Em três de
outubro último, um alto funcionário da Diretoria de Inteligência do
Departamento de Polícia de Paris, esfaqueou até a morte quatro colegas antes de
ser morto por um recruta. Embora não tenha sido o ataque terrorista mais mortal
que a França sofreu nos últimos anos, a ousadia do ataque na sede da polícia no
centro de Paris é muito preocupante.
O autor deste
ataque, Michel Harpon, era um francês empregado pela polícia que se converteu
ao islamismo e ficou radicalizado pelos salafistas que hoje dominam os
muçulmanos franceses com sua retórica barbárica. O alvo, altamente sensível e a
subsequente conduta catastrófica das autoridades provam o fracasso das
instituições francesas.
Como em todos
os ataques terroristas ocorridos na França, as autoridades e a mídia tentaram
minimizar o que aconteceu. Imediatamente após o ataque, o terrorista foi
descrito como um funcionário frustrado, parcialmente surdo-mudo, nada foi dito
sobre sua conversão e radicalização até quando não deu mais para esconder.
Além do
ataque ter sido minuciosamente planejado contra o âmago das forças de segurança
da França, o fato de um funcionário radicalizado ter conseguido se manter no
cargo despercebido por seus colegas, dentro da própria instituição que deveria
detectá-lo, enviou ondas de choque por todo o país. Membros da oposição do
governo pediram a renúncia do ministro dos Assuntos Internos, Christophe
Castaner, que disse que o agressor "nunca havia mostrado sinais de alerta
ou dificuldades comportamentais".
Sério?
Então
vejamos: ele já evitava qualquer contato e comunicação com mulheres, exceto a
esposa dele; era membro ativo de uma mesquita conhecidamente radical e tinha um
telefone cheio de contatos islâmicos. Em janeiro de 2015, na frente de outros
funcionários da polícia, ele aplaudiu o ataque ao jornal Charlie Hebdo. Em qualquer
outro país com um mínimo de bom senso, um erro desses seria suficiente para um
ministro do governo se demitir. Mas não na França.
Apesar deste
ataque não ter recebido muita cobertura da mídia, foi a primeira vez que o
estado francês e suas instituições foram diretamente alvejados. Também pela
primeira vez, as vítimas não eram nem jornalistas (como foi o caso dos ataques
de Charlie Hebdo em janeiro de 2015), nem judeus (que foram alvejados inúmeras
vezes nos últimos anos) ou civis (como os ataques coordenados em Paris em
Novembro de 2015, que causaram mais de 131 mortes e 413 feridos).
Este último
ataque também demonstra como a França continua despreparada para enfrentar o
problema. O assassino não era apenas um funcionariozinho público qualquer: sua
autorização de segurança lhe permitia acessar arquivos confidenciais, como
dados pessoais de policiais e todos os indivíduos monitorados pelo
departamento, incluindo vários suspeitos de terrorismo.
De acordo com
a investigação, o terrorista estava em contato muito próximo com um imam que
está na lista dos que apresentam riscos de segurança nacional.
É incrível
que depois dos ataques ao Charlie Hebdo, ao Bataclan, o massacre de quase uma
centena de pedestres por um caminhão em Nice e inúmeros outros ataques, o
governo francês continua a falhar em seu dever de proteger seus cidadãos.
Em vez de
reconhecer o problema e assumir a responsabilidade, em vez de enfrentar a
radicalização islâmica de frente, o presidente francês Emmanuel Macron descreveu
estes ataques como um "problema social", que a sociedade e não o
governo deve resolver.
Além da
esfera política, há também a cultural, o chamado “politicamente correto”, que
nega terminantemente a ameaça islâmica. Jornalistas, acadêmicos e políticos, com
algumas exceções, têm consistentemente minimizado não apenas o risco de ataques
terroristas, mas também a ameaça da crescente radicalização salafista no país.
De acordo com
o Instituto Montaigne, 29% dos muçulmanos na França, mesmo os que não defendem
o uso da violência abertamente, acreditam que a lei islâmica é mais importante
que a lei francesa. Isso significa que quase um terço dos muçulmanos franceses
vive de acordo com valores que são fundamentalmente incompatíveis com os
padrões franceses ou ocidentais.
O mesmo
Instituto descobriu que 65% dos muçulmanos são a favor do uso do véu pelas
mulheres. E talvez por isso 74% dos franceses não tem uma boa imagem da
religião muçulmana. Mas o problema é ainda maior.
Embora a
França seja o país europeu mais alvejado pelos islâmicos (com 263 mortos desde
2012), os políticos estão paralisados pelo medo de serem acusados de
islamofobia. Só depois de saírem do governo é que se manifestam, como o
ex-presidente François Hollande que disse recentemente que “há de fato um
problema com o islamismo”; que “o véu islâmico é uma forma de escravização”, e
que a França “não pode continuar a receber os migrantes sem controle”. Hollande
nunca teria dito isso quando era presidente.
O mesmo
aconteceu com o ex-ministro do interior, Gerard Collomb. Depois de ter renunciado
ao cargo ele deu um alerta ao risco de uma verdadeira guerra civil com os
muçulmanos na França. Notem que essas declarações não são de ativistas de
direita. François Hollande e Gerard Collomb são figuras importantes do Partido
Socialista, aquele que é a favor da globalização, do multiculturalismo, sabem?
Em outras
palavras, as autoridades francesas se recusam a agir contra uma situação da
qual estão perfeitamente conscientes, mas temem mencionar por causa do
politicamente correto.
Enquanto
isso, os policiais franceses estão cada vez mais desmotivados e desmoralizados.
Desde o início do ano, mais de 50 policiais cometeram suicídio. Eles enfrentam
condições de trabalho cada vez mais difíceis, em particular nos subúrbios das
grandes cidades como Paris, Marselha, e Lyon - subúrbios que estão cada vez
mais escapando ao controle das autoridades francesas.
A França foi
alvo do jihad muçulmano desde o século 8, quando ainda era chamada Gália. Na
época foi preciso de um rei, Charles, conhecido como Martel por suas ações
decisivas contra os sarracenos, para defender a cristandade destes bárbaros,
assassinos, estupradores e traficantes de escravos europeus, enxotando-os de
volta à Espanha que haviam dominado. Igualzinho o Estado Islamico.
Hoje não
temos um Charles Martel. Ataque após ataque, o ritual é o mesmo: há flores, há tributos
e montes de palavras de conforto e promessas para as vítimas. Os líderes
políticos afirmam sua determinação em agir para proteger o povo. Mas depois de
alguns dias, o ciclo de notícias termina e as coisas voltam ao mesmo, as
vítimas são esquecidas, os slogans são esquecidos - até o próximo ataque
terrorista ou a rendição incondicional da França ao Islão.