Sunday, March 21, 2021

A Hipocrisia Sem-Fim da ONU - 21/03/2021

Além da aflição com as noticias do Covid-19, esta semana as famílias judias estão ocupadas com a limpeza da casa para o Pessach, a Páscoa judaica. Alguém sabiamente me enviou a pergunta: como podemos comemorar a saída do Egito se não podemos nem sair de casa?

Realmente. Este ano, mais que o anterior vamos ter que cavar a alegria e a esperança do fundo dos nossos corações.

Nesta semana, o presidente americano Joe Biden, decidiu insultar o presidente da Rússia, Vladimir Putin, de uma maneira que pareceu gratuita. Quando perguntado pela ABC numa entrevista se ele achava que Putin era um assassino, ele disse que sim, e que iria pagar caro pela suposta intromissão da Rússia nas eleições americanas.

Putin imediatamente mandou chamar o embaixador russo de volta e retrucou em um programa de televisão que é preciso um (assassino) para reconhecer outro.

Nunca as relações entre os Estados Unidos e a Rússia estiveram tão baixas desde o fim da Guerra Fria. E a verdade é que nunca uma acusação destas foi feita por um presidente americano sobre outro chefe de Estado. E Biden quer impor mais sanções contra o Kremlin.

O que é preocupante aqui, não é tanto o balé das duas potências, mas como isso irá afetar Israel no processo. Para punir os Estados Unidos, Putin pode resolver não mais estender sua cooperação nas incursões de Israel na Síria contra milícias iranianas. A Rússia tem tido um papel vital para Israel, já que os russos mantêm uma base na Síria e manejam as baterias antiaéreas. A Rússia também age como intermediário entre Israel e a Síria e o Líbano.

E isso é importante num momento em que a própria ONU pede o desarmamento da Hezbollah. Nesta última quinta-feira, numa reunião fechada do Conselho de Segurança, o Secretário-geral Antonio Guterres declarou que a Hezbollah precisa ser desarmada e que as forças da paz da ONU precisam ter acesso aos túneis que ela construiu ao longo da fronteira com Israel. Em 2018, Israel descobriu seis túneis que atravessavam a fronteira entre o Líbano e Israel, mas a Hezbollah proibiu a UNIFIL acesso aos locais. Guterres também notou que não são apenas os tuneis, mas a falta de acesso previne às forças da ONU patrulharem a fronteira.

Guterres citou as declarações de Nasrallah, chefe da Hezbollah, em que ele afirma ter mais de 13 mil mísseis apontados para Israel, muitos instalados no meio da população civil. E isso é uma violação da Resolução 1701, que  regula o cessar-fogo entre o Líbano e Israel desde a guerra de 2006.

Sem dúvida, o entendimento do Conselho de Segurança da ONU é que Israel é um alvo constante da Hezbollah e dos seus comandantes em Teerã. Por este entendimento, Israel teria o direito de se defender, se atacada, certo? Não.

Amanhã o Conselho de Direitos Humanos da ONU estará votando pela quarta vez uma resolução para impor um embargo de armas contra Israel pelo temor (vejam bem, não evidências) que elas possam ser usadas em violações de direitos humanos.

Só que neste ano a votação tem um significado diferente. Isto porque Israel recebeu uma carta da promotora-chefe do Tribunal Penal Internacional Fatou Bensouda, formalmente notificando o país da abertura de uma investigação sobre crimes de guerra e dando a Israel 30 dias para responder. Israel agora tem que decidir se responde e engaja o Tribunal ou se o ignora.

Engajar o Tribunal daria a Israel a possibilidade de ter uma voz no processo. Mas como vimos no passado, a parcialidade contra o estado judeu impera. O próprio juiz Richard Goldstone, que tem filhos que moram em Israel, não conseguiu resistir à pressão e declarou Israel culpada de crimes de guerra em sua resposta a milhares de mísseis enviados de Gaza sobre sua população civil. O que podemos esperar de um promotor muçulmano, Karim Ahmad Khan, que está substituindo Bensouda em Junho?

Vamos deixar claro que o palestinos só concordaram a se submeter ao tribunal a partir do dia 13 de junho de 2014, um dia depois que os três meninos israelenses, Naftali Fraenkel, Gilad Shaer e Eyal Yifrah foram covardemente sequestrados e mortos por palestinos de Hevron. Assim, a Autoridade Palestina não dá qualquer direito ao tribunal de investigar o sequestro e assassinato, somente a reação de Israel a eles.

Se Israel decidir boicotar o Tribunal para não dar legitimidade à um processo falho desde o principio,  ela corre o risco de ter uma sentença contra seus oficiais e políticos que poderá proibi-los de viajar para o exterior, colocando-os na lista da Interpol de criminosos de guerra.

Mas a briga está somente começando. Várias ONGs e advogados ainda podem submeter suas objeções e a maior delas é que o Tribunal não tem jurisdição sobre Israel e não pode aceitar jurisdição da Autoridade Palestina já que seus próprios regulamentos limita o Tribunal a Estados soberanos. Israel não é membro e a Autoridade não é um Estado de acordo com a lei internacional. Mas de qualquer forma é muito preocupante para os valorosos soldados de Israel que vão além do que é requerido para poupar a vida de inocentes civis palestinos, exatamente o contrário que procura o outro lado.

Quanto à votação de amanhã no Conselho de Direitos Humanos, ela vai ocorrer no Mandato do Item 7 da Agenda que é única contra um só país: Israel. Israel é o único país que tem uma agenda própria que a cada ano a condena em umas 20 resoluções.

A Alta Comissária do Conselho, Michele Bachelet disse que ela tem três relatórios de atividades de Israel contra palestinos no período de novembro 2019 a outubro de 2020 que inclui o desproporcional ou desnecessário uso de força. Nada sobre as persistentes tentativas de esfaqueamento de israelenses, sobre a incitação da Autoridade Palestina em seus discursos, na mídia oficial, nos livros escolares.

E este ano, com o objetivo de tentar a aprovação ocidental e europeia, o texto que pede o embargo de armas contra Israel foi transferido para votação para o item 2 da agenda, incorporando outra resolução anual sobre alegações gerais de abusos de direitos humanos israelenses contra os palestinos. Assim, um embargo de armas contra Israel pode ser aprovado também pela porta de trás.

Este não é o único fórum onde tais textos são passados. A Assembleia Geral também aprova cerca de 20 resoluções contra Israel anualmente. É o maior número de resoluções da ONU condenando um único país.

Vale a pena notar a hipocrisia deste Conselho de Direitos Humanos considerou nesta sessão as violações dos direitos humanos em somente seis outros países - Coréia do Norte, Mianmar, Nicarágua, Sudão do Sul, Irã e Síria - e em cada caso, o assunto é tratado apenas uma vez e somente uma resolução é passada, não 20. E cadê a China? A China não está nem na lista, apesar de ter mais de um milhão de Uigurs em campos de reeducação e de praticar a esterilização das mulheres, de ter violado os acordos sobre Hong Kong, de estar ameaçando Taiwan, de ter cometido transferência de população no Tibet e provocado a maior pandemia que o mundo já viu. Como alguém pode dar qualquer credibilidade a este Conselho ou à ONU como um todo. Como pode esta organização corrupta declarar um país em perigo de um lado e por outro pedir um embargo de armas contra ele? Isto mostra o quanto a ONU está obsoleta, inchada, fazendo declarações e tomando decisões contraditórias para apaziguar ditadorezinhos, como o Sr. Abbas.

Vamos esperar que o Brasil, que é um dos 14 estados do Conselho de Direitos Humanos, não se deixe levar como gado e votar contra Israel.  Ainda há tempo de deixarmos o Ministério das Relações Exteriores saber como o povo brasileiro quer votar.

Esta é a minha opinião de hoje. Nas próximas duas semanas será Pessach. Nesta época de lockdowns e solidão, gostaria de recomendar aos ouvintes aproveitarem a festa, seja Pessach ou a Pascoa cristã, para ligarem para um parente, um amigo, um vizinho, um colega ou mesmo só um conhecido que pode estar sozinho. Ninguém sabe o bem que uma ligação desta pode fazer a alguém, de saber que há pessoas pensando nele ou nela.

Um Chag Kosher Kasher ve Sameach a todos e até a volta!