Sunday, July 30, 2023

A Interferência da América em Israel - 30/7/2023

 

Para um presidente que tropeça mais que anda, que diariamente faz gafes e parece perdido e confuso frente às câmeras, Joe Biden parece de repente acordar e encontrar o equilíbrio quando se trata de se intrometer nos assuntos internos de Israel.

Antes e depois da votação da Knesset no início desta semana que aprovou a primeira medida da reforma judicial do governo, Biden deu o passo incomum de criticar a legislação interna de Israel como se o Estado judeu fosse o 51º estado da América.

Agindo mais como um comentarista político do que como um presidente, Biden lamentou a aprovação da Lei de Cancelamento do Padrão de Razoabilidade, pelo parlamento de Israel. Já em março, Biden causou alvoroço com comentários truncados sobre a proposta de reforma judicial quando disse: “Como outros apoiadores de Israel, estou muito preocupado. Estou preocupado que eles entendam isso: eles não podem continuar por este caminho. E eu meio que deixei isso claro. Espero que o primeiro-ministro chegue a um compromisso genuíno, mas isso não parece que irá acontecer”.

Quando um repórter perguntou a ele se isso não era interferência, Biden insistiu “não estamos interferindo”. Desculpe. Meu engano!

Mas quando um presidente americano diz a Israel: “Vocês não podem continuar neste caminho”, isso parece muito com uma interferência, ou não?

Mais recentemente, em 18 de julho, antes da votação do projeto de lei da Knesset, Biden foi entrevistado por Thomas Friedman, o colunista do The New York Times que tem um prazer infinito de criticar Israel publicamente.

De acordo com o tão falado artigo de Friedman, Biden exortou os líderes israelenses para "não se apressarem" para aprovar a legislação, como se fosse natural para um presidente americano opinar sobre quando um projeto de lei em uma nação soberana a vários milhares de quilômetros de distância deve ou não ser votada.

Uma semana depois, em uma tentativa descarada de influenciar a votação, Biden chamou a proposta de reforma judicial de “divisiva” e novamente instou Netanyahu a “não apressar isso”. E ainda, ontem, 12 congressistas democratas decidiram introduzir uma resolução em solidariedade com os manifestantes anti-reforma.

Mas pior, depois da aprovação da lei na segunda-feira passada, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, emitiu um comunicado denunciando a votação, declarando: “Como um amigo de longa data de Israel, o presidente Biden expressou publica e particularmente suas opiniões de que grandes mudanças em uma democracia para serem duradouras deve haver um consenso tão amplo quanto possível”.

A declaração concluiu dizendo: “É lamentável que a votação de hoje tenha ocorrido com a menor maioria possível”. Bem, o resultado foi 64 a 0, o que dificilmente parece constituir “a menor maioria possível”.

Não me lembro de o presidente Clinton alertar o primeiro-ministro Yitzhak Rabin há 30 anos para não assinar o super controverso Acordo de Oslo, o chamado “acordo de paz histórico, entre Israel e a Organização de Libertação da Palestina, de 1993, que só foi aprovado por 61 votos da Knesset de 120 membros - uma margem muito mais estreita do que a votação da reforma judicial.

Como se na América, aprovar uma legislação importante sem o consenso da oposição é um grande problema. Não é. A Casa Branca parece bastante à vontade com a vice-presidente Kamala Harris desempatando 31 votações no Senado, número histórico recorde, incluindo a tão discutida Lei de Redução da Inflação.

Para entender completamente o quão absurda e inaceitável é essa intromissão do governo americano, imagine o que seria se fosse o contrário. E não faltaram ocasiões para isso.

Nos últimos dois anos, o governo Biden sofreu vários golpes da Suprema Corte americana. A primeira anulou a decisão Roe v. Wade sobre o aborto e outra restringiu severamente a ação afirmativa baseada em raça nas admissões em universidades.

E como Biden reagiu a essas decisões? Ele denunciou e deslegitimou a Suprema Corte!

Falando na Casa Branca em 8 de julho de 2022, sobre a decisão relativa ao aborto, Biden disse: “O que estamos testemunhando não é um julgamento constitucional. É um exercício de poder político bruto... Não podemos permitir que uma Suprema Corte descontrolada, trabalhando em conjunto com elementos extremistas do Partido Republicano, tire as liberdades e nossa autonomia pessoal”.

E em 11 de outubro, Biden atacou mais uma vez a Suprema Corte, chegando a dizer que ela “é mais um grupo de ativistas hoje em dia do que … imparcial”.

