Sunday, July 31, 2022

Quando a ONU Viola Suas Próprias Regras - 31/07/2022

 

Algumas vezes acontece de eu escrever aqui sobre a ONU – pelo menos uma vez a cada três meses. Isso porque é a cada três meses que o Conselho de Segurança da ONU realiza sua mandatória sessão sobre Israel. O único país a sofrer este tipo de bullying diplomático deste monstruoso organismo mundial que se alimenta em promover o antissemitismo em vez de promover os direitos humanos e a paz.

Mas a ONU não se restringe a atacar o estado judeu somente quatro vezes por ano. Caso o assunto corresse o risco de sair do radar mundial, no final do ano passado a ONU lançou uma investigação sem precedentes sobre supostos “crimes de guerra contra Israel, com mandato de apresentar um relatório duas vezes por ano, e sem data para terminar. Como a ONU concedeu exclusivamente aos palestinos o status de refugiados perpétuos, um status que eles podem passar de geração em geração, ela precisa, paralelamente, manter o status de Israel como o culpado perpétuo.

O fato de os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança incluírem a Rússia e a China pode explicar por que a organização prefere se concentrar em Israel em vez de algo mais próximo a elas.

A verdade é que daria para falar sobre a hipocrisia e discriminação da ONU contra Israel toda semana, mas esta é uma ocasião especial. É difícil ficar em silêncio depois que o funcionário da ONU Miloon Kothari, um dos três membros da “Comissão Internacional Independente de Inquérito da ONU sobre o Território Palestino Ocupado, incluindo Jerusalém Oriental e em Israel” repetiu numa entrevista, uma das mais velhas tropes antissemitas conhecidas.

Mas vamos ver primeiro o que é esta Comissão. Ela foi inicialmente aprovada em maio de 2021 pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, com sede em Genebra, outro órgão da ONU que obsessivamente ataca Israel. Ela se seguiu à Operação Guardião dos Muros de 11 dias que começou quando o Hamas em Gaza lançou mísseis, primeiro em Jerusalém e depois em grande parte do resto do país. A Comissão de Inquérito é composta por três membros, todos com um longo histórico de ativismo contra Israel.

A comissão é chefiada pela sul-africana Navi Pillay, ex-Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, que no passado apoiou pedidos para boicotar e sancionar Israel. Os outros, Christopher Sidoti e Milton Kothari, não têm históricos menores de retórica vitriólica e ações anti-Israel.

Pillay, ainda no ano passado, assinou uma carta ao presidente Joe Biden se referindo à “dominação e opressão do povo palestino” e pediu aos EUA que abordassem a “discriminação e opressão sistêmica sempre crescentes de Israel”. No ano anterior, ela assinou uma petição intitulada “Sancionando o Apartheid de Israel”.

Sidoti não é menos comprometido. Ele é consultor do Centro Australiano para Justiça Internacional, uma organização doentiamente anti-Israel que exigiu que a Austrália apoiasse o movimento BDS contra Israel e instituísse o processo penal contra israelenses por crimes de guerra. A mesma organização assinou uma carta que denunciava “a brutalidade sistemática, perpetrada ao longo das últimas sete décadas de colonialismo de Israel, apartheid = e prolongada ocupação beligerante ilegal …” No mês passado Sidoti afirmou que judeus lançavam acusações de antissemitismo “como arroz em um casamento”.

Mas foi o terceiro membro do painel que atraiu as manchetes esta semana. Em uma entrevista ao site pró-palestino e antissionista Mondoweiss que foi publicada na segunda-feira, o advogado indiano Kothari não apenas questionou a participação de Israel como membro da ONU dizendo “Eu chegaria a ponto de levantar a questão de por que Israel é mesmo membro da Nações Unidas” – ele chegou a dizer que os judeus controlam as mídias sociais.

Chateado com as críticas à investigação da Comissão, inclusive por alguns governos, Kothari disse: “Estamos muito desanimados com a mídia social que é controlada em grande parte por – seja o lobby judaico ou ONGs específicas – muito dinheiro está sendo jogado na tentativa de nos desacreditar”.

