Sunday, May 29, 2022

A Reunificação de Jerusalem - 29/05/2022

 

Há 55 anos, no terceiro dia da guerra dos seis dias, Israel conseguiu rechaçar as forças de ocupação jordanianas e libertou a cidade velha de Jerusalem, reunificando a cidade santa pela primeira vez em 19 anos e colocando-a sob um governo judaico pela primeira vez em 2 mil anos.

Hoje Israel comemora o Yom Yerushalayim, o aniversário da data hebraica em que soldados do Tsahal clamaram pelos rádios, Har Habayit Biyadenu! O Monte do Templo está em nossas mãos! Os dois mil anos de exílio, perseguições, preces, lágrimas e a ânsia por Jerusalem terminaram naquele minuto único. Estávamos de volta, tocando as mesmas pedras colocadas em seu lugar por nossos antepassados.  Fisicamente, o Estado de Israel foi estabelecido em 1948 mas espiritualmente, ele nasceu em 1967.  

Ninguém pode negar a magnitude desta reunificação. Deus nos deu o maior presente no final da guerra mais curta e milagrosa que Israel e o mundo já testemunharam. A guerra dos seis dias foi tão revolucionária e transformadora que, em muitos aspectos, foi mais importante do que 1948.

Vamos recapitular um pouco da história. Em 1947, o mundo votou na ONU pela partilha do que tinha sobrado da Palestina, depois que os ingleses deram 77% do território para a família saudita dos hashemitas para formarem seu próprio reinado. Dos 23% que sobraram, a partilha da ONU concedia 44% das terras ao estado árabe, incluindo todas as fontes de água e 1/3 da costa. 56% das terras designada ao Estado judeu era composto de 3 planícies (do Sharon, do Vale de Jezrel e o norte do Vale do Jordão). O resto era o deserto do Negev, uma região completamente não apropriada para a agricultura ou desenvolvimento urbano na época. Jerusalem ficaria internacionalizada. Mesmo assim, os judeus aceitaram estes 11.5% nestas condições para terem seu estado.

Na verdade o estado já existia. Na data da independência, Tel Aviv e os maiores kibbutzim tinham mais de 30 anos. O Hospital Shaare Zedek já existia há mais de 45 anos. A Universidade Hebraica de Jerusalem, o Technion, e outras instituições de alto ensino já tinham mais de 30 anos. Estações de tratamento de água e eletricidade operavam há mais de 25 anos. Esta votação ocorreu somente para acalmar a consciência do mundo após os horrores do Holocausto e, além disso, resolvia a feia questão dos indesejados refugiados judeus.

Os árabes não aceitaram e se prepararam para jogar os judeus ao mar. Eles não conseguiram. Tentaram novamente em 1956, e outra vez em 1967, e foram derrotados. O que eles não conseguem aceitar é que perder guerras têm consequências. Em 1967, os judeus voltaram ao corredor bíblico – para a faixa de terra que passa pelo coração de Israel e pelo coração da história judaica. Ela vai de Shechem ao norte, passa por Jerusalém, curva-se em direção a Beit Lechem e Hevron e finalmente chega em Be’er Sheva no sul. A história judaica, narrada no livro de Gênesis, surgiu nestas terras e hoje, longe de serem assentadores estrangeiros, os judeus voltaram a viver nas províncias da história judaica original.

Uma das maiores transformações trazidas pela Guerra dos Seis Dias e a libertação de Jerusalem, foi sobre a imigração. Até 67 a maioria dos judeus imigravam para Israel numa aliá de aflição – fugindo da perseguição na Europa e nos países árabes. Depois de 1967 - o efeito magnetizante de Yerushalayim, bem como a constante melhoria econômica de Israel acordaram os judeus de todo o mundo para a aliá de escolha, ouvindo o chamado da terra pedindo o retorno de seus filhos.