Não surpreendentemente, isso levou alguns democratas a buscar seu próprio tipo de “reforma judicial”. Dois meses atrás, um grupo de senadores e congressistas democratas anunciou que apresentaria uma legislação para expandir o número de juízes da Suprema Corte de nove para 13, dando efetivamente a Biden a chance de nomear a maioria de juízes liberais. Não é exatamente esse tipo de comportamento contra o qual Biden alertou Israel tão veementemente?

Como ele se sentiria se o governo israelense se intrometesse no assunto e expressasse sua angústia sobre o curso futuro da democracia americana?

Israel e os Estados Unidos realmente têm um vínculo especial e um relacionamento próximo, e por isso devemos ser gratos. Mas não é assim que os Estados Unidos deveriam tratar um aliado próximo.

Mas mesmo nos laços mais íntimos entre as nações, existem algumas linhas que não devem ser cruzadas. Como Israel escolhe lidar com suas instituições governamentais e os pesos e contrapesos entre eles é assunto de Israel e de mais ninguém.

Parece que nos tornamos tão acostumados ao longo dos anos com a interferência americana nos assuntos internos de Israel que ela não nos choca mais.

O presidente Biden errou ao elevar a crise doméstica de Israel a uma questão política entre os dois países. Sua postura corre o risco de causar uma erosão dos laços entre os dois países, que só irá convencer os inimigos de Israel de que ela é fraca e vulnerável.

Há momentos em que é certo e apropriado que um amigo intervenha publicamente na política interna de outro. E então há momentos em que é mais sensato manter os conselhos a conversas privadas e as críticas discretas, mantendo o silêncio público. Desta vez, o silêncio de Biden teria sido o caminho mais sábio.

 

Sunday, July 23, 2023

Tisha'a Be Av e os Protestos em Israel - 23/7/2023


O Departamento de Estado dos EUA em sua ignorância suprema, continua a achar que generosos gestos diplomáticos e financeiros podem induzir o Oriente Médio violento e volátil a abandonar as ideologias fanáticas antiocidentais e adotar valores ocidentais, como coexistência pacífica, negociação de boa fé, democracia e direitos humanos. Mas até agora, a política do Departamento de Estado (bem intencionada ou não) só conseguiu alimentar a violência, a criação de grupos terroristas e uma instabilidade imprevisível na região.

Por exemplo: O Departamento de Estado acolheu as manifestações no mundo árabe que eclodiram em 2010 e ainda se espalha do Golfo Pérsico ao noroeste da África – a chamada "Primavera Árabe", ou "a Revolução da Juventude Facebook". Uma "marcha pela paz e pela democracia". No entanto, como evidenciado pela realidade este foi outro terremoto, não uma Primavera Árabe.

Sobre o Irã, antes da revolução, o Departamento de Estado abraçou o fanático aiatolá Khomeini, antiamericano, sugerindo que ele era anticomunista, cercado de conselheiros moderados, preocupado em trazer liberdade ao Irã - um Gandhi iraniano. Isso jogando seu aliado, o Xá do Irã embaixo do ônibus. Depois da revolução de 1979, o Departamento de Estado estendeu a mão para os aiatolás numa bonança financeira e diplomática, erroneamente achando que podiam transformar estes lunáticos messiânicos, em negociadores de boa-fé, passíveis de coexistência pacífica com seus vizinhos sunitas. Que os revolucionários desistiriam da proliferação regional e global do terrorismo e tráfico de drogas, e abandonariam sua ideologia repressiva, fanática e megalomaníaca de 1.400 anos. O que aconteceu? O Irã só reforçou sua colaboração com regimes anti-americanos, organizações terroristas e traficantes de drogas na América Latina, representando uma ameaça letal para todos os regimes árabes pró-EUA deixando na chuva a maioria dos iranianos, que aspiram por uma mudança de regime em Teerã.

O Departamento de Estado estava por trás da ofensiva militar da OTAN que derrubou Gaddafi da Líbia em 2011, apesar de todas as suas medidas de desmantelamento da infraestrutura nuclear e química da Líbia e de suas ações contra o terrorismo islâmico. A derrubada de Kadafi transformou a Líbia numa terra de ninguém, um centro incontrolável de terrorismo islâmico anti-EUA.

Até a eclosão da guerra civil na Síria, o Departamento de Estado considerava o implacável antiamericano Bashar Assad um reformador moderno devido à sua formação universitária em Londres. Mas até agora, o “reformador” já causou mais de meio milhão de vítimas, 7 milhões de refugiados e um número semelhante de deslocados internos.

E chegamos a Israel. Apesar dos Estados Unidos terem sido o primeiro país a reconhecer Israel em 1948 (meros 11 minutos depois do anúncio), o Departamento de Estado era completamente oposto ao estabelecimento do Estado judeu, argumentando que seria pró-soviético, seria invadido e destruído pela coalisão árabe, sua criação desestabilizaria o Oriente Médio e ameaçaria o fornecimento de petróleo árabe. Errado novamente.

