Sunday, June 24, 2012

O Fim da Democracia no Egito - 24/6/2012


Realmente precisamos tirar o chapéu para a Irmandade Muçulmana. Eles souberam muito bem como fazer para chegar ao poder e agora como usa-lo.

Durante as demonstrações no ano passado, a Irmandade escolheu não aparecer deixando o mundo se apaixonar pela revolução egípcia dando a impressão que o sucessor de Mubarak seria um democrata Facebook.

Infelizmente a realidade foi outra. Os islamistas usaram os secularistas para abolir o regime de Mubarak e vestir a revolução de moderação. Em Julho de 2011 negociaram sua participação numa grande manifestação na Praça Tahrir junto com os secularistas. E foi aí que mostraram quem mandava. A manifestação se transformou numa demanda de imposição da lei islâmica no Egito.

Os militares decidiram tomar o poder e convocaram eleições para que um novo parlamento escrevesse a nova Constituição do país. A Irmandade sabia que ganharia a maioria dos assentos e finalmente teriam o controle sobre a Constituição e o futuro do Egito.

A diferença política entre os secularistas e a Irmandade Muçulmana é fundamental. A Irmandade quer um Egito islâmico tipo Irã. Os secularistas não conseguem se unir ou decidir o que querem além do fim da ditadura militar.

Oposição não é programa político. Quando alguém perguntava o que esperavam fazer depois de Mubarak, nenhum secularista tinha resposta.

A Irmandade, por seu lado, foi a força mais popular do Egito nas últimas décadas. Seus líderes sabiam que para tomar o poder, tudo o que precisavam eram eleições livres e o controle para escreverem a nova Constituição. Para isso, eles manipularam os secularistas contra os militares e vice-versa, negociando em má-fé. E conseguiram.

Ao permitir a participação da Irmandade Muçulmana nas eleições parlamentares e presidenciais os militares assinaram sua própria sentença de morte. A Irmandade irá transformar o Egito. A questão agora é só se isso acontecerá rapida ou lentamente.

Para entender esta questão, basta ver o que ocorreu nas eleições de 2002 na Turquia. Quando os islamistas tomaram o poder, os militares podiam constitucionalmente controlar o país. Como guardiões do estado secular da Turquia, eles tinham o poder constitucional de derrubar governos eleitos democraticamente se não mantivessem o caráter secular do país.

Dez anos mais tarde, a Turquia tem um regime autoritário, populista e islâmico. O judiciário e os servidores públicos, além dos militares, hoje são todos islamistas. O processo foi gradual, demorou alguns anos, mas aconteceu.

O exército egípcio hoje está muito mais fraco que o exército turco estava em 2002. Eles vão conseguir se manter no poder somente através da força bruta.

A decisão dos militares de declarar o parlamento ilegal e passarem um decreto que os colocam acima do presidente não foi uma mostra de força mas de pânico pois sabem que seus dias no poder estão contados.

Quando o candidato da Irmandade Mohamed Morsy declarou vitória no domingo passado, o fez com seus membros destituidos do parlamento. A mensagem alta e clara é que a Irmandade não irá se sujeitar aos militares.

O confronto entre a Irmandade e o exército egípcio é inevitável. E esta inevitabilidade significa que a paz entre o Egito e Israel está por um fio e hostilidades virão. As únicas questões hoje são “quando” e “como” elas virão.

Com a Irmandade no poder, a cooperação entre Israel e as forças de segurança do Egito no Sinai irá acabar. E o regime não só não fará nada para impedir ataques terroristas mas irá encoraja-los. E ao final, os militares se sentirão moral e religiosamente obrigados a participar dos ataques contra Israel.

Se isso acontecer amanhã ou em um ou dois anos, a questão de quem estará no poder no Egito se torna irrelevante para Israel. No desespero para manterem o poder, os militares não hesitarão em sacrificar o acordo de paz com Israel já que nesta “primavera” árabe, até os Estados Unidos se posicionaram ao lado da Irmandade Muçulmana.

