Sunday, January 12, 2025

A Contagem Regressiva Para Trump - 12/01/2025

 

Faltam 8 dias. Que eu lembre, esta é a primeira vez que o mundo está na contagem regressiva para a troca do governo americano. Os analistas, a mídia, os políticos, já estão no próximo governo e seu impacto na economia, nas políticas e nas relações exteriores. Quase nada se fala sobre Biden - e Kamala desapareceu do cenário. Aqui em Israel esperamos ansiosos que a abrangência e a profundidade do apoio americano mudem para melhor com o presidente eleito – pela segunda vez – Donald Trump.

Desde o 7 de outubro de 2023, o dia em que o Hamas cometeu a maior chacina de judeus desde o Holocausto, o governo Biden mostrou seu apoio a Israel em declarações oficiais, entrevistas, enviando armas, dando apoio diplomático na ONU e tentar intermediar a libertação dos reféns nas mãos do Hamas.  

Ao mesmo tempo, no entanto, Washington continuou a política democrata de dar a Israel o suficiente para ganhar a batalha, mas não a guerra. Biden imperdoavelmente insistiu que Israel abastecesse Gaza fornecendo ao Hamas todos os meios para continuar a controlar a Faixa e seus habitantes. Forçou Israel a fornecer a um inimigo em tempo de guerra centenas de milhares de toneladas de produtos e materiais, de combustível a cigarros.

Todo mundo, mas todo mundo sabe e admite (até mesmo os chefes da ONU e as ferozes ONGs "humanitárias" anti-Israel) que o Hamas rouba basicamente todos os suprimentos fornecidos por Israel, que então vende para seu "próprio povo" (ou seja, palestinos pobres) a preços exorbitantes - para suprir seu esforço de guerra, para se manter no poder e continuar a atacar Israel enquanto os reféns israelenses morrem, provavelmente dia a dia.

Biden também tentou colocar freios no exército israelense. Ele e sua administração têm errado a cada passo do caminho. Não invadam a Cidade de Gaza, disseram o Secretário de Defesa Lloyd Austin, o Secretário de Estado Anthony Blinken e o Conselheiro de Segurança Nacional Jake Sullivan. Não tomem o Hospital Shifa. Não entrem em Khan Yunis. Não tomem Rafah ou o Corredor Filadélfia. Não tentem mover populações civis das zonas de batalha. Não usem bombas ou artilharia pesada. Não, não, e mais os.

O resultado prático das restrições impostas pela América é a rotina em que o exército agora se encontra: de entrar casa por casa, buscando os esconderijos do Hamas que está causando a perda diária de soldados israelenses sem que haja um resultado decisivo. Somente na semana passada perdemos 10 jovens em Gaza.

É difícil, se não impossível, livrar uma região de terroristas com as mãos algemadas. Desde outubro, Israel tem tentado limpar novamente Jabaliya, Beit Hanun e Beit Lahiya, depois de já tê-lo feito. Mas a pressão para deixar a população voltar para o norte da Faixa, fez com que os terroristas também voltassem e mantivessem sua capacidade administrativa e terrorista. E este erro nos causou a perda de mais de 80 soldados. Trágico e escandalosamente evitável.

Tudo isso faz parte da mania da esquerda de Biden por uma desescalada regional. Depois que o Irã disparou centenas de mísseis contra Israel em abril e outubro passados Biden avisou que os EUA "não iriam se envolver" em nenhuma resposta israelense contra o Irã.

A América continuou assegurando a todos incluindo os iranianos que "não estava envolvida" em qualquer ação de Israel seja contra a Hezbollah ou o Hamas.  

Assim como o governo Obama, o governo Biden, desde o 7 de outubro, buscou redefinir a região por meio da conciliação e concessões ao Irã, não do confronto. Ele posicionou os EUA não como o líder de uma coalizão regional contra o "eixo de resistência" do Irã, mas como um mediador entre Teerã e Jerusalem.