Todas as propostas de paz árabe-israelenses do Departamento de Estado foram centradas nos palestinos e, portanto, foram frustradas pela realidade do Oriente Médio. De 1993 a 2000, o Departamento de Estado estendeu o tapete vermelho a Arafat como um mensageiro da paz, digno do Prêmio Nobel da Paz e da ajuda externa dos EUA, ignorando seu histórico terrorista e traiçoeiro, sua visão aniquilacionista, e apesar dele ter mandado matar o embaixador americano no Sudão, Cleo Noel e seu vice Curtis Moore em 1973. Enquanto isso, todos os regimes árabes pró-EUA que conheciam este canalha, estenderam a Arafat o tratamento miserável de capacho.

Por que isso tudo é importante? Porque quem está comandando a política externa americana hoje não é o presidente senil Joe Biden. É o Departamento de Estado. E Israel está passando por um momento muito complicado. A esquerda, como sempre, está organizada com um propósito muito claro: derrubar o governo de Bibi Netanyahu e para isso, todos os meios justificam o fim.

Semana após semana milhares de israelenses saem às ruas sem saber por que, repetindo como papagaios “democratia”, num movimento que é qualquer coisa menos democrático. Seus líderes simplesmente não suportam a ideia de um governo de direita, ainda mais um que ganhou esmagadoramente e tem toda a legitimidade para promover as reformas prometidas.

Isso lembra o que líderes do partido trabalhista perdedor disseram da vitória de Begin em 1977: que era preciso trocar o povo. É esta esquerda que é antidemocrática. É ela quem rejeita o resultado das eleições livres e democráticas e tenta impedir que o novo governo cumpra a prometida reforma judiciária.

Infelizmente, isso também nos faz voltar a uma história mais antiga.

Como hoje, há mais de dois mil anos, houve gritos numa guerra entre dois inimigos brutais. Gritos de soldados e de feridos dos dois lados. Gritos na mesma língua, pertencentes à mesma nação. Judeus lutando contra judeus.

No ano de 66 antes da era cristã, dois irmãos, filhos da rainha Shlomzion, Aristobulus e Hyrcanos brigaram pelo trono com tanto ódio, que um deles pediu à Roma para ajudá-lo contra seu irmão. Sem medir as consequências deste pedido, Aristobulus estava pronto a tudo para vencer seu inimigo. Os romanos, que não precisavam de um segundo convite, entraram em Israel, e ironicamente, prenderam Aristobulus e colocaram seu irmão, que achavam ser mais fraco, no trono.  Assim começou a história da destruição do Segundo Templo. Ao final, por causa do ódio gratuito entre irmãos, o povo judeu perdeu tudo, o Templo, seus tesouros, a terra, a liberdade e foram exilados por dois mil anos.

Desde o episódio dos espiões na Bíblia, passando pela guerra entre a tribo de Efraim e os Gileaditas, o massacre da tribo de Benjamin pelas outras tribos de Israel, a guerra entre o reino de Israel com a ajuda do rei da Síria, contra o reino de Judá, até nossos dias, todas as guerras entre judeus ocorreram nesta época de Tish’a Be Av. Até a retirada de Gaza de 2005 caiu neste dia e foi só depois de Ariel Sharon se dar conta que ele mudou a data da expulsão dos 8 mil judeus de suas casas, para o dia seguinte. O nono dia do mês de Av, que será em 4 dias, é um dia de jejum, para lembrarmos de todos estes eventos, dos quais já deveríamos ter aprendido a lição.

Hoje, por causa de uma reforma do judiciário, que realmente não afeta o cidadão regular de Israel, a esquerda está disposta a provocar esta guerra civil. Ehud Barak, o ex-primeiro-ministro declara que o chamarão para liderar o país quando o rio Yarkon estiver cheio de sangue. Outro, Ehud Olmert, clama pela recusa dos soldados ao serviço militar. O presidente do maior sindicato, a Histadrut, declara que amanhã haverá greve. A esquerda organizada está provocando dias de interrupção, o fechamento do comércio e outras medidas que irão causar bilhões de shekels em prejuízo ao país. Isso tudo bem. O que não está bem para ela é o governo alocar alguns milhões de shekels para dar aos religiosos. E os inimigos de Israel estão sentados assistindo a tudo isso comendo pipoca. Esperando Israel se acabar por si própria.

