Sunday, January 19, 2025

Um Tempo Para Rir e Um Tempo Para Chorar - 19/01/2025

 Até as 11:30 da manhã de hoje, o Hamas não tinha entregado a lista das 3 reféns que iria soltar hoje mostrando que o grupo não havia modificado o seu modus operandi. Quando Israel declarou que não haveria cessar-fogo e começou a bombardear alvos do Hamas, ele transferiu a lista das três reféns civis. Finalmente, ouvimos que Romi Gonen de 24 anos, a inglesa Emily Damari de 28 anos e Doron Steinbrecher de 32 anos deverão ser soltas hoje. Sem dúvida, Israel aprendeu com as solturas anteriores.

Mas para o povo de Gaza, eles já são os vitoriosos. Videos de Khan Iunis mostram o comércio aberto, muitas pessoas nas ruas, e ao que podemos ver, muito bem alimentados. Muito diferente das centenas de milhares de pessoas do Sudão que estão sim morrendo de fome, mas que o mundo não poderia se importar menos, porque não há judeus para culpar.

O modus operandi do Hamas inclui infligir o máximo de dor e angústia ao país e especialmente às famílias dos reféns. E não sei se iremos ver as reféns até 4 da tarde, a hora combinada. Não vamos ficar surpresos se elas não retornarem não às 4, não às 5, não às 8. Talvez às 2 da manhã, como das outras vezes.

Infelizmente, Israel foi obrigada a um acordo com o diabo. E ele não é conhecido por manter sua palavra. Não vamos esquecer que estamos lidando com um grupo sanguinário, terrorista, sem consciência, com uma cultura que chega a cultuar o estupro, a tortura, o sequestro e a decapitação de bebês e idosos.

Mas é nestas horas que lembramos das palavras do rei Salomão no Kohelet, o livro de Eclesiastes que diz “para tudo há um tempo”. “Um tempo para chorar, e um tempo para rir, um tempo para lamentar e um tempo para dançar”. Mas o que fazer com dias como o de hoje, em que o tempo para chorar, rir, lamentar e dançar ocorrem todos ao mesmo tempo? O que fazer com todas estas emoções que sentimos de uma vez?

Há alegria, sem dúvida. Depois de quase 500 dias em cativeiro, os reféns começarão a voltar para casa. Ao mesmo tempo, há desespero pois não sabemos quem voltará vivo e quem será entregue num caixão. Sentimos alívio e queremos rir com as famílias que se reunirão com seus entes queridos e uma profunda tristeza por aqueles que irão enterrar os seus. E hoje é apenas o primeiro dia de várias semanas nesta montanha russa.

Outra alegria misturada com tristeza que recebemos hoje, foi a notícia de que o exército resgatara o corpo de Oron Shaul, um soldado que foi morto e seu corpo sequestrado em julho de 2014 junto com o corpo de outro soldado, Hadar Goldin. 10 anos depois, o irmão de Oron disse que finalmente a família pôde respirar na esperança de dar ao seu irmão, um enterro digno em Israel.

Não existe um bom acordo com o Hamas. Contra os 97 reféns, a maioria deles mortos, Israel terá que libertar milhares de terroristas palestinos, inclusive para Jerusalem do Leste e Judeia e Samaria, muitos deles por crimes horrendos de terem assassinado famílias inteiras. Isso não é justiça. E mesmo que Israel tenha sido atacada em 7 de outubro e sofrido a megaatrocidade da tortura, estupro e finalmente o assassinato de 1.200 pessoas e sofrido o sequestro de cerca de 250 de seus cidadãos e visitantes, é Israel que deve pagar o preço nesta troca.

Já passamos por isso em 2011 com Gilad Shalit que foi trocado por mais de mil palestinos assassinos, incluindo Yahia Sinwar, o cabeça do massacre de 7 de outubro. Por isso sabemos que as lágrimas de alegria e alívio com os retornos logo darão lugar à amargura de ver as imagens de palestinos assassinos, libertados e recebidos de volta como heróis. O coração se rasgará com a dor que isso deverá causar aos familiares das vítimas destes terroristas.

Outro ponto a ser relevado é fato de que este acordo está plantando as sementes para a próxima guerra. Ele incentiva a tomada de outros reféns - a única coisa que parece capaz de forçar a mão de Israel - e permite que o Hamas continue seu domínio na Faixa de Gaza, controlando o recebimento e distribuição da ajuda humanitária e quaisquer fundos para reconstrução e continuando a aterrorizar seu próprio povo.