Felizmente, a neutralização da Hezbollah e o colapso do regime de Assad na Síria apoiado pelo Irã, bem como a exposição das defesas aéreas iranianas pela Força Aérea de Israel - um ataque, que foi mais uma vez absurdamente oposto por Biden – expôs a realidade da República Islâmica e abriu espaço para uma nova estratégia.

A situação do Irã hoje se tornou clara: após a destruição de suas redes terroristas e o desmantelamento de seus sistemas de defesa aéreas, o regime se apega às suas duas últimas cartas — o uso dos proxis que sobraram como os Houthis, Hashd al-Shaabi e o PKK ou declarando sua capacidade nuclear.

Mas internamente, apesar de suas campanhas desesperadas de propaganda, a opinião pública iraniana permanece firme contra o regime, paralisando seus esforços. Os ataques de mísseis do regime contra Israel que não causaram qualquer dano, expuseram sua fraqueza militar.

O problema é que este é um regime disposto a suportar qualquer humilhação para ficar no poder, sem vergonha de cometer atrocidades para manter seu controle. No entanto, desta vez, de acordo com vários analistas iranianos, seus esforços serão inúteis. O tigre de papel está ensopado de sangue e não vai mais se levantar. Cabe à comunidade internacional agora finalmente se levantar contra este terrorismo islâmico.

E seu objetivo primordial, deve ser conter a marcha destes aiatolás em direção à bomba nuclear e à hegemonia da região baixo à sua teocracia xiita medieval.

Com o retorno do presidente eleito Donald Trump à Casa Branca em oito dias, há motivos para acreditar que ele dará a Israel apoio, colaboração e espaço para manobrar, que, quem sabe, poderá levar a uma mudança de regime no Irã.

Vamos esperar que Trump, o novo vice-presidente JD Vance e o novo secretário de Estado Marco Rubio adotem um tom totalmente diferente e políticas mais resolutas. Isso pode ser o que Trump quer dizer quando afirma que se o Hamas não libertar imediatamente todos os reféns israelenses, "o inferno vai se soltar em Gaza".

A primeira opção é militar. Mas parece improvável que Trump, que fez campanha para os EUA reduzirem seus engajamentos em guerras estrangeiras, vá enviar os fuzileiros navais para Jabalya.

O que é mais provável, é ele remover os freios de Israel e permitir que tome medidas militares dentro de Gaza às quais o governo Biden se opôs e remover todas as restrições sobre remessas de armas para Israel.

A segunda opção é a pressão econômica. Trump poderia implementar penalidades financeiras contra os países que apoiam o Hamas. Mas como tanto Catar como a Turkia são aliados estratégicos dos EUA, este cenário é improvável.

A terceira opção seria uma ação direta contra o Irã. Se os EUA não quiserem se envolver, podem dar o sinal verde para a ação israelense.

Uma quarta opção seria permitir que Israel reduzisse a ajuda humanitária a Gaza e fizesse o que alguns sugeriram fazer no início da guerra: cortar o fornecimento de eletricidade e gás para a Faixa. A verdade é que sob as regras de guerra, um estado não é obrigado a fornecer eletricidade, gás e água a um estado inimigo que o ataca. E Gaza, é, para todos os efeitos, um estado inimigo. Se Trump quer abrir os portões do inferno em Gaza, a maneira de fazer isso, é permitir que os israelenses fechem os portões de Gaza.

No final das contas, as ameaças de Trump, como quaisquer declarações ousadas, serão medidas por seu impacto e não por seu volume. As famílias dos reféns têm razão quando exigem um acordo em que absolutamente todos os reféns voltem de uma vez para a guerra parar. Assim, se não só sua retórica mas suas ações fizerem diferença e levarem à libertação dos reféns antes ou logo depois de sua posse, Trump poderá reivindicar sua primeira vitória logo nos primeiros dias de sua presidência.

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