Faltam 8
dias. Que eu lembre, esta é a primeira vez que o mundo está na contagem
regressiva para a troca do governo americano. Os analistas, a mídia, os
políticos, já estão no próximo governo e seu impacto na economia, nas políticas
e nas relações exteriores. Quase nada se fala sobre Biden - e Kamala
desapareceu do cenário. Aqui em Israel esperamos ansiosos que a abrangência
e a profundidade do
apoio americano mudem para melhor com o presidente eleito – pela
segunda vez – Donald Trump.
Desde o 7 de outubro de 2023, o dia em que o Hamas cometeu
a maior chacina de judeus desde o Holocausto, o governo Biden mostrou seu apoio a Israel em
declarações oficiais, entrevistas, enviando armas, dando apoio diplomático na
ONU e tentar intermediar a libertação dos reféns nas mãos do Hamas.
Ao mesmo tempo, no entanto, Washington continuou
a política democrata de dar a Israel o suficiente para ganhar a batalha, mas
não a guerra. Biden imperdoavelmente
insistiu que Israel abastecesse Gaza fornecendo ao Hamas todos os
meios para continuar a controlar a Faixa e seus habitantes. Forçou Israel a fornecer a um inimigo
em tempo de guerra centenas de milhares de toneladas de produtos e
materiais, de combustível a
cigarros.
Todo mundo, mas todo mundo sabe e admite (até mesmo os chefes
da ONU e as ferozes ONGs "humanitárias" anti-Israel) que o Hamas rouba
basicamente todos os
suprimentos fornecidos por Israel, que então vende para seu
"próprio povo" (ou seja, palestinos pobres) a preços exorbitantes -
para suprir seu esforço de guerra, para se manter no poder e continuar a atacar
Israel enquanto os
reféns israelenses morrem, provavelmente dia a dia.
Biden também
tentou colocar freios no
exército israelense. Ele e sua administração têm errado a cada passo do caminho. Não invadam
a Cidade de Gaza, disseram o Secretário de Defesa Lloyd Austin, o Secretário de
Estado Anthony Blinken e o Conselheiro de Segurança Nacional Jake Sullivan. Não
tomem o Hospital Shifa. Não entrem em Khan Yunis. Não tomem Rafah ou o Corredor
Filadélfia. Não tentem mover populações civis das zonas de batalha. Não usem
bombas ou artilharia pesada. Não, não, e mais nãos.
O resultado prático das restrições impostas pela América é a rotina em que o
exército agora se
encontra: de entrar casa por casa, buscando os esconderijos do Hamas que está causando
a perda diária de soldados
israelenses sem que haja um resultado decisivo. Somente na
semana passada perdemos 10 jovens em Gaza.
É difícil, se
não impossível, livrar uma região de terroristas com as mãos algemadas. Desde
outubro, Israel tem tentado limpar novamente Jabaliya, Beit Hanun e Beit Lahiya,
depois de já tê-lo feito. Mas a pressão para deixar a população voltar para o
norte da Faixa, fez com que os terroristas também voltassem e mantivessem sua capacidade administrativa e
terrorista. E este erro nos causou a perda de mais de 80 soldados. Trágico e
escandalosamente evitável.
Tudo isso faz parte da mania da esquerda de Biden por uma desescalada regional. Depois que o
Irã disparou centenas de mísseis contra Israel em abril e outubro passados
Biden avisou que os EUA "não iriam se envolver" em nenhuma resposta israelense contra o Irã.
A América continuou assegurando a todos
incluindo os iranianos
que "não estava envolvida" em qualquer ação de Israel seja contra
a Hezbollah ou o Hamas.
Assim como o governo Obama, o governo Biden, desde o 7 de outubro, buscou redefinir a
região por meio da conciliação e concessões ao Irã, não do confronto. Ele
posicionou os EUA não como o líder de uma coalizão regional contra o "eixo de
resistência" do Irã, mas como um mediador entre Teerã e Jerusalem.
Felizmente, a
neutralização da Hezbollah e o colapso do regime de Assad na Síria apoiado pelo
Irã, bem como a exposição das defesas aéreas iranianas pela Força Aérea de
Israel - um ataque, que foi mais uma vez absurdamente oposto por Biden – expôs
a realidade da República Islâmica e abriu espaço para uma nova estratégia.
A situação do
Irã hoje se tornou clara: após a destruição de suas redes terroristas e o
desmantelamento de seus sistemas de defesa aéreas, o regime se apega às suas
duas últimas cartas — o uso dos proxis que sobraram como os Houthis, Hashd
al-Shaabi e o PKK ou declarando sua capacidade nuclear.
Mas
internamente, apesar de suas campanhas desesperadas de propaganda, a opinião
pública iraniana permanece firme contra o regime, paralisando seus esforços. Os
ataques de mísseis do regime contra Israel que não causaram qualquer dano, expuseram
sua fraqueza militar.
O problema é
que este é um regime disposto a suportar qualquer humilhação para ficar no
poder, sem vergonha de cometer atrocidades para manter seu controle. No
entanto, desta vez, de acordo com vários analistas iranianos, seus esforços serão
inúteis. O tigre de papel está ensopado de sangue e não vai mais se levantar.
Cabe à comunidade internacional agora finalmente se levantar contra este terrorismo
islâmico.
E seu objetivo
primordial, deve ser conter a marcha destes aiatolás em direção à bomba nuclear
e à hegemonia da região baixo à sua teocracia xiita medieval.
Com o retorno
do presidente eleito Donald Trump à Casa Branca em oito dias, há motivos para
acreditar que ele dará a Israel apoio, colaboração e espaço para manobrar, que,
quem sabe, poderá levar a uma mudança de regime no Irã.
Vamos esperar
que Trump, o novo vice-presidente JD Vance e o novo secretário de Estado Marco
Rubio adotem um tom totalmente diferente e políticas mais resolutas. Isso pode
ser o que Trump quer dizer quando afirma que se o Hamas não libertar
imediatamente todos os reféns israelenses, "o inferno vai se soltar em
Gaza".
A primeira
opção é militar. Mas parece improvável que Trump, que fez campanha para os EUA
reduzirem seus engajamentos em guerras estrangeiras, vá enviar os fuzileiros
navais para Jabalya.
O que é mais
provável, é ele remover os freios de Israel e permitir que tome medidas
militares dentro de Gaza às quais o governo Biden se opôs e remover todas as
restrições sobre remessas de armas para Israel.
A segunda
opção é a pressão econômica. Trump poderia implementar penalidades financeiras
contra os países que apoiam o Hamas. Mas como tanto Catar como a Turkia são
aliados estratégicos dos EUA, este cenário é improvável.
A terceira
opção seria uma ação direta contra o Irã. Se os EUA não quiserem se envolver,
podem dar o sinal verde para a ação israelense.
Uma quarta
opção seria permitir que Israel reduzisse a ajuda humanitária a Gaza e fizesse
o que alguns sugeriram fazer no início da guerra: cortar o fornecimento de
eletricidade e gás para a Faixa. A verdade é que sob as regras de guerra, um
estado não é obrigado a fornecer eletricidade, gás e água a um estado inimigo
que o ataca. E Gaza, é, para todos os efeitos, um estado inimigo. Se Trump quer
abrir os portões do inferno em Gaza, a maneira de fazer isso, é permitir que os
israelenses fechem os portões de Gaza.
No final das
contas, as ameaças de Trump, como quaisquer declarações ousadas, serão medidas
por seu impacto e não por seu volume. As famílias dos reféns têm razão quando
exigem um acordo em que absolutamente todos os reféns voltem de uma vez para a
guerra parar. Assim, se não só sua retórica mas suas ações fizerem diferença e
levarem à libertação dos reféns antes ou logo depois de sua posse, Trump poderá
reivindicar sua primeira vitória logo nos primeiros dias de sua presidência.
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