Por um lado, ninguém está feliz com este acordo. De acordo com o membro da Knesset Boaz Bismut, na reunião do gabinete que aprovou o acordo estavam membros que choraram de desespero pelas vítimas futuras destes terroristas que serão soltos. Mas por outro lado, ninguém com coração quer que os reféns permaneçam indefinidamente em cativeiro, mesmo os que já estão mortos. Eles são os nomes e rostos que se tornaram membros da nossa família nos últimos 15 meses.

O que flexibilizou o Hamas para entrar neste acordo foi o fator Trump que mais de uma vez ameaçou/prometeu ao Hamas que haveria "um inferno a pagar" se os reféns não fossem libertados antes de ele começar seu mandato. Amanhã Trump receberá o cargo e o Hamas não quis correr o risco de provocar o imprevisível presidente dos EUA.

E isso mais uma vez mostra que a única linguagem que terroristas entendem é a força. Embora o presidente Joe Biden tenha dito os inimigos de Israel "não façam isso", eles o ignoraram. E se beneficiaram. A insistência em deixar quantidades cada vez maiores de "ajuda humanitária" entrar em Gaza derrotou o propósito em vez de derrotar o Hamas. Isso garantiu que o Hamas não tivesse apenas suprimentos, mas também fundos e controle, vendendo a ajuda por preços absurdos.

Do lado de Israel, mais de 400 soldados foram mortos em Gaza desde o início da guerra, incluindo 15 mortos nas últimas duas semanas. O coração se aperta toda vez que ouvimos as palavras: "Mutar le'pirsum" ("Foi aprovado para publicação"), seguido pelos nomes de soldados mortos e fotos de rostos jovens e sorridentes, muitos que não chegaram aos 20 anos de idade.

O pior é que podem ter certeza de que, após qualquer acordo de cessar-fogo, os terroristas explorarão novamente a ausência de uma presença militar israelense e tentarão restabelecer suas bases em áreas como Beit Hanoun, perto da fronteira de Israel. Como poderíamos impedir isso?

Isso também faz parte do preço injusto de um acordo.

Se o mundo fosse justo, não haveria guerra, reféns, ataques de mísseis, terror – ou antissemitismo e outras formas de racismo. Ontem, na manhã do Shabbat aqui em Jerusalem, a sirene mais uma vez soou e tivemos que correr para o abrigo. Mais uma vez era um míssil balístico dos Houthis que realmente não têm nada a ver com Israel e continuam a atacar.

Será que os Houthis também cumprirão este acordo de cessar-fogo em Gaza ou continuarão a lançar seus mísseis contra Israel e ameaçar o transporte marítimo internacional? E o que acontecerá no Líbano quando o cessar-fogo de 60 dias chegar ao fim no final do mês? O que acontecerá com o novo governo sírio que já está mostrando suas cores jihadistas e islâmicas radicais na nossa fronteira?

A libertação dos reféns não trará o fim da guerra. Isto sabemos. Mas não tem que ser somente Israel a travá-la. Aqueles que professam ser defensores dos direitos humanos, ou compromisso com a justiça, contra a tirania, não deveriam permitir que as organizações terroristas escapem impunes aos massacres que cometem.

Nos próximos 42 dias — a duração do primeiro estágio do acordo de reféns — imagens em tela dividida preencherão as telas em todo o país: de voltas emocionantes a funerais desesperadores, orações de agradecimento e a recitação do kaddish, soldados deixando Gaza aos terroristas e líderes inimigos se gabando de "vitória".

Essas imagens divididas ilustrarão vividamente que alegria e tristeza, orgulho e humilhação, regozijo e luto não estão confinados a estações separadas; eles frequentemente se misturam e até colidem. A nação está hoje entrando neste tempo de emoções entrelaçadas, e não será nada fácil.

Sunday, January 12, 2025

A Contagem Regressiva Para Trump - 12/01/2025

 

Faltam 8 dias. Que eu lembre, esta é a primeira vez que o mundo está na contagem regressiva para a troca do governo americano. Os analistas, a mídia, os políticos, já estão no próximo governo e seu impacto na economia, nas políticas e nas relações exteriores. Quase nada se fala sobre Biden - e Kamala desapareceu do cenário. Aqui em Israel esperamos ansiosos que a abrangência e a profundidade do apoio americano mudem para melhor com o presidente eleito – pela segunda vez – Donald Trump.

