Sunday, December 12, 2010

O Distanciamento da America Latina - 12/12/2010

Israelenses e muitos de nós ficamos surpresos com o repentino reconhecimento pelo Brasil, Argentina e Uruguay do Estado Palestino com sua capital em cima da capital de Israel. A surpresa israelense aconteceu principalmente porque o anúncio foi feito apenas horas após o encontro entre Celso Amorim e o vice-primeiro ministro de Israel Silvan Shalom no qual os dois conversaram por mais de uma hora. Amorim não teve a decência de nem mesmo avisar Shalom que a carta de reconhecimento já havia sido enviada a Abbas.


Mas os israelenses estão desculpados por não esperarem esta. Os israelenses podem também ser desculpados se forem pegos de surpresa de novo, se o Paraguay, Chile, Peru, Equador e El Salvador seguirem o mesmo caminho. Isto porque a midia israelense simplesmente não acha interessante reportar sobre o que se passa na América Latina.

O mesmo aconteceu com a Turquia. Quando ocorreu o incidente da flotilha, os israelenses ficaram surpresos de como seu maior aliado no Oriente Médio e local preferido de férias, de repente havia se tornado aliado do Hamas. A mídia israelense, em sua ânsia de ver qualquer gesto estrangeiro como algo positivo, falhou em reconhecer a mudança gradual da Turquia em um estado islâmico supremacista. E o mesmo está acontecendo com a América Latina.

A verdade é que estamos todos ignorando três fatos que estão fazendo a América Latina abraçar a causa palestina contra Israel. Estes fatos são a ascenção de Hugo Chavez na Venezuela, a influência regional da aliança entre a Venezuela e Irã e a política do governo Americano atual em relação à America Latina e ao Oriente Médio.

Na última década Hugo Chavez herdou o manto de Fidel Castro como o líder revolucionário anti-americano da America Latina e usou a riqueza do petróleo venezuelano, dinheiro de drogas e outros meios ilícitos para trazer outros estados baixo sua asa e longe dos Estados Unidos. Hoje Chavez tem incontestável influência sobre Cuba, Nicarágua, Bolívia, Uruguay e Equador. Ele também influencia a política do Paraguay, Argentina, Peru e do Brasil. Democracias como a Colômbia e o Chile também estão tomando posições anti-americanas para não ficarem para trás.

A escolha do Irã por Chavez não foi por acaso. Desde 1980, o Irã tem usado a America Latina como uma base avançada de suas operações contra os Estados Unidos e o Ocidente. Não podemos esquecer os ataques terroristas contra alvos israelenses e judeus em Buenos Aires no anos 90. A Hizbullah e a Guarda Revolucionária montaram verdadeiras bases na tríplice fronteira e nenhum judeu pode andar em Foz do Iguaçu com uma kipá na cabeça com segurança.

A presença do Irã no nosso continente permitiu a Ahmadinejad aproveitar a consolidação de poder de Chavez. Desde 2005 ele visita regularmente a Venezuela e a Nicaragua e Chavez abriu muitas outras portas para os iranianos na América Latina.

Nas aparências, Chavez e Ahmadinejad não deveriam se dar. Um é marxista e o outro um messiânico jihadista. Mas os dois detestam os Estados Unidos e amam o poder. E isto sobrepõe qualquer discordância ideologica menor. Chavez mostrou como irá manter o poder: acabando com a oposição, controlando o judiciário e a mídia, fazendo emendas à Constituição e repetidamente roubando as eleições. E esta semana vimos como Ahmadinejad faz no Irã. O Wikileaks publicou uma mensagem da embaixada Americana no Turcomenistão de 15 de junho de 2009, três dias depois das eleições presidenciais no Irã dizendo que o candidato da oposição Moussavi havia conquistado 61% dos votos e Ahmadinejad havia sido o terceiro mais votado.

Na América Latina não há que se sentar no muro quando se trata de escolher entre o Irã e Israel. A Bolívia e a Venezuela cortaram relações diplomáticas com o Estado Judeu em Janeiro de 2009. O presidente da comunidade judaica da Bolivia Ricardo Udler disse que cada vez que um representante do governo iraniano chega na Bolivia, imediatamente são emitidos comunicados contra Israel. Udler também avisou que há informações de agências internacionais que mostram que a Bolivia e a Venezuela estão exportando uranio para o Irã. Mas há mais do que isto. Ao que parece a Venezuela e o Irã estão instalando mísseis balísticos de médio alcance na Venezuela capazes de atacar os Estados Unidos.

Não há qualquer dúvida de que a aliança entre a Venezuela e o Irã é uma força crescente na América Latina o que explica a repentina urgência em reconhecer a “Palestina”. Mas há ainda o fator Obama. Durante os anos de Bush, os Estados Unidos forjaram alianças muito fortes com a Colombia, o Chile e o Brasil. Mas Obama virou as costas a seus aliados e não esteve abaixo de se humiliar perante seus inimigos para agrada-los. Mas isto não deu em nada. Os que odeiam a America continuam a odia-la com ou sem Barack.