Outra transformação importante ocorreu no plano internacional. Antes de 1967, Israel era um pária diplomático. Apesar do amplo apoio concedido a Israel durante na ONU nos anos 40, Israel logo mergulhou no isolamento diplomático. Grande parte do terceiro mundo estava alinhado com os interesses árabes e o grande bloco comunista que dominava a Europa, China e partes da América Latina que rotineiramente demonstravam hostilidade diplomática em relação a Israel. Até 1967, com muitas poucas exceções, Israel estava sozinha para se defender de um lado do rio, contra o mundo inteiro que estava do outro lado. Depois da vitória de 1967 a posição de Israel entre as nações se transformou e só então os Estados Unidos começaram a fornecer armamento para Israel.

Um renascimento religioso judaico também começou em 67. As cenas lendárias de soldados israelenses tocando o shofar em pé no recém-libertado Kotel galvanizaram um povo inteiro. Testemunhar a intervenção explícita de D'us no processo histórico levou os judeus à uma reaproximação em massa das tradições e leis judaicas. Nos últimos 50 anos, Israel se tornou o epicentro do estudo da Torá. Além dos avanços na observância da Torá e halachah, Israel também testemunhou um renascimento do “tradicionalismo” entre a maioria dos judeus israelenses que se identificam como “masorti” ou tradicionais. Eles podem não aderir aos rígidos regulamentos da halachah, mas acreditam profundamente em D'us e no porquê de terem voltado à esta terra e à sua cidade santa.

E por tudo isso é que Israel comemora o dia de Jerusalem com uma enorme marcha de bandeiras que passa por toda a cidade e acaba no Kotel. Mas isso, aparentemente se tornou nos últimos anos, algo inaceitável para os muçulmanos. O Hamas prometeu atacar Israel se a marcha acontecer. Isso colocou todo o governo de Israel andando sobre ovos, mas ao final decidiram sabiamente autorizar a marcha.

É inaceitável, é ofensivo, que judeus recitem o Shemah que simplesmente diz, Escute Israel, D’us é nosso D’us, D’us é Um. Muito próximo do que eles dizem, “La ilaha il Allah” – Não há deus além de D’us. Ou que judeus se curvem em sinal de respeito quando passam pelo Domo da Rocha, que fica provavelmente sobre o local dos Santo dos Santos.

Imaginem que isso chegou nos tribunais e no domingo passado a Corte de Jerusalém decidiu que a simples recitação do Shemah e se curvar em respeito no Monte do Templo não é um ato de provocação. De fato, a Suprema Corte de Israel decidiu várias vezes a favor da oração de judeus e cristãos no Monte do Templo. O mais absurdo disto tudo é que o rei Abdullah da Jordânia, juntamente com o chefe da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas, condenou a decisão, alegando que poderia “destruir o sagrado status quo”.

Sejamos claros. Recitar versos ou curvar-se em um local sagrado não coloca ninguém em perigo. Na verdade, esta é a forma de comportamento esperada quando se visita um local sagrado. No entanto, aqui estão dois líderes que condenam uma decisão que permite que as pessoas orem em paz.

Ironicamente, quando centenas de muçulmanos encheram o Monte do Templo durante o feriado judaico da Páscoa, jogando pedras nos judeus abaixo, nem o rei Abdullah nem Mahmoud Abbas emitiram qualquer condenação. Como eles podem justificar e legitimar a violência e, ao mesmo tempo, condenar a oração pacífica?

Os muçulmanos podem se ajoelhar em direção à Meca, apontando seus traseiros para o Domo da Rocha mas isso não é desrespeitoso. Ou andar com sapatos nos tapetes da mesquita, levar centenas de pedras e fogos e jogar cadeiras e coquetéis molotov.

Como disse, guerras têm consequências para quem perde e uma delas é a perda da soberania sobre o território conquistado pelo vencedor. Israel tem que colocar um basta nesta palhaçada. Por que todas as nações não deveriam ter a liberdade de orar no Monte em paz?

Cinquenta e cinco anos é muito tempo. O comportamento dos muçulmanos prova que o lugar não é santo para eles. Assim, o Monte do Templo deve ficar sob a responsabilidade única de Israel. Só assim poderemos ouvir novamente os sons da santidade que emanam dele.

