Há 46 anos,
em novembro de 1975, num momento delicado e volátil no Oriente Médio, a ONU
adotou a resolução 3379 que equiparou o sionismo ao racismo. Oito anos antes,
em 1967, os árabes haviam sofrido sua pior humilhação depois de terem perdido a
guerra em apenas 6 dias. Seis anos depois, em 1973, Israel saia vitoriosa da
Guerra de Yom Kippur apesar do alto custo pago em vidas.
Entre 1973 e
1975, os países árabes produtores de petróleo impuseram um embargo na sua
exportação aos Estados Unidos e a outras nações que apoiaram Israel. E como
sabemos, quando se trata de dinheiro, a coisa muda. Para aplacar os árabes,
Yasser Arafat, o terrorista fundador e presidente da OLP, foi convidado para
falar perante a Assembleia Geral da ONU aonde, contra todos os protocolos, ele
veio armado com sua pistola. Em seu discurso Arafat disse sonhar com um estado
democrático aonde judeus e muçulmanos viveriam em igualdade de justiça,
fraternidade e aonde, judeus que estivessem “hoje vivendo na palestina” se
tornariam cidadãos sem discriminação”.
Claramente, a
proposta de Arafat era a de abolir Israel por completo. E apesar de defender
esta proposta de genocídio, seu discurso foi muito aplaudido pelos 138
delegados da Assembleia Geral. Não demorou muito para que estes delegados aprovassem
a infame resolução 3379 e a Assembleia Geral estabelecesse o Comitê para o
Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo Palestino, um corpo permanente de
Estados membros dedicados a deslegitimar o estado judeu.
Esta foi sem
dúvida a pior resolução adotada pela ONU contra Israel. Resoluções anteriores
não deixavam qualquer dúvida que o racismo, como forma de discriminação,
precisava ser erradicado. E se o sionismo é racismo, Israel, um membro pleno da
ONU, também deveria ser erradicada.
Esta mancha
das Nações Unidas sobreviveu por 16 anos. Somente em dezembro de 1991, esta resolução
que ia contra todos os princípios da ONU, foi finalmente revogada. A União
Soviética que apoiava os árabes estava se desintegrando, o tratado de paz entre
Israel e o Egito em 1979 havia aberto caminho para outros tratados de paz. E a
derrota do Iraque na Primeira Guerra do Golfo enfraquecera os árabes radicais.
Ao revogar a resolução 3379, a ONU determinava que o sionismo não é uma forma de
racismo, uma determinação que não fez em relação a nenhum outro movimento
nacional. Só que de 1991 até hoje, os adversários de Israel não cessaram
seus ataques na ONU. Em
maio deste ano, após os ataques do Hamas a Israel, o Conselho de Direitos
Humanos estabeleceu uma Comissão de Inquérito responsável por investigar a "discriminação e repressão
sistemáticas com base na identidade nacional, étnica, racial ou religiosa"
nas áreas palestinas e dentro de Israel, uma linguagem
usada para alegar que
Israel é acusada de apartheid. Evidentemente, o termo apartheid pretende
reintroduzir a equação sionismo é racismo sob um título diferente.
O problema é
que estes atores políticos não teriam conseguido estes avanços sem a parceria
da mídia que tem cometido verdadeiros pogroms midiáticos contra os judeus e
Israel (nas palavras do Dr. Julio Levit Koldorf da Universidade de Zaragoza e
Barcelona). E por quê? Porque colocar o dedo na veia antissemita é lucrativo.
Hoje a mídia não tem mais como objetivo informar os fatos.
De acordo com
o Dr. Koldorf, a mídia rearranja, recompõe as palavras, as imagens para gerar
lucro. E o que mais gera lucro é polêmica e controvérsia. E é por isso que o
antissemitismo é promovido e, contrariamente a outras formas de racismo, é
raramente retirado das plataformas de mídia social. É só olhar para o oceano de
comentários antissemitas que leitores deixam nas publicações que obsessivamente
difamam o único estado judeu do planeta. Quando uma multitude de pessoas está
pronta a linchar qualquer um que tenha a infelicidade de postar um comentário a
favor de Israel ou dos judeus, isto é um pogrom.