Bem... não custa nada desacreditar esta comissão – eles próprios fazem um bom trabalho. Já em 2001, Kothari escreveu um relatório durante a Segunda Intifada, usando palavras como “massacre” e “limpeza étnica” para descrever o tratamento de Israel aos palestinos e se referiu ao terrorismo palestino como resistência. Alguém poderia ter pensado que, nesta altura, Kothari poderia ter inventado algo mais original do que os tropos anti-semitas do controle judaico da mídia apoiado por dinheiro judaico.

A Missão Permanente de Israel nas Nações Unidas em Genebra emitiu um comunicado chamando os comentários de Kothari de “extremamente perturbadores” e observando que Israel tinha questionado sua nomeação em vista de suas observações anteriores.

“Desde que a Comissão foi formada em maio de 2021, enquanto mísseis caíam sobre civis israelenses, ... o único objetivo [de Kothari] era argumentar que a raíz da causa do conflito era a própria criação do Estado de Israel e nada mais”. “Agora ficou ainda mais evidente que esta é a visão dos próprios Comissários, bem como de muitos dos Estados membros que criaram esta comissão. Indivíduos com opiniões tão tendenciosas nunca deveriam ter sido nomeados para cargos que exigem os mais altos padrões de imparcialidade, objetividade e independência. Em outras palavras, com cada relatório, a Comissão está se aproximando mais à conclusão que Israel não deveria ter sido criada.

Não há fim para as tentativas de deslegitimar Israel. E, as notícias dos comentários de Kothari vieram junto com a publicação de outro relatório feito pelo Coordenador Especial da ONU para a Paz no Oriente Médio que cobre o período de 27 de junho a 21 de julho deste ano. Parece que a ONU não tem mais nada para fazer além de relatórios sobre Israel. Que país aceitaria estar sob uma lupa destas?

A ONU nunca se perdoou por ter votado a favor da criação de Israel há 74 anos. Mas na época, as apostas diziam que o Estado não iria sobreviver de qualquer maneira, a uma invasão árabe. Então, nada melhor do que limpar a consciência do mundo pelo Holocausto, dando um estado aos judeus, que seria logo destruído, acabando o que Hitler havia começado. Que decepção deve ter sido quando Israel conseguiu vencer e sobreviver.

Hoje, a ONU já reconhece um Estado da Palestina ao mesmo tempo em que descreve os palestinos como refugiados. E este relatório é ainda mais absurdo. Enquanto condena Israel e o que chama de colonos judeus por 27 ataques a palestinos resultantes em 12 feridos e/ou danos a oliveiras, ele também descreve 50 ataques de palestinos contra civis israelenses, 39 dos quais por apedrejamento, esfaqueamentos, coquetéis molotovs e outros incidentes.

Em outras palavras, houve mais ataques a civis israelenses por palestinos do que o contrário. Mas para a ONU, todos os palestinos são considerados inocentes, ao contrário dos soldados israelenses que arriscam suas vidas para impedir ataques terroristas, que são sempre culpados. Como aceitar uma comissão que vai te culpar por ter sido atacado? Mas a ONU o faz. E quando se retira o direito de um individuo ou de um estado de autodefesa, você está removendo sua própria humanidade. Baratas não têm o direito de se defender.

Não seria mais produtivo fazer uma investigação séria sobre a participação da agência da ONU para os palestinos UNRWA na construção de túneis do Hamas e armazéns de armas em suas escolas e hospitais? Mas não.

As regras da ONU são claras. Elas exigem imparcialidade por parte dos indivíduos que conduzem investigações e inquéritos em nome da ONU– e Pillay, Sidoti e Kothari violam completamente essas regras. Eles têm que ser demitidos.

O triste é que mesmo sem saber quando terroristas do Hamas, Jihad Islâmico, ou a Hezbollah irão atacar Israel, podemos ter certeza de uma coisa: que quando o fizerem, a ONU estará pronta – com um relatório contundente criticando a resposta de Israel.



 

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