Assim, não é de se estranhar que a presidente Cristina Kirchner da Argentina e Lula no Brasil adotem a política de Chavez e do Irã. Eles estão simplesme respondendo aos sinais enviados pela Casa Branca.

Toda esta política americana de engajar e negociar com o Irã não irá impedir o avanço de seu programa nuclear e sua busca por armas nucleares. E da mesma forma que os árabes e os europeus, os latino-americanos sabem disto. Não há dúvida que Lula tinha certeza que o Irã irá adquirir armas nucleares quando assinou o acordo nuclear com Ahmadinejad e com a Turquia meses atrás. Do ponto de vista do Planalto, não há porque participar desta charada internacional e tentar impedir o Irã de se tornar uma potencia nuclear. É melhor estar do lado vitorioso já que Obama não se importa se o Irã conseguir o que quer.

E o mesmo vai para Israel. Os países da América Latina viram nestes últimos 2 anos uma mudança radical na posição americana que hoje força Israel a aceitar um estado palestino hostil e simplesmente entregar numa bandeija toda a terra conquistada em 1967 para gente como Abbas e Bashar Assad da Síria sem absolutamente nada em troca. Eles veem a América dizer que o reconhecimento do estado palestino é contraproducente mas não há uma recusa categórica de Obama que o reconhecimento não irá acontecer sem uma solução negociada.

A impressão que todos nós temos - que Obama está comprometido com a causa palestina - foi confirmada esta semana quando o acordo de Clinton e Netanyahu foi cancelado. O acordo, que supostamente iria trazer os palestinos de volta às mesas de negociação exigia que Israel congelasse as construções de judeus na Judéia, Samária e Jerusalém por 90 dias em troca de uma promessa que os Estados Unidos não pediriam outras moratórias, iriam apoiar Israel no Conselho de Segurança da ONU por 1 ano contra a declaração de um estado palestino sem um acordo de paz e vender para Israel 20 jatos F-35 no futuro.

Este acordo caiu por terra porque Obama se recusou a colocar estes itens por escrito. Obama não quis tomar qualquer posição para manter a aliança entre os Estados Unidos e Israel. Assim, Obama não quer se comprometer a não reconhecer ao final um estado palestino que estará de fato em guerra com Israel.

Esta política manda sinais para o Brasil, Argentina, Uruguay e outros países na América Latina. É melhor ir com Chavez e o Irã e virar as costas para Israel. Eles terão crédito por enfiarem o dedo no olho de Washington.

O Brasil em particular diz que este reconhecimento irá ajudar o processo de paz na região. Seria bom alguém perguntar ao Amorim como é que isto acontece na prática. No programa do dia 31 de outubro ultimo, eu falei sobre os perigos de um tal reconhecimento unilateral. Eu disse que qualquer declaração de um estado palestino fora do processo de negociação irá destruir os acordos de Oslo e a estrutura que estes acordos estabeleceram. Foi dentro desta estrutura que foi criada a Autoridade Palestina, seus líderes, instituições e jurisdição. Ainda, sendo uma ação para causar uma alteração no status do território, seria uma grave violação ao Artigo 31 do acordo intermediário entre Israel e palestinos, assinado em 1995. Isto daria também a Israel a base legal para anular os acordos de Oslo e abrir a porta para ações unilaterais de Israel em relação aos territórios.

Assim, exatamente, Sr. Amorim, como este reconhecimento irá ajudar o processo de paz?

Quando entendemos o que levou a América Latina a se tornar abertamente hostil a Israel compreendemos duas coisas: uma é que Israel não poderia ter evitado estes reconhecimentos e outra é que dada a trajetória atual da política americana, fica mais uma vez óbvio que Israel pode contar somente com ela própria para defender seus interesses e garantir sua sobrevivência contra o Irã e os palestinos.

Saturday, December 4, 2010

O Revisionismo Palestino - 5/12/2010

O recente relatório da Autoridade Palestina dizendo que o Muro das Lamentações não tem qualquer significado religioso ou histórico com o povo judeu é tristemente mais uma tentativa de revisionismo histórico e político. Em circumstâncias normais, poderiamos ignorar esta declaração como uma tentativa infantil de apagar a história e o nacionalismo de um outro povo. Infelizmente, como revelam as recentes ações da UNESCO sobre locais judaicos na Judéia e Samária, a narrativa rejeicionista dos palestinos está permeando a agenda internacional e é automaticamente apoiada pela maioria nos fóruns internacionais.


O recente “estudo” preparado por Al-Mutawakel Taha, um oficial sênior do Ministério da Informação da Autoridade Palestina, tentando refutar o direito dos judeus ao Muro das Lamentações é meramente o último, numa série de esforços que remontam a mais de 100 anos, para negar a ligação do povo judeu com sua terra ancestral.

No entanto, igual a todas as mentiras e distorções dos palestinos, esta também foi tirada do ar. O Ministério da Informação palestino diz em seu site na internet que “de acordo com a Enciclopédia Judaica, publicada em 1917, o Muro das Lamentações se tornou parte da tradição religiosa judaica em torno de 1520 CE, como resultado da imigração judaica da Espanha, depois da conquista otomana de 1517”.

