A alegria durou pouco. A grande notícia da semana
foi a aproximação de Israel e da Arabia Saudita, tudo indicando que um acordo
entre os dois países estava na iminência de ser anunciado.
Primeiro, o príncipe saudita Mohamed Bin Salman, em
uma entrevista para a Fox News disse que de fato seu país e Israel estão muito
próximos a um acordo. Depois foi o discurso de Bibi Netanyahu, o mais positivo
dos últimos anos, falando do sucesso dos Acordos de Abraão e da abertura de uma
linha de comércio da Índia, através dos Emirados Árabes, Arabia Saudita,
Jordânia e Israel para o Mar Mediterrâneo e a Europa. Uma linha que tem o
potencial de trazer muita prosperidade para todos os envolvidos e toda a
região.
Bibi ainda lamentou o fato de os palestinos não terem
se juntado aos Acordos de Abraão, perdendo mais uma oportunidade;
Mas aí veio o discurso do representante saudita na
ONU, pedindo a criação de um estado palestino com sua capital em Jerusalem. E isso está muito longe do que este governo de
Israel está pronto a conceder. E especialmente no curto prazo que daria ao
Congresso Americano aprovar tal acordo antes das próximas eleições
presidenciais.
E aí tivemos o discurso do Açougueiro de Teerã que
hoje tem o trabalho de reprimir sua população como presidente do Irã.
Ebrahim Raisi tomou o pódio com o al-Corão nas mãos
para dar uma lição de moral ao Ocidente, falando o tempo todo em justiça. Uma
justiça negada a milhares que populam as prisões iranianas. No meio de seu
discurso, Gilad Erdan, o embaixador israelense, entrou no plenário com uma foto
de Mahsa Amini, a garota morta exatamente há um ano, por não ter usado o hijab
de maneira correta. Fora da ONU centenas de iranianos protestavam contra a
presença deste genocida e o microfone que foi dado a ele. E esta foi a ironia. Os
seguranças da ONU detiveram Gilad Erdan, colocaram barreiras para os
manifestantes, tudo para dar ao assassino a honraria de se dirigir aos líderes
do mundo.
Raissi, o maior patrocinador do terrorismo
internacional, também falou sobre a luta do Irã contra o terrorismo e como seu
país têm sofrido com ele culpando Israel entre outros e pedindo o fim do Estado
judeu. Incrível.
Do que ele não falou: Da troca de reféns americanos por
prisioneiros iranianos (3 dos quais não quiseram voltar ao Irã). Nenhuma
palavra boa aos Estados Unidos que liberaram nesta semana 6 bilhões de dólares como
resgate para o Irã soltar os 5 reféns americanos. O Irã retribuiu o apaziguamento dos EUA, redobrando a sua agressão.
Raisi não agradeceu a
América por sua generosidade e boa fé. Ele renovou o compromisso
do regime de assassinar autoridades americanas, incluindo o ex-secretário
de Estado Mike Pompeo, pelo seu papel no assassinato em 2020 do chefe
terrorista Qassem Soleimani. Que tempos estamos vivendo!
E claro, nada sobre seu programa nuclear ou sobre o
fato que o Irã expulsara na semana passada todos os representantes da Agência
Internacional de Energia Atômica porque coletaram provas cabais que o Irã está
enriquecendo urânio além do permitido. E isso imediatamente forçaria o retorno
das sanções o que a administração Biden não quer. Parece esquizofrênico, não?
A política Obama-Biden visa permitir que o Irã se
torne um Estado com capacidade nuclear – e mais além. A ideia, tal como
explicado por Barack Obama e seus principais assessores, é que o Irã estava
agindo como um Estado pária por causa do alegado arsenal nuclear de Israel. A
chave para estabilizar o Oriente Médio, então, na cabeça destes energúmenos, seria
realinhar os EUA longe de Israel e dos seus tradicionais aliados árabes sunitas
e em direção ao Irã.
Ao dar o poder ao Irã, sobretudo através do
apaziguamento nuclear, isso criaria um milagroso equilíbrio com Israel. Da
mesma forma que o equilíbrio entre os EUA e a União Soviética durante a Guerra
Fria evitou uma guerra nuclear.
