Logo após a
saída do Shabbat ontem, todas as redes de notícias de Israel relatavam que o
Irã iria ou já teria lançado um ataque direto a Israel. O porta-voz do exército
foi ao ar para instruir a população sobre como se proteger e o que estaria
suspenso hoje, como as escolas, passeios e grandes eventos. Principalmente meus
filhos não estavam nem um pouco felizes em terem que dormir no abrigo da casa.
Desde o dia
1º de abril estávamos esperando alguma ação do Irã. Naquele dia, um ataque
aéreo ao anexo consular da embaixada iraniana em Damasco, eliminou dois
generais iranianos, membros da Guarda Revolucionária Iraniana responsáveis pela
transferência de armas contra Israel vindos da Síria. O Irã esperneou
reclamando que seu consulado tinha imunidade. Mas de acordo com o direito
internacional, quando um local é usado para planejar e levar a cabo ataques
contra outro país, a imunidade cai. Israel tinha não só o direito, mas o dever
de eliminar estes militares.
Em torno da
meia-noite, o exército avisou que o Irã havia de fato lançado centenas de
drones e aviões não tripulados em direção a Israel, e que eles deveriam entrar
no nosso espaço aéreo às 2 da manhã. Só que não foram só drones. O Irã lançou
uma barragem de mais de 120 mísseis balísticos, 170 drones e 30 mísseis
cruzeiros. Estes mísseis levam apenas 12 minutos para cobrir a distância entre
o Irã e Israel. Em torno das 2 da manhã as sirenes começaram em todo o país.
E apesar do
dano a Israel ter sido mínimo, a quantidade de mísseis e drones lançados
mostram que o Irã estava sério em causar danos substanciais tanto em vidas como
em danos materiais.
Nos últimos
45 anos, o Irã tem usado seus procuradores para atacar Israel no que chamamos
de um anel de fogo. O Hamas no sul, a Hezbollah no norte e os Houthis a partir
do Iêmen, no sudeste. O que é inusitado e sem precedente, é que o ataque do Irã
ocorreu apenas um dia depois de Joe Biden ter emitido um aviso a Teerã para não
fazê-lo e reforçando o compromisso de Washington em apoiar e defender Israel.
Pela primeira
vez que eu saiba, um aviso tão definitivo dos Estados Unidos foi completamente
ineficaz mostrando claramente como a América perdeu o respeito dos seus
inimigos e junto com ele, seu poder de dissuasão.
Como isso
aconteceu?
A resposta parece
ser óbvia para qualquer pessoa que tem acompanhado a política externa americana
não apenas durante esta administração, mas durante a administração Obama. A
administração Obama deu início a uma política com o Irã que alternou fraqueza e
apoio: capitulando no Acordo Nuclear de 2015, e liberando bilhões de dólares permitindo
aos mulás continuarem a financiar seus grupos terroristas.
A
administração Biden continuou esta política exatamente onde Barak parou, deixando
o Irã bem posicionado para o ataque de hoje. Isso, em vez dos Estados Unidos significativamente
dissuadirem este regime apocalíptico de causar o caos na região.
Vamos ver as inúmeras
tentativas de Biden de entrar num novo acordo nuclear com os iranianos. Logo
que assumiu a presidência, Biden defendeu a sua política covarde em relação ao
Irã, citando negociações, sugerindo que se os resultados não surgissem em
breve, ele assumiria uma política mais dura em relação aos aiatolás.
O Irã ficou
tão “intimidado”, e estou sendo sarcástica, que continuou à todo vapor com seu
programa nuclear, proibiu a visita de inspetores da Agência Internacional de
Energia Atômica, fez incontáveis tentativas e assassinatos de dissidentes inclusive
em solo americano, assinou uma cooperação industrial em defesa com a Rússia,
reprimiu brutalmente os protestos sobre a economia, apertou a lei islâmica
causando a morte de meninas e moças... mas nada disso testou a paciência de
Biden ou dos seus conselheiros trazidos da administração Obama.