Por seu lado, Israel precisa reconhecer que sua fronteira sul não ficará quieta por muito tempo. Os repetidos discursos do governo de Israel de que tudo está bem, que não há com que se preocupar, são contraprodutivos pois dão um falso senso de segurança e adiam quaisquer preparativos de defesa.

Um discurso franco é especialmente importante na arena internacional. Nos últimos 30 anos Israel fez de tudo para proteger seu tratado com o Egito chegando a descartar ataques diplomáticos ao seu próprio direito de existir vindos do Cairo. Agora Israel pode responder à altura e estabelecer uma defesa diplomática coerente quando precisar responder militarmente à uma agressão egípcia.

Infelizmente hoje Israel não tem boas opções práticas. Ela não pode operar no Sinai. Qualquer retaliação a ataques de mísseis, será usada como desculpa para a Irmandade Muçulmana declarar a guerra abertamente. Mas além de tudo, depois destes 30 anos, o exército egípcio não é mais o de antigamente. Ele recebeu mais de um bilhão de dólares por ano em equipamento e treinamento dos Estados Unidos e Israel vai precisar de muita preparação para vencê-lo.

A sorte está lançada e precisamos nos preparar para o que está para vir. 

Sunday, June 17, 2012

A Síria e o Fim da ONU


Mais uma vez estamos diante de uma crise em que milhares de pessoas são massacradas e outra vez a ONU nos prova que está aí como um cabide de empregos de alta escala. A crise na Síria é só o mais recente caso de assassinato em massa em que a ONU decidiu não agir e não cumprir o mandato para o qual ela foi criada.

A Organização das Nações Unidas foi estabelecida em 1945 para impedir que os horrores do Holocausto se repetissem. Um dos seus documentos mais fundamentais é a Declaração Universal dos Direitos do Homem aprovada em 1948 que falava dos “atos bárbaros que escandalizaram a consciência da humanidade”. Junto com a Declaração, a Assembléia Geral adotou a Convenção Contra o Genocídio. Na época estava claro para todos que a ONU havia sido criada para prevenir que este tipo de assassinato em massa acontecesse outra vez.

Mas nos anos 90, a ONU provou ser completamente incompetente para impedir os atos de genocídio.

Em 1994, o comandante das forças da ONU em Rwanda, General Romeo Dallaire, enviou uma mensagem para a sede da organização em Nova Iorque dizendo que os Hutus estavam planejando um massacre dos Tutsis. Dallaire informou então que iria destruir os depósitos de armas das milícias Hutus. O chefe da força de paz da ONU na época era Kofi Annan e ele ordenou ao general não interferir. Nos três meses que se seguiram, nada menos que 800 mil Tutsis foram abatidos como gado.

Aí o Conselho de Segurança da ONU fez reuniões para decidir que ação tomar e no final não fez absolutamente nada. O cúmulo foi ter o representante do regime de Rwanda sentado no Conselho como parceiro legítimo dos debates.

Depois tivemos a Bósnia. Em 95 o Conselho de Segurança criou uma “area de segurança” para os muçulmanos da cidade de Srebrenica. O comandante das forças da ONU prometeu que nunca os abandonaria. Mas em Julho de 1995 o exército sérbio atacou e matou mais de 8 mil muçulmanos que viviam na cidade. O batalhão holandês da ONU que havia fugido dias antes, estava numa festa da cerveja em Zaghreb, capital da Croácia, durante os massacres.

A cada vez que foi testada, a ONU fracassou em sua missão. No ano passado, os conselheiros de Barack Obama disseram que se o ocidente não agisse na Líbia, Srebrenica iria parecer um passeio no parque na frente do que Khadafi iria fazer com Benghazi. E aí Obama acionou as forças da OTAN para fazer o trabalho.

Hoje o mundo está frente à uma nova Srebrenica. A revolução na Síria começou em Março de 2011. Todos os dias centenas de civis morrem enquanto o Conselho de Segurança continua a fazer reuniões que não levam a nada. Uma resolução proposta em outubro do ano passado foi vetada pela Russia e China. No final de maio deste ano, o Conselho de Segurança finalmente condenou o governo sírio pela morte de 108 civis em Houla. Mas nenhuma ação concreta foi aprovada.

Outra vez o gênio das forças de paz, Kofi Annan, foi nomeado como enviado especial da ONU e da Liga Árabe para lidar com a crise na Síria. Em março ele anunciou um plano de 6 pontos que resultou em nada! Mas enquanto Annan ia e vinha a Damascos, o ocidente tinha uma boa desculpa para lavar as mãos e não tomar qualquer medida concreta contra Bashar Al-Assad.
Nesse meio tempo, 14 mil sírios perderam suas vidas. E mais uma vez, a ONU falhou no seu maior objetivo: prevenir o assassinato em massa de civis inocentes.

A razão pela qual a ONU fracassa a cada vez que tem que tomar uma atitude para evitar um genocídio é por que a organização perdeu foco de seu objetivo em favor dos interesses dos estados membros. A ONU se recusa a tomar qualquer posição moral firme condenando aqueles que cometem massacres ou impondo medidas efetivas contra eles – com exceção de Israel.

No caso da rebelião de Darfur que começou em 2003, quando os Estados Unidos pediram para a ONU agir contra o genocídio praticado pelo exército sudanês, ela simplesmente recusou reconhecer que estava ocorrendo um genocídio e deixou meio milhão de pessoas serem mortas nos oito anos que se seguiram.  

Há duas lições para Israel aprender da falta de resposta da comunidade internacional para a crise na Síria: primeiro, o comportamento da organização prova mais uma vez, que Israel nunca deve comprometer sua doutrina de contar consigo própria quando sua segurança estiver em jogo e nunca deve contar com a proteção de forças internacionais.

Em 29 de maio, o Wall Street Journal acusou a organização de ser “cúmplice” do massacre de Houla. Isto pode ter sido uma crítica dura mas contém uma verdade que não pode ser ignorada: as Nações Unidas dizem que irão proteger as pessoas ameaçadas de extermínio, e ao final, não fazem absolutamente nada além de dar um assento de primeira fila às suas forças de paz para assistirem as agressões e massacres.

E esta é a segunda lição: Israel deve responder de modo diferente às constantes críticas que ela recebe de vários órgãos da organização.
Se a ONU é um corpo paralisado, que não pode tomar decisões sobre genocídios, que trata os agressores e suas vítimas da mesma forma, então Israel deve se recusar a aceitar julgamentos morais sobre o seu conflito com os palestinos. Quem são eles para emitirem dia após dia,  declarações contra Israel?

A crise na Síria é só o último exemplo de como a ONU perdeu a autoridade moral que tinha quando foi fundada. De fato, ela perdeu qualquer função prática além de causar congestionamentos em Nova Iorque e empilhar multas de estacionamento dos seus diplomatas.

Acho que Israel precisa mudar sua atitude para com a ONU e responder à altura a próxima vez que for “condenada” por um outro funcionário de cabide.

Monday, June 11, 2012

O Direito de Israel a Jerusalém - 10/06/2012


As eleições no Egito não resultaram em surpresas. O candidato da Irmanadade Muçulmana, Mohamed Morsi está na frente. Em um rally no dia 1o. de maio Morsi prometeu liderar o Egito na formação do novo Califato Muçulmano com sua capital em Jerusalém. Morsi também prometeu expulsar todos os cristãos coptas do Egito se não se converterem ao islamismo ou a reduzi-los a cidadãos de segunda classe, ou dhimmis. 

Em vez dele se concentrar em como irá arrumar a economia do Egito que está em frangalhos, ele une o povo através de um discurso absurdo de unir todo o povo árabe e muçulmano da região para destruir Israel. Aonde vimos isto antes? E porque Jerusalém? Ela nunca foi capital de qualquer coisa islâmica na história da humanidade.

É porque Jerusalém se tornou o símbolo do fracasso guerreiro islâmico e só sua reconquista irá reabilitar os muçulmanos aos seus próprios olhos.

