Há 55 anos, no terceiro dia da guerra dos seis dias, Israel conseguiu rechaçar as forças de ocupação jordanianas e libertou a cidade velha de Jerusalem, reunificando a cidade santa pela primeira vez em 19 anos e colocando-a sob um governo judaico pela primeira vez em 2 mil anos.
Hoje
Israel comemora o Yom Yerushalayim, o aniversário da data hebraica em que soldados
do Tsahal clamaram pelos rádios, Har Habayit Biyadenu! O Monte do Templo está
em nossas mãos! Os dois mil anos de exílio, perseguições, preces, lágrimas e a ânsia
por Jerusalem terminaram naquele minuto único. Estávamos de volta, tocando as
mesmas pedras colocadas em seu lugar por nossos antepassados. Fisicamente, o Estado de Israel foi
estabelecido em 1948 mas espiritualmente, ele nasceu em 1967.
Ninguém
pode negar a magnitude desta reunificação. Deus nos deu o maior presente no
final da guerra mais curta e milagrosa que Israel e o mundo já testemunharam. A guerra dos seis dias foi tão
revolucionária e transformadora que, em muitos aspectos, foi mais importante do que 1948.
Vamos
recapitular um pouco da história. Em 1947, o mundo votou na ONU pela partilha
do que tinha sobrado da Palestina, depois que os ingleses deram 77% do território
para a família saudita dos hashemitas para formarem seu próprio reinado. Dos 23%
que sobraram, a partilha da ONU concedia 44% das terras ao estado árabe,
incluindo todas as fontes de água e 1/3 da costa. 56% das terras designada ao
Estado judeu era composto de 3 planícies (do Sharon, do Vale de Jezrel e o
norte do Vale do Jordão). O resto era o deserto do Negev, uma região completamente
não apropriada para a agricultura ou desenvolvimento urbano na época. Jerusalem
ficaria internacionalizada. Mesmo assim, os judeus aceitaram estes 11.5% nestas
condições para terem seu estado.
Na
verdade o estado já existia. Na data da independência, Tel Aviv e os maiores
kibbutzim tinham mais de 30 anos. O Hospital Shaare Zedek já existia há mais de
45 anos. A Universidade Hebraica de Jerusalem, o Technion, e outras
instituições de alto ensino já tinham mais de 30 anos. Estações de tratamento
de água e eletricidade operavam há mais de 25 anos. Esta votação ocorreu somente
para acalmar a consciência do mundo após os horrores
do Holocausto e, além disso, resolvia a feia questão dos indesejados refugiados
judeus.
Os
árabes não aceitaram e se prepararam para jogar os judeus ao mar. Eles não
conseguiram. Tentaram novamente em 1956, e outra vez em 1967, e foram
derrotados. O que eles não conseguem aceitar é que perder guerras têm consequências.
Em 1967, os
judeus voltaram ao corredor bíblico – para a faixa de terra que passa
pelo coração de Israel e pelo coração da história judaica. Ela vai de Shechem ao norte, passa por Jerusalém, curva-se em direção a Beit Lechem e Hevron e finalmente chega em Be’er Sheva no sul. A história judaica, narrada no livro de Gênesis, surgiu nestas terras e hoje,
longe de serem assentadores estrangeiros, os judeus voltaram
a viver nas províncias da história judaica
original.
Uma
das maiores transformações trazidas pela Guerra dos Seis Dias e a libertação de
Jerusalem, foi sobre a imigração. Até 67 a maioria dos judeus imigravam para
Israel numa aliá de aflição – fugindo da
perseguição na
Europa e nos países árabes. Depois de 1967 - o efeito magnetizante de Yerushalayim, bem como a constante
melhoria econômica de Israel acordaram
os judeus de todo o mundo para a aliá
de escolha, ouvindo o chamado da terra pedindo o retorno de seus filhos.
Outra
transformação importante ocorreu no plano internacional. Antes de 1967, Israel era um pária diplomático. Apesar do amplo apoio
concedido a Israel durante na ONU nos anos 40, Israel logo mergulhou no isolamento diplomático.
