Quase meio século depois de terem sequestrado a Pérsia, os
aiatolás do Irã finalmente atacaram Israel diretamente, em vez de
usar seus lacaios. E não foi qualquer ataque. Centenas de drones e misseis
balísticos além de mais de 30 mísseis de cruzeiro.
Este tremendo
ataque, desenhado para causar o maior dano a Israel e seus cidadãos, foi um ato
inédito, não só do lado do Irã, mas do lado árabe. Até a Jordânia, que não
morre de amores por Israel, se uniu ao Estado Judeu para abater estes misseis.
O resultado foi a interceptação de 99.9% dos mísseis e drones.
Estando no
Oriente Médio, Israel não poderia ter deixado tal agressão sem resposta. E ela
veio esta semana. Israel não causou danos maiores mas mostrou ao Irã que podia
neutralizar seu sistema antiaéreo avançado que comprou da Russia, o S-300,
deixando a República Islâmica vulnerável a ataques. Se Israel procurava
recuperar a dissuasão, este foi um jeito brilhante. Imagino que os aiatolás não
irão dormir bem daqui para a frente, sabendo que Israel pode entrar no país
(seja com mísseis ou caças) sem ser detectada.
A decisão dos aiatolás de disparar 350 mísseis e drones
contra o Estado judeu teve que ser pesada tanto ao nível
militar quanto diplomático. E pelo visto, os aiatolás cometeram um grande erro.
Mas há outra dimensão: a histórica.
E como
discorreu Amos Asa El, o
prisma mais crucial é o de avaliar o propósito da Revolução do Aiatolá Khomeini de 1979 e o padrão que ela está
seguindo, muito parecido com os modelos do Japão Imperial, da Alemanha Nazista e da Rússia Soviética,
que terminaram em colapso total.
O ATAQUE DO IRÃ foi o terceiro marco da guerra atual
que Israel enfrenta. O
primeiro foi o ataque de 7 de Outubro porque o terrorismo nunca antes soltou
milhares de terroristas ao longo de fronteira de 40 quilómetros, onde cometeram
uma chacina sem precedente. Os outros dois
marcos da guerra, foram os ataques com mísseis dos Houthi e o ataque do
Irã na semana passada.
Os ataques dos Houthi foram um marco porque foram o primeiro confronto militar no
espaço sideral. O ataque iraniano é um marco não pelo tipo
de arma utilizada pelo Irã, mas pelo que encontrou: um sucesso de defesa sem
precedente.
A dimensão diplomática do ataque
iraniano foi também única. Foi a primeira vez que o exército de Israel e os
exércitos árabes lutaram
juntos contra seu
inimigo comum.
O significado estratégico deste alinhamento é profundo. A
intimidação regional do Irã saiu pela culatra. Depois de ter estacionado
milícias num tanto de terras árabes, alimentado múltiplas guerras civis e
estabelecido pontes políticas em Bagdad, Sana, Damasco e Beirute, a agressão de
Teerã uniu o resto da região e agora a obrigou a reagir.
E isso marcou
o primeiro grande fracasso da agressão iraniana. Enquanto a sociedade do Irã se desgasta e a sua
economia afunda, Teerã escolheu o caminho dos maiores agressores da
história recente, todos que como os aiatolás, queriam dominar seus vizinhos e talvez o
mundo.
A Alemanha nazista foi motivada por uma teoria racista e o seu plano era
conquistar a Europa e escravizar os povos “inferiores”. O Japão Imperial foi
motivado pela sede de recursos naturais e planejou dominar a Ásia, acreditando
que esse era o seu destino. A União Soviética foi motivada pela fé comunista,
que esperava espalhar pelo mundo.
Todos os três foram inicialmente bem-sucedidos. Os japoneses
conquistaram grandes áreas da China e de seus vizinhos e lançaram bombas de
Pearl Harbor a Austrália; os alemães conquistaram territórios da Tunísia ao
Volga; e os soviéticos ocuparam metade da Europa e lançaram uma rede de
representantes de Cuba ao Vietnã. No entanto, todas as conquistas desses três não duraram
mais que duas gerações.
Seus planos eram tão loucos quanto suas crenças.
O caso do Irã é diferente mas o
princípio é o mesmo. Ao contrário
dos outros três que foram movidos por ideias seculares, o Irã é movido pela religião. Os aiatolás acreditam que o Irã deve
dominar o Oriente Médio, o Xiismo deveria dominar o Islão e o Islão deveria
dominar o mundo. Foi isto que fez com que Teerã gastasse bilhões de dólares na criação de milícias para
desestabilizar o Oriente Médio. Foi isto que os levou a enviar
terroristas de Buenos Aires para Bancock, e é isto que agora os faz ajudar a
Rússia a enfrentar o Ocidente na Ucrânia.
A resposta do mundo livre a esta agressão infelizmente
tem sido a mesma que foi
nos três casos anteriores: relutância estratégica e negação psicológica. A agressão
da Alemanha poderia ter sido evitada militarmente, se o mundo livre não tivesse
mentido a si próprio que Hitler iria se contentar somente com os Sudetos, o Japão com
partes da China e a União Soviética iria parar sua expansão.
É claro que isso
não funcionou. Para os tiranos fascistas a guerra é um valor nacional, um ideal
moral e uma arma política de primeiro recurso; Para nós, do mundo livre, a
guerra é um anátema, um trauma e uma arma de último recurso.
É por isso
que o mundo livre em 1956 abandonou a Hungria à mercê dos seus senhores
soviéticos, em vez de ajudar a sua revolta anti-soviética, mesmo depois de
Budapeste ter declarado o seu desejo de aderir à OTAN.
É por isso
que não ficamos surpresos pelos apelos que o mundo fez esta semana a Israel,
tanto da Europa como da América, para Israel não retaliar contra
o Irã. E assim o mundo continua e não muda: os agressores continuam a
aumentar suas agressões, os livres continuam a negar a ameaça da agressão e a
história. Se o tempo acaba por conduzir o agressor para uma derrota total, ele
também continua a aumentar o preço da liberdade.
Portanto,
sim, a República Islâmica do Irã, tal como o Japão Imperial, a Alemanha Nazista
e a Rússia Soviética, mais cedo ou mais tarde entrará em colapso. A única
questão é se isso acontecerá devido à conduta do mundo livre, ou apesar dela.
Queria
aproveitar alguns minutos para lembrar os 133 reféns que continuam presos em
Gaza por 197 dias. Esta Páscoa, o nosso Pessach, é a festa da liberdade. Este
ano, pelo menos aqui, ela não está sendo comemorada como todos os anos. As
pessoas desejam umas as outras Pessach Kasher mas falar a palavra Sameach,
alegre, parece fora de lugar.
Vamos
continuar rezando para que haja um milagre e que neste Pessach possamos dar aos
reféns a liberdade que tanto esperam e que tanto esperamos.
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