Desde o 7 de outubro de 2023, o dia em que o Hamas cometeu a maior chacina de judeus desde o Holocausto, o governo Biden mostrou seu apoio a Israel em declarações oficiais, entrevistas, enviando armas, dando apoio diplomático na ONU e tentar intermediar a libertação dos reféns nas mãos do Hamas.  

Ao mesmo tempo, no entanto, Washington continuou a política democrata de dar a Israel o suficiente para ganhar a batalha, mas não a guerra. Biden imperdoavelmente insistiu que Israel abastecesse Gaza fornecendo ao Hamas todos os meios para continuar a controlar a Faixa e seus habitantes. Forçou Israel a fornecer a um inimigo em tempo de guerra centenas de milhares de toneladas de produtos e materiais, de combustível a cigarros.

Todo mundo, mas todo mundo sabe e admite (até mesmo os chefes da ONU e as ferozes ONGs "humanitárias" anti-Israel) que o Hamas rouba basicamente todos os suprimentos fornecidos por Israel, que então vende para seu "próprio povo" (ou seja, palestinos pobres) a preços exorbitantes - para suprir seu esforço de guerra, para se manter no poder e continuar a atacar Israel enquanto os reféns israelenses morrem, provavelmente dia a dia.

Biden também tentou colocar freios no exército israelense. Ele e sua administração têm errado a cada passo do caminho. Não invadam a Cidade de Gaza, disseram o Secretário de Defesa Lloyd Austin, o Secretário de Estado Anthony Blinken e o Conselheiro de Segurança Nacional Jake Sullivan. Não tomem o Hospital Shifa. Não entrem em Khan Yunis. Não tomem Rafah ou o Corredor Filadélfia. Não tentem mover populações civis das zonas de batalha. Não usem bombas ou artilharia pesada. Não, não, e mais os.

O resultado prático das restrições impostas pela América é a rotina em que o exército agora se encontra: de entrar casa por casa, buscando os esconderijos do Hamas que está causando a perda diária de soldados israelenses sem que haja um resultado decisivo. Somente na semana passada perdemos 10 jovens em Gaza.

É difícil, se não impossível, livrar uma região de terroristas com as mãos algemadas. Desde outubro, Israel tem tentado limpar novamente Jabaliya, Beit Hanun e Beit Lahiya, depois de já tê-lo feito. Mas a pressão para deixar a população voltar para o norte da Faixa, fez com que os terroristas também voltassem e mantivessem sua capacidade administrativa e terrorista. E este erro nos causou a perda de mais de 80 soldados. Trágico e escandalosamente evitável.

Tudo isso faz parte da mania da esquerda de Biden por uma desescalada regional. Depois que o Irã disparou centenas de mísseis contra Israel em abril e outubro passados Biden avisou que os EUA "não iriam se envolver" em nenhuma resposta israelense contra o Irã.

A América continuou assegurando a todos incluindo os iranianos que "não estava envolvida" em qualquer ação de Israel seja contra a Hezbollah ou o Hamas.  

Assim como o governo Obama, o governo Biden, desde o 7 de outubro, buscou redefinir a região por meio da conciliação e concessões ao Irã, não do confronto. Ele posicionou os EUA não como o líder de uma coalizão regional contra o "eixo de resistência" do Irã, mas como um mediador entre Teerã e Jerusalem.

Felizmente, a neutralização da Hezbollah e o colapso do regime de Assad na Síria apoiado pelo Irã, bem como a exposição das defesas aéreas iranianas pela Força Aérea de Israel - um ataque, que foi mais uma vez absurdamente oposto por Biden – expôs a realidade da República Islâmica e abriu espaço para uma nova estratégia.

A situação do Irã hoje se tornou clara: após a destruição de suas redes terroristas e o desmantelamento de seus sistemas de defesa aéreas, o regime se apega às suas duas últimas cartas — o uso dos proxis que sobraram como os Houthis, Hashd al-Shaabi e o PKK ou declarando sua capacidade nuclear.

Mas internamente, apesar de suas campanhas desesperadas de propaganda, a opinião pública iraniana permanece firme contra o regime, paralisando seus esforços. Os ataques de mísseis do regime contra Israel que não causaram qualquer dano, expuseram sua fraqueza militar.

