É difícil descrever o turbilhão de emoções em que os israelenses e judeus de todo o mundo se
encontram desde 7 de Outubro. O choque, o horror, a dor e o medo produzidos
pelo massacre e pelas suas consequências se misturaram com ondas de esperança, orgulho e
determinação, que vimos em nossa resposta coletiva. Mas ao vermos as reações daqueles que estão
afastados dos acontecimentos, nem que seja por um milímetro, é
difícil acreditar em nossos próprios olhos.
Sabemos que pessoas nos odeiam e
que por um sentimento inexplicável, são antissemitas na alma. E sabemos que quando acontecimentos acontecem
em Israel,
eles são
sempre explorados por
estes antissemitas para atacar não só
o Estado judeu, mas os judeus a sua volta. Sim, sempre estivemos mais ou menos acostumados
com isso.
Mas a ferocidade do ódio, e a rapidez e abertura com que foi
expresso, desta vez, surpreendeu – junto com os esforços de celebrar, apagar e simplesmente
negar nosso sofrimento.
Nas semanas que seguiram o 7 de Outubro, um novo fenômeno varreu as ruas das principais
cidades de todo o mundo: cartazes com os rostos dos 240 reféns mantidos
pelo Hamas em Gaza foram
colados por judeus e simpatizantes em paredes, postes de iluminação e
quadros de avisos, apenas para serem rasgados e removidos por uma variedade de pessoas de diversas origens.
As plataformas de redes sociais foram inundadas nesta
semana com vídeos de
confrontos entre vândalos e aqueles que os apanharam em flagrante. Uma
estudante loira da Universidade do Sul da Califórnia, aparentemente normal, pode ser vista rindo
enquanto removia os pôsteres de reféns de um quadro de avisos do campus. Uma
mulher em Paris disse: “É tudo propaganda”. Um homem com um maço de cartazes
amassados explicou que eles [os judeus] estão “perpetuando a narrativa da
vitimização, que é completamente falsa”. Uma jovem com um moletom verde da
Nike, descascando pôsteres de um muro da cidade de Nova York, simplesmente disse:
“Eles são falsos”.
A remoção
sistemática chegou a tal ponto que a família Tisch em Nova Iorque resolveu
projetar imagens dos reféns do prédio que doaram para a Universidade de Nova
Iorque e que leva seu nome. Estava pensando que nunca vi ninguém rasgar ou
arrancar a foto de um animal de estimação perdido. As pessoas normais
geralmente leem os posters e se perguntam se talvez viram o bichinho em algum lugar. Não
com bebês judeus.
Ao mesmo tempo, ativistas têm afirmado que as fotos dos
corpos enegrecidos de bebês israelenses foram geradas por inteligência
artificial e que os eventos de 7 de outubro foram encenados. Os participantes
da exibição em Los Angeles do vídeo completo de 43 minutos das atrocidades
do Hamas foram agredidos fisicamente pelos manifestantes.
Ativistas tentaram
dissuadir os convidados de comparecer ao evento, chamando a filmagem de
“propaganda”.
A ironia, claro, é que foi o próprio Hamas quem fez questão de
documentar e difundir sua selvageria. O número de vídeos daquele dia é
impressionante; TikTok, Telegram e outras plataformas foram inundadas com
representações gráficas da carnificina.
Um “manual do rapto” do Hamas encontrado no
corpo de um dos terroristas, instruiu os perpetradores a transmitirem suas ações
no live. “Não desperdice
a bateria e o armazenamento da câmera, mas use-os tanto quanto possível”, dizia
o manual. Em pelo menos um caso, os terroristas usaram o telefone de uma mulher
idosa para carregar um vídeo do seu assassinato no perfil dela no Facebook, e
foi assim que a família soube do seu assassinato.
A negação de
atrocidades e genocídio é mais um ato de agressão. Uma agressão psicológica
malévola, não só para com as vítimas, mas contra toda a sociedade civilizada.