E hoje também, como há dois mil anos, há pessoas como Ehud Olmert, que estão pedindo para os Estados Unidos intervirem. Não é por nada que os maiores cartazes dos protestos estão em inglês. Biden é o campeão em intervir nos assuntos internos de Israel e ele também não vai precisar de um segundo convite. Só que, como disse, a bola estará nas mãos do Departamento de Estado americano que não acertou uma em política externa, mas é fielmente hostil a Israel. Tal interferência ira exigir mais “concessões” de Israel aos palestinos e daí por diante.

Sim, há milhares que estão protestando. Mas todos eles não são uma gota frente aos milhões que votaram por este governo e esta reforma. Se a esquerda ama mesmo Israel e quer um país democrático (não digo nem judeu), ela precisa crescer e aceitar os desígnios da democracia, como o resultado de uma eleição baseado nos planos propostos.

Qualquer coisa fora disto deixa claro que o que está ditando este movimento é nada mais do que a procura do poder em detrimento da vontade do povo.

 

Sunday, July 16, 2023

O Equilibrio da Liberdade de Expressão e a Liberdade de Ofender - 16/07/2023

 A pergunta do dia é: Onde acaba a liberdade de expressão e começa a segurança pública e a ofensa a minorias?

Incrivelmente, esta pergunta não está sendo feita em algum país do terceiro mundo, ou mais educadamente, um país “em desenvolvimento”. Está sendo feita na Suécia, o bastião nórdico da democracia liberal que parece não saber lidar com uma onda de queima de livros sagrados.

Há duas semanas, durante o feriado muçulmano de Eid al-Adha, dois homens rasgaram e queimaram páginas de um Alcorão do lado de fora de uma mesquita de Estocolmo – mas fizeram isso somente depois de receberem permissão da polícia local para fazê-lo, porque, não há qualquer proibição na lei sueca de queimar livros.

Como era esperado, a profanação do livro sagrado dos muçulmanos desencadeou protestos furiosos: uma multidão invadiu a embaixada sueca em Bagdá, vários países muçulmanos convocaram seus embaixadores suecos e vários líderes muçulmanos emitiram declarações criticando a Suécia por permitir esta ação.

Líderes de outros grupos religiosos, incluindo a comunidade judaica sueca, também condenaram a queima do Alcorão, como vários políticos e líderes israelenses.  

O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, também condenou a profanação em coletiva de imprensa: “Acho que devemos recobrar nossa sanidade na Suécia”, ele disse: “estamos em uma situação grave de segurança política e não há razão para ofender outras pessoas”.

Aí o inesperado ocorreu. Uma série de pedidos foram feitos para a polícia sueca procurando uma licença para queimar publicamente outros livros sagrados. Completamente desconsiderando as consequências da queima do Alcorão, na semana anterior, as autoridades suecas então aprovaram um pedido para queimar uma Torá e uma Bíblia cristã do lado de fora da embaixada de Israel ontem, no Shabbat.

Líderes judeus e israelenses condenaram veementemente a decisão de aprovar a licença. O Conselho Central Judaico disse que “queimar livros sagrados, seja o Alcorão, a Torá ou o Evangelho, são atos odiosos que percebemos como ameaças diretas às sociedades que os valorizam”

“Como povo do livro, a Torá é nosso tesouro mais sagrado. São os códigos morais e éticos que mudaram o mundo em que vivemos. Nossa trágica história na Europa relaciona a queima de livros judaicos com pogroms, expulsões, inquisições e o Holocausto.”

E o Conselho tem razão.

Entre outros, em 1244, como resultado da Disputa de Paris, ou julgamento do Talmud como é conhecida a disputa, vinte e quatro carruagens cheias de volumes do Talmud e outros manuscritos religiosos judaicos foram incendiados por oficiais franceses nas ruas de Paris. Em 1490, Bíblias e outros livros judaicos foram queimados na Andaluzia pela Inquisição Espanhola. E como não lembrar das várias queimas de livros cometidas pelos nazistas nas décadas de 30 e 40 do século XX? No dia 10 de março de 1933, na Opernplatz em Berlin, grupos de jovens nazistas queimaram em torno de 25 mil livros, incluindo trabalhos de Albert Einstein, Bertold Brecht, Thomas Mann, Karl Marx e o poeta Heinrich Heine.

Foi Heine, que morreu em 1856, que profeticamente declarou que “aqueles que queimam livros, ao final queimarão pessoas”.

Mas então como equilibrar a liberdade de expressão com ofensas acionáveis e com a incitação à violência? Todos os sistemas legais do mundo impõem limites à liberdade de expressão. Você não pode entrar num teatro e gritar “fogo”, sem correr o risco de gerar pânico e chegar até a provocar a morte de alguém. Isso do lado penal. Do lado civil, você pode ser processado por injuria, calunia e difamação.

