Muito tem se falado sobre o fato de Israel ser considerado o povo eleito ou o povo escolhido. O que as pessoas não se dão ao trabalho de perguntar é “escolhido” pra quê?
Mas pelo
menos aos olhos da ONU, Israel é sim, o país escolhido. Israel foi escolhida
por esta organização – criada depois de 2ª guerra, para defender a paz entre os
Estados - para ser castigada e condenada ano após ano apesar dela ter feito
concessões que nenhum outro país jamais fez em prol da paz.
Israel
desistiu de territórios importantes estratégica e economicamente como o Sinai;
expulsou seus próprios cidadãos de todas as comunidades de Gaza para dar a
oportunidade aos palestinos de construírem um país; deu a eles autonomia em
grandes porções da Judeia e Samaria e recebeu em troca terrorismo. Ao mesmo
tempo, Israel contribuiu para a humanidade em todas as áreas de ciência e
assistiu com tropas e médicos em catástrofes em dúzias de países inclusive no
Brasil.
Mas isso não
tem qualquer impacto quando se trata de votar resoluções anti-Israel. E neste
ano a coisa não foi diferente. No começo de dezembro a Assembléia Geral votou
em cinco resoluções de um pacote de 20 anualmente propostas pelos palestinos
que nem um Estado são. E algumas destas resoluções são coisas obscuras como a
afirmação do Comitê para o Exercício Inalienável dos Direitos do Povo Palestino
ou a resolução chamada de “Programa de Informação Especial sobre a Questão
Palestina”.
A questão
aqui é que estas resoluções, adotadas durante décadas, não alcançaram coisa
alguma em termos de trazer a paz. Apenas reforçam a obsessão da ONU com Israel
e a intransigência palestina em retornar à mesa de negociação.
Por outro
lado, temos uma ONU que se recusa a restabelecer as sanções contra o Irã, mesmo
com as piores violações deste governo insano que incluem violações de direitos
humanos, como a execução do campeão mundial de luta greco-romana Navid Afkari e
a prisão do resto de sua família por ele ter participado do protesto contra a
situação econômica no Irã em 2018, e do jornalista Roohollah Zam. A ONU também se
recusa a reconhecer a fomentação pelo Irã do terrorismo em todo o Oriente Médio
e Europa, terrorismo cyber contra os Estados Unidos e a busca destes fanáticos
loucos pela bomba atômica.
Nestas
últimas semanas do que parece ser o final do governo Trump, parece estar
acontecendo algo com o Irã.
O Irã está
num dilema. Por um lado, tem que vingar as eliminações de Qassem Soleimani e de
Mohsen Fakhrizadeh para não mostrar fraqueza. O Irã precisa matar alguém
importante ou um numero grande de soldados americanos ou causar algum dano
sério a Israel e não pode esperar até depois do dia 20 de janeiro quando Biden
será empossado sem colocar em perigo a volta da América ao acordo nuclear que
Biden insiste em ressuscitar. Ao atacar antes, a retaliação sairá do caminho e
então o Irã poderá abrir uma nova página com o governo democrata.
E é por isso
que nas últimas semanas Trump Netanyahu enviaram uma série de mensagens e
sinais aos iranianos, alertando os aiatolás das consequências de um ataque
lançado diretamente ou por um dos seus agentes no Líbano, Iraque ou Iêmen.
Nas últimas
semanas, submarinos americanos e israelenses foram vistos navegando no Golfo
Pérsico. Os EUA enviaram dois bombardeiros B-52 para a região no mês passado,
pela primeira vez desde 2019, com o objetivo declarado de “deter a agressão e
tranquilizar os parceiros e aliados dos EUA”.
O presidente
Donald Trump ameaçou o Irã na semana passada, depois que vários foguetes foram
disparados contra a embaixada dos EUA no Iraque. “Agora ouvimos rumores de
ataques adicionais contra americanos no Iraque”, tuitou Trump. “Um conselho de
saúde amigável ao Irã: se um só americano for morto, responsabilizarei o Irã.
Pense bem. ”
Em Israel, o
Chefe de Gabinete do IDF, Tenente-General Aviv Kochavi lançou uma forte ameaça
contra o Irã, dizendo que se os aiatolás ou seus representantes tentarem
realizar ataques contra Israel ou alvos israelenses, eles pagarão um preço alto.
Sua ameaça
veio poucos dias depois que o presidente da Junta de Chefes dos Estados Unidos,
general Mark Milley, visitou Israel para conversas com Kochavi, sobre a ameaça
iraniana.
Kochavi ainda
disse que os planos de retaliação de Israel “estão preparados e já foram treinados”. No sábado passado, Israel emitiu outro
alerta via porta-voz do IDF, Brig. Hidai Zilberman em entrevista ao jornal
saudita Elaph. Ele enfatizou que todos deveriam estar em alerta máximo em
relação à ameaça iraniana, que ele descreveu como um “barril de pólvora sujeito
a explodir”, considerando os muitos golpes que o Irã recebeu no ano passado sem
ter sido capaz de responder a altura.
Embora
esperemos que a guerra seja evitada, é importante que o Irã compreenda que não
pode se safar com ações agressivas e terroristas que realiza em todo o Oriente
Médio e além. Isso é particularmente importante para Biden que se prepara para
assumir o cargo e quer reengajar os iranianos sobre um novo acordo nuclear.
Voltar ao
mesmo negócio alcançado em 2015 seria um erro gravíssimo. O Irã precisa ser obstruído
e contido. O último acordo não se aplicava ao desenvolvimento e produção de
mísseis balísticos de longo alcance ou à sua atividade terrorista regional.
Outra falha foi a cláusula de caducidade que permitia aos iranianos aumentar
seu enriquecimento de urânio e produção nuclear assim que o acordo expirasse em
2025.
A vigilância
é importante e Teerã precisa ser constantemente lembrado de que há um preço a
pagar por atividades ameaçadoras e terroristas. Biden precisa ter isso em mente
quando assumir o cargo (se ele se lembrar é claro).
Assim como
Biden não pode recompensar a Autoridade Palestina por seu terrorismo contra
Israel, ele não pode recompensar os aiatolás por seu terrorismo interno e
externo. Biden só terá resultado se continuar o isolamento e pressão contra o
Irã - e, se necessário, ele tem que estar preparado para usar a ação militar
conforme os EUA e Israel advertiram na semana passada. É importante que o Irã
entenda que a ameaça é real. É agora, não depois, que esta mensagem tem que
ficar bem clara.