Isso porque ao negar o pior, estão sugerindo que novos massacres podem ser
perpetrados contra aqueles que eles veem como os “ruins” da estória.
As negações também insultam e humilham
os sobreviventes, os familiares dos mortos e todo o povo, e promovem
o processo de desumanização que racionaliza o genocídio. Como disse o reitor da
Universidade Islâmica de Al-Azhar, os judeus são descendentes de porcos e
macacos, e portanto, como animais impuros, é permitido mata-los”.
Para eles, não existe uma coisa como um judeu inocente.
Aqueles que rasgam cartazes com as fotos de Kfir Bibas, de
10 meses, ou de Ditza Heiman, de 84 anos, de Alma Or, de 13 anos, ou de Michel
Nisenbaum, de 59 anos, não conseguem tolerar a noção de que os judeus possam ser vítimas. Para eles, os judeus
são invariavelmente maus, sempre os agressores.
E aí temos a
pressão destes grupos sobre a liderança de seus países. Ontem foi o dia de
lembrança aos veteranos de guerra na Inglaterra. Mas em vez de honrar e
relembrar os soldados que morreram pelo reino, a polícia teve que lidar com uma
passeata de 300 mil pró-palestinos em Londres, que acharam mais apropriado
neste dia, atacar Israel.
Aliás, já há
algum tempo os judeus ingleses chegaram à conclusão que não há mais lugar para
eles no reino. Desde 1650, quando Oliver Cromwell convidou os judeus para se
reinstalarem no reino, a comunidade judaica não sofria tanta perseguição.
Do outro lado
do Atlântico, a situação não está melhor. Na semana passada, na liberal Los
Angeles, um manifestante judeu de 69 anos, Paul Kessler, foi morto depois de
ser golpeado na cabeça com um megafone por um manifestante pró-palestino.
Neste final
de semana, centenas de pró-palestinos tentaram vandalizar a centenária estação
de trem de Nova Iorque, a Grand Central Station, quebrando suas portas de
vidro, se altercando com a polícia e ameaçando os transeuntes.
Como já disse
antes, o mundo ama dar condolências aos judeus. Para eles o Nunca Mais é só um
slogan para ser usado a cada chacina. Sempre haverá uma vez mais. E este durou
o que dura um palito de fósforo aceso. Das condolências eles logo passaram para
as condenações.
O melhor
exemplo foi o presidente francês Macron. Duas semanas atrás, Macron visitou
Israel no que ele falou ser um ato de solidariedade e afirmou que a primeira
tarefa de Israel era de vencer o Hamas e libertar os reféns, entre os quais há
cidadãos franceses. Nem duas semanas mais tarde, Macron disse à BBC que não há
justificativa para o bombardeamento de Gaza e que “de facto” hoje civis
estão sendo bombardeados e “de facto” bebês, mulheres e idosos estão sendo
bombardeados e mortos.
Nenhuma só
palavra sobre os ataques. Os mísseis continuam a ser lançados sobre Israel
todos os dias. E nenhuma só palavra sobre os reféns, entre os quais, como
disse, há também franceses. Para eles não há vontade política de pedir uma
atenção humanitária.
Quanta
hipocrisia, não? A França ainda não pagou pela exploração e pelos crimes de
guerra, praticados, em suas colônias na África, não em 1800 ou 1900, mas até em
2018, no Mali, quando Macron já era presidente.
O mundo agora
quer um cessar-fogo, que só beneficiaria o Hamas. Daria tempo a ele para
reagrupar suas forças, alcançar outras áreas e colocar os soldados de Israel em
mais perigo.
Nossa mensagem ao governo de Israel é simples: Não se atreva
a entrar em um cessar-fogo antes que os reféns sejam todos soltos, incluindo os
corpos de Hadar Goldin e Shaul Oron, e os dois israelenses que já estão em Gaza
há 8 e 9 anos, Avera Mangistu e Hisham al-Sayed. Essas pessoas são reais.
Eles têm famílias. Eles
são inocentes. Eles estão detidos contra a sua vontade e precisam ser trazidos de
volta agora.
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