E foi nesta semana que passou, 45 anos atrás, que o exército de Israel libertou a Cidade Velha e reunificou a capital do país.  A maioria das batalhas travadas hoje são só uma lembrança distante descritas em livros de história. Quando se visita Jerusalém é difícil visualizar que o exército jordaniano se encontrava alí, no coração da cidade, cercando as muralhas em três flancos.  As forças iraquianas estavam do outro lado do Jordão prontas a mandar reforços. Quando os jordanianos abriram fogo, mais de 6 mil projéteis de artilharia choveram sobre os residentes judeus da cidade, deixando mais de mil feridos.

Depois de vários avisos aos jordanianos,  o exército de Israel finalmente não teve outra opção senão atravessar a linha de cessar-fogo de 1949 e capturar os territórios usados pelos árabes para atacar o estado judeu.  Logo após a Guerra dos Seis Dias, a ONU discutiu o direito das partes que reclamavam Jerusalém e para tanto teve que analisar as circunstâncias de como cada uma delas tomou posse da cidade.

A captura de Jerusalém em 1948 pela Jordânia, foi na época descrita pelo secretário geral da ONU, Trygve Lie, como o primeiro caso de “agressão armada” desde a Segunda Guerra Mundial. Em contraste, a entrada de Israel nas porções leste da cidade em 1967, foi descrita como uma ação em defesa própria. Esta distinção ficou ainda mais aparente quando a União Soviética não conseguiu, apesar de repetidos esforços, rotular Israel de “agressor” no Conselho de Segurança em Junho de 1967 e depois na Assembléia Geral da ONU.  

O grande jurista americano Stephen Schwebel, que se tornou presidente da Corte Internacional de Justiça de Haia, escreveu em 1970 que “quando um ocupador anterior de um território, o tomou de forma ilegal, o estado que subsequentemente toma aquele território exercendo auto-defesa, tem um título de propriedade melhor que o ocupador anterior”.

Israel tem um direito histórico milenar sobre Jerusalém, reconhecido pelo Mandato Britânico. Mas isto infelizmente sumiu do discurso internacional depois de 1967. Pelo direito internacional, Israel tem mais direito sobre Jerusalém que a Jordânia.

Hoje, depois de qualquer guerra, o mundo tenta restaurar o status quo territorial anterior ao conflito. Mas isto não pode ser feito com Jerusalém já que a ocupação da cidade pela Jordânia foi considerada ilegal pela comunidade internacional.

O fato das Nações Unidas não terem enviado forças para proteger Jerusalém em 1948, e evitar a expulsão dos judeus que lá viviam, fez com que as clausas de internacionalização da cidade do Plano de Partilha, se tornassem inviáveis.

Assim, quando o Conselho de Segurança da ONU se reuniu para discutir um plano de paz após a Guerra dos Seis Dias, havia muita ambivalência sobre o que deveria ocorrer com o território e especialmente Jerusalém. A linha de cessar-fogo de 1949 não era sacrossanta. Nunca fora uma fronteira internacional reconhecida. Era apenas e tão somente a linha de trégua separando dois exércitos inimigos após a Guerra da Independência de Israel.


Quando finalmente o Conselho de Segurança da ONU adotou a Resolução 242, se absteve de exigir que Israel se retirasse de “todos os territórios” que havia capturado, como queria a União Soviética, mas chamou para que novas fronteiras seguras e reconhecidas, fossem delineadas. É o que hoje chamamos o direito de Israel a fronteiras defensáveis.

A resolução 242 não só não pediu para Israel se retirar para trás das linhas de 1967, mas nem se referiu a Jerusalém. E essa omissão foi proposital. O presidente americano da época Lyndon Johnson deixou aparente seu entendimento, nunca se referindo à Jerusalém do Leste como “território ocupado” e insistindo que as linhas de armistício que dividiam Jerusalém não eram mais viáveis. Estas declarações tinham implicações legais muito claras.

Desde 1988, os palestinos dizem que substituiram os jordanianos na arena diplomática e procuram ter reconhecida uma soberania sobre Jerusalém à qual nem a Jordânia teria direito. 

Para corroer o direito de Israel, eles começaram a introduzir linguagem nas resoluções da ONU sobre “territórios palestinos ocupados”, incluindo Jerusalém do Leste. Em 1994, a administração do president Clinton se colocou firmemente contra estas tentativas quando a embaixadora americana na ONU Madeleine Albright explicou o veto americano no Conselho de Segurança dizendo que “hoje estamos votando contra uma resolução exatamente porque ela implica o fato que Jerusalém seja um território palestino ocupado”.

A estratégia diplomática dos árabes e palestinos tem sido fazer a comunidade internacional adotar seu discurso e terminologia legal mentirosa. 

Infelizmente, muitos israelenses levantaram as mãos fazendo com que a nova geração de isralenses não conheça seus direitos legais e históricos à cidade de Jerusalém, à Judéia e à Samária. Direitos infinitamente mais fortes que os reclamados pelo lado árabe.

Estes detalhes ainda são muito importantes 45 anos depois. Em março deste ano, os palestinos conseguiram aprovar uma resolução no Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, descrevendo Jerusalém como “território palestino ocupado”. 


Numa época em que o ataque à legitimidade dos direitos de Israel está no centro da agenda dos seus inimigos, precisamos levar à frente a verdade histórica do que ocorreu 45 anos atrás e não deixar esta narrativa mentirosa e deturpada tornar-se o discurso oficial dos árabes, da mídia e das Nações Unidas. 

Sunday, June 3, 2012

Ehud Barak Em Busca do Amor do Mundo


O Ministro de defesa Ehud Barak e o novo membro da coalisão do governo Netanyahu, Shaul Mofaz do Kadima, estão arrastando o governo de Israel  novamente para a esquerda. Nesta semana, falando em Tel Aviv, Barak avisou que se Israel não puder chegar logo à um acordo com os palestinos, deveria considerar entregar a Judéia e a Samária, em troca de ... NADA!

Mesmo os esquerdistas mais fanáticos tiveram dificuldade em engolir estas palavras. Ainda não esquecemos que 12 anos atrás, quando era primeiro ministro, Barak ordenou a retirada de Israel do sul Líbano prometendo que se a Hezbollah tivesse o sul, ela seria forçada a se desarmar e a se comportar como um partido político ocidental.

Depois disso, tivemos Gaza. Ariel Sharon ignorou o que aconteceu no Líbano e prometeu que se todos os judeus saíssem da Faixa, ela iria magicamente se transformar na versão árabe de Singapura. Mas além disso, Barak e Sharon prometeram que ao fazer estes gestos, Israel iria ganhar o “amor” da comunidade internacional, o que a seu ver era urgente conseguir. Deve ser à esta falta de “amor” a que Barak se referiu esta semana quando disse que Israel irá pagar o preço se não agir logo.

Vamos ver a lógica dos fatos: a Hezbollah tomou não só o sul do Líbano mas todo o Líbano. E hoje nem a Autoridade Palestina na Judéia e Samária, nem o Hamas em Gaza estão dispostos a aceitar a existência de Israel em qualquer fronteira. Consequentemente, precisamos ainda mais do “amor” do mundo e o único jeito de consegui-lo é colocando sua existência em perigo mortal, entregando o coração de seu país às próprias pessoas que juraram destruí-lo.

Vamos ver então se há motivação do mundo ou mais especificamente dos Estados Unidos, em “amar” Israel como espera Barak?

A situação não é fácil. A política americana de Obama é tão irracional e divorciada da realidade quanto a de Barak. E nada torna isso mais evidente do que sua política em relação ao Irã. Desde que tomou posse, Obama diz que o ódio do Irã aos Estados Unidos se deve à desconfiança dos Ayatollahs para com o ocidente. Isto é absurdo. Desde a revolução islâmica de 1979, o Irã tem jurado aniquilar a América e Israel porque vê os dois países como obstáculos para a Islamização do mundo. 