O problema é que este é um regime disposto a suportar qualquer humilhação para ficar no poder, sem vergonha de cometer atrocidades para manter seu controle. No entanto, desta vez, de acordo com vários analistas iranianos, seus esforços serão inúteis. O tigre de papel está ensopado de sangue e não vai mais se levantar. Cabe à comunidade internacional agora finalmente se levantar contra este terrorismo islâmico.

E seu objetivo primordial, deve ser conter a marcha destes aiatolás em direção à bomba nuclear e à hegemonia da região baixo à sua teocracia xiita medieval.

Com o retorno do presidente eleito Donald Trump à Casa Branca em oito dias, há motivos para acreditar que ele dará a Israel apoio, colaboração e espaço para manobrar, que, quem sabe, poderá levar a uma mudança de regime no Irã.

Vamos esperar que Trump, o novo vice-presidente JD Vance e o novo secretário de Estado Marco Rubio adotem um tom totalmente diferente e políticas mais resolutas. Isso pode ser o que Trump quer dizer quando afirma que se o Hamas não libertar imediatamente todos os reféns israelenses, "o inferno vai se soltar em Gaza".

A primeira opção é militar. Mas parece improvável que Trump, que fez campanha para os EUA reduzirem seus engajamentos em guerras estrangeiras, vá enviar os fuzileiros navais para Jabalya.

O que é mais provável, é ele remover os freios de Israel e permitir que tome medidas militares dentro de Gaza às quais o governo Biden se opôs e remover todas as restrições sobre remessas de armas para Israel.

A segunda opção é a pressão econômica. Trump poderia implementar penalidades financeiras contra os países que apoiam o Hamas. Mas como tanto Catar como a Turkia são aliados estratégicos dos EUA, este cenário é improvável.

A terceira opção seria uma ação direta contra o Irã. Se os EUA não quiserem se envolver, podem dar o sinal verde para a ação israelense.

Uma quarta opção seria permitir que Israel reduzisse a ajuda humanitária a Gaza e fizesse o que alguns sugeriram fazer no início da guerra: cortar o fornecimento de eletricidade e gás para a Faixa. A verdade é que sob as regras de guerra, um estado não é obrigado a fornecer eletricidade, gás e água a um estado inimigo que o ataca. E Gaza, é, para todos os efeitos, um estado inimigo. Se Trump quer abrir os portões do inferno em Gaza, a maneira de fazer isso, é permitir que os israelenses fechem os portões de Gaza.

No final das contas, as ameaças de Trump, como quaisquer declarações ousadas, serão medidas por seu impacto e não por seu volume. As famílias dos reféns têm razão quando exigem um acordo em que absolutamente todos os reféns voltem de uma vez para a guerra parar. Assim, se não só sua retórica mas suas ações fizerem diferença e levarem à libertação dos reféns antes ou logo depois de sua posse, Trump poderá reivindicar sua primeira vitória logo nos primeiros dias de sua presidência.

Sunday, January 5, 2025

A Morte de Carter e a Memória Judaica - 05/01/2025

 

Entre muitos outros atributos do povo judeu um que se destaca, é o de ter uma memória muito longa. Faça como o antigo rei persa Ciro que nos ajudou, e nos lembraremos de você para sempre com carinho. Aja contra nós como o rei Antíoco IV fez, e nós o amaldiçoaremos a cada festa de Hanukah. Este nosso talento ficou mais saliente esta semana após a morte, aos 100 anos, do ex-presidente americano Jimmy Carter.

De repente o resto do mundo o aclama como um estadista, apesar da sua fracassada presidência de um só mandato e a pior presidência americana de todos os tempos até que Joe Biden conseguiu arrematar o título. Depois de deixar a Casa Branca, e animado pelo acordo de paz entre Israel e o Egito, ele se tornou um pacificador incansável, um ganhador do Prêmio Nobel da Paz e um modelo de virtudes agora inexistentes.

Sim, muitos judeus e israelenses têm uma reação ambivalente em relação a Carter. Mas o homem cujo legado poderia ter sido estimado pelas futuras gerações judaicas, como ter ruas em Jerusalém em seu nome e comunidades criadas em sua homenagem, será, na melhor das hipóteses, esquecido, se não insultado. Essa é a tragédia de Jimmy Carter, um líder que poderia ter entrado para a história judaica como um segundo Truman, será lembrado, se for o caso, como outro Obama.