Esta política
de indiferença se aplicou até nos ataques às forças americanas no Iraque, na
Síria e até na Jordânia, que receberam pouca ou nenhuma retaliação. Numa
audiência no Senado em 2023, o senador Tom Cotton questionou o secretário da
Defesa Lloyd Austin sobre os ataques iranianos, salientando que as forças
americanas tinham sido atacadas 83 vezes pelo Irã e suas milícias e os Estados
Unidos haviam contra-atacado apenas quatro vezes. “Que tipo de sinal pensamos
que isto envia ao Irã?” perguntou Cotton na época.
Hoje,
enquanto o Irã dispara centenas de mísseis contra Israel, nem sequer um dia
depois de Biden ter aconselhado a contenção, temos a resposta a esta pergunta.
Embora a
maior parte da abordagem de Biden à República Islâmica tenha sido caracterizada
pela inação, há uma excepção notável: a administração se mostrou mais que
disposta a fazer pagamentos generosos ao regime iraniano, sob a forma de alívio
de sanções e descongelamento de fundos.
O alarme
sobre os perigos do alívio das sanções já havia soado no Acordo com o Irã em
2015. Todos nós sabíamos que os estimados 50 bilhões de dólares que o Irã teria
acesso seriam usados para financiar os terroristas da região.
Mesmo com
Israel sendo atacada diariamente com misseis vindos do Hamas em Gaza e da
Hezbollah no Líbano, os dois financiados pelo Irã, não impediu Biden liberar 6 bilhões
de dólares ao Irã, apenas duas semanas antes dos ataques de 7 de outubro. E
depois de 7 de outubro, Biden liberou outros 10 bilhões para o principal
patrocinador desse massacre.
A fraqueza e
a loucura desta política seriam ridículas se não fossem um perigo urgente para
a estabilidade mundial. Aparentemente, não há limite para o que o Irã possa
fazer, seja contra Israel, Estados Unidos ou o resto do Ocidente, que fará
Biden mudar sua política em relação aos mulás. Biden tentou apaziguar um regime
e ele usou esta fraqueza para causar esse estrago na região sem sofrer qualquer
penalidade.
E é em
continuidade à esta política, e a declaração do Irã que havia “concluído” sua
retaliação, que Biden está pedindo a Israel agora para não revidar o ataque de
ontem. Mas ontem e hoje de madrugada, o Irã atirou do seu solo para o solo de
Israel. Isso é uma declaração de Guerra. E a não ser que Israel responda de
maneira substantiva, ela vai “normalizar” este tipo de ataque, criando um novo
precedente. Hoje é normal para a
comunidade internacional que Israel seja alvejada todos os dias pelo Hamas e
pela Hezbollah. Que outro país aceitaria uma situação desta? E é por isso que
os líderes do Hamas se recusam a soltar os reféns, adotando uma posição
inflexível nas negociações.
A guerra do
Irã contra o Ocidente não é apenas um problema de Israel, é e sempre foi um
problema da América. Precisamos de um líder que reconheça isso e aja. Não de um
líder que só oferece palavras vazias e políticas covardes.
A questão
mais importante agora é: o que nos espera? Infelizmente, o Oriente Médio e os
Estados Unidos se preparam para o que poderá muito bem ser um terrível conflito
regional. Por seu lado, Israel é obrigada a restaurar a dissuasão. Para isso
ela precisa trabalhar com seus aliados e formar uma coalisão para confrontar
esta ameaça iraniana. E isso inclui os países árabes sunitas que já ontem se
mostraram prontos a isso.
O G7 e o
Conselho de Segurança da ONU vão se reunir hoje para discutir a ação do Irã. Se
eles quiserem fazer algo realmente substantivo, devem reter e expandir as
sanções contra o Irã, especialmente as sanções contra armas e mísseis
balísticos que eludiram todos os acordos anteriores.
A comunidade
internacional, por seu lado, deve concluir que este regime medieval do Irã já
passou do seu prazo de expiração e precisa ser jogado fora. Não por
estrangeiros, mas pelo próprio povo iraniano que precisa e merece líderes
melhores.
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