. Existem 70 interpretações da Torá e Jerusalem que tem 70 nomes foi o local escolhido para o Templo, que tinha 70 pilares. Na Ética dos Pais está escrito que “Setenta é o tempo de sentar em satisfação e contentamento”. 

Certamente, Israel, aos 70 anos, fez muito para dar satisfação e alegria ao povo judeu. Esta incrível nação fez a terra desolada florescer, com uma incrível capacidade de cultivar qualquer coisa, a qualquer hora, em qualquer lugar; construiu cidades modernas e magníficas; revolucionou o estudo da Torá e a observância das leis religiosas - graças a Israel, mais judeus estão estudando a Torá hoje do que em qualquer outro momento em toda a história; a tecnologia israelense guia o planeta, o exército é incomparável, e a economia está crescendo exponencialmente apesar dos altos impostos do país. Israel tem uma das maiores taxas de satisfação e uma das maiores médias de expectativa de vida do mundo.

Mas, com tudo isso, Israel ainda está longe de aonde quer chegar. Ela sabe que há muito mais que pode fazer. A nação judaica que emergiu da Shoah, enlutada e quebrada, recuperou seu orgulho e seu lugar de direito como uma força a ser considerada, no Oriente Médio e além. Israel cresce numericamente a uma taxa alucinante - 1.200% em apenas sete décadas - e em breve abrigará a maioria dos judeus atualmente existentes.

Barbara Sofer escreveu neste final de semana as 70 razões pela qual ela ama Israel e cada uma delas é surpreendente. Mas algumas se destacam mais que outras como o fato de 2 companhias start-ups israelenses uma de Cesarea e a outra de Nazaré, serem as finalistas na competição americana no combate à insuficiência cardíaca; outra start-up Mercu-removal ganhou primeiro lugar em Los Angeles da melhor ideia para limpar mercúrio da água; e um time de neurologistas inventaram um teste não-invasivo para diagnosticar sinais de demência. Por esta e por outras, os israelenses são os décimos primeiros mais felizes do mundo, atrás da Noruega e Finlândia. São mais felizes  que os ingleses e americanos. Quem poderia imaginar isto lendo as noticias?

Tragicamente, Israel teve muitos momentos de medo e luto. Ela enterrou alguns de seus melhores jovens - homens e mulheres, defendendo o país ou vítimas do terrorismo. Mas quando seus pais, familiares e amigos saem dos cemitérios, eles enxugam as lágrimas e retornam à construção da nação. Poucos na Terra suportaram o que Israel suporta e ainda mantiveram seu senso de propósito Divino e sua capacidade de continuar.


Para um ser humano, 70 conota o início da velhice. Mas em nível nacional, em termos históricos, 70 é ainda muito, muito jovem – Israel ainda está em sua infância. Está apenas começando a esculpir seu destino, e precisa que toda alma judaica se junte a este destino. Isto porque há algo absolutamente claro sobre este pequeno e vibrante país: que o melhor de Israel ainda está por vir.

Sunday, April 8, 2018

Teremos Guerra Neste Verão? 8/4/2018


A pergunta nos lábios de muitos em Israel e nos Estados Unidos hoje é se haverá uma Guerra ou não no Oriente Médio neste verão.

Desde a criação do Estado de Israel há 70 anos, a questão sempre foi não se haveria uma Guerra, mas quando ela ocorreria. A duvida agora é se ela será no norte contra o Irã e seus agentes - a Hezbollah, o presidente sírio, Bashar Al Assad, e as unidades de mobilização xiitas - ou será no sul contra o Hamas e o Jihad Islamico ou ainda, se estourar além da linha verde com os palestinos da Judeia e Samaria.

A probabilidade de guerra no norte ficou esta semana mais provavel com o anuncio de Donald Trump de retirada dos soldados americanos da Síria e o fim da assistencia aos aliados que estão lutando contra Assad. Estas decisões, se implementadas, serão entendidas pelo Irã, Russia e Turquia, assim como por todo o mundo islamico, que a America irá novamente abandonar o Oriente Médio. Mas sabemos que decisões como estas, tomadas no impulso para agradar o eleitorado, têm um jeito de arrastar os Estados Unidos novamente para a região só que em termos muito menos vantajosos. 