Em vez de aceitar esta verdade fundamental, Obama e seus acessores continuam tentando negociar com os mullahs. Como disse o vice-premier Moshe Ya’alon, os iranianos estão rindo e correndo no caminho para a bomba. Eles já conseguiram enriquecer 750 kilos de urânio a 3.5% e 36 kilos a 20% durante estas “negociações” enquanto destroem evidências de seus testes para continuar a enganar o mundo com esta semana em Parchin.

E quando é confrontado com as evidências Obama simplesmente diz aos israelenses para confiar nele, que ele sabe o que está fazendo. Mas permitir ao Irã adquirir a bomba não é o único preço que Obama está disposto a pagar para apaziguar os ayatollas. Ao se manter calado face aos massacres de Assad na Síria, Obama está sinalizando ao Irã que não irá enfraquecer seus interesses.

Hoje a oposição síria não só é dominada pela Irmandade Muçulmana mas também por agentes da Al-Qaeda. Se Obama tivesse agido há um ano atrás ele talvez tivesse tido a oportunidade de instalar um regime democrático na Síria. Hoje vivemos a dolorosa realidade de reconhecer que talvez estaremos mais seguros deixando Assad no poder.

E aí temos a Turquia.

Em sua cabeça fantasiosa, Obama acredita que Erdogan seja um grande aliado dos Estados Unidos. O fato dele ser líder de um partido islâmico e ter distanciado a Turquia do ocidente, se aproximado do Irã e da Irmandade Muçulmana, ter rendido incoerente a missão estratégica da OTAN, ter quebrado sua aliança com Israel, ter reprimido e matado civis kurdos e ameaçar fazer a guerra sobre depósitos de gás no Mediterrâneo que não pertencem à ele, é tudo irrelevante para Obama.

Em relação aos palestinos, Obama também vive na fantasia. Esta semana o Departamento de Estado surtou quando o Senador Mark Kirk conseguiu incluir na legislação de ajuda aos palestinos, a exigência de duas informações: o número de palestinos fisicamente desalojados em 1948 e o número de descendentes administrados pela Agência da ONU para refugiados palestinos - UNRWA.

Os palestinos dizem ter uns 5 milhões de refugiados. Eles exigem que Israel os traga todos para dentro do estado para concordar com a “paz”. A UNRWA e os Palestinos dizem que os deslocados e seus descendentes são refugiados até hoje. Os deslocados da época que ainda estão vivos totalizam umas 30 mil pessoas. Tudo o que o Senador exigiu são informações mas o Departamento de Estado decidiu cair sobre ele como um torpedo dizendo que o mundo iria ver esta exigência como uma tática americana para influenciar o problema.

Para o Departamento de Estado, até um acordo final de paz ser assinado, os Estados Unidos devem apoiar uma política em relação aos refugiados palestinos que é absurda e profundamente hostil a Israel. A mesma política que dita a recusa americana de reconhecer a soberania de Israel sobre qualquer parte de Jerusalém, nem o lado oeste. O fato de Jerusalem ser a capital de Israel, é irrelevante.

E aí voltamos para Barak e a esquerda que não podem abandonar a idéia de entregar todo o banco para ganhar o “amor” do mundo. De acordo com eles, para evitar o isolamento de Israel e garantir o apoio americano, Israel tem que esquecer as lições da saída do Líbano, o falso processo de paz com a OLP e a saída de Gaza e implementar à todo o vapor políticas que tornarão impossível para Israel se defender.

Enquanto isso, Obama no país das maravilhas continua com suas políticas permitindo ao Irã se tornar uma potência nuclear, eliminando qualquer alternativa razoável para a Síria, fortalecendo o governo turco mais anti-americano da história e pressionando Israel a renunciar não só a seu direito histórico à terra mas acima de tudo, ao seu direito e capacidade de se defender.

Isto é “amor” demais, não? Talvez seja melhor Israel “dar um tempo” e lembrar que às vezes é melhor estar só do que mal acompanhado. Mesmo!...