Sunday, May 22, 2022

A Visita de Biden a Israel - 22/05/2022

O presidente americano Joe Biden anunciou que viajará para Israel no final de junho ou começo de julho. Uma das visitas que ele quer fazer é a um hospital em Jerusalem Oriental sem uma escolta israelense, mandando uma clara mensagem que ele não reconhece a cidade santa como a capital unificada do Estado judeu. Como durante o governo Obama, nada de bom pode advir de uma visita deste presidente americano a Israel.

Embora seu governo papagueie declarações sobre o importante vínculo entre os Estados Unidos e Israel, muitos de seus membros têm uma afinidade doentia com os inimigos de Israel. O Partido Democrata de Biden inclui entre suas fileiras políticos que por sua vez repetem a mensagem sobre a necessidade de israelenses e palestinos “voltarem à mesa de negociações” com o objetivo de alcançar uma “solução de dois estados”. Ou são de uma ignorância imensurável, ou eles sofrem de uma amnésia completa sobre o processo de paz.

Esta é uma condição cujo sintoma principal é esquecer ou ignorar as repetidas concessões israelenses, todas elas precedidas e seguidas por um aumento dos ataques terroristas palestinos. As pessoas que sofrem desse distúrbio apontam para a “ocupação da Palestina” por Israel após a Guerra dos Seis Dias de 1967 mas não se manifestam sobre os mais de 30 ataques terroristas de antes de 1967 ao custo de 57 vidas, entre elas 3 crianças, quando ainda não havia tal “ocupação”. Eles continuam a abrigar a noção ridícula de que o conflito está enraizado numa disputa territorial e se apegam à fórmula fracassada de “terra pela paz”. É só perguntarem para os índios americanos ou brasileiros o que esta fórmula trouxe a eles...

Mas o partido preferido pelos judeus americanos também contém anti-semitas declarados. Esses radicais nem mais se incomodam em acrescentar a cansada advertência sobre as críticas legítimas a Israel. Eles vão direto para a jugular, sem esconder sua oposição ao direito dos judeus à sua autodeterminação em sua terra ancestral. A congressista Rashida Tlaib é um excelente exemplo. A representante do Estado de Michigan de pais palestinos acusa Israel do pecado original e perpétuo.

Para justificar esse ódio, ela e seus companheiros da chamada “Esquadra” vomitam veneno distorcendo a história e os eventos atuais. Embora este seja o material que o Hamas, a OLP, o Jihad Islâmico e o ISIS usem, Tlaib é uma legisladora eleita para o Congresso Americano. E ela está no Congresso somente para espremer o que pode contra Israel. Seu último ato de agressão foi uma resolução que ela apresentou no início da semana em homenagem ao 74º aniversário da “Nakba”, a “catástrofe” do estabelecimento de Israel.

Em seu discurso, ela afirmou que cerca de “800 mil palestinos tinham sido forçados a deixar suas casas, seus bairros destruídos durante o violento horror da Nakba”. Primeiramente, este número de 800 mil foi roubado dos judeus que sim tiveram que fugir dos pogroms nos países árabes que seguiram a declaração de independência de Israel. Claro que houve árabes que saíram de suas casas, o número está entre 400 e 500 mil mas eles o fizeram por pressão dos governos árabes para que saíssem, prometendo jogar os judeus ao mar para depois eles voltarem. Além disso, mais de 250 mil entre eles foram para a Judeia e Samaria e Gaza que estavam sob domínio Jordaniano e Egípcio.

Mas as mentiras de Tlaib sobre 1948 não estariam completas, é claro, sem uma referência venenosa sobre o presente. Chamando a morte da correspondente da Al Jazeera Shireen Abu Akleh no fogo cruzado entre as forças da IDF e terroristas palestinos de um “assassinato” por Israel, ela disse que o incidente “deixou muito claro [que] a violência e os crimes de guerra são uma constante e sempre presentes estão os ataques à existência e humanidade do povo palestino. A limpeza étnica em curso do governo do apartheid israelense busca degradar a humanidade palestina e quebrar a vontade do povo de ser livre.”