Nesta semana, o jornal The Washington Examiner disse que o “Presidente Trump deveria prestar atenção no que aconteceu depois que o Presidente Obama ordenou a rápida retirada das tropas americanas do Iraque em 2011”.

O vácuo deixado pela America na ocasião permitiu a ascensão da influência do Irã na política do Iraque, o surgimento do Estado Islâmico e ao final forçou Obama a mandar suas tropas de volta ao Iraque”.

Se Trump realmente retirar as forças americanas da Síria, isto irá causar serio dano aos interesses americanos e israelenses e aumentará as chances de Israel ser arrastada para uma guerra no norte, na qual além de todos os atores locais, ela terá que também se confrontar com as tropas Russas presentes na Síria.

O problema é que as forças sírias de Assad, do Irã e da Hezbollah estão posicionadas propositalmente perto de onde as tropas russas estão estacionadas. A morte de soldados russos se tornará inevitável numa troca de fogo, aumentando as chances de expandir o conflito  para além da região.

O jornal The New York Times por seu lado disse que, “Israel tem pedido para a Russia garantir que os Iranianos deixarão a Síria de vez, uma vez que a guerra civil no país terminar. Estes pedidos têm sido respondidos com indiferença pela Russia porque ela quer uma base segura no Oriente Médio, especialmente uma que lhe dê acesso ao Mediterraneo de onde ela poderá ameaçar a Europa ocidental. E para tanto é de seu interesse manter boas relações com o Irã.

Se alguém ainda duvidar, a Russia é a potência dominante na região.”

O abatimento de um drone iraniano no espaço aéreo israelense e do jato F-16 de Israel em fevereiro, quase causou uma guerra generalizada. Na época, a Russia, ordenou ao primeiro-ministro Netanyahu a baixar a arma e sabendo estar só, Netanyahu não teve alternativa e se dobrou.

Jornais ingleses como o The Guardian previram esta semana que se o “Irã se recusar a deixar a Síria e continuar a expandir sua presença militar e se Israel continuar com suas ações além de suas fronteiras, haverá cedo ou tarde uma grande explosão”.

Israel sabe que a Hezbollah esconde mísseis em cada casa no sul do Líbano.

Hoje há mais de 150 mil misseis no arsenal da Hezbollah capazes de alcançar qualquer alvo em Israel. Isto é preocupante porque este número é o suficiente para esgotar cada camada de defesa de Israel.

Ao sul, o Hamas em Gaza se sente acuado. A situação economica está deteriorando por que a Autoridade Palestina decidiu apertar a corda em torno do Hamas. Abbas só autoriza o fornecimento de 4 horas de eletricidade por dia, e com o verão chegando, o lugar se tornará um inferno. Isto é terra fértil para a radicalização e recrutamento de terroristas, especialmente com um desemprego de 50%.

Há quatro anos, o Hamas estava numa situação econômica semelhante e escolheu a guerra como forma de atrair a simpatia da comunidade internacional e desviar a atenção dos moradores da Faixa da sua situação. Mas com certeza o Hamas aprendeu com as últimas três guerras contra Israel, tornando-se um inimigo mais letal. Israel não quer assumir Gaza, tornando-se responsável por seus serviços, e teme que, se derrubar o Hamas, uma entidade ainda pior possa emergir, ou no minimo terá que lidar com um caos incontrolável na Faixa.

Na semana passada, o Hamas fez um teste com sua mais nova arma: protestos em massa na fronteira, enviando sondas humanas para a cerca de segurança, esperando que fossem mortos e provocassem as denúncias pavlovianas de grupos anti-Israel como a Human Rights Watch (HRW), que condenam Israel primeiro e fazem perguntas depois. A HRW preferiu não mencionar que o Hamas enviou uma criança de sete anos como isca para atravessar a fronteira, quebrando todos os padrões internacionais de decência. Esse teste em andamento pode ser o ponto de partida para um verão de violência e guerra.

Na Judéia e Samaria, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, está tentando mostrar que pode ser tão anti-Israel quanto o Hamas, enquanto a batalha para sucedê-lo continua. Ele quer definitivamente ser lembrado como líder de uma resistência que não fez as pazes com os judeus.

A galera de supostos sucessores, do chefe da inteligência Majid Faraj aos ex-chefes de segurança Jibril Rajoub e Mohammed Dahlan, ao vice-presidente da Fatah, Mahmoud Aloul, também pode decidir que a agitação e a violência neste verão podem lhes ser vantajosa.

Então haverá uma guerra neste verão? Ninguém sabe. Mas a possibilidade de um conflito coordenado alinhando o Hezbollah, o Hamas e o Irã, todos agindo em conjunto, apresentaria desafios sem precedentes para Israel. Netanyahu deve estar preparado para a próxima guerra começar a qualquer momento, e mesmo com a melhor inteligência, os eventos podem sair do controle. E mesmo que nenhum dos adversários esteja preparado para uma guerra total.

A melhor maneira de diminuir a chance de guerra neste verão é a nova equipe de Trump, John Bolton e Mike Pompeo, conseguir convencê-lo que é do interesse americano permanecer na Síria num futuro imediato e decidir que o Irã não pode permanecer na Síria após o fim da guerra civil.

Esta é sem dúvida a tarefa mais premente do novo time que precisa transmitir ao presidente americano uma visão clara da nova realidade que Israel enfrenta e que ameaça como nunca antes, a sua sobrevivência.


Monday, April 2, 2018

O Taylor Force Act e a Hipocrisia Palestina - 1/4/2018

Na última sexta-feira, o Congresso americano finalizou a aprovação do Taylor Force Act, a lei que proibe o Departamento de Estado de financiar a Autoridade Palestina, a menos que ela acabe com a prática de compensar terroristas e as famílias de terroristas condenados em tribunais israelenses. A OLP não perdeu um segundo para criticar duramente o Congresso seguindo a mesma onda da liderança palestina de insultar, xingar, criticar e condenar os americanos sem qualquer reserva.

O Taylor Force Act, foi assinado por Donald Trump em honra ao veterano do exercito americano Taylor Force, assassinado em Tel Aviv em 2016 por um palestino. O fato de na semana seguinte o terrorista ter sido incluido na lista de recipientes de salários milionários da Autoridade Palestina escandalizou a familia de Taylor e congressistas americanos. Esta prática, adotada pelos palestinos há decadas, desvia dinheiro da assistencia internacional para promover o terrorismo. Infelizmente precisou que um americano cristão morresse para chamar a atenção do governo americano que só então se deu conta que todo o montante dado em assistencia aos palestinos pelo Departamento de Estado, ia para o pagamento destes salários.

Mas a arrogancia palestina é tanta que o enviado da OLP em Washington, Husam Zomlot, descartou o esforço apenas como “politicamente motivado”. Sem se importar com o fundamento desta prática de recompensar o homicídios de inocentes e a chacina de familias inteiras, Zomlot simplesmente disse que este tipo de pressão "não funciona e prejudica gravemente as perspectivas de paz no Oriente Médio"!

Que perspectivas de paz? Quem ele acha que somos? Ele acha mesmo que o mundo engole explicações absurdas para o inexplicável desde que vestidas de diplomalês?

Zomlot ainda chegou a dizer que esta lei "pune" a Autoridade Palestina, que é a única agência comprometida com a paz e a não-violência, e enfraquece o relacionamento bilateral americano-palestino e décadas de investimentos dos EUA na solução dos dois Estados. Se for assim, ótimo! É só ver os livros escolares, a mídia e as declarações oficiais antissemitas da Autoridade Palestina para se assegurar que ela nunca esteve “comprometida com a paz e não-violencia”. E depois de 25 anos de Oslo, os palestinos têm apenas uma "unica agência comprometida com a paz? Que entidade é essa então para a qual os palestinos exigem concessões?

O relacionamento bilateral americano-palestino só funcionou quando os Estados Unidos se dobraram à todas as exigencias palestinas que ao final não levaram nem a paz, nem a nada. E o investimento na solução de dois estados? Depois de 25 anos de promessas vazias, deve ser jogado nas perdas e pronto!

Zomlot finalizou acusando os americanos depois de 30 anos, de finalmente mostrarem seu flagrante partidarismo contra os palestinos. Depois dos bilhões de dólares dados à eles por sucessivos governos americanos, é este o agradecimento?

Zomlot não falou das duas caras que os palestinos têm alternado estes anos todos. Falam de paz e cooperação em inglês para receberem os bilhões em ajuda internacional, especialmente dos americanos, e por trás em árabe incitam o povo ao terrorismo, promovem o ódio e a discórdia e recompensam os que cometem crimes contra inocentes. O que finalmente veio à luz foi esta hipocrisia palestina.

Chegou a hora de confrontar e desmantelar a estratégia diplomática de 25 anos dos acordos de Oslo, de empurrar para o lado a questão central do conflito, que é que os palestinos não aceitam a legitimidade do povo judeu ter seu estado e os veem apenas como ocupantes de suas terras que precisam ser resistidos a qualquer preço.

O Taylor Force Act é a primeira tentativa efetiva de um aliado israelense de lidar com a perigosa esquizofrenia política que permite aos serviços de segurança palestinos se vangloriaren internacionalmente de estarem cooperando com Israel enquanto atiçam as chamas da violência venerando e recompensando terroristas que assassinaram e mutilaram israelenses.

Para o ocidente os palestinos dizem que esses pagamentos são de previdência social  (!) para compensar a perda de um provedor da familia e evitar mais radicalização. Mas eles não explicam porque os salarios são estabelecidos de acordo com a gravidade das ofensas. Quanto maior a carnificina, mais eles recebem. E porque ladrões de carro, estupradores e outros que estão nas prisões palestinas não recebem salarios.

O mundo começa a ver o óbvio: que o cerne da cultura palestina está na veneração e compensação dos que dizem participar da resistencia armada contra Israel. É como eles se vêem, como querem que o mundo os vejam e como eles vêem os israelenses.

Em face desta nova lei americana, a liderança palestina tem escolhas dificeis a fazer. Eles podem continuar a ser a OLP revolucionária da Beirute dos anos 1960, mergulhada na cultura da resistência armada contra Israel, ou podem remover suas máscaras nostálgicas e keffiyehs e de alguma forma se transformarem em uma sociedade que os Estados Unidos e até Israel desejarão apoiar com o dinheiro dos contribuintes.

Ninguém está comprando mais a linha oficial de que os pagamentos dos prisioneiros de alguma forma detêm o terrorismo palestino.

Não há dúvida de que o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, não irá cortar de bom grado os pagamentos dos prisioneiros. De fato, numa levantada de nariz, ele anunciou durante esta semana que estava aumentando os salarios dos mártires e de suas familias. Isto é só um sinal que a relação do governo Trump com os palestinos ficará ainda mais corroída à medida que a ajuda dos EUA for reduzida.

Abbas, com sua carreira vitalícia como líder da OLP chegando ao fim, tem aproveitado esta reta final para lançar insultos selvagens contra os Estados Unidos. Desejou que a casa de Trump fosse destruida, chamou o embaixador americano em Israel, David Friedman de filho de um cão, apoiou seu negociador Saeb Erekat quando mandou a embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, calar a boca e daí por diante. Parece que Abbas prefere deixar como herança sua lealdade aos que mantêm como combatentes da resistência, a ser lembrado em Ramallah como um estadista corajoso mas traidor da luta.

Existe uma lei inviolável simples da física palestina, pela qual os prisioneiros são sempre pagos. Pode faltar dinheiro para as coisas mais básicas mas estes prisioneiros recebem a primeira fatia do bolo. O pior é que nenhum dos candidatos potenciais para substituir Abbas parece inclinado ou capaz de questionar esta prática.

Para Israel também é uma mudança de jogo. Agora há pressão para ela também aprovar uma lei como o Taylor Force Act. E para ela rever suas trocas com as forças de segurança palestinas que trazem beneficios a Israel mas têm como maior objetivo impedir que o Hamas tome conta da Judeia e Samaria e tire Abbas do poder. Se a violência aumentar, como estamos vendo nos ultimos dias, Israel não mais poderá dizer que as forças de segurança palestinas estão combatendo o terrorismo, ao mesmo tempo em que seus líderes são aqueles que o financiam e o encorajam.

Israel terá que acabar com sua própria abordagem esquizofrênica e salvaguardar vidas israelenses a todo custo. Uma volta à sanidade necessária para todos os envolvidos.