A tragédia é agravada pelo fato de que o estado judeu tem uma dívida histórica com Carter. Ele foi inteligente em dois pontos: deixou israelenses e egípcios negociarem diretamente fornecendo um local neutro nos Estados Unidos e insistir em incluir os soviéticos no processo de paz imediatamente após o Egito ter conseguido expulsá-los. Isso convenceu o presidente Anwar Sadat de agir rápida e independentemente dos Estados Unidos. O resultado veio em novembro de 1977, com a visita sem precedentes de Sadat a Israel. Embora o tratado de paz com o Egito nunca tenha chegado a ser uma paz calorosa, ele resistiu a muitas pressões e trocas de governo e aliviou Israel pelo menos em uma frente nos últimos 45 anos.

Infelizmente para ele, essa foi sua única conquista. O autoproclamado campeão dos direitos humanos, Carter se sentia confortável com ditadores do Oriente Médio como Hafez al-Assad e criticava sem parar os líderes democraticamente eleitos de Israel, começando com Menachem Begin.

Assim que os Acordos de Camp David foram assinados, em 1979, Carter embarcou em uma campanha de difamação de mais de quarenta anos contra Israel. Ele insistia que Israel estava violando a Resolução 242 da ONU ao não se retirar para as fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias e ao não criar um estado palestino. O fato de que a resolução especificamente não falaa do retorno às fronteiras indefensáveis ​​de 1967 e não faz menção aos palestinos, muito menos à criação de um estado, era completamente rejeitado por ele.

De uma mera interpretação errada da 242, Carter caiu em uma obsessão negra para com Israel, fazendo do Estado judeu a fonte de toda a instabilidade do Oriente Médio e um violador líder mundial dos direitos humanos. Seu livro de 2004, Palestina: Paz, Não Apartheid, baseado em meias-verdades e mentiras deslavadas, efetivamente legitimou a deslegitimação de Israel. Qualquer um que ler este lixo, vai imediatamente notar o antissemitismo declarado de Carter. Ele critica os israelenses seculares por abandonarem a lei judaica e condena os judeus religiosos nacionais por cumpri-la. Sejam de direita ou de esquerda, os judeus não podem fazer nada certo para Jimmy Carter. O antigo fazendeiro de amendoim da Geórgia que disse que passou a vida se arrependendo de seu racismo anterior contra os negros, convenientemente esqueceu que a KKK também assassinou judeus.

Mas Carter não estava satisfeito em apenas difamar Israel. Suas últimas décadas foram dedicadas a passar o pano no Hamas e apresentá-lo como uma organização oposta ao terror e dedicada à paz. Essa foi a mensagem que ele transmitiu nas páginas de opinião do New York Times e em aparições públicas em todo o mundo. Enquanto evitava reuniões com líderes israelenses, ele abraçou Khaled Mashal, Ismail Haniyeh e outros chefes terroristas dizendo repetidamente que eles estavam prontos a aceitar a solução de dois estados baseados nas fronteiras de 67 (até parece). Ele apoiou o Relatório Goldstone que condenou Israel por cometer crimes de guerra durante o conflito de 2008-2009 com Gaza e acusou Israel de sistematicamente deixar a população civil de Gaza passar fome. As tentativas dos terroristas de perfurar a fronteira de Israel foram, no relato de Carter, "túneis defensivos (imaginem só) sendo cavados pelo Hamas dentro do muro que cerca Gaza".

Arrogante e orgulhoso, Carter nunca foi popular entre seus sucessores, democratas e republicanos, que geralmente o evitavam.

Infelizmente, é assim que muitos israelenses se lembrarão de Jimmy Carter — uma pessoa para quem a verdade, especialmente sobre Israel, era facilmente desconsiderada. Uma pessoa que não expressou a menor gratidão pela tecnologia médica israelense que tratou com sucesso seu melanoma ou pelo primeiro-ministro israelense que lhe assegurou, incorretamente, "que você inscreveu seu nome para sempre na história do... povo de Israel". Não. Jimmy Carter não foi um Ciro nem um Truman, no final, ele foi outro Nebuchanetzar que era antes de tudo amigo de Haman.

