Em relação ao Oriente Médio, mas cedo do que tarde estamos voltando à estaca zero com Joe Biden.
Na semana
passada, Nizar Banat, um ativista anti-corrupção e um crítico de Mahmoud Abbas,
de 44 anos, foi espancado até a morte em sua casa, às 3:30 da manhã. Parentes
de Banat descreveram como 25 oficiais da polícia de segurança palestina bateram
nele com bastões, cacetetes e outros objetos enquanto ele ainda estava na cama.
Alguns
palestinos compararam sua morte ao assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, no
consulado saudita em Istambul em 2018 por agentes do governo saudita.
A morte de
Banat desencadeou uma onda de protestos que acusaram a AP de “assassinar” o
ativista. Em fotos gráficas que surgiram nas redes sociais, Banat parecia ter
muitos hematomas em seu corpo.
Durante uma
manifestação organizada por grupos de jovens em Ramallah, os manifestantes
gritaram palavras de ordem pedindo a remoção de Abbas do cargo de presidente.
Os policiais da AP usaram gás lacrimogêneo e cassetetes para dispersar os
manifestantes e evitar que se aproximassem de seu quartel-general.
Desde a
decisão de Abbas, no final de abril, de cancelar as eleições parlamentares e
presidenciais que deveriam ocorrer neste mês, as forças de segurança da AP prenderam
dezenas de ativistas políticos e de mídia social.
Muitos dos
detidos foram acusados de afiliação ao Hamas ou com Mohammed Dahlan, um
arquirrival de Abbas que mora nos Emirados Árabes Unidos. Outros foram acusados
de “insultar” Abbas e outras figuras da liderança palestina na mídia social. A
morte de Nizar Banat é uma mensagem para outros ativistas se preocuparem com
suas vidas e levarem ameaças a sério.
Por seu lado,
os ativistas culparam os Estados Unidos, a União Européia e organizações
internacionais de fecharem os olhos para os abusos de direitos humanos
cometidos pela Autoridade Palestina. Nadia Harhash, analista política palestina
escreveu que “é interessante e preocupante, que a repressão sem precedentes da
Autoridade Palestina tenha começado imediatamente após a visita do Secretário
de Estado dos EUA, Antony Blinken a Ramallah no mês passado”. “Blinken foi
citado como tendo dito que a nova administração Biden quer empoderar a
Autoridade Palestina. Se empoderamento significa prender e matar ativistas
políticos, então os EUA são definitivamente cúmplices dos crimes das forças de
segurança palestinas”.
No ano
passado, pessoas não identificadas atearam fogo no carro de Harhash no leste de
Jerusalém. Ela disse que o ataque se deveu às suas críticas ao governo de Abbas,
especialmente em relação à pandemia do coronavírus.
Numa
entrevista ao Jerusalem Post, Harhash disse que para ela “o governo americano
deu a luz verde à Abbas para aumentar seu controle sobre a população palestina”.
“Nesse caso, controle significa o que acabamos de ver com Nizar Banat. Pode ir
tão longe quanto matar pessoas, e não apenas prendê-las.”
É evidente
que este apoio americano saiu pela culatra, minando ainda mais a credibilidade
da liderança palestina para com o povo. “Se eles acham que o fortalecimento da
AP irá enfraquecer o Hamas, os americanos estão cometendo um grande erro”, ela acrescentou.
“O descontentamento generalizado com a Autoridade Palestina não tem nada a ver
com o Hamas. É o resultado de uma corrupção galopante e de ataques às liberdades
pessoais. Não existe um estado de direito; as pessoas não se sentem seguras e
protegidas sob a AP. Estas ações repressivas só estão alimentando a raiva nas
ruas”.
Harhash disse
que Mahmoud Abbas, só anunciou sua decisão no início deste ano de realizar
eleições porque estava buscando legitimidade para o governo dos EUA retomar a
ajuda financeira à liderança da AP.