O incidente na Suécia levanta questões essenciais sobre os limites da liberdade de expressão e o princípio do dano. Embora a liberdade de expressão seja um direito importante, se uma pessoa usa sua liberdade de expressão para espalhar o discurso de ódio contra um determinado grupo, isso pode levar à discriminação e até à violência contra os membros desse grupo. Isso pode criar uma atmosfera de medo e exclusão, minando os princípios de inclusão e democracia.

Assim, a liberdade de expressão não deve ser usada como uma arma para justificar ações que causem dano outras pessoas especialmente quando ela provoca o aumento do discurso de ódio e a incitação à violência contra grupos minoritários. É somente através de um equilíbrio cuidadoso desses princípios que podemos criar uma sociedade verdadeiramente inclusiva e democrática.

Permitir a desfiguração de textos sagrados não é um exercício de liberdade de expressão, é uma incitação flagrante e um ato de puro ódio.

Na sexta-feira, o presidente de Israel, Itzhak Herzog disse que condenava “inequivocamente a permissão concedida pela Suécia para queimar livros sagrados”. Como presidente do Estado de Israel, condenei a queima do Alcorão, sagrado para os muçulmanos em todo o mundo, e agora estou com o coração partido porque o mesmo destino aguarda uma Bíblia judaica, o livro eterno do povo judeu. O mundo inteiro deve se unir para condenar claramente esse ato repulsivo.”

Ficamos todos na expectativa do que iria acontecer ontem.

Mas em uma reviravolta surpreendente, o homem que solicitou a licença para queimar a Bíblia – um ativista muçulmano de origem síria chamado Ahmad Alush – apareceu do lado de fora da embaixada de Israel no sábado com um isqueiro, mas sem a Torá, sem Bíblia ou Evangelho, dizendo que nunca teve a intenção de queimar os objetos religiosos.

“É contra o Alcorão queimar e eu não vou queimar. Ninguém deveria fazer isso”, disse ele à mídia reunida. “Esta é uma resposta às pessoas que queimam o Alcorão. Quero mostrar que a liberdade de expressão tem limites que devem ser levados em conta.”

“Quero mostrar que temos que respeitar uns aos outros”, disse Alush. “Vivemos na mesma sociedade. Se eu queimar a Torá, um outro a Bíblia, outro o Alcorão, haverá uma guerra aqui. O que eu queria mostrar é que não é certo fazer isso.”

Alush salvou as autoridades suecas delas próprias, impedindo outra onda de condenações furiosas e aumentando as tensões religiosas e demonstrando a vergonha que foi aprovar a queima de textos sagrados.

De novo, a liberdade de expressão é um princípio sagrado em toda democracia, mas deve ser balanceada com a possibilidade da perturbação da paz pública e o dano às sensibilidades religiosas.

Este incidente é um exemplo do que acontece quando esses princípios não são equilibrados.

As autoridades suecas erraram repetidamente nas últimas semanas ao aprovar esses atos públicos de ódio. Esperamos que eles levem a sério a lição que acabaram de receber deste refugiado sírio.

Sunday, July 9, 2023

Revisitando Jenin - 9/7/2023

 

Uma manchete do New York Times de setembro de 2008 lia: 'Uma ruína da Cisjordânia, renascida como um farol de paz. Na ocasião, o artigo celebrava um entre tantos programas piloto – apoiados por Israel e pela comunidade internacional – para criar um modelo de governança palestina bem-sucedida. Aonde? em Jenin.

O plano previa reforçar as forças de segurança da Autoridade Palestina, e Israel implementaria medidas econômicas e civis para melhorar as condições de vida dos moradores de Jenin. Era um teste do que poderia acontecer com todas as cidades palestinas. O artigo mencionava o general americano James L. Jones, que mais tarde foi conselheiro de segurança nacional de Obama, dizendo: “Vejo isso como uma espécie de um ensaio para a criação de um Estado palestino, uma oportunidade onde os dois lados podem provar coisas um ao outro.”

Vários projetos de construção foram aprovados, uma zona industrial foi estabelecida e as infraestruturas de saneamento e eletricidade foram melhoradas. Israel fez a sua parte, permitindo o livre fluxo de mercadorias, retirando suas tropas e permitindo que árabes-israelenses entrassem em Jenin – que fica na área A geralmente proibida para israelenses – com o objetivo de impulsionar a economia local.

Depois da operação militar de Israel esta semana, Jenin se tornou tudo menos um farol de paz. Como sempre, de onde Israel se retirou, de onde Israel investiu em infraestrutura para os árabes, ela só colheu terrorismo e radicalização.

