Quem não conhece a expressão “mui amigo”?
De acordo com o site Recanto das Letras, o “mui amigo” é aquele contrário
a tudo o que você pensa, acredita e espera de um amigo de verdade. É aquele que
sempre arruma uma desculpa quando você precisa dele, e quando aparece, ele vem
junto com um problema para você resolver.
Pois é. Foram estas palavras que me vieram à
mente esta semana ao ouvir o Secretário de Estado americano Anthony Blinken. Eu
não sei em que planeta ele e todo o partido democrata americano, incluindo Joe
Biden vivem. Mas não é neste aqui.
No planeta deles, todas as pessoas são
razoáveis, têm os mesmos valores morais e têm os mesmos objetivos para suas
comunidades, como saúde, educação, trabalho e segurança. No nosso, sabemos que isso
não é verdade.
Blinken disse aos líderes israelenses na
terça-feira que a Arábia Saudita quer normalizar as relações com Israel após o
fim da guerra em Gaza, mas nenhum acordo será assinado se o governo israelense
não se comprometer com o princípio de uma solução de dois Estados. E ainda, que
nem ela, Arabia Saudita, nem nenhum outro país árabe, se envolverá na
reconstrução de Gaza se não houver garantia que Israel não irá destrui-la
novamente.
O absurdo desta posição é que ela se baseia
numa premissa falsa. Israel não ataca ou entra em Gaza para destruir sem motivo.
Israel destrói as bases terroristas, destrói estações de lançamentos de mísseis
e depósitos de mísseis e armas. Além disso, já tentamos a solução de dois
estados que provou ser um completo fracasso. Israel não só saiu de Gaza em
2005, mas entregou áreas inteiras na Judeia e Samaria para a administração da
Autoridade Palestina. O presidente Abbas, alegadamente eleito democraticamente,
está no décimo nono ano de um mandato de 4, mas além de botar a mão no dinheiro
da ajuda internacional, ele não fez absolutamente nada para levar à frente a
construção de um Estado para os palestinos. Ao contrário, ele promove a cultura
de ódio, ensinada desde o jardim de infância contra os judeus, promove a
cultura do martírio, mas não dos filhos dos líderes da Fatah, é claro, e paga
centenas de milhões de dólares mensalmente em salários para terroristas e suas famílias,
inclusive, vejam bem, inclusive os terroristas de Gaza que perpetraram os
crimes de 7 de outubro.
Em Gaza, a situação é ainda pior. Com a saída
de todos os judeus e as medidas de boa vontade implementadas por Israel para
permitir a entrada de trabalhadores de Gaza em Israel, a transferência de
impostos trabalhistas para a Faixa e outras medidas assistenciais, o Hamas
ganhou as eleições locais em 2007 e partiu para firmar seu poder. Além dos
túneis e mansões para seus líderes, o Hamas usou todo o dinheiro de doações
para pagar seus capangas e construir sua máquina de guerra.
E acham que algo mudou desde 7 de outubro? Não.
Khaled alMashaal, o líder do Hamas que mora num hotel de luxo no Qatar deixou
isso bem claro neste final de semana quando declarou numa entrevista à tv
árabe, que o Hamas estava pronto para perpetrar outro e outro e outro ataque
contra Israel, não só de Gaza, mas também da Judeia e Samaria.
É neste cenário que agora a administração
americana quer que Israel, depois de sacrificar centenas de seus filhos
entregue Gaza de bandeja para aqueles que odeiam Israel, odeiam os judeus e
estão preparados a qualquer momento para perpetrar novamente o massacre de 7 de
outubro.
“Se Israel
quiser que os seus vizinhos árabes tomem as decisões difíceis necessárias para
ajudar a garantir a sua segurança duradoura, os próprios líderes israelenses
terão de tomar decisões difíceis”, disse Blinken aos jornalistas após o seu
encontro com Netanyahu. Pergunto: Quando é que os vizinhos árabes tomaram
qualquer decisão para garantir a segurança duradoura ou temporária de Israel…?
Ou Blinken está bêbado ou louco.
É claro que a posição saudita trouxe uma
alegria imensa à administração Biden que está aproveitando a situação em Israel
para empurrar a solução de dois estados goela abaixo dos israelenses. A
administração americana está desesperada para que Netanyahu aceite, para trazer
pelo menos um acordo de paz histórico para Biden usar nas próximas eleições de
novembro para se reeleger como presidente. E se Netanyahu não aceitar, ficará
sozinho para reconstruir e cuidar de Gaza depois da guerra.
O que está sendo perdido aqui é que esta guerra
está sendo completamente gerenciada pelo Irã e tanto os Estados Unidos como a
Arabia Saudita, estão caindo no jogo destes mulás.
Antes da guerra, a Arabia Saudita estava
prestes a assinar um acordo que revolucionaria a economia mundial. Isso porque
junto com Israel, a Arabia Saudita iria construir um oleoduto que traria o petróleo
do reino direto para o Mar Mediterrâneo e de lá para a Europa. Isto deixaria o
Irã sem poder já que os tanqueiros não mais seriam necessários no golfo pérsico
e deixaria a Rússia sem seu poder de barganha em suspender o fornecimento para
a Europa. Agora entendemos o porquê desta guerra.
Mas este
impulso renovado da Casa Branca não irá funcionar. Israel aprendeu uma lição duríssima
em 7 de outubro e o país está de acordo nacional que Israel terá que controlar
a segurança de todo o território à oeste do rio Jordão. Assim, Biden pode
continuar a ameaçar Israel, mas agora isso não vai funcionar. Mui amigo.
Por outro
lado, o secretário geral da ONU, o português Antonio Guterrez se encontrou em
Davos com mulheres sobreviventes do 7 de outubro. Garotas que foram sequestradas
e depois soltas e que contaram para ele em primeira mão o que passaram nas mãos
do Hamas.
Surpreendentemente,
e já preparado para o encontro, Guterrez tirou uma corrente com a medalha dos
sequestrados, mostrando uma meia empatia e dizendo que países estavam
trabalhando para soltar os reféns. Mas logo em seguida, Guterrez não teve
qualquer problema em condenar Israel por supostamente se “recusar” em criar o
estado palestino. É esse é outro “mui amigo”.
Nos Estados
Unidos, estudantes da Universidade de Harvard entraram com uma ação judicial
contra funcionários da universidade na quarta-feira, alegando que não
conseguiram proteger os estudantes judeus do assédio antissemita “severo e
generalizado” desencadeado pela guerra Israel-Hamas.
Numa queixa
civil federal de 79 páginas, seis estudantes de Direito e licenciados em
Harvard que são membros do Students Against Antisemitism dizem que a
universidade “se tornou um bastião de ódio e assédio antijudaicos
desenfreados”.
O processo
diz que os protestos pró-palestinos no campus estão repletos de intolerância
“vil” contra os judeus e Israel.
“Multidões
de estudantes e professores pró-Hamas marcharam às centenas pelo campus de
Harvard, gritando slogans antissemitas vis e pedindo a morte de judeus e de
Israel”, dizia o processo. “Essas multidões ocuparam edifícios, salas de aula,
bibliotecas, salas de estudantes, praças e salas de estudo, muitas vezes
durante dias ou semanas seguidas, promovendo a violência contra os judeus e
assediando-os e agredindo-os no campus.”
Em
resposta, para mostrar serviço, o presidente interino de Harvard, Alan Garber,
anunciou na sexta-feira a criação da Força-Tarefa Presidencial de Combate ao
Antissemitismo liderada por Derek Penslar, professor de história judaica.
Olhem só. Em
Agosto, antes da eclosão da guerra Israel-Hamas, Penslar assinou uma carta
aberta juntamente com quase 2.900 outros signatários chamando Israel de “regime
de apartheid” em relação aos palestinos.
“Nós,
acadêmicos, clérigos e outras figuras públicas de Israel/Palestina e do
exterior, chamamos a atenção para a ligação direta entre o recente ataque de
Israel ao poder judiciário e a ocupação ilegal de milhões de palestinos nos
Territórios Palestinos Ocupados”, dizia a carta de agosto.
Desde
então, esta carta foi substituída por duas novas petições, nenhuma das quais
Penslar assinou. A última petição, publicada em Dezembro, apela ao Presidente
Joe Biden para que ajude a negociar um cessar-fogo imediato entre Israel e o
Hamas, facilite uma segunda troca de prisioneiros e reféns e forneça ajuda
humanitária adicional a Gaza no meio do conflito no Oriente Médio.
Pois é.
Harvard nomeou um antissemita para estudar como o antissemitismo se espalhou pela
universidade. Este é outro “mui amigo”.
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