Grande parte do terceiro mundo estava alinhado com os interesses árabes e o
grande bloco comunista que dominava a Europa, China e partes da América Latina que rotineiramente demonstravam
hostilidade diplomática em relação a Israel. Até
1967, com muitas poucas exceções, Israel estava sozinha para se defender de um
lado do rio, contra o mundo inteiro que estava do outro lado. Depois da
vitória de 1967 a posição de Israel entre as nações se transformou e só então os Estados Unidos
começaram a fornecer armamento para Israel.
Um
renascimento religioso judaico também começou em 67. As cenas lendárias de
soldados israelenses tocando o shofar em pé no recém-libertado Kotel
galvanizaram um povo inteiro. Testemunhar a intervenção explícita de D'us no
processo histórico levou os judeus à uma reaproximação em massa das tradições e
leis judaicas. Nos últimos 50 anos, Israel se tornou o epicentro do estudo da
Torá. Além dos avanços na observância da Torá e halachah, Israel também
testemunhou um renascimento do “tradicionalismo” entre a maioria dos judeus
israelenses que se identificam como “masorti” ou tradicionais. Eles podem não
aderir aos rígidos regulamentos da halachah, mas acreditam profundamente em
D'us e no porquê de terem voltado à esta terra e à sua cidade santa.
E
por tudo isso é que Israel comemora o dia de Jerusalem com uma enorme marcha de
bandeiras que passa por toda a cidade e acaba no Kotel. Mas isso, aparentemente
se tornou nos últimos anos, algo inaceitável para os muçulmanos. O Hamas
prometeu atacar Israel se a marcha acontecer. Isso colocou todo o governo de
Israel andando sobre ovos, mas ao final decidiram sabiamente autorizar a
marcha.
É inaceitável,
é ofensivo, que judeus recitem o Shemah que simplesmente diz, Escute Israel, D’us
é nosso D’us, D’us é Um. Muito próximo do que eles dizem, “La ilaha il Allah” –
Não há deus além de D’us. Ou que judeus se curvem em sinal de respeito quando
passam pelo Domo da Rocha, que fica provavelmente sobre o local dos Santo dos
Santos.
Imaginem
que isso chegou nos tribunais e no domingo passado a Corte de Jerusalém decidiu
que a simples recitação do Shemah e se curvar em respeito no Monte do Templo
não é um ato de provocação. De fato, a Suprema Corte de Israel decidiu várias
vezes a favor da oração de judeus e cristãos no Monte do Templo. O
mais absurdo disto tudo é que o rei Abdullah da Jordânia, juntamente com o
chefe da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas, condenou a decisão, alegando que
poderia “destruir o sagrado status quo”.
Sejamos
claros. Recitar versos ou curvar-se em um local sagrado não coloca ninguém em
perigo. Na verdade, esta é a forma de comportamento esperada quando se visita
um local sagrado. No entanto, aqui estão dois líderes que condenam uma decisão
que permite que as pessoas orem em paz.
Ironicamente,
quando centenas de muçulmanos encheram o Monte do Templo durante o feriado
judaico da Páscoa, jogando pedras nos judeus abaixo, nem o rei Abdullah nem
Mahmoud Abbas emitiram qualquer condenação. Como eles podem justificar e
legitimar a violência e, ao mesmo tempo, condenar a oração pacífica?
Os
muçulmanos podem se ajoelhar em direção à Meca, apontando seus traseiros para o
Domo da Rocha mas isso não é desrespeitoso. Ou andar com sapatos nos tapetes da
mesquita, levar centenas de pedras e fogos e jogar cadeiras e coquetéis molotov.
Como disse,
guerras têm consequências para quem perde e uma delas é a perda da soberania
sobre o território conquistado pelo vencedor. Israel tem que colocar um basta nesta
palhaçada. Por que todas as nações não deveriam ter a liberdade de orar no
Monte em paz?
Cinquenta
e cinco anos é muito tempo. O comportamento dos muçulmanos prova que o lugar
não é santo para eles. Assim, o Monte do Templo deve ficar sob a
responsabilidade única de Israel. Só assim poderemos ouvir novamente os sons da
santidade que emanam dele.