E está
refletido nos incidentes antissemitas que vemos ocorrer na Europa e nos Estados
Unidos. Na semana passada, um destes incidentes ocorreu numa escola primaria em
Washington DC, capital dos EUA. Uma professora instruiu os alunos a
reconstituir cenas do Holocausto. Ela
teria dito a um estudante judeu para fazer o papel de Adolf Hitler e fingir
suicídio. Outro aluno foi instruído a fingir que estava em um trem para um
campo de concentração e agir como se estivesse morrendo em uma câmara de gás. Quando
os alunos da terceira série perguntaram por que os alemães mataram judeus, ela
disse que era “Porque os judeus arruinaram o Natal”, relatou o Washington Post.
Todas estas
mentiras e difamações penetraram tão profundamente na psique coletiva que a
mídia conseguiu instituir falsas premissas como verdades absolutas nos mais
altos órgãos diplomáticos globais. Ela conseguiu estabelecer uma relação
ilusória do conflito entre Israel e os palestinos, onde o que é tido como
realidade é completamente desconectado dos fatos e da história e sem prestar contas
a ninguém.
O pogrom
midiático não apenas conseguiu estabelecer no inconsciente coletivo a
proposição invertida de que os judeus são invasores, colonialistas e assassinos
que vieram para privar o antigo povo palestino de sua terra ancestral; mas
parece ter causado uma espécie de amnésia coletiva, onde os vários pogroms
árabes cometidos contra judeus antes da declaração do estado de Israel,
inclusive o massacre de 1929, as guerras de 1948, 1967, 1973 e as subsequentes
intifadas nunca existiram. Uma nova realidade que milagrosamente apagou o
objetivo antissemita genocida árabe de eliminar o Estado judeu da face da terra
exatamente como Arafat “sonhava”.
Tentem alegar
que desde sua criação Israel
manteve um sistema político democrático e que os seus cidadãos árabes participam plena e
ativamente e são representados na Knesset. Que hoje, nada menos do que o partido
da Irmandade Muçulmana faz parte do governo. Qualquer argumento que demonstrar a coexistência entre as comunidades
judaica e árabe, atirando por terra a alegação de “apartheid” será
violentamente combatido.
É inegável
que a causa palestina sempre foi a cola que uniu os árabes para sua fortuna e
infortúnio. Mas mesmo com a desintegração do pan-arabismo, o pogrom midiático ainda
se recusa em responsabilizar os países árabes pela situação dos palestinos.
Quando foram eles, sem dúvida, que os arrastaram para as guerras que se
seguiram com Israel, que posteriormente perderam.
Uma vez executada
a lobotomia nos consumidores de mídia, os culpados são os judeus e Israel. E é
por isso que ouvimos nas mais altas esferas, a distorção histórica que o Estado
judeu é o único responsável pela situação dos palestinos.
O dano
conceitual perpetrado é tão grande que qualquer iniciativa de hasbarah, de relações
públicas a favor de Israel, tentando mostrar que a realidade de fato é outra, soa
quase ridícula. Mas isso também é resultado de um erro de cálculo por Israel. A
atitude judaica inata para conformidade e apaziguamento e a fórmula do “deixe o
louco gritar, que ninguém vai ouvi-lo” foi um desastre estratégico absoluto.
O que fazer
então? Qual é a resposta judaica a essa perseguição antissemita de palavras e ideias?
Se realmente quisermos
adotar uma estratégia revolucionária para conter o pogrom midiático e suas
consequências, chegou a hora de nos defendermos e atacarmos ao mesmo tempo. Uma
mudança no discurso que hoje é completamente “reativo” em soluções de
comunicação proativas, assertivas e à prova de balas, baseadas em fatos
incontroversos; não podemos deixar mentiras e descaracterizações serem
publicadas sem contestação porque achamos que “não vai adiantar nada responder ou
que é pior se causarmos polêmica. Não é.
Não digo que será
fácil. Mas somente tomando uma atitude proativa, conseguiremos mudar a corrente
deste novo pogrom aos judeus e ao seu Estado, que ocorre dia a dia através de
nossos televisores, computadores e celulares.