E agora que entramos em 2025, o que podemos esperar desta guerra que Israel está travando em 7 frentes? E por que Israel continua lutando? Já venceu o Hamas, destruiu a Hezbollah, causou a queda do regime sírio. Por quê? Como se as guerras de autodefesa de Israel tivessem um prazo para expirar. Essa abordagem ingênua ignora a crueldade dos nossos inimigos. Eles não pararam. Estão continuando a guerra que começaram.

A verdadeira questão é "Como Israel pode parar agora, com tantos maníacos homicidas ainda tentando destruir o Estado judeu?"

Por uma, nesta última quinta feira fomos acordados com sirenes às 4:38 de manhã incluindo saindo dos celulares, que nos fizeram pular da cama e correr para o quarto seguro por causa de um míssil do Iêmen. E apesar de Israel ter bombardeado seriamente o Iêmen, eles não cessaram sua agressão. A barragem de mísseis continua e ela fornece a clareza moral e a motivação que os israelenses precisam nesta guerra de várias frentes que passamos anos tentando evitar. Lembrei do que os soldados dizem: “Que não há ateu nas trincheiras”. Sim, mas às 4:30 da manhã garanto que não há também pacifistas nos abrigos.

A implacável estratégia de panela de pressão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu está funcionando. Israel erroneamente encerrou as outras guerras prematuramente. Ela não pode mais repetir esses erros. Qualquer um ansioso para que a guerra acabe deve pressionar o Hamas e seus patrocinadores do Catar a libertar todos os reféns, insistir que os terroristas do Hamas saiam de Gaza e exigir que os Houthis e os iranianos parem de disparar seus mísseis.

Nunca subestime o slogan Houthi: "Allah uAkbar: Deus é o maior, Morte à América, Morte a Israel, Maldição aos judeus, Vitória ao islamismo." Eles falam sério — assim como os aiatolás iranianos.

A visão israelense pré-7 de outubro que tolerou o acúmulo de armas nas fronteiras, a cavação de tuneis, treinamento militar de crianças e adolescentes juntamente com ameaças genocidas pelo Hamas, achando que enquanto os milhões do Qatar estivessem entrando, não era do interesse do Hamas atacar Israel, estava errada.

Tendo sido criados para odiar os judeus, os terroristas do Hamas e milhares de outros moradores de Gaza tentaram nos exterminar. Eles estupraram e assassinaram desenfreadamente, decapitaram e sequestraram bebês e torturaram idosos, tudo porque eram judeus — e até não judeus, incluindo muçulmanos, que ousaram viver pacificamente com os judeus.

Ao se juntarem para matar, aplaudidos pelos facilitadores da intifada em todo o mundo, a Hezbollah, os iranianos, seus proxis e os Houthis provaram que muitos no mundo muçulmano querem a aniquilação de todos os judeus "do rio ao mar" e, muitas vezes, também no exterior. O que os terroristas não contavam foi com a nossa mobilização.

As estatísticas inestimáveis ​​no site do INSS Swords of Iron Real Time Tracker mostram que, desde 7 de outubro, os israelenses correram para o abrigo 31.3 vezes, enquanto mais de 27 mil mísseis atingiram o estado judeu. No entanto, Israel é a agressora.

Os palestinos lançaram 6.349 ataques terroristas desde 7 de outubro. No entanto, Israel é a opressora. A mídia ignora os ataques em andamento contra Israel, também os vindos de Gaza, enquanto os bibifóbicos culpam Israel por se defender, e o mundo aguarda que Israel faça o trabalho sujo de acabar com os Houthis.

Sim, o mais apropriado seria uma coalizão internacional ser formada para esmagar o Irã e os Houthis que afetaram as rotas marítimas internacionais. Mas agora é Israel quem deve responder.

Israel não tem fronteira nem com o Irã, nem com o Iêmen. No entanto, o mundo só conta os mísseis que eles lançaram ignorando quantos milhares poderiam ter sido mortos se apenas uma de suas cargas de 200, 300 ou 400 kg tivesse detonado em algum bairro.

Não, o Irã e os Houthis não estão lutando para a criação de um estado palestino. Eles querem que a gente suma. Esse é o problema. Eles não querem judeus em lugar nenhum do Oriente Médio ou até do mundo.

A única resposta, então como agora, é que temos em 2025, que vencer claramente. Fazer com que nossos inimigos se rendam e nos temam, e depois da nossa vitória, se e quando eles estiverem finalmente prontos, deixarmos de fazer guerras para fazer paz.