Nesta semana tivemos
uma declaração de Trump que causou choques em todos os círculos judaicos da
América. O presidente, como sempre, sem medir as palavras disse que ele achava
que “os judeus que votam nos democratas - ou mostram uma ignorância total ou
uma grande falta de lealdade”. Embora não tenha ficado claro com quem os judeus
estavam sendo desleais - com seu próprio povo, com Israel ou os EUA – o próprio
uso da palavra alarmou os judeus americanos sempre preocupados com o
questionamento de sua lealdade.
Quarenta anos
atrás, a organização judaica União de Apelo Judaico (United Jewish Appeal) tinha
um slogan que dizia: “Somos um Só”. Uma ideia nobre que unia os judeus da diáspora
com os de Israel – um sendo responsável pelo outro. O problema é que as duas
comunidades vivem em realidades totalmente diferentes.
Aqui nos
Estados Unidos, os judeus vivem numa atmosfera liberal, tolerante, amiga e
próspera. Os judeus americanos não compreendem a insegurança, os traumas e a
constante preocupação dos judeus israelenses. Não compreendem como Israel pode simpatizar
com Trump, que a mídia rotulou de racista, homofóbico, misógino, etc. Para os
israelenses é incompreensível judeus apoiarem o acordo nuclear de Obama com o
Irã, algo que eles veem como uma ameaça existencial.
Mas o
problema é mais profundo. Numa entrevista, o doutor em História do Oriente
Médio, Guy Bechor, disse que no final do século 19 e começo do século 20, os
judeus da Europa viam a América como um porto seguro. Um lugar para onde
poderiam fugir das perseguições e pogroms e então imigraram em massa. Cem anos
atrás havia 3 milhões de judeus nos Estados Unidos e 70 mil em Israel. Hoje, Israel,
tem mais de 7 milhões e nos Estados Unidos apenas 5.5 milhões. Isto quer dizer
que com toda a segurança, prosperidade e ascensão política, em 100 anos, os
judeus não conseguiram nem dobrar seus números, enquanto que Israel, um país
inóspito, cercado de inimigos e muitas dificuldades, está com 10 vezes mais
judeus.
A pergunta é
como os judeus americanos chegaram no partido Democrata? Sim, porque o partido
que hoje carrega a bandeira “da democracia, do politicamente correto, da igualdade
para todos inclusive para criminosos que atravessam a fronteira ilegalmente”,
foi o partido da escravidão negra e das leis de segregação racial, da Ku Klux
Klan que perseguiu negros, judeus, índios, hispanos e qualquer outra minoria.
O que
aconteceu foi que o presidente americano democrata, Frank Delano Roosevelt, resolveu
construir uma aliança de minorias que apoiavam o seu New Deal. Ele incluiu
nesta aliança sindicatos de trabalhadores, associações de pequenas empresas, negros,
judeus, hispanos e católicos. Com este novo poder, os judeus, que consciente ou
inconscientemente continuavam com medo de perseguição finalmente se sentiram em
segurança e a retribuição foi se juntarem ao partido democrata em massa.
Mas nos
últimos 20-30 anos, o numero dos judeus na America diminuiu em 70% devido
especialmente à assimilação e o numero de muçulmanos continua aumentando tendo
chegado a 3.5 milhões em 2017. O partido democrata, seguindo o que está se
passando na Europa, está devagarzinho abandonando os judeus e priorizando as
demandas muçulmanas. Uma prova disto está na recusa do partido em condenar os
twits antissemitas da parlamentar muçulmana Ilhan Omar.
Os judeus americanos
hoje estão divididos. Talvez 1/3 não se importe e sigam se assimilando, 1/3
continua a apoiar Israel e alguns estão migrando para o partido republicano e
1/3, infelizmente, está se alinhando com os antissemitas e anti-Israel procurando
aceitação entre os membros mais radicais do partido, como o candidato à presidência
Bernie Sanders.
O que está acontecendo com os
democratas americanos já aconteceu com o partido trabalhista inglês. Quando poderíamos
imaginar que judeus, que vivem no país desde 1655, não estariam mais em
segurança na Inglaterra? Em 12 de junho último uma pesquisa mostrou que um em
cada três judeus ingleses está planejando se mudar do país.
O que precisaria
acontecer – é que os judeus que apoiam Israel deveriam se levantar e denunciar
estes radicais – os chamados “progressistas” que de progresso não têm nada - que
estão hoje na linha de frente no esforço de mudar os Estados Unidos. Os que
buscam o abandono dos valores de família, patriotismo e religião promovendo o
secularismo, o fim da família tradicional, o multiculturalismo, fronteiras
abertas e a descriminalização de várias condutas criminosas.
Vou dar um
exemplo do que está acontecendo em uma das cidades mais lindas dos Estados
Unidos: São Francisco. Hoje, a cidade é uma fossa de drogados, desempregados,
sem-teto acampados nas calçadas e assolada por ratos e por doenças que não
vimos desde a Idade Média como o tifo. A cidade também se tornou muito
perigosa. Ela tem o maior índice de crimes contra a propriedade do país. Mais
de 60 carros são arrombados por dia. Mais de 8 mil seringas com sangue e drogas
jogadas nas ruas todos os meses. Mas a cidade tem um plano. A prefeitura de São
Francisco resolveu mudar o vocabulário para se tornar ainda mais “amistosa”
para com os que acampam na cidade. O racional parece ser, se as pessoas forem
proibidas de falar de crime, elas não notarão que ele existe.
Assim, a partir
do mês passado a definição “criminoso condenado” foi banida. Quem for preso agora
é um “indivíduo envolvido com o sistema judiciário”. O problema é que as
vítimas também são chamadas de “indivíduos envolvidos com o sistema judiciário”.
Isso faz as vítimas equivalentes aos
criminosos. Também não há mais “delinquentes
juvenis”. Eles são “jovens que sofreram o impacto do sistema judiciário”. Como
se o “sistema” e não o jovem tivesse cometido o crime.
E isso
reflete exatamente o que a esquerda pensa: é nossa culpa que eles cometem
crimes. É por causa dos nossos supostos “privilégios” que eles cometem crimes. Viciados
em droga, por seu lado, são chamados de “pessoas com um histórico de uso de
substâncias”. Vejam bem, é “uso” e não “abuso”. Viciados em heroína se tornaram
equivalentes aos diabéticos que se tratam com insulina. Os dois usam “substâncias”.
Mas a cereja
do bolo ficou com a virada de 180 graus que eles deram ao termo “terrorista islâmico”.
Agora, qualquer um que atirar, se explodir ou esfaquear alguém gritando Allah
Uakbar, está agindo de modo a sujar a reputação dos muçulmanos e portanto são
chamados de “militantes anti-islamicos”. Não importa que os terroristas não
concordem com esta definição que lhes rouba todas as 72 virgens do outro lado. Muita
gente riu destes absurdos. Mas o objetivo destes políticos de esquerda
desonestos é claro: quando você muda a língua, você muda o processo de pensar. E
uma discussão clara e direta fica mais difícil, senão impossível.
Como o
comentador da Fox News, Tucker Carlson disse esta semana: “quando as palavras
desaparecem fica impossível pensarmos nos conceitos que estas palavras
representam. Quando o politicamente correto nos impede de dizermos o
óbvio, com o passar do tempo não conseguimos mais ver o óbvio. É precisamente
o que a esquerda quer alcançar. Os que controlam as palavras controlam as
mentes.”
Pessoal, esta
inversão de valores, esta manipulação da língua tem que ser denunciada em todos
os lugares inclusive no Brasil. Isto está minando nossa sociedade, encorajando
o fake news e quando não há mais confiança no que os políticos, as autoridades
governamentais e mesmo familiares falam há uma total desintegração da
sociedade. Estaremos de volta à torre de Babel.
Termino lembrando do horrendo ataque em Israel na sexta-feira que levou a vida
de Rina Shneer de apenas 17 anos, novamente celebrado pelos palestinos. Que
D-us dê forças a sua família.