Na era da internet, é muito fácil checar estas afirmações absurdas e expor a fraude ao que ela é. De fato, a referência na Enciclopédia Judaíca de 1917 fornece referências históricas ao Muro das Lamentações da antiguidade e certamente anterior a qualquer invasão árabe, conquista e ocupação do Oriente Médio.

A ação recente da UNESCO dizendo que o Túmulo de Raquel, perto de Belém é a mesquita Bilal ibn Rabah é um escândalo ainda maior. De modo bizarro, esta afirmação não só é um tapa na cara da tradição judaica, mas também de séculos de tradição muçulmana. Através da história, muçulmanos honraram o local como o Túmulo de Raquel e o visitavam regularmente para rezar.

De acordo com documentos otomanos que se encontram no Centro para Assuntos Públicos de Jerusalém, em 1830, os Turcos publicaram um firman (decreto real) que dava força legal para que o Túmulo de Raquel fosse reconhecido como um local sagrado dos judeus. O governador de Damasco enviou uma ordem escrita ao mufti de Jerusalem para implementar a ordem do sultão: “O túmulo de nossa estimada Raquel, mãe de nosso Senhor Joseph... eles [os judeus] têm o costume de visitar desde os tempos antigos; e ninguém tem a permissão de impedir ou opôr-se a eles de [fazerem] isto”.

Esta negação histórica tem ramificações políticas. Em 2000, as negociações entre o ex-primeiro ministro Ehud Barak e Yasser Arafat em Camp David, na presença do ex-presidente americano Bill Clinton, foram suspensas por causa deste revisionismo histórico. Depois de Barak ter feito uma oferta extra generosa sobre dividir a soberania do Monte do Templo, Arafat disse que não poderia conceder uma polegada de “território islâmico” porque o Templo judaico nunca havia existido. Esta negação do Templo, não havia sido somente uma distorção da história e tradição judaica mas também da cristã. Arafat estava atacando a crença de mais de um bilhão de cristãos no mundo.

E enquanto nos aproximamos do Natal, uma outra forma de revisionismo histórico está emergindo.

O mito de que Jesus foi um palestino é repetido para qualquer um que chega para fazer peregrinação em Belém ou outros locais cristãos sob autoridade palestina.

Mas, de novo, os fatos não batem. A província judaica da Judéia foi destruída pelo imperador romano Adriano em 135 C.E. quando os romanos debelaram a revolta judaica liderada por Bar Khochba. Para romper a ligação judaica com a Terra de Israel, o imperador romano mudou seu nome para Syria Palaestina, que eventualmente se tornou em inglês Palestina.

De acordo com historiadores cristãos, Jesus foi crucificado entre os anos 26 e 36, mais de 100 anos antes que o termo “Palestina” fosse inventado. O mundo então, não tinha uma só mesquita e o islamismo e a conquista árabe somente ocorreria seis séculos mais tarde.

É talvez compreensível que aqueles que chegaram na região mais tarde, sintam a necessidade de suplantar a história se apropriando e negando o que era dos habitantes prévios. Enquanto os palestinos afirmam ser os residentes originais da terra, a história e os fatos se colocam em seu caminho.

Enquanto a maioria do povo judaico teve que sofrer dois mil anos de exílio de sua terra, as pedras do Templo, os locais aonde foram enterrados os ancestrais, os banhos rituais, cisternas e sinagogas antigas ficaram. Os palestinos irão tentar destruir a memória histórica judaica tão certamente como destruiram seus locais santos e históricos como o túmulo de José em Nablus.

No entanto, 2 mil anos de ocupação estrangeira e tentativas de negação da história judaica não podem impeder o retorno do povo original para sua terra. Como resultado do rejeicionismo e negacionismo na sua mídia e sistema educacional, a Autoridade Palestina se tornou tão descarada que agora está vendendo as mentiras para o mundo. A comunidade internacional precisa rejeitar de forma categórica esta cruzada anti-judaica.

Pesquisas recentes entre palestinos mostraram que quase dois terços aceitariam uma solução de dois estados somente como um primeiro passo para eventualmente suplantar Israel e criar um único estado palestino. Isto uma vez mais mostra que o obstáculo real para a paz é a rejeição palestina de Israel e do direito de auto-determinação do povo judeu.

A Autoridade Palestina faz lavagem cerebral em seu povo para deslegitimizar Israel, falsificando a história judaica, cristã e muçulmana no processo. A comunidade internacional precisa focar neste ponto e completamente rejeitar e condenar a Autoridade Palestina por suas ações. Este rejeicionismo esteve sempre no coração de cada esforço de paz por mais de 70 anos. A ignorância e ódios palestinos, mais do que qualquer coisa, irão destinar a região a muitos mais anos de conflito.

A paz só pode chegar depois da aceitação do outro, não só o baixar das armas. Ela precisa ser confirmada pelo reconhecimento mútuo. O revisionismo palestino de hoje não só destorce a história e nega a ligação do povo judeu com seu lar ancestral; ele nega a possibilidade de uma solução pacífica ao conflito e um futuro melhor para os habitantes da região.