Essa “catástrofe”, ela afirmou – em uma frase desconexa e cheia de erros de pontuação e gramática – “não terminou em 1948 e continua até hoje na forma do roubo contínuo de terras palestinas por Israel para assentamentos ilegais e comunidades palestinas na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, a destruição de casas palestinas e terras agrícolas, a revogação de direitos de residência, deportações, ataques militares brutais periódicos que resultam em vítimas civis em massa, como o que ocorreu em Gaza no verão de 2014 e primavera de 2021, e a negação do direito legal internacionalmente reconhecido de retorno de milhões de refugiados palestinos apátridas”.

Quem escuta Tlaib pensa que a situação dos palestinos é pior que a dos ucranianos hoje.

Biden ainda não comentou sobre essa farsa. Talvez a imprensa esteja com muito medo que ele faça mais uma de suas gafes para solicitar uma opinião. De qualquer forma, Biden está nervoso desde o início com o poder desproporcional e a pressão que fazem os “progressistas” barulhentos do seu partido.

E é por isso que ele resolveu apaziguar Tlaib exatamente um ano atrás, no meio da Operação Guardião dos Muros, a guerra de Israel contra os terroristas do Hamas em Gaza. Ela o interceptou quando ele desembarcava em Michigan para visitar a fábrica de caminhões da Ford. Na ocasião ela repreendeu Biden por ter expressado “seu firme apoio ao direito de Israel de se defender contra ataques indiscriminados de mísseis. [e] elogiando os esforços para lidar com a violência intercomunitária e trazer calma a Jerusalém”. Ela também acusou Biden de “tomar ordens de Netanyahu” durante o conflito e exigiu que a administração condenasse Israel.

Ele poderia tê-la lembrado, ainda que timidamente, que sua conversa com Netanyahu incluía um pedido de cessar-fogo. Em vez disso, ele prestou homenagem a ela durante sua palestra na fábrica da Ford.

Atropelando seu primeiro nome, se referindo a ela três vezes como “Rashid”, ele anunciou: “Quero dizer a você que admiro seu intelecto; admiro sua paixão; e admiro sua preocupação com tantas outras pessoas. E do meu coração, rezo para que sua avó e sua família [na Autoridade Palestina] estejam bem, e prometo que farei de tudo para que eles estejam na Cisjordânia. Você é uma lutadora, e obrigado a Deus por ser uma lutadora.

A ironia é inescapável. Apesar dos muitos movimentos de Biden para reverter a política de Trump de responsabilizar a Autoridade Palestina por sua intransigência e fechar os olhos para os “pagamentos para matar”, ele não consegue apaziguar pessoas como Tlaib porque menciona que Israel é uma aliada dos EUA.

Tampouco Biden será capaz de satisfazer a busca dela pela “libertação da Palestina, do rio [Jordânia] ao mar [Mediterrâneo]” – quer dizer, com a eliminação do estado judeu do mapa – advertindo o governo israelense por ter aprovado planos para construir umas 4 mil unidades habitacionais nas comunidades da Judéia e Samaria.

Se Biden pensa, que Tlaib ficou feliz por exemplo, com a advertência de seu Departamento de Estado contra a expansão dos assentamentos, dizendo que ela “exacerba as tensões, mina a confiança entre as partes e prejudica profundamente as perspectivas de uma solução de dois Estados”, ele está se enganando.

E se Israel pensa que anunciar a aprovação da construção de pelo menos mil casas palestinas adicionais será suficiente para aliviar as condenações da Casa Branca, ela está enganada.

O resto de nós entende que seria preferível para Israel e para os Estados Unidos se Biden cancelasse sua viagem.


Sunday, May 15, 2022

A Morte de Shireen Abu Akleh e o Assassinato de Israel - 15/06/2022

 

Na quarta-feira da semana passada, ocorreu um evento infeliz e lamentável. A veterana jornalista da Al-Jazeera, Shireen Abu Akle foi morta enquanto cobria uma operação do exército de Israel em Jenin.

Eu não sei quem matou Shireen Abu Akleh, mas sei quem executou o assassinato de Israel após sua morte. É uma longa lista. O corpo da repórter de 51 anos não havia nem esfriado antes que o mundo logo declarasse a culpa de Israel por seu “assassinato”. Não fiquei chocada, ou mesmo surpresa, com a resposta automática, ela é a norma.

