Sunday, August 25, 2019

O Partido Democrata Americano e os Judeus - 25/08/2019


Nesta semana tivemos uma declaração de Trump que causou choques em todos os círculos judaicos da América. O presidente, como sempre, sem medir as palavras disse que ele achava que “os judeus que votam nos democratas - ou mostram uma ignorância total ou uma grande falta de lealdade”. Embora não tenha ficado claro com quem os judeus estavam sendo desleais - com seu próprio povo, com Israel ou os EUA – o próprio uso da palavra alarmou os judeus americanos sempre preocupados com o questionamento de sua lealdade.

Quarenta anos atrás, a organização judaica União de Apelo Judaico (United Jewish Appeal) tinha um slogan que dizia: “Somos um Só”. Uma ideia nobre que unia os judeus da diáspora com os de Israel – um sendo responsável pelo outro. O problema é que as duas comunidades vivem em realidades totalmente diferentes.

Aqui nos Estados Unidos, os judeus vivem numa atmosfera liberal, tolerante, amiga e próspera. Os judeus americanos não compreendem a insegurança, os traumas e a constante preocupação dos judeus israelenses. Não compreendem como Israel pode simpatizar com Trump, que a mídia rotulou de racista, homofóbico, misógino, etc. Para os israelenses é incompreensível judeus apoiarem o acordo nuclear de Obama com o Irã, algo que eles veem como uma ameaça existencial.

Mas o problema é mais profundo. Numa entrevista, o doutor em História do Oriente Médio, Guy Bechor, disse que no final do século 19 e começo do século 20, os judeus da Europa viam a América como um porto seguro. Um lugar para onde poderiam fugir das perseguições e pogroms e então imigraram em massa. Cem anos atrás havia 3 milhões de judeus nos Estados Unidos e 70 mil em Israel. Hoje, Israel, tem mais de 7 milhões e nos Estados Unidos apenas 5.5 milhões. Isto quer dizer que com toda a segurança, prosperidade e ascensão política, em 100 anos, os judeus não conseguiram nem dobrar seus números, enquanto que Israel, um país inóspito, cercado de inimigos e muitas dificuldades, está com 10 vezes mais judeus.

A pergunta é como os judeus americanos chegaram no partido Democrata? Sim, porque o partido que hoje carrega a bandeira “da democracia, do politicamente correto, da igualdade para todos inclusive para criminosos que atravessam a fronteira ilegalmente”, foi o partido da escravidão negra e das leis de segregação racial, da Ku Klux Klan que perseguiu negros, judeus, índios, hispanos e qualquer outra minoria.  

O que aconteceu foi que o presidente americano democrata, Frank Delano Roosevelt, resolveu construir uma aliança de minorias que apoiavam o seu New Deal. Ele incluiu nesta aliança sindicatos de trabalhadores, associações de pequenas empresas, negros, judeus, hispanos e católicos. Com este novo poder, os judeus, que consciente ou inconscientemente continuavam com medo de perseguição finalmente se sentiram em segurança e a retribuição foi se juntarem ao partido democrata em massa.

Mas nos últimos 20-30 anos, o numero dos judeus na America diminuiu em 70% devido especialmente à assimilação e o numero de muçulmanos continua aumentando tendo chegado a 3.5 milhões em 2017. O partido democrata, seguindo o que está se passando na Europa, está devagarzinho abandonando os judeus e priorizando as demandas muçulmanas. Uma prova disto está na recusa do partido em condenar os twits antissemitas da parlamentar muçulmana Ilhan Omar.

Os judeus americanos hoje estão divididos. Talvez 1/3 não se importe e sigam se assimilando, 1/3 continua a apoiar Israel e alguns estão migrando para o partido republicano e 1/3, infelizmente, está se alinhando com os antissemitas e anti-Israel procurando aceitação entre os membros mais radicais do partido, como o candidato à presidência Bernie Sanders.

O que está acontecendo com os democratas americanos já aconteceu com o partido trabalhista inglês. Quando poderíamos imaginar que judeus, que vivem no país desde 1655, não estariam mais em segurança na Inglaterra? Em 12 de junho último uma pesquisa mostrou que um em cada três judeus ingleses está planejando se mudar do país.     

O que precisaria acontecer – é que os judeus que apoiam Israel deveriam se levantar e denunciar estes radicais – os chamados “progressistas” que de progresso não têm nada - que estão hoje na linha de frente no esforço de mudar os Estados Unidos. Os que buscam o abandono dos valores de família, patriotismo e religião promovendo o secularismo, o fim da família tradicional, o multiculturalismo, fronteiras abertas e a descriminalização de várias condutas criminosas.

Vou dar um exemplo do que está acontecendo em uma das cidades mais lindas dos Estados Unidos: São Francisco. Hoje, a cidade é uma fossa de drogados, desempregados, sem-teto acampados nas calçadas e assolada por ratos e por doenças que não vimos desde a Idade Média como o tifo. A cidade também se tornou muito perigosa. Ela tem o maior índice de crimes contra a propriedade do país. Mais de 60 carros são arrombados por dia. Mais de 8 mil seringas com sangue e drogas jogadas nas ruas todos os meses. Mas a cidade tem um plano. A prefeitura de São Francisco resolveu mudar o vocabulário para se tornar ainda mais “amistosa” para com os que acampam na cidade. O racional parece ser, se as pessoas forem proibidas de falar de crime, elas não notarão que ele existe.

Assim, a partir do mês passado a definição “criminoso condenado” foi banida. Quem for preso agora é um “indivíduo envolvido com o sistema judiciário”. O problema é que as vítimas também são chamadas de “indivíduos envolvidos com o sistema judiciário”. Isso faz as vítimas  equivalentes aos criminosos.  Também não há mais “delinquentes juvenis”. Eles são “jovens que sofreram o impacto do sistema judiciário”. Como se o “sistema” e não o jovem tivesse cometido o crime.

E isso reflete exatamente o que a esquerda pensa: é nossa culpa que eles cometem crimes. É por causa dos nossos supostos “privilégios” que eles cometem crimes. Viciados em droga, por seu lado, são chamados de “pessoas com um histórico de uso de substâncias”. Vejam bem, é “uso” e não “abuso”. Viciados em heroína se tornaram equivalentes aos diabéticos que se tratam com insulina. Os dois usam “substâncias”.

Mas a cereja do bolo ficou com a virada de 180 graus que eles deram ao termo “terrorista islâmico”. Agora, qualquer um que atirar, se explodir ou esfaquear alguém gritando Allah Uakbar, está agindo de modo a sujar a reputação dos muçulmanos e portanto são chamados de “militantes anti-islamicos”. Não importa que os terroristas não concordem com esta definição que lhes rouba todas as 72 virgens do outro lado. Muita gente riu destes absurdos. Mas o objetivo destes políticos de esquerda desonestos é claro: quando você muda a língua, você muda o processo de pensar. E uma discussão clara e direta fica mais difícil, senão impossível.

Como o comentador da Fox News, Tucker Carlson disse esta semana: “quando as palavras desaparecem fica impossível pensarmos nos conceitos que estas palavras representam. Quando o politicamente correto nos impede de dizermos o óbvio, com o passar do tempo não conseguimos mais ver o óbvio. É precisamente o que a esquerda quer alcançar. Os que controlam as palavras controlam as mentes.”

Pessoal, esta inversão de valores, esta manipulação da língua tem que ser denunciada em todos os lugares inclusive no Brasil. Isto está minando nossa sociedade, encorajando o fake news e quando não há mais confiança no que os políticos, as autoridades governamentais e mesmo familiares falam há uma total desintegração da sociedade. Estaremos de volta à torre de Babel.

Termino lembrando do horrendo ataque em Israel na sexta-feira que levou a vida de Rina Shneer de apenas 17 anos, novamente celebrado pelos palestinos. Que D-us dê forças a sua família.





Sunday, August 18, 2019

A "Visita" das Congressistas Americanas Antissemitas a Israel que Não Ocorreu. 18/08/2019



Depois de uma saga de um mês, a deputada democrata americana palestina Rashida Tlaib anunciou na sexta-feira que não vai mais viajar para Israel.

Tudo começou em Julho quando Tlaib e a outra deputada muçulmana Ilhan Omar anunciaram que estavam indo para Israel e territórios palestinos. As duas são fortes defensoras do BDS (o Boicote, Desinvestimento e Sanções) e Israel tem uma lei de 2017 que autoriza o estado a proibir qualquer estrangeiro de entrar no país que “conhecidamente promovem o boicote publico a Israel”. Mas em 19 de julho, o embaixador de Israel em Washington confirmou que emitiria os vistos para as duas por causa do “respeito ao Congresso americano e a grande aliança entre Israel e a América”.

Na mesma semana, as duas congressistas introduziram uma resolução promovendo o direito de qualquer americano boicotar o que, sem mencionar Israel, elas rotularam de “entidades opressoras”. A resolução não passou, mas fez com que o Presidente Trump twitasse que as duas “odeiam Israel e todo o povo judeu e não há nada que possa ser feito para mudar suas ideias”. Ele continuou dizendo que “Israel mostraria grande fraqueza se as deixassem entrar no país e que elas são uma desgraça”.

O primeiro ministro de Israel Bibi Netanyahu entendeu a mensagem de Trump e resolveu não permitir a entrada das congressistas. Esta decisão de Bibi não foi feita levianamente. Ele sabe que Trump está usando as Tlaib e Omar para seus fins políticos. Ao provocar a solidariedade de todo o partido democrata com as duas, ele está expondo a verdadeira face do partido que é a de seus membros mais radicais. Mas por outro lado, Bibi não quis se indispor com seu aliado mais importante.

O que a mídia não está noticiando é que houve duas viagens para Israel e territórios palestinos neste mês. Ao todo 72 congressistas, 41 democratas e 31 republicanos, em sua maioria recém eleitos, visitaram as fronteiras de Israel, seus avanços em áreas de defesa, agricultura, tecnologia e dessalinização e conservação de água. Além disso, eles se encontraram com Netanyahu, o líder do partido azul e branco, Benny Ganz e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. Só que as duas recusaram viajar com os grupos.

Omar postou uma longa discussão no Twitter na sexta-feira, descrevendo o cronograma original da viagem. Segundo Omar, "eu planejava me reunir com membros do Knesset (especialmente árabes) junto com autoridades de segurança israelenses”. A sua delegação iria também se encontrar com funcionários da ONU sobre o efeito dos cortes na ajuda humanitária aos palestinos, e fazer uma videoconferência com jovens de Gaza. Mais tarde, ela disse, a delegação iria visitar Hebron como parte de uma turnê da ONG anti-Israel "Quebrando o Silêncio", e visitar Belém e Jerusalém Oriental. Enfim, uma viagem bem diferente dos outros membros.

Só que a coisa não terminou por aí. A congressista Rachida Tlaib, inconformada, pediu um visto para Israel por razões humanitárias. Em sua carta ao ministro do interior de Israel Arieh Deri, ela escreveu que “gostaria de solicitar a admissão em Israel para visitar seus parentes e especificamente sua avó, que está com mais de 90 anos e mora em Beit Ur al-Fouqa". Ela ainda disse que "esta poderia ser sua última oportunidade de vê-la" e prometeu “respeitar quaisquer restrições e não promover boicotes contra Israel durante a sua visita."

Deri concedeu então o visto e Tlaib deveria visitar sua família entre hoje e 24 de agosto. Só que em menos de 24 horas após receber o visto, Rashida anunciou que não iria visitar Israel twitando como razão, “condições opressivas” impostas por Israel.

Em resposta, Deri twittou: "Eu aprovei o pedido dela como um gesto de boa vontade em uma base humanitária, mas foi apenas um pedido provocativo, visando atacar o Estado de Israel. Aparentemente, seu ódio por Israel supera seu amor por sua avó."

Tlaib revidou dizendo: “Quando ganhei, dei ao povo palestino a esperança de que alguém finalmente falasse a verdade sobre as condições desumanas”. "Não posso permitir que o Estado de Israel tire essa luz me humilhando e usando meu amor pela minha [família] para me curvar às políticas opressivas e racistas deles."

O presidente dos EUA, Donald Trump, criticou a congressista e twittou que "a única vencedora real é a avó de Tlaib. Ela não precisa vê-la agora!"

É, Rashida Tlaib perdeu estar em Israel com a volta das chuvas de mísseis vinda da Faixa de Gaza. É isso o que Israel ganhou por evacuar 8 mil residentes judeus da Faixa e acabar com a “ocupação”.

A mesma “ocupação” que ela, Ilhan Omar, Alexandria Ocasio-Cortez, Ayanna Presley e outros democratas de esquerda denunciam exigindo a criação de um estado palestino na Judeia e Samaria.

O estado Palestino é uma grande mentira.

Não há como mais uma vez não recapitularmos a história. A região fazia parte do Império Otomano até o início do século XX. Sabem porque no Brasil chamamos os árabes de turcos? É porque os imigrantes de toda a região vinham para o Brasil com o passaporte do Império Otomano.

O sentimento nacionalista árabe na região da Síria Palestina só começou em 1834 quando eles se revoltaram contra os turcos, o domínio otomano.  

Negando a Bíblia, a arqueologia e fatos irrefutáveis, como a presença de uma maioria judaica em várias cidades como Jerusalém, Tibérias, Haifa, Hevron, os árabes reescreveram o passado para negar a conexão de 3.000 anos dos judeus à Terra de Israel. Eles tentaram substitui-la com uma narrativa “palestina” fabricada.

Os árabes aprenderam bem a lição dos seus aliados nazistas - se você contar uma grande mentira e repeti-la com frequência suficiente, as pessoas começam a acreditar nela. Eles roubaram a história judaica para herdar sua terra ancestral.

Não há sítios arqueológicos palestinos antigos, monumentos, literatura, heróis ou moedas, nenhum cemitério e nenhuma língua palestina. A maioria dos recém-chamados "palestinos" é descendente de árabes que migraram da Arábia Saudita e do Egito no início do século 20, por razões econômicas. A totalidade dos “palestinos” que vivem hoje no Leste de Jerusalém se mudou para lá nos 19 anos de ocupação jordaniana, entre 1948 e 1967.  

A realidade é muito diferente daquela que Abbas quer que o mundo acredite. Este terrorista de terno, que jurou destruir Israel, que encoraja o ódio e a vingança através dos veículos de mídia que ele controla e dos livros escolares que promove, que demoniza os judeus, negando seu elo com qualquer parte desta terra ou com lugares santos, declarando que sua “Palestina” não terá a presença de nenhum judeu. Este corrupto que não dá a mínima para seu povo e que usa a “ocupação” como desculpa para justificar os crimes mais hediondos.

O que os palestinos precisam não é de um estado, mas sim de governança. O território em que vivem pode se tornar um lar estável, mas somente se Israel voltar a controlar a segurança, acabando com a corrupção e o antissemitismo.

Ilhan Omar se diz favorável a uma solução de dois estados, mas o “estado” palestino, depois de 26 anos dos acordos de Oslo é uma vergonha, uma verdadeira desgraça que não dá qualquer esperança nem para os jovens nem para os velhos. Já Rashida Tlaib quer um só estado: um estado palestino.

Isto quer dizer levar o avançado Israel de volta à Idade Média, para a dhimmitude, para a servidão dos judeus e cristãos aos muçulmanos. Por mais que ela, nascida e criada nos Estados Unidos, pense que isso seja uma boa ideia, isso é inaceitável.

Israel está aberta a soluções criativas. Uma das minhas favoritas é dela anexar a Judeia e Samária, dando aos árabes da região o direito de voto em eleições locais, como já têm, e serem cidadãos da Jordânia.

Um programa que pode ser chamado de: “Aproveite sua vida com segurança, trabalho, educação, saúde e dignidade.

Tudo isso é possível, mas não às custas do sangue judeu.



Sunday, August 11, 2019

O Nono Dia de Av - 11/8/2019


Tudo começou em 1313 antes da Era Comum. Moisés enviou doze espiões, um de cada tribo, para explorar a Terra de Canaã. A Terra que D-us havia prometido a Abraão e para a qual Moisés estava levando o povo depois do milagroso êxodo do Egito. Dez dos espiões, no entanto, voltaram com impressões negativas da terra. Eles contaram que apesar dela ser boa e farta, sua conquista seria impossível, pois “seus habitantes eram muito poderosos e suas cidades fortificadas e grandes”. Os outros dois espiões, Caleb e Yoshuah tentaram desfazer esta impressão afirmando que a conquista era sim possível. Mas o povo acreditou nos outros. Naquela noite choraram e chegaram a pedir a Moisés para voltar para a escravidão no Egito. Era a noite do 9 de Av. Por causa da falta de fé, aquela geração foi punida, condenada a errar durante 40 anos no deserto.

Daí por diante, o 9 de Av sempre foi marcado por grandes tragédias do povo judeu. Poucos exemplos são: as destruições do Primeiro e do Segundo Templo, o edito de expulsão dos judeus da Inglaterra em 1290, a expulsão dos judeus da Espanha em 1492, o começo da Primeira Guerra Mundial - precursora da maior onda de antissemitismo e genocídio da história moderna; as deportações do Gueto de Varsóvia para Treblinka que levaram 870 mil judeus para a morte e mais recentemente em 2005, a expulsão dos 8 mil judeus da Faixa de Gaza.

Ontem à noite em Jerusalém, milhares de judeus se reuniram para a marcha anual de Tisha Be'Av em volta dos muros da Cidade Velha carregando bandeiras israelenses. Um silêncio sagrado e reflexão pairaram no ar enquanto um chazan recitava a Megilat Eichah (Lamentações do profeta Jeremias escritas durante a destruição do primeiro Templo). Em Nova Iorque, o local mais procurado pelos judeus é a sinagoga Espanhola e Portuguesa. Sua tradição marcante de ler as lamentações completamente no escuro, todos sentados no chão segurando apenas uma pequena vela, atraem centenas, mas ontem a atmosfera solene foi quebrada pela quantidade de segurança nas portas e a dificuldade de entrar na sinagoga. Devagar, estamos vivendo no limite.

Também em Jerusalém a marcha não foi aquela brisa. A incitação dos últimos dias vinda dos imãs agitou os muçulmanos que foram seguindo os judeus, jogando insultos, cuspes e os costumeiros Allah Uakbar.

Ouvir xingamentos e ver os olhos dos inimigos cheios de ódio evocam as cenas que nossos ancestrais devem ter testemunhado durante o cerco de Jerusalém e sua destruição. Imagens que estão profundamente gravadas em nossa consciência. Não porque não queremos esquecer mas porque os que nos odeiam não nos deixam esquecer.

Achamos que depois da vergonha do Holocausto o mundo tinha colocado um fim ao antissemitismo. Mas não. Milhares de judeus foram mutilados e assassinados nos últimos anos por terroristas árabes, apesar dos acordos de Oslo que deveriam ter trazido a paz.

O último episodio ocorrido há menos de uma semana. A vítima, um garoto de 18 anos, Dvir Sorek, voltava de Jerusalém para seu seminário com livros de presente para seus mestres. A 50 metros da porta da escola ele foi esfaqueado nas costas múltiplas vezes. Ele nunca viu o rosto de seus assassinos.

Seus amigos, todos ainda meninos, estavam inconsoláveis em seu enterro. Na Autoridade Palestina e em Gaza comemorações irromperam celebrando os terroristas. A pergunta é: o que causa um ódio tão grande para dois irmãos de 24 e 30 anos de idade, marmanjos, adultos, decidirem sair de casa numa manhã e assassinar impiedosamente um menino, só por ele ser judeu? Em menos de três dias os dois foram presos mas agora são elegíveis para receber salários milionários da Autoridade Palestina.  

Este programa de pagamentos a terroristas é tão importante para manter Mahmoud Abbas e sua corriola no poder, que em março deste ano ele cortou os salários dos funcionários públicos e em abril, cortou o tratamento médico de mais de cem mil palestinos em Israel, que custa 100 milhões de dólares por ano, tudo para continuar a pagar mais de 138 milhões de dólares para os terroristas. O Vice-Primeiro Ministro Nabil Abu Rudeina justificou a decisão dizendo que “os salários das famílias dos mártires e dos prisioneiros serão pagos independente do custo, pois não é possível abandonar ou tratar de modo leviano o sustento dos heróis palestinos”. E apesar do aperto financeiro, estes “heróis” receberam um aumento de 12% só este ano.  

Do nosso lado, continuamos a compartilhar o trauma e a tristeza de mais uma vida ceifada cedo demais. E apesar dele temos que agradecer às forças de segurança de Israel que todos os dias previnem outros ataques.

O aumento da incitação à violência e a falta de tolerância dos árabes estão traduzidas em suas decisões de bloquear o acesso ao Monte do Templo a todos que não sejam muçulmanos. Até o ano 2000 qualquer um podia comprar um ingresso e subir na Esplanada superior e visitar o Domo da Rocha e a Mesquita de Al-Aqsa com ou sem guia, orando ou não. Hoje, as visitas são restritas, com escoltas, e os visitantes não podem sequer derramar uma lágrima de emoção sem causar um motim. 

A radicalização dos muçulmanos é palpável e é sua única resposta para a fortificação diária dos elos judaicos com a terra de Israel e com a cidade de Jerusalém.

A cidade de David, o local original da Cidade Santa, está sendo desenterrada provando o que diz a Bíblia, para o espanto dos historiadores. Todos os dias artefatos judaicos, manuscritos em hebraico e ruínas são encontrados desbancando as reivindicações árabes de serem o povo original da terra. Não há qualquer vestígio de sua civilização, nem mesmo um cemitério antigo.

Depois de muitas gerações de destruição, os judeus estão de volta. Jerusalém está sendo reconstruída todos os dias. Quase a metade dos judeus no mundo vive em Israel e, surpreendentemente, apesar de todas as dificuldades, a Aliya continua. Com apenas 71 anos de independência, Israel teve um impacto enorme no avanço tecnológico e científico para o bem de toda a humanidade.  

A ironia aqui é que os descendentes dos judeus que foram exilados, escravizados e mortos pelos romanos hoje passeiam pelas ruínas deixadas por eles, nas ruas de Jerusalém (não da Aelia Capitolina como chamaram a cidade), no estado soberano de Israel (e não da Síria-Palestina).

Todos os judeus olham para trás neste dia, em direção a uma época em que fomos massacrados e exilados. Mas amanhã estaremos de volta ao futuro. Um futuro que promete para a pequena Israel.

Se o profeta Jeremias pudesse nos ver agora, acho que ele até sorriria. 

Estamos finalmente de volta em casa.


Sunday, August 4, 2019

A Hipocrisia Sem Limites de Erdogan - 4/8/2019


O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, colocou ontem a pedra fundamental para a primeira igreja a ser construída na Turquia desde 1923, com a fundação da república moderna. Quer dizer, em quase 100 anos, nenhuma igreja nova foi construída na Turquia.

Em meio a sorridentes fotos, calorosos apertos de mão e tapinhas nas costas de Erdogan com o Patriarca da comunidade siríaca, Yussuf Cetin, os mais de 560 anos de opressão dos cristãos na Turquia pareceu nunca terem ocorrido. Esta nova igreja em Istambul servirá os 15.000 cristãos siríacos da cidade, que batalharam pela licença de construção por mais de 10 anos.

A hipocrisia deste homem não conhece limites. Há apenas alguns meses, Erdogan declarou que o local mais famoso de Istambul, a Hagia Sophia, uma basílica bizantina magnífica, era uma mesquita e nunca voltaria a ser uma igreja enquanto houvesse um povo turco.

Esta basílica foi um local de culto cristão por quase mil anos. Ela foi construída na antiga Constantinopla, que hoje é Istambul, em 537 por Justiniano I, imperador bizantino. Depois da conquista otomana de 1453, o sultão Mehmet II converteu a basilica em mesquita. Minaretes foram adicionados no exterior, e o caráter cristão destruído no interior.

Em 1935, o presidente Kemal Ataturk decidiu fazer da Hagia Sophia um museu. Algo que Erdogan quer reverter. Ele permitiu que preces islâmicas fossem feitas no local e para insultar mesmo, ele leu uma prece em tributo ao conquistador Mehmet II de dentro da basílica. Além disso, em 2015, pela primeira vez em 85 anos, um clérigo muçulmano recitou o alcorão do santuário e desde 2016, o governo autorizou leituras islâmicas a serem transmitidas pela rádio e tevê, direto da basílica durante todo o mês de Ramadã.

Com a aproximação da Turquia ao Irã e à Rússia, a democracia turca está sendo seriamente questionada pelo ocidente pondo em risco até sua filiação na OTAN. Neste mês os Estados Unidos suspenderam a transferência dos aviões F-35 para a Turquia ato que ela disse ter sido “injusto”. A foto com o patriarca é um golpe de marketing. Nem há qualquer garantia que a igreja será mesmo construída.

Erdogan resolveu mostrar a verdadeira face do que se passa na Turquia. A face que ela tem tentado esconder e enganar o mundo desde o genocídio dos armênios. Mas hoje não há mais porque esconder a perseguição das minorias que vivem no país há milênios.

De acordo com o relatório anual da Comissão de Liberdade Religiosa Internacional Americana de 2019, a Turquia é uma das “nações em que as violações cometidas ou toleradas pelo governo durante 2018 são sérias, sistemáticas, contínuas e notórias de acordo com a Lei de Liberdade Religiosa Internacional. A prisão de pastores, inclusive americanos, jornalistas, ativistas e acadêmicos sob acusações falsas são rotina.

Apesar dos cristãos representarem menos de meio por cento da população da Turquia, Erdoğan os representa como uma grave ameaça à estabilidade do país. Com sua retórica jihadista, Erdoğan declara que os turcos cristãos não são verdadeiros turcos, mas colaboradores ocidentais. O lançamento de um serviço oficial de genealogia on-line permitindo aos turcos traçarem sua ancestralidade estimulou uma onda xenofóbica por expor o que eles chamam de "cripto-armênios, gregos e judeus". Isto lembra a vocês algo como as leis de pureza racial dos nazistas?

Mas a perseguição da minoria cristã na Turquia antecede Erdoğan. O Império Otomano deportou e massacrou cristãos em massa, culminando no genocídio armênio. O fim da Primeira Guerra Mundial viu a expulsão de mais de um milhão de gregos. Ataturk e seu programa de igualdade social não impediu que os islamistas dominassem as instituições nacionais e preparassem o terreno para o que está acontecendo agora.  

A primeira indicação sinistra do que estava reservado para os cristãos ocorreu em dezembro de 1998, quando Erdoğan, ainda prefeito de Istambul, anunciou que as "mesquitas são nossas barracas, as cúpulas nossos capacetes, os minaretes nossas baionetas, e os fiéis nossos soldados",  ressaltando a fundação islâmica da identidade turca. Assim que assumiu o comando do país, Erdogan implementou essa visão, sistematicamente desfazendo o legado secularista de Atatürk e islamizando o espaço público da Turquia.

As coisas vieram à tona durante o suposto “golpe” de 2016 (entre aspas porque para mim foi tudo orquestrado por Erdogan para se livrar da oposição). Naquela ocasião o regime ordenou que os imãs fossem para suas mesquitas e incitou os fiéis a tomar as ruas. O resultado foi um sem número de ataques a cristãos e a igrejas em todo o país. 

Na época, o pastor de Istambul Yüce Kabakçı lamentou dizendo que “hoje há uma atmosfera na Turquia que qualquer um que não seja muçulmano sunita é uma ameaça à estabilidade da nação. Mesmo as classes educadas procuram não se associar com judeus ou cristãos. Eles querem se livrar de qualquer um que não seja sunita.

Várias igrejas foram desapropriadas incluindo a histórica igreja armênia Surp Giragos de 1700 anos. O governo turco também tomou várias propriedades dos cristãos assírios e as transferiu para instituições públicas.

O incitamento anti-cristão continuou em ritmo acelerado. Em fevereiro de 2017, a Associação de Igrejas Protestantes da Turquia divulgou um relatório dizendo que o discurso de ódio anti-cristão havia aumentado de tal modo que haviam sérias ameaças terroristas, e um governo não disposto a impedir ou proteger estas comunidades.

O que está acontecendo é um verdadeiro genocídio de cristãos na Turquia e no resto do Oriente Médio e Norte da África – com exceção de Israel, e o mundo está calado. Há uma ameaça existencial a uma das religiões mais antigas da região e não se ouve sequer um murmúrio dos líderes do cristianismo mundial.

O ministro de Relações Exteriores do Reino Unido, Jeremy Hunt, declarou que “há evidências de que "o cristianismo é de longe a religião mais perseguida no Oriente Médio", e que “atos de violência e outras intimidações contra cristãos estão se tornando a norma.”

Sem surpresa, ele disse que “algumas das comunidades cristãs mais antigas do mundo estão desaparecendo, incluindo na Síria, no Iraque e nos territórios palestinos, considerado o local de nascimento de Jesus.

Nos territórios palestinos, os cristãos foram de 10% da população, para menos de 1,5%; na Síria, a população cristã caiu de 1,7 milhões em 2011 para menos de 450 mil; e no Iraque, o número de cristãos foi de 1,5 milhões antes de 2003 para menos de 120 mil. No total, os cristãos caíram de 20% para 4% no Oriente Médio, precisamente por causa das leis islâmicas discriminatórias e opressivas, normas sociais repressivas, violência sancionada pelo Estado e atos de terror contra cristãos.

Esta situação deveria ser denunciada diariamente pelos governos ocidentais, pelas igrejas, pelos pastores, pelas pessoas em geral. Os muçulmanos são recebidos de braços abertos em nossos países e eles não veem isso como uma bondade, mas uma fraqueza. A Europa já está pagando o preço desta “bondade” e os clérigos muçulmanos estão se gabando que finalmente estão completando a conquista islâmica da Europa. 

A destruição, o fanatismo e a intolerância que o Ocidente conseguiu evitar com as vitorias europeias contra os invasores islâmicos em 732 na batalha de Tours e nos dois cercos de Viena em 1529 e 1683, está hoje convidando através de suas próprias mãos por conta de um descontrolado politicamente correto.

A lição de Churchill fica: aqueles que deixam de aprender com a história estão fadados a repeti-la.