E como tudo isso começou? Tudo começou com a decisão da AP de retirar suas forças de segurança de Jenin, tanto na cidade como no campo de refugiados, ilustrando a fraqueza da Autoridade Palestina, sua ineficácia e o crescente poder das forças terroristas na Judeia e Samaria. E assim que Abbas morrer, veremos o Hamas e o Jihad Islâmico brigarem para assumir o controle. E em primeiro lugar da lista está Jenin.

Outra razão para a deterioração da situação em Jenin é o Irã. A Judeia e Samaria são um exemplo perfeito do papel desestabilizador que o Irã desempenha na região. Enquanto o mundo tende a concentrar sua atenção no programa nuclear do Irã e em seu contínuo enriquecimento de urânio, a ameaça de Teerã é muito maior e ocorre em lugares como Jenin.

O Irã está frustrado por seu fracasso em se vingar e acertar as contas com Israel sobre suas operações dentro do Irã, bem como os frequentes ataques contra sua infraestrutura na Síria. O que Teerã pode fazer é enviar dinheiro, para criar o que eles chamam de “infraestrutura de resistência”, é contrabandear armas do Líbano, Jordânia ou Egito e dar apoio educacional e ideológico para os terroristas em Jenin a essas facções palestinas.

Embora isso não esteja nem perto do nível de ameaça que uma bomba nuclear um dia representaria para Israel, os ataques terroristas minam a segurança nacional, a qualidade de vida dos israelenses em todo o país e têm o potencial de prejudicar a economia. Com os palestinos de Jenin responsáveis por 50 ataques nos últimos meses, esse esforço estava claramente dando frutos.

E de onde vem todo o dinheiro do Irã? Bem, os mulás estão recebendo dezenas de bilhões de dólares em alívio de sanções do governo Biden. Em nome do Irã, a Hezbollah e a Força Quds estão investindo pesadamente na produção e distribuição de drogas em todo o Oriente Médio e na Europa, e em esquemas de criptomoedas para lavagem de dinheiro.

É precisamente esta “infraestrutura de resistência” que o exército de Israel alvejou esta semana. Foi um esforço para erradicar o câncer terrorista nos estágios iniciais para evitar a “libanização” de Jenin; antes que as células terroristas palestinas na Samaria se transformem em uma ameaça que os ataques cirúrgicos não podem mais superar.

Israel não pode ficar sentado assistindo a Judeia e Samaria (no centro de Israel, adjacente às três principais cidades, Jerusalém, Tel Aviv e Haifa) se tornarem outra base de operações militares iranianas contra Israel, como Gaza já o é no sul e o Líbano no norte.

Hoje o Irã está em 3 fronteiras com Israel. Em Gaza com o Hamas e o Jihad Islâmico; no Líbano e Síria, com 180 mil mísseis guiados da Hezbollah. E na Judeia e Samaria, dando suporte a grupos terroristas. E até agora, infelizmente, as potências ocidentais foram ineficazes para impedir os avanços iranianos em Gaza, no Líbano, Síria, Judeia, Samaria, Iraque e Iêmen.

Lembram que em 1993 a Autoridade Palestina foi estabelecida pelos Acordos de Oslo para trazer a paz para palestinos e israelenses? ou pelo menos uma segurança básica na Judeia, Samaria e em Gaza? Que decepção essa “autoridade” corrupta, fraca e hostil se tornou.

Desde janeiro deste ano, 24 pessoas foram mortas em Israel por terroristas. Segundo o porta-voz do exército, mais de 50 ataques a tiros foram realizados na área de Jenin e, desde setembro de 2022, 19 terroristas fugiram para o campo de refugiados de Jenin após realizarem ataques. Em alguns dos ataques foram mortos mais de um membro da mesma família – como é o caso dos irmãos Hallel e Yagel Yaniv, cujos assassinos foram presos em Jenin.

Na terça-feira, o segundo e último dia da operação, um terrorista atacou civis em Tel Aviv. O terrorista dirigiu uma caminhonete contra uma multidão que esperava em um ponto de ônibus antes de tentar esfaquear pessoas que estavam num café na calçada. Ele foi morto a tiros por um transeunte armado, mas nove pessoas ficaram feridas, uma delas uma mulher grávida que perdeu o bebê. Os números oficiais não registram, mas a perda desta vida também foi uma fatalidade.

Que país no mundo aguentaria isto sem reagir?

O único poder real que existe hoje entre o terrorismo palestino e o hegemonismo iraniano é Israel. Infelizmente, nenhuma compreensão dessa realidade pode ser encontrada nas reportagens da mídia ou nas reações das capitais ocidentais à operação de Israel em Jenin nesta semana.