Os esforços dos israelenses e de outros opositores à
visão de Obama para explicar o absurdo da comparação foram completamente ignorados.
Obama e os seus conselheiros se recusam a reconhecer que o Irã não é uma
potência do status quo. É um regime revolucionário que se considera a ponta de
lança e o líder de um império supremacista e apocalíptico islâmico xiita, construído
pelo terrorismo, pela radicalização e pela guerra. Como resultado, o modelo de
dissuasão nuclear de destruição mutuamente assegurada que existiu entre os EUA
e a URSS não pode ser aplicado no caso do Irã.
Hoje, os mesmos argumentos são válidos. Mas, tal como
Obama e os seus assessores, Joe Biden e a sua equipe de ex-alunos de Obama
estão fixos em promover essa visão e com energia redobrada. E os resultados têm
sido desastrosos. O Irã está à beira de um arsenal nuclear. A sua decisão no
fim de semana passado de expulsar os inspetores nucleares internacionais
sinaliza um perigo imediato. O seu regime por procuração da Hezbollah no
Líbano, tal como os representantes do terrorismo palestino patrocinados pelo
Irã, estão aumentando suas ameaças e agressões contra Israel, o que sinaliza a
aproximação de uma grande guerra. E talvez, infelizmente para Israel, de uma
guerra em vários fronts.
Mesmo assim, a administração Biden insiste que a sua
diplomacia nuclear está orientada para a estabilidade regional e a não
proliferação nuclear.
O príncipe saudita não precisou de um longo discurso
para explicar por que a política do governo americano não funciona. Ele fez
isso em uma frase. Bret Baier da Fox News lhe perguntou como a Arábia Saudita
responderia a um Irã com uma arma nuclear. Ele respondeu simplesmente: “Se eles
conseguirem [uma arma nuclear], teremos de ter a nossa, por razões de
segurança, para equilibrar o poder no Oriente Médio”.
Mohamed Bin Salman não está sozinho. Se o Irã obtiver
uma arma nuclear, o Oriente Médio ficará totalmente nuclearizado. Regime após
regime irá correr para adquirir seu arsenal nucleares para se proteger contra
outros regimes que já as possuem.
Ao afirmar sem rodeios o óbvio, o príncipe saudita
mostrou que a política atual da administração Biden para com o Irã irá conduzir
o Oriente Médio para uma corrida nuclear. Agora que a verdade foi revelada,
Biden e os seus conselheiros têm uma escolha. Podem permanecer no rumo atual e
serem responsabilizados por suas ações, ou podem inverter o rumo e adotar uma
estratégia que impedirá o Irã de se tornar um Estado nuclear e manter o Oriente
Médio livre de armas nucleares, pró-americano e estável.
Durante a sua reunião com Biden na quarta-feira, Bibi
apresentou a estratégia para bloquear o caminho do Irã para um arsenal nuclear.
Netanyahu disse que uma estratégia vencedora tem três componentes: “Uma ameaça
militar credível, sanções paralisantes e apoio aos corajosos homens e mulheres
do Irã que desprezam esse regime e que são os verdadeiros parceiros para um
futuro melhor”.
Durante a guerra de Israel em 2014 contra o estado
terrorista do Hamas em Gaza, Obama tentou forçar Netanyahu a sucumbir às
exigências de cessar-fogo do Hamas. Ele foi apanhado de surpresa quando a
Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Egito se posicionaram ao lado de
Israel rejeitando as exigências do Hamas.
Esta última quarta-feira ficará marcada como o dia em
que a parceria Mohamed Bin Salman-Netanyahu ficou visível. Pela primeira vez o
discurso de um líder de Israel foi transmitido ao vivo na televisão saudita. E
talvez a posição tomada pelo embaixador saudita na ONU foi um lapso. Mas com
Netanyahu ao lado de Biden em Nova Iorque e MBS na televisão americana, o povo
americano ficou ciente do que pode acontecer se os EUA permanecerem ao lado dos
seus aliados e o que acontecerá se a América continuar ao lado do Irã.
Gostaria de desejar a todos um bom jejum. Que este Yom
Kippur seja um dia de reflexão profunda. Que ele traga muitas bênçãos, saúde e paz
e que todos nós sejamos inscritos no Livro da Vida. Gmar Chatimah Tovah!
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