O maior furo
de reportagem desta semana foi o que todo o mundo já esperava. A Câmara dos
Deputados dos Estados Unidos declarou o impeachment do presidente Trump. Mas
contrariamente ao que a porta-voz Nancy Pelosi prometera, a declaração não foi nem bipartidária nem com o consenso do povo. Na verdade, o consenso bipartidário foi de não
declarar o impeachment. Nenhum deputado republicano votou a favor e dois
deputados democratas votaram contra. Um deles, tão afetado pela farsa que mudou
de partido. E as pesquisas de opinião mostram que a grande maioria do povo é
contra este impeachment.
Os fundadores
dos Estados Unidos instituíram o impeachment como uma medida de emergência para
remover um presidente quando ele cometesse um alto crime ou traição. O absurdo
desta situação é que os democratas não conseguem apontar para qualquer crime
que Trump tivesse cometido. Os dois artigos de impeachment que eles votaram são:
primeiro – que ele teria cometido abuso de poder e o segundo, que ele teria
desacatado a Câmara dos Deputados. É realmente um absurdo. Teria feito mais
sentido se tivessem colocado: artigo 1: Trump não deveria ter sido eleito em
2016 e 2: não pode de jeito nenhum ser reeleito em 2020.
Trump foi
alguém que quebrou todos os moldes da política americana. Nunca foi um
político, cumpriu tudo o que prometeu doesse a quem doesse e criou a melhor economia
da história dos Estados Unidos. E o que ele ganhou com isso? Impeachment. É
inacreditável.
E o desespero
dos democratas é ainda mais agudo porque não há um só candidato democrata que poderá
vencer Trump em 2020. No último debate dos democratas que ocorreu esta semana, os
dois candidatos que estão na liderança, Joe Biden e Bernie Sanders pareciam aqueles
dois velhinhos sarcásticos dos Muppets. Ninguém os levou a sério. O único que
pareceu mais racional foi Andrew Yang, um chinês americano de 44 anos com
doutorado em física. Mas os eleitores democratas não querem um candidato deste.
Eles querem ouvir aquela retórica radical socialista, jorrar o ódio contra aqueles
que conseguiram vencer na América e a promessa de tirar deles cada tostão. Mas
a maioria dos americanos é frontalmente contra esta ideologia e vão mostrar
isto nas urnas em 2020.
Pois é. Com a
melhor economia de todos os tempos, as menores taxas de desemprego aqui na América estamos vivendo um
verdadeiro circo. Mas a Europa não está atrás.
Nesta semana
acabaram as especulações de quatro anos sobre se a promotora-chefe do Tribunal
Penal Internacional, Fatou Bensouda, iria ou não abrir uma investigação sobre supostos
crimes de guerra de Israel como resultado dos assentamentos na Judeia, Samaria
e Jerusalem e da guerra em Gaza em 2014.
Fatou Bensuda
é uma advogada muçulmana de Gâmbia, que foi nomeada promotora chefe do TPI em 2012.
Ela resolveu finalmente abrir esta investigação, ao que parece por causa da declaração de
Mike Pompeo, Secretário de Estado Americano, de que o conflito entre Israel e
os palestinos não será resolvido por uma solução judicial mas somente por
negociações entre as partes. E que os Estados Unidos não veem os assentamentos
israelenses como ilegais. E não o são como já expliquei aqui várias vezes.
Bensouda
desconsiderou os argumentos de Israel de que o tribunal não tinha jurisdição no
caso, já que os territórios palestinos não constituem um estado. Ela simplesmente
disse que a investigação serviria aos interesses da justiça.
O dia 20 de
dezembro provavelmente será lembrado como o dia em que a Autoridade Palestina,
que levou o caso ao TPI cinco anos atrás, obteve sua maior vitória. É também o
dia em que a Corte, que já tem sua legitimidade questionada - começará a
declinar e cairá em irrelevância como aconteceu com o Conselho de Direitos
Humanos da ONU.
O Conselho de
Direitos Humanos, se tornou um corpo sem qualquer relevância precisamente porque
os palestinos conseguiram sequestrar sua agenda e impor uma campanha única para
deslegitimar e demonizar Israel.
O TPI em Haia
parece agora seguir a mesma direção, embora Bensouda tivesse tentado apresentar
algum senso de equilíbrio, dizendo que também investigaria possíveis crimes de
guerra cometidos pelo Hamas e "grupos armados palestinos", isso não
chega a ser uma gota no oceano já que a Autoridade Palestina aplaudiu
calorosamente a recomendação da promotora.
Até agora
Israel, que nunca foi signatária do Tribunal Penal Internacional, se absteve de
atacar sua legitimidade já que o tribunal reconheceu em algumas ocasiões, a
independência e eficácia do poder judiciário israelense.
Mas durante
anos, os palestinos usaram o TPI como um bordão sobre Israel, ameaçando ir ao
tribunal para obter concessões do Estado Judeu. Não há dúvida de que a
recomendação da promotora do TPI é muito problemática porque se Israel for
condenada por crimes de guerra, seus líderes que poderão ser presos se viajarem
para fora do país.
Mas por outro
lado, não há dúvida de que Israel não vai aceitar isso quietinha. Ela vai lutar
e tentar fazer com que o tribunal não continue o processo usando seus maiores aliados.
E o mais
importante nessa batalha são os Estados Unidos que já têm uma história com
Bensouda.
Em novembro
de 2017, a promotora solicitou autorização aos juízes do TPI para investigar
crimes de guerra no Afeganistão, supostamente cometidos pelos americanos.
Em março de
2019, Pompeo declarou que os EUA revogariam vistos de funcionários do TPI
envolvidos na investigação e, inclusive, revogaram o visto de Bensouda. Um mês
depois, os juízes rejeitaram o pedido de investigação de Bensouda dizendo que
tal investigação "não serviria aos interesses da justiça".
Na
sexta-feira, Pompeo twittou que os EUA “firmemente” se opõem a “essa
investigação injustificada que atinge injustamente Israel”. A promotora do TPI
decidiu iniciar uma briga que Israel e os EUA mostraram que têm toda intenção
de revidar.
Às vezes, uma
arma com uma bala é mais eficaz se carregada, mas nunca disparada. Por estar
carregada, ela pode ser usada para ameaçar; mas não há volta quando a arma é
disparada e erra o alvo. Embora esta investigação não seja boa para Israel, ela
provavelmente vai acabar prejudicando o próprio Tribunal que assim como os
democratas estão dando um tiro no próprio pé.