Repórteres e diplomatas agitados pronunciam declarações insensíveis sobre a necessidade de “todos os lados” reduzirem as tensões, buscando uma equivalência moral onde não há alguma, e depois reclamarem sobre a terrível perda de vidas ou a difícil situação humanitária em Jenin – como se tudo isso estivesse ocorrendo num completo vácuo.

Para ilustrar esse ponto, nada melhor que a entrevista da BBC (a televisão nacional britânica) com o ex-primeiro-ministro de Israel Naftali Bennett. A jornalista Anjana Gadgil perguntou se o exército de Israel tinha como objetivo matar crianças. Sim, porque para ela, terroristas armados que ainda não completaram 18 anos, são apenas “crianças”. De acordo com o próprio Ministério da Saúde palestino, 12 palestinos foram mortos nesta operação em Jenin. Cada um deles estava armado e era afiliado a um grupo terrorista. Sete do Jihad Islâmico, 3 da Brigada dos Mártires de Al-Aqsa, um do Hamas e um da Fatah.

Bennett sem perder a calma, explicou que eram de fato terroristas procurados. Aí a jornalista respondeu: “São terroristas, mas são crianças. E as forças de Israel ficam felizes em matar crianças”. A BBC depois se desculpou, mas o dano estava feito.

Contam que Mark Twain teria dito que: “Uma mentira pode viajar meio mundo enquanto a verdade ainda está vestindo seu sapato”. Hoje nos encontramos em uma era em que a verdade nem pegou seus sapatos antes que a mentira tenha feito seu estrago. Seja uma jornalista que acusa Israel de assassinar crianças ou um membro do Congresso americano que inventa um falso massacre israelense, há alguns que não vão parar por nada – não importa o quão ultrajante, e não importa a evidência esmagadora em contrário – para demonizar e difamar o estado judeu. 

O único remédio resta conosco. Devemos sempre levantar nossa voz contra eles, descobrindo a verdade e trazendo-a à luz. E assim o faremos.

Sunday, July 2, 2023

Paris em Chamas - Novamente.. 2/7/2023

 

A França tornou-se uma descontrolada lixeira. Uma vergonha para um país que um dia se disse civilizado.

Na terça-feira passada, um rapaz de 17 anos morreu nas mãos da polícia depois de tentar fugir de carro. Este jovem, filho de imigrantes árabes da Africa do Norte, de nome Nahel, era conhecido da polícia por vários incidentes e ofensas de trânsito anteriores como dirigir sem carteira, sem seguro ou usando placas de carro falsas.

De acordo com a polícia, o Mercedes com placas da Polonia, dirigido por Nahel foi avistado numa faixa de ônibus às 7h55 em Nanterre, um subúrbio de Paris. A polícia tentou pará-lo em um sinal vermelho usando sirenes e luzes, mas Nahel se recusou a obedecer e seguiu tentando fugir, cometendo várias outras infrações quase atropelando um pedestre e um ciclista.

O Mercedes entrou em um engarrafamento onde foi alcançado. Os dois policiais então sacaram suas armas para impedi-lo de fugir novamente e pediram que desligasse a ignição. Mas Nahel decidiu fugir novamente. Aí um dos policiais atirou à queima-roupa pela janela do motorista matando Nahel que morreu com um único tiro no braço esquerdo que penetrou no peito. A polícia e os paramédicos tentaram ressuscitá-lo, mas ele foi declarado morto às 9h15, da manhã.

O policial que disparou o tiro, disse que o fez para evitar outra perseguição, temendo que ele ou outra pessoa se ferisse.

Apesar de violação de regras de trânsito não ser motivo para um policial atirar, este seria mais um incidente que ocorre regularmente em todos os países do mundo, indigno de cobertura nacional e internacional... não fosse a identidade da vítima que é árabe. A morte de Nahel inflamou as queixas de longa data de violência policial e racismo sistêmico dentro das forças da lei, nos subúrbios de baixa renda e racialmente mistos que circundam as principais cidades da França.

Embora o policial envolvido esteja sob investigação por homicídio voluntário e o presidente Emmanuel Macron tenha condenado o incidente, a raiva do público se espalhou pelas ruas da França. A polícia fez 1300 prisões durante a quarta noite de agitação. Cerca de 40.000 oficiais foram mobilizados para conter o problema, 5.000 na região de Paris. Nesta última noite, 719 pessoas foram presas com mais de 45 mil policiais mobilizados. Paris, Lyon, Marseille, todas tiveram seus centros bloqueados porque a morte do rapaz está sendo usada como pretexto para invadir e saquear lojas, queimar carros, atacar a polícia e porque não? Fazer ataques antissemitas.

Nesta sexta-feira, em meio aos protestos, o Memorial aos Mártires da Deportação foi vandalizado. Esse memorial em Nanterre, homenageia os 200.000 judeus que foram enviados da França de Vichy para os campos de concentração alemães durante a Segunda Guerra Mundial”.

O Movimento de Combate ao Antissemitismo disse que “a vandalização deste monumento profana a memória das vítimas do nazismo. Em meio à agitação social que atualmente assola a França, os memoriais do Holocausto devem ser respeitados e protegidos”. Mas só no ano passado, a França registrou mais de 470 ataques antissemitas.

Como os Estados Unidos e alguns outros países europeus, a França já passou por ondas anteriores de protestos contra a conduta policial, principalmente contra as minorias.

Sim, é triste e desafortunado que o rapaz tenha sido morto. Mas esse é o resultado de uma política errônea de apaziguar repetidamente estas minorias com tapinhas nas mãos como punição por crimes sérios ao mesmo tempo que não lidam com os problemas de desemprego, moradia, educação e aculturação de milhões de refugiados que a França continua a aceitar em nome do multiculturalismo.

As raízes destes protestos estão nas mesmas áreas aonde o antissemitismo desenfreado reina e putrefaz.

O legislador judeu Mayer Habib disse no sábado que “isso parece uma Intifada no coração da França”. “A França está em chamas, com 249 policiais feridos. Nada, nem mesmo a morte dramática de um jovem justifica esse caos.”

Segundo Habib, “nessas áreas perdidas da república, por anos houve um crescimento imperturbável do ódio à França, aos brancos e aos judeus”. E ele tem razão.

Vamos comparar esta reação com os assassinatos de judeus na França. Ilan Halimi, um judeu de 23 anos, foi sequestrado por uma gangue de muçulmanos em 2006 em Paris. Ele ficou 3 semanas cativo quando foi torturado impiedosamente, e acabou morrendo dos seus ferimentos. Nenhum dos 19 envolvidos recebeu uma pena igual ou maior que a pedida pela promotoria apesar da barbaridade do crime.

Em março de 2012 tivemos os piores ataques contra uma comunidade judaica na França. Um criminoso de origem argelina criado em Toulouse abriu fogo contra uma escola judaica Ozar Hatorah matando o rabino e três crianças e ferindo outras. O pior é que ele próprio filmou os ataques usando uma câmera no corpo. Ele se filmou indo atras da menina Mirian Monsonego de 8 anos de idade, agarrando-a pelos cabelos e levantando a arma para matá-la. Quando a arma emperrou, ele pegou um revólver calibre 45 e atirou na cabeça da menina a queima roupa.

Em janeiro de 2015 tivemos, em paralelo ao ataque ao jornal Charlie Hebdo, o ataque ao supermercado kosher de Paris, o Hypercasher, aonde 4 reféns judeus foram mortos pelo terrorista.

Em 2017, Sarah Halimi, uma médica e professora judia de 65 anos, foi assassinada em seu apartamento por um homem que gritava "Allahu Akbar" enquanto a atacava. Sarah foi espancada por 20 minutos, teve todas as costelas quebradas, enquanto 20 policiais esperavam atras da porta do seu apartamento que o atacante muçulmano parasse o ataque. Eles só entraram no apartamento depois que o corpo de Halimi foi jogado do terceiro andar. O assassino dela está livre porque argumentou que estava sob o efeito da maconha quando cometeu o crime. Inacreditável!

Milhares saíram em solidariedade, numa manifestação quieta e digna. Ninguém se revoltou ou queimou nada”.

Infelizmente a França se perdeu. Durante a segunda grande guerra Paris de declarou uma cidade aberta para que Hitler não a bombardeasse, destruindo sua arquitetura, seus museus, sua história. Mas hoje, a França abriga e alimenta a um custo enorme uma população que só promove o ódio ao pais, aos seus valores, não respeita suas leis e se acha com direito a tudo.

Há 50-60 anos abrir as portas para uma imigração controlada poderia ter sido uma boa ideia para combater a falta de crescimento demográfico, trazer uma certa diversidade e revitalizar o país. Mas não foi isso que a França ou o resto da Europa fizeram. E hoje estão pagando o preço.

E em meio a este tumulto, o que preocupa as autoridades da França é o crescimento dos partidos de direita. Macron e seu governo não se deram ainda conta de que o povo francês está farto de tudo isso. Ele quer uma imigração regrada, quer acabar com o esbanjamento de seus fundos de pensão, quer paz e ordem.

O experimento deu errado. Vamos voltar aos princípios que fizeram a Europa e a França darem certo, por todos estes séculos.