“Mas quando Abbas
cancelou as eleições, os EUA, em vez de repreendê-lo, mandaram dinheiro a ele
como recompensa”, disse ela. “A ação dos EUA foi um erro e enviou uma mensagem
errada à liderança palestina - que Abbas não precisa mais obter legitimidade
dos palestinos porque já garantiu ajuda financeira incondicional dos EUA. Agora
os líderes palestinos se sentem livres para perseguir qualquer um que fale
contra eles”. Ela ainda disse que “o assassinato de Banat teve como objetivo
enviar um aviso a pessoas como eu de que devemos manter nossas bocas fechadas
em face deste regime corrupto, totalitário e criminoso apoiado pelos EUA.”
Claro que a
morte de Banat não passou em branco mas tampouco houveram condenações tampouco.
O porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, disse: "Exortamos
a Autoridade Palestina a conduzir uma investigação completa e transparente e a
garantir total responsabilização neste caso.”
A União Europeia
tuitou: "Chocados e entristecidos pela morte do ativista e ex-candidato ao
Legislativo Nizar Banat… Uma investigação completa, independente e transparente
deve ser conduzida imediatamente."
O Coordenador
Especial das Nações Unidas para o Processo de Paz no Oriente Médio, Tor
Wennesland, tuitou: "Alarmado e triste com a morte do ativista,
ex-candidato a parlamentar, Nizar Banat. Apelo para uma investigação rápida,
independente e transparente. Os perpetradores devem ser levados à justiça."
Piada, não? Não precisam olhar mais longe que seu menino de ouro Mahmoud Abbas.
E é com este criminoso que o mundo quer que Israel assine um acordo de paz e
entregue a ele todos os territórios históricos de Israel: a Judeia, a Samaria e
metade de Jerusalém.
Biden trouxe
de volta todos os esqueletos empoeirados e falhos das negociações passadas. De
repente a frase “solução de dois estados” voltou ao primeiro plano das
prioridades políticas americanas e do resto do mundo. Mas será que vemos alguém
considerar que esta “solução de dois estados”, além de ser um slogan inútil,
usado da boca para fora pelos politicamente corretos, pode ser mesmo colocada
em prática?
Na recente
conferência anual da J Street que ocorreu em abril, o mantra “dois estados” figurou
entre as prioridades dos participantes. Mahmoud Abbas, que foi o orador
principal da conferência, disse acreditar na “solução de dois estados com base
nas fronteiras anteriores a junho de 1967 com Jerusalém Oriental como capital”.
A presidente da Câmara americana Nancy Pelosi e o líder da maioria do Senado Chuck
Schumer, repetiram o mantra.
E como no
passado, a frase está novamente sendo usada como uma forma de acordo coletivo.
Como único remédio para a disputa entre Israel e os palestinos! Um remédio que
não tem qualquer relação com a história, as implicações práticas e a viabilidade
de implementação.
Está sendo
repetida pelos que estão fora da disputa, estabelecendo todos os territórios liberados
em 1967 como ponto de partida para a negociação, dando uma vantagem atroz aos
palestinos. O fato é que esta “solução”, nunca foi aceita ou acordada nem por
Israel, nem pelos palestinos. O status permanente dos territórios, conforme os
Acordos de Oslo, continua a ser uma questão de negociação em aberto. Esta narrativa
nada mais é que uma tentativa de antecipar o resultado desse processo de
negociação a favor dos palestinos.
Os Acordos de
Oslo de 1993 continuam sendo a única base legal, válida internacionalmente para
o processo de negociação de paz entre israelenses e palestinos. Em nenhum lugar
destes acordos está mencionado o resultado ou qual será o status permanente,
seja de um, dois ou três estados; uma federação, confederação ou qualquer outra
coisa. Tudo isso foi deixado para as partes negociarem em boa fé. E isso hoje é
impossível com este criminoso Abbas.
De acordo com
Oslo, qualquer solução será alcançada por acordo e não pela imposição de uma ou
outra solução, ou pela fixação prévia do resultado ou por meio das declarações
simplistas de políticos oportunistas ignorantes que expressam o que eles acham
deva ser a solução, por mais bem ou mal -intencionados que sejam.