Quando Abu Akleh foi morta e outro jornalista árabe, Ali Samoodi foi ferido, os soldados de Israel estavam conduzindo uma operação contra a onda de ataques terroristas que tirou a vida de 19 pessoas em Israel desde março. Nunca é seguro para um jornalista se colocar na linha de fogo. Mas o que se torna importante nestes eventos é descobrirmos o que realmente aconteceu. A verdade.

Imediatamente após a notícia da morte de Shireen Israel ofereceu fazer uma investigação conjunta com a participação de peritos independentes americanos e europeus. Mas a Autoridade Palestina se recusou a realizar a investigação conjunta porque poderia descobrir que a bala fatal havia sido disparada por um m palestino que estava tentando matar um israelense.

Como observou o primeiro-ministro Naftali Bennett, “os palestinos em Jenin foram filmados até mesmo se gabando: 'Acertamos um soldado; ele está deitado no chão.' No entanto, nenhum soldado das forças de defesa de Israel havia sido ferido, o que levanta a possibilidade de que foram os palestinos que atiraram na jornalista.”

Que alguns membros da Knesset de Israel imediatamente vinculassem o incidente às suas batalhas políticas, também era de se esperar, mas alguns se superaram. O chefe do Ra'am (Lista Árabe Unida), Mansour Abbas, chamou Abu Akleh de “mártir”, enquanto membros de seu partido político rival, a Lista Conjunta, condenaram imediatamente “a execução” da jornalista pelas forças de “ocupação”.

O funcionário da AP Hussein al-Sheikh chamou a morte dela de "assassinato". Uma declaração do Hamas declarou ter sido “um assassinato premeditado” e a Al Jazeera, com sede no Catar, disse que Abu Akleh foi morta a “sangue frio” em “um assassinato flagrante, violando as leis e normas internacionais”.

Talvez a resposta mais previsível, mas lamentável, tenha vindo da Federação Internacional de Jornalistas. Num comunicado divulgado algumas horas após sua morte a organização declarou que, “a repórter da Al Jazeera, Shireen Abu Akleh, foi morta a tiros pelo exército israelense enquanto cobria uma incursão na cidade ocupada de Jenin, na Cisjordânia, no início de 11 de maio”. Seu secretário-geral declarou que “mais uma vez, jornalistas, vestindo coletes de imprensa, claramente identificados, foram alvos de franco-atiradores israelenses”. Quer dizer, sem uma autopsia, sem qualquer prova, ou análise forense, a Federação Internacional de Jornalistas já decidiu quem fora o culpado e prometeu adicionar este evento ao caso apresentado no Tribunal Penal Internacional sobre o ataque sistemático a jornalistas palestinos.

Então vamos ver, vamos comprovar, como Israel leva a frente estes ataques sistemáticos à jornalistas palestinos. De 1992 a 2022, isto é, 30 anos, 21 jornalistas foram mortos em Israel e nos Territórios Palestinos Ocupados, de acordo com o Comitê de Proteção a Jornalistas. Destes 21, 5 morreram em Gaza durante guerras entre Israel e o Hamas. Os jornalistas não foram alvejados propositalmente. Oito foram mortos em fogo cruzado entre o exército e terroristas em Nablus, Ramallah e Jenin durante a segunda intifada, de 2000 a 2003.

Outros dois foram mortos em Gaza enquanto cobriam protestos. Um foi morto pela polícia palestina e outro morreu numa explosão dentro de um posto de polícia palestina sem envolvimento de Israel. Outros dois morreram em Gaza, um devido a estilhaços resultantes de um míssil de Israel e outro depois de apontar o que parecia ser uma arma para um tanque israelense.  Finalmente, dois foram mortos por um ataque de míssil de Israel em 2012 durante a operação Pillar de Defesa.

Em comparação, no Brasil, no mesmo período, 59 jornalistas foram mortos, muitos depois de publicarem artigos contra corrupção, o tráfego de drogas e outros motivos. Eles foram pessoalmente alvos de assassinos e a grande maioria dos casos ainda não foi solucionada ou alguém levado à justiça. Nos Estados Unidos, 14 jornalistas foram mortos e na Rússia, 82. Cabe lembrar que nem o Brasil, nem os Estados Unidos ou a Rússia, até o começo deste ano, estava em guerra. E mesmo assim, jornalistas foram muito mais visados nestes países que em Israel.

Posso dizer quem está a ser sistematicamente visado. Não são jornalistas, palestinos ou não. São israelenses. Ou melhor, digo, todo o Estado de Israel.

A Associação de Jornalistas de Jerusalém pediu à FIJ que detivesse seu fogo. Depois de expressar profunda tristeza pela morte de Abu Akleh e o ferimento de seu colega, a Associação de Jornalistas de Jerusalém exigiu uma investigação completa e pediu à Autoridade Palestina que aceitasse o pedido de Israel para uma investigação conjunta e chegar à verdade sobre este incidente específico e evitar futuros casos em que jornalistas possam ser feridos enquanto fazem seu trabalho.

Esta onda de terror que assola Israel não está acontecendo no vácuo. O líder do Hamas, Yahya Sinwar, pediu aos palestinos que usem “talhos, machados e facas” para atacar israelenses apenas alguns dias antes de terroristas palestinos, vejam só, fazerem exatamente isso no Dia da Independência. Também houve vários ataques de facadas e tentativas de ataques.

Em Elad, três homens foram mortos a machadadas por dois terroristas palestinos deixando 16 crianças órfãs. Eles entraram em outra lista. Uma que ninguém quer entrar: das vítimas do terror. Antes mesmo de seus nomes serem publicados, o grupo de extrema esquerda “If Not Now”, com sede aqui nos EUA, pensou que aquele seria o momento perfeito para culpar as vítimas, pelo menos por procuração. Depois de dizer que “sofriam com a perda de vidas”, eles continuaram dizendo que lamentavam “o desequilíbrio de poder que alimenta essa violência – o sistema de apartheid de Israel, onde muros e armas criam um pesadelo diário para todos os palestinos. Onde o governo israelense tem armas nucleares e apoio internacional, enquanto os palestinos não têm direitos de autodefesa e autodeterminação. Esse status quo não mantém ninguém seguro.”

Eu lhes digo o que não mantém ninguém seguro – mentiras, difamação e distorção deliberadamente destinadas a alimentar o incitamento contra Israel.

A declaração seguiu todo o script difamatório. Ela repetiu a mentira do apartheid – embora, incidentalmente, em 9 de maio último, o juiz Khaled Kabub tenha se tornado o primeiro muçulmano nomeado para a Suprema Corte de Israel. E mencionou muros e armas – presumivelmente referindo-se à cerca de segurança destinada a impedir que terroristas entrem em Israel para realizar ataques assassinos e os soldados que a patrulham.

Quanto às “armas nucleares” e “apoio internacional” – não tenho certeza qual alegação é a mais ridícula. O exército de Israel não está atacando palestinos, muito menos com armas nucleares – embora o Irã, que é o patrono de grupos terroristas, e que elogiou o ataque em Elad, esteja buscando apoio internacional para seus objetivos nucleares. E isso, apesar de declarar abertamente seu desejo de varrer “a entidade sionista” do mapa. E se a FIJ é uma expressão de “apoio internacional”, então realmente enterramos os fatos junto com as vítimas do terror.

Os dois terroristas que realizaram o massacre de Elad – As’sad al-Rifai, 19, e Emad Subhi Abu Shqeir, 20, ambos de uma vila perto de Jenin – foram capturados após uma intensa caçada de 60 horas. Então vimos os rostos do mal. Os rostos daqueles que mataram o judeu que lhes deu uma carona e outros dois com machadadas, sem piedade. Um destes “pobres palestinos” estava usando aparelho para endireitar os dentes. Em outra imagem, particularmente chocante, mostrou o outro terrorista sentado em uma pedra fumando um cigarro fornecido pelo Shin Bet enquanto esperