Sunday, June 27, 2021

O Assassinato de Nizar Banat e a Recompensa Americana aos Palestinos - 27/06/21

 Em relação ao Oriente Médio, mas cedo do que tarde estamos voltando à estaca zero com Joe Biden.

Na semana passada, Nizar Banat, um ativista anti-corrupção e um crítico de Mahmoud Abbas, de 44 anos, foi espancado até a morte em sua casa, às 3:30 da manhã. Parentes de Banat descreveram como 25 oficiais da polícia de segurança palestina bateram nele com bastões, cacetetes e outros objetos enquanto ele ainda estava na cama.

Alguns palestinos compararam sua morte ao assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, no consulado saudita em Istambul em 2018 por agentes do governo saudita.

A morte de Banat desencadeou uma onda de protestos que acusaram a AP de “assassinar” o ativista. Em fotos gráficas que surgiram nas redes sociais, Banat parecia ter muitos hematomas em seu corpo.

Durante uma manifestação organizada por grupos de jovens em Ramallah, os manifestantes gritaram palavras de ordem pedindo a remoção de Abbas do cargo de presidente. Os policiais da AP usaram gás lacrimogêneo e cassetetes para dispersar os manifestantes e evitar que se aproximassem de seu quartel-general.

Desde a decisão de Abbas, no final de abril, de cancelar as eleições parlamentares e presidenciais que deveriam ocorrer neste mês, as forças de segurança da AP prenderam dezenas de ativistas políticos e de mídia social.

Muitos dos detidos foram acusados ​​de afiliação ao Hamas ou com Mohammed Dahlan, um arquirrival de Abbas que mora nos Emirados Árabes Unidos. Outros foram acusados ​​de “insultar” Abbas e outras figuras da liderança palestina na mídia social. A morte de Nizar Banat é uma mensagem para outros ativistas se preocuparem com suas vidas e levarem ameaças a sério.

Por seu lado, os ativistas culparam os Estados Unidos, a União Européia e organizações internacionais de fecharem os olhos para os abusos de direitos humanos cometidos pela Autoridade Palestina. Nadia Harhash, analista política palestina escreveu que “é interessante e preocupante, que a repressão sem precedentes da Autoridade Palestina tenha começado imediatamente após a visita do Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken a Ramallah no mês passado”. “Blinken foi citado como tendo dito que a nova administração Biden quer empoderar a Autoridade Palestina. Se empoderamento significa prender e matar ativistas políticos, então os EUA são definitivamente cúmplices dos crimes das forças de segurança palestinas”.

No ano passado, pessoas não identificadas atearam fogo no carro de Harhash no leste de Jerusalém. Ela disse que o ataque se deveu às suas críticas ao governo de Abbas, especialmente em relação à pandemia do coronavírus.

Numa entrevista ao Jerusalem Post, Harhash disse que para ela “o governo americano deu a luz verde à Abbas para aumentar seu controle sobre a população palestina”. “Nesse caso, controle significa o que acabamos de ver com Nizar Banat. Pode ir tão longe quanto matar pessoas, e não apenas prendê-las.”

É evidente que este apoio americano saiu pela culatra, minando ainda mais a credibilidade da liderança palestina para com o povo. “Se eles acham que o fortalecimento da AP irá enfraquecer o Hamas, os americanos estão cometendo um grande erro”, ela acrescentou. “O descontentamento generalizado com a Autoridade Palestina não tem nada a ver com o Hamas. É o resultado de uma corrupção galopante e de ataques às liberdades pessoais. Não existe um estado de direito; as pessoas não se sentem seguras e protegidas sob a AP. Estas ações repressivas só estão alimentando a raiva nas ruas”.

Harhash disse que Mahmoud Abbas, só anunciou sua decisão no início deste ano de realizar eleições porque estava buscando legitimidade para o governo dos EUA retomar a ajuda financeira à liderança da AP.

“Mas quando Abbas cancelou as eleições, os EUA, em vez de repreendê-lo, mandaram dinheiro a ele como recompensa”, disse ela. “A ação dos EUA foi um erro e enviou uma mensagem errada à liderança palestina - que Abbas não precisa mais obter legitimidade dos palestinos porque já garantiu ajuda financeira incondicional dos EUA. Agora os líderes palestinos se sentem livres para perseguir qualquer um que fale contra eles”. Ela ainda disse que “o assassinato de Banat teve como objetivo enviar um aviso a pessoas como eu de que devemos manter nossas bocas fechadas em face deste regime corrupto, totalitário e criminoso apoiado pelos EUA.”

Claro que a morte de Banat não passou em branco mas tampouco houveram condenações tampouco. O porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, disse: "Exortamos a Autoridade Palestina a conduzir uma investigação completa e transparente e a garantir total responsabilização neste caso.”

A União Europeia tuitou: "Chocados e entristecidos pela morte do ativista e ex-candidato ao Legislativo Nizar Banat… Uma investigação completa, independente e transparente deve ser conduzida imediatamente."

O Coordenador Especial das Nações Unidas para o Processo de Paz no Oriente Médio, Tor Wennesland, tuitou: "Alarmado e triste com a morte do ativista, ex-candidato a parlamentar, Nizar Banat. Apelo para uma investigação rápida, independente e transparente. Os perpetradores devem ser levados à justiça." Piada, não? Não precisam olhar mais longe que seu menino de ouro Mahmoud Abbas. E é com este criminoso que o mundo quer que Israel assine um acordo de paz e entregue a ele todos os territórios históricos de Israel: a Judeia, a Samaria e metade de Jerusalém.

Biden trouxe de volta todos os esqueletos empoeirados e falhos das negociações passadas. De repente a frase “solução de dois estados” voltou ao primeiro plano das prioridades políticas americanas e do resto do mundo. Mas será que vemos alguém considerar que esta “solução de dois estados”, além de ser um slogan inútil, usado da boca para fora pelos politicamente corretos, pode ser mesmo colocada em prática?

Na recente conferência anual da J Street que ocorreu em abril, o mantra “dois estados” figurou entre as prioridades dos participantes. Mahmoud Abbas, que foi o orador principal da conferência, disse acreditar na “solução de dois estados com base nas fronteiras anteriores a junho de 1967 com Jerusalém Oriental como capital”. A presidente da Câmara americana Nancy Pelosi e o líder da maioria do Senado Chuck Schumer, repetiram o mantra.

E como no passado, a frase está novamente sendo usada como uma forma de acordo coletivo. Como único remédio para a disputa entre Israel e os palestinos! Um remédio que não tem qualquer relação com a história, as implicações práticas e a viabilidade de implementação.

Está sendo repetida pelos que estão fora da disputa, estabelecendo todos os territórios liberados em 1967 como ponto de partida para a negociação, dando uma vantagem atroz aos palestinos. O fato é que esta “solução”, nunca foi aceita ou acordada nem por Israel, nem pelos palestinos. O status permanente dos territórios, conforme os Acordos de Oslo, continua a ser uma questão de negociação em aberto. Esta narrativa nada mais é que uma tentativa de antecipar o resultado desse processo de negociação a favor dos palestinos.

Os Acordos de Oslo de 1993 continuam sendo a única base legal, válida internacionalmente para o processo de negociação de paz entre israelenses e palestinos. Em nenhum lugar destes acordos está mencionado o resultado ou qual será o status permanente, seja de um, dois ou três estados; uma federação, confederação ou qualquer outra coisa. Tudo isso foi deixado para as partes negociarem em boa fé. E isso hoje é impossível com este criminoso Abbas.

De acordo com Oslo, qualquer solução será alcançada por acordo e não pela imposição de uma ou outra solução, ou pela fixação prévia do resultado ou por meio das declarações simplistas de políticos oportunistas ignorantes que expressam o que eles acham deva ser a solução, por mais bem ou mal -intencionados que sejam.

 

Sunday, June 20, 2021

O Novo Líder Assassino do Irã - 20/06/2021

 Ontem o Irã elegeu um novo presidente. Ebrahim Raisi, um juiz que está na lista das pessoas alvos de sanções americanas por abusos de  direitos humanos. Sua eleição não foi nenhuma surpresa já que os candidatos precisam ser aprovados pelos clérigos e eles precisam de um pulso forte para lidar com a insatisfação popular com a economia e restrições políticas.

A mídia internacional em peso tem descrito Raisi como um “linha-dura” ou “ultraconservador”. Mas com raras exceções, nenhum dos veículos explica o que quer dizer com “linha-dura”.

A BBC intitulou sua matéria de ontem sobre as eleições dizendo “O linha-dura Raisi será o presidente”. Neste artigo, o canal inglês descreveu como - “a linha dura do Irã buscará reforçar um sistema puritano de governo islâmico, possivelmente significando mais controles sobre as atividades sociais, menos liberdades, menos empregos para as mulheres e um controle mais rígido da mídia social e da imprensa. Os linha-dura suspeitam do Ocidente, mas tanto Raisi quanto o Líder Supremo Khamenei são a favor de um retorno a um acordo internacional sobre a atividade nuclear do Irã ”.

A CNN também chamou Raisi de “linha dura” mas adicionou o termo "ultraconservador". O artigo observou que “De 2018 em diante, [o ex-presidente Donald] Trump desencadeou uma torrente de sanções que paralisou a economia do Irã e encorajou os linha-dura. A pequena janela de oportunidade concedida pela classe religiosa ao governo moderado do presidente Rouhani para se envolver com os EUA e a Europa começou a se fechar rapidamente. Trump provou que o ceticismo da linha dura sobre o Ocidente estava correto, disseram os conservadores do Irã repetidamente. ”

A inteligência amebiana da CNN não consegue ver que o Irã elegeu o suposto moderado Rouhani para ele conseguir o fim das sanções para que os clérigos iranianos pudessem então ter todo o dinheiro e meios para a bomba nuclear e então dar total vazão ao seu radicalismo. Com Trump, Rouhani não conseguiu seu objetivo. E com o Supremo Líder Ali Khamenei cada vez mais velho e precisando de um sucessor, chegou a hora de posicionar alguém que siga sua cartilha terrorista.

Segundo a France24, Raisi é um “ultraconservador” que está substituindo o atual “reformista” presidente Hassan Rouhani. Sob Rouhani, as mulheres foram perseguidas por não cobrirem os cabelos, por protestar e por outras ofensas menores. O conhecido campeão mundial de luta greco-romana Navid Afkari foi executado por ter participado nos protestos pacíficos contra a situação econômica do Irã em 2018. Ele foi enforcado durante a noite. Seus dois irmãos foram também condenados e sofrem torturas na prisão. A família inteira foi duramente surrada por agentes do governo antes das eleições.  E tudo isso aconteceu sob a suposta liderança de "reforma" de Rouhani. Turistas estrangeiros foram sequestrados e mantidos na prisão falsamente acusados de “espionagem”. Jornalistas e dissidentes foram caçados no exterior.

Com o termo “linha dura” cimentado como o único termo normativo que pode ser usado para descrever Raisi, vale a pena imaginar o que mais está acontecendo.

Mas de verdade, existe alguma diferença entre o regime islâmico sob os “linha-dura” e os “reformadores”?

O Irã permite alguma diversidade de pensamento e  é certamente mais aberto do que os regimes que apóia em Damasco e os bandidos da Hezbollah e dos Houthis bem como as milícias no Iraque.  É também um pouco mais aberta que a mídia totalmente totalitária da Turquia, onde críticas ao presidente Erdogan podem levar pessoas à prisão.

No entanto, Raisi tem tudo para ser ainda pior do que o Irã viu no passado. Em 19 de junho, a Anistia Internacional e a Human Rights Watch disseram que “a eleição de Ebrahim Raisi como novo presidente do Irã foi um golpe para os direitos humanos e pediram que ele fosse investigado por seu papel no que Washington e grupos de direitos humanos chamaram de execuções extrajudiciais de milhares de presos políticos em 1988 ”, segundo a Reuters.

Parece que Raisi não é apenas um “linha-dura” ou “conservador”, mas foi responsável por assassinatos em massa. Isso o colocaria no mesmo nível de outros líderes assassinos do regime. Acusações de crimes contra a humanidade não são comuns para um governante de um país.

A Anistia observou que, "em 2018, a nossa organização documentou como Ebrahim Raisi tinha sido membro da‘ comissão da morte ’que fez desaparecer e executou extrajudicialmente em segredo milhares de dissidentes políticos nas prisões de Evin e Gohardasht perto de Teerã em 1988." Isso soa muito mais do que apenas "linha dura".

A RAZÃO em que o termo “linha dura” foi inventado foi em grande parte como um contraste para as narrativas no Ocidente. Os países ocidentais precisavam do regime iraniano extremista de extrema direita que enforca pessoas inocentes para ter um lado bom, então “reformistas” foram conjurados.

Então, disse-se que os “linha-dura” se opuseram a eles. Mas a realidade era que o regime do Irã, comandado pelo aiatolá Khamenei e a Guarda Revolucionaria, já era um dos regimes mais extremistas do mundo.

Mas os governos ocidentais queriam fazer um acordo com o Irã antes mesmo do JCPOA de 2015. Para fazer isso, uma narrativa foi criada - por meio de grupos de foco e vários grupos de lobby que eram próximos a governos e mídia - para divulgar narrativas sobre o chamado "Acordo do Irã" e a necessidade de "capacitar os moderados".

Isso criou uma narrativa de que qualquer pessoa que se opusesse ao acordo com o Irã estava "fortalecendo a linha dura" ao não dar ao regime iraniano tudo o que ele queria.

Não importava se o Irã estava prendendo pessoas e lhes dando "chicotadas" para videoclipes ou sequestrando turistas ocidentais e os acusando falsamente de espionagem para usá-los como reféns - o regime tinha "moderados" que eram melhor que os "linha-dura".

Durante a era Trump, a narrativa funcionou para retratar o presidente americano como um "fortalecedor da linha dura". Quando o governo Biden assumiu o cargo, houve tentativas de argumentar que o governo deveria voltar ao acordo com o Irã ou os “linha-dura” poderiam ganhar as eleições de junho. Agora vimos as “eleições” nas quais basicamente apenas os “linha-dura” foram autorizados a concorrer.

É lógico que o Irã tem “linha-dura” da mesma forma que outros países. O Irã não existe na lua; suas políticas estão ligadas às do Iraque, Líbano e o resto da região. Pode ser a única teocracia xiita, mas sua versão do Islã político não é diferente daquela dos que apoiam a Irmandade Muçulmana que dirige por exemplo a Turquia.

Os aliados regionais do Irã como o presidente da Síria Bashar al-Assad e o grupo terrorista Hamas, deram as boas-vindas à eleição de Raisi. Até Vladimir Putin ligou para congratulá-lo. A Secretária Geral da Anistia Internacional declarou que sua vitória é um “lembrete sombrio de que a impunidade reina suprema no Irã”.  

Raisi usa o turbante preto como sinal de que ele supostamente é descendente de Maomé, igual a Khamenei. Ele está aí para ficar pelo menos 2 termos e depois ou mesmo antes, tomar a liderança como líder Supremo no lugar de Khamenei.

O que não está claro é se o termo "linha dura" é suficiente para descrever um homem como Raisi, que será o primeiro líder de um país a ser procurado por crimes contra a humanidade antes mesmo de assumir o cargo.

Sunday, June 6, 2021

A Recompensa Americana à Inflexibilidade Palestina - 06/06/2021

 Há duas semanas, o Secretário de Estado Antony Blinken anunciou que a administração Biden irá pedir ao Congresso 75 milhões de dólares em ajuda aos palestinos além de reabrir o Consulado americano em Jerusalém – que no passado servia como uma embaixada de fato, para as relações entre os Estados Unidos e os Palestinos. Ambas as decisões mandam uma péssima mensagem.

Em primeiro lugar, esse tipo de oferta mostra não só para os palestinos, mas para qualquer líder que abusa seu próprio povo e seus vizinhos, que os Estados Unidos estão prontos a fechar os olhos para este tipo de conduta. E isso inclui Vladimir Putin da Rússia com a Criméia, Xi Jinping da China com o Tibet e o "Guia Supremo" Ali Khamenei do Irã, com o qual Biden está louco para reatar o acordo nuclear. Nenhuma oferta americana similar foi feita para Israel, que gastou dezenas de milhões de dólares para proteger seus civis ou para sua reconstrução que inclui casas destruídas e milhares de quilómetros de agricultura queimados.

Uma das razões dadas pelo Hamas para começar a última guerra com Israel, foi o cancelamento das eleições palestinas por Abbas que deveriam ter ocorrido em maio e julho. Não vamos esquecer que Abbas foi eleito em 2005 para 4 anos e já está no cargo há 16. Aparentemente ele comunga com a filosofia do presidente da Turkia, Recip Erdogan, que declarou que a democracia é como um trem. Você pula dele quando chega ao destino.

Mas o verdadeiro motivo do cancelamento das eleições palestinas foi que todas as pesquisas apontavam para outra vitória do Hamas. O Hamas venceu a última eleição parlamentar em 2006 devido à frustração dos palestinos com a desenfreada corrupção política, administrativa e econômica na Fatah, a facção dominante da AP de Abbas.

O que o governo Biden está fazendo com os milhões de dólares e a reabertura do consulado americano– é vergonhosamente recompensar Abbas por sua política inflexível com relação à Israel, sua insistência em gastar a ajuda estrangeira com salários nababescos aos terroristas, por prender jornalistas, críticos dele na mídia social e opositores políticos. Enfim, por agir como um ditadorzinho miserável que ele é. Ao enviar o ministro das relações exteriores americano, o mais alto diplomata em qualquer governo, para se encontrar com Abbas em Ramallah, o governo Biden está dando legitimidade a um líder que governa mal seu próprio povo, que o incita à violência e que não tem a menor intenção de preparar seus cidadãos para a paz; que não se preocupa nem com os direitos humanos nem com governar responsavelmente.

O absurdo foi que na véspera da visita de Blinken a Ramallah, as forças de segurança de Abbas prenderam vários ativistas políticos palestinos sob a alegação deles terem "insultado" altos funcionários palestinos em várias plataformas de mídia social ou durante comícios na Judeia e Samaria. O proverbial “desacato à otoridade”. Lá também tem estas coisas.

Abbas culpou Israel pelo adiamento das eleições dizendo que ela estaria “dificultando a votação” ao fazer, imaginem só, "ataques" contra a mesquita de al-Aqsa em Jerusalém. Só um palestino mesmo para relacionar uma coisa com a outra.

Na verdade, foi o veneno derramado por Abbas contra Israel, para alcançar seus próprios fins políticos, que acabou provocando a violência dos palestinos contra judeus em Jerusalém. E continuando o circo do absurdo, Abbas ameaçou processar Israel por “crimes de guerra” por ela ter respondido aos mais de 4.300 mísseis do Hamas, Jihad Islâmico e do Irã, lançados contra sua população civil. Este é o mesmo Abbas que diz para Blinken que está comprometido com o processo de paz com Israel e que quer processar o estado judeu por se defender dos milhares de mísseis que ele não se atreveu condenar.

O Hamas lançou sua recente guerra contra Israel, como parte de sua campanha para "libertar Jerusalém e a Mesquita de al-Aqsa do inimigo sionista". O Hamas até chamou sua guerra de "Espada de Jerusalém".  Mas a verdadeira razão da guerra, foi para o Hamas alcançar o poder que esperava através das eleições, antes delas serem canceladas. O Hamas quis mostrar que ele é o grupo forte e que Abbas só fica no poder porque Israel o protege.

Ao atacar Israel e Jerusalém no primeiro dia, o Hamas declarou que os judeus não têm direito sobre Jerusalém; que é uma cidade exclusivamente árabe e muçulmana, e que apenas o Hamas pode libertá-la. O Hamas também possivelmente queria mostrar ao mundo que, ao contrário do que afirma Israel, Jerusalém não é uma cidade unida onde árabes e judeus vivem juntos.

A realidade, gostemos ou não, é que o Hamas conseguiu um pouco dos dois. A ilusão da união que existia entre árabes e judeus trabalhando juntos, morando lado a lado, se desfez quando arruaceiros árabes saíram para linchar judeus e judeus retaliaram.

E apesar de Jerusalém continuar sob a soberania de Israel, com a mudança do governo e a partida de Netanyahu nesta quarta-feira, e em face da ameaça do líder do Hamas, Yahya Sinwar, o novo governo de esquerda, está ponderando se autoriza ou não a tradicional parada das bandeiras na quinta-feira quando milhares de jovens israelenses andam na cidade velha com bandeiras de Israel. O cancelamento da parada seria um verdadeiro desastre: uma capitulação de Israel ao Hamas.

O que a esquerda americana ainda se recusa a entender e a retornar os Estados Unidos para a formula ineficaz e perdedora de Obama, é que o Hamas e a AP querem o mesmo resultado: a destruição de Israel e sua substituição por um estado islâmico. Eles apenas divergem sobre como chegar lá. Abbas preferiria que grupos internacionais declarassem um Estado da Palestina, que poderia então, se necessário, ser usado como plataforma de lançamento para conquistar o resto do território; O Hamas, de acordo com seu estatuto, prefere tomar o território pela força, por meio do jihad. Nem um nem outro têm o menor interesse em qualquer tipo de paz com Israel.

Agora vem Blinken e anuncia a reabertura do consulado em Jerusalém. Porque não em Ramallah??? Por que assim Biden está dizendo aos palestinos que os Estados Unidos não reconhecem Jerusalém como a capital unida e indivisa de Israel.

Aqui está como os palestinos entendem estes gestos: Se você dispara mais de 4.000 mísseis contra Israel, você obtém um consulado americano em Jerusalém e milhões de dólares dos contribuintes americanos. É fantástico! A opção não pode ser outra além de continuar a fazer isso!

Hoje Abbas e o Hamas estão esfregando as mãos porque, para eles, o governo Biden acaba de atingir seu objetivo de destruir o plano de paz de Trump, "Paz para a prosperidade" que foi apoiado pelos Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Arábia Saudita, Egito e Marrocos, além da Sérvia e Kosovo.

A visita de Blinken, mesmo com a melhor das intenções, foi uma grande vitória para o Irã, Hamas, Hezbollah e todos aqueles árabes e muçulmanos que se opõem ferozmente ao direito de Israel de existir e rejeitam totalmente a paz.

A decisão do governo Biden de retomar a ajuda financeira incondicional à Autoridade Palestina - e ao Irã - significa o fortalecimento das ditaduras e da corrupção para os que vivem no Oriente Médio. Abbas pode agora continuar com seu governo autocrático e medidas opressivas, incluindo privar seu povo de eleições, liberdade de expressão e justiça. As decisões da América irão encorajar o Hamas e o Jihad Islâmico provando a eles que a violência recente valeu a pena no final.

Ao recompensar Abbas, Hamas e o campo anti-normalização no mundo árabe, o governo Biden matou seu objetivo declarado de reviver o processo de paz. Demonstrou de forma decisiva que a corrupção e a ditadura compensam. Ele mostrou que o terrorismo rende - na ordem de milhões de dólares. E infelizmente, neste contexto, podemos apostar que a incitação e a violência contra Israel e israelenses irá somente piorar com um resultado tão encorajador para os palestinos.