O secretário
de Estado, Antony Blinken, comemorou no último dia 16 de agosto, o 80º
aniversário da revolta do gueto de Bialystok na Polonia. Em seu discurso de vídeo
gravado ele se referiu à revolta contra os nazistas como um ato de “bravura”.
Blinken ainda contou como seu falecido padrasto, Samuel Pisar, e a sua família
foram enviados para diferentes campos de concentração depois de os nazistas
acabarem com a revolta do gueto.
“Como devemos
entender esta revolta oito décadas depois?” Ele perguntou. “Vejo isso como um
dos inúmeros atos de resistência dos judeus em guetos e campos de concentração
nazistas alemães em toda a Europa para rejeitar a sua desumanização. Para
reafirmar a sua dignidade”. “Atos não de futilidade, mas de bravura.”
Blinken ainda
anunciou os planos da administração Biden de doar 1 milhão de dólares para
criar um “tour virtual
por Auschwitz-Birkenau para que mais pessoas que não podem visitar pessoalmente,
possam passar
por esta experiência e sentir o indelével impacto do local.”
Sem dúvida,
todo o investimento na educação sobre o Holocausto e na preservação da memória
da Shoah é mais que bem-vindo. E tirando os clichês, o discurso de Blinken foi
apropriado.
Não fosse o
fato de que menos de uma semana antes, a administração Biden e Blinken
anunciaram que os Estados Unidos iriam descongelar 6 bilhões de dólares de fundos iranianos, juntamente com a
libertação de cinco
prisioneiros iranianos – tudo isso em troca de cinco reféns americanos. E
a América continua a afirmar que não negocia com terroristas!
O fato de Biden ter, desde o início
de sua presidência, investido seu tempo cortejando o regime islâmico de Teerã que pretende “destruir Israel” e agora promove um novo projeto do
Holocausto não é surpreendente e nem novidade. Durante anos, a esquerda escolheu o
mais negro período da
história do povo judeu, literalmente se apropriando do Holocausto – enquanto
avançava políticas que colocam em perigo as
vidas dos judeus que vivem hoje.
Os anúncios feitos em junho/julho deste ano, seguem um padrão previsível que
começou no governo do ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter, de usar o Holocausto
como um contraponto para reorientar a dinâmica geopolítica contra Israel. De
fato, Biden é um segundo Jimmy Carter, com os mesmos fracassos na política externa que
levaram ao
enfraquecimento da influência americana no mundo.
Em seu artigo
no jornal National Affairs, a professora Ruth Wisse detalha como foram os funcionários da
administração Carter que inicialmente lançaram a ideia de estabelecer um Museu
Nacional do Holocausto quando as relações entre o presidente Carter e a
comunidade judaica tinham chegado ao nível mais baixo de todos os tempos. Wisse observa
como Carter tornou público o seu apoio ao Museu depois de ter aprovado a venda de aviões de combate F-15 à
Arábia Saudita e endossar a criação de um Estado palestino.
Tal como Carter, Biden, e mais
vergonhosamente Blinken, usam os seis milhões de judeus que morreram no Holocausto para
acelerar manobras diplomáticas que correm o
risco de exterminar mais seis milhões. Biden fez da ressuscitação
do acordo nuclear com o
Irã de 2015, uma pedra angular da sua agenda de política externa. Mais
perturbador ainda são os relatórios que afirmam que o recente acordo de 6 bilhões é apenas uma parcela dos cerca de 20 bilhões que o Irã receberá num novo
“mini-acordo” envolvendo o seu programa nuclear.
Embora problemática, a decisão de Carter há décadas,
é insignificante em
comparação às consequências fatais que Israel enfrentará caso o Irã adquira uma arma
nuclear.
Infelizmente, demasiados liberais são seduzidos a cair no
paradigma falho no qual os judeus são sistematicamente vistos como vítimas. Até agora, muito poucas organizações judaicas se
opuseram ou estão ativamente
se posicionando contra a
renovação deste acordo com o Irã pela administração Biden.
E mesmo com o nível de recursos e
atenção dedicados à memória do Holocausto, há pouca ou nenhuma resistência
contra uma administração que apazigua um regime que repetidamente se envolve na
negação do Holocausto e retira as suas ameaças de exterminar judeus do manual
da Alemanha nazista. Num tweet de 2020, o então ministro das
Relações Exteriores
iraniano, Javad Zarif,
usou o termo de Hitler para genocídio, ameaçando impor a “Solução Final” contra
os judeus. O Líder Supremo iraniano, Ali Khamenei, chamou o Holocausto de “mito”.
Em 2017, o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin
Salman (MBS), alertou o mundo sobre o perigo crescente do Irã, referindo-se a
Khamenei como o “novo Hitler” do Oriente Médio.
Manter o foco no que representavam perigos aos judeus há 80 anos oferece uma
alternativa àqueles que hoje rejeitam ameaças igualmente destrutivas.
Se a administração Biden levasse a sério a santificação da
memória do Holocausto, deixaria de encorajar um governo que propaga planos para
assassinar milhões de judeus.
Em Maio, Biden dirigiu-se a uma multidão durante o Mês da Herança
Judaica Americana e falou sobre como, quando criança, à mesa de jantar, o seu
pai partilhou o seu pesar por a América não ter agido para salvar mais judeus
durante a Segunda Guerra Mundial.
O fato de Biden não conseguir ver que as suas ações para enriquecer o Irã,
cujos objetivos nefastos procuram repetir os horrores perpetrados por Hitler, mostra
o quão senil, ou hipócrita ele é.
Comemorar o Holocausto sem agir contra as ambições iranianas
mina a memória daqueles assassinados pelas mãos nazistas.
Confrontar verdadeiramente os horrores nazistas do passado, exige mais
do que construir museus e prestar falsas condolências. Disso estamos cheios. Como
dizia Menachem Begin, preferimos condenações a condolências.
O que exige, são ações imediatas
para impedir
uma catástrofe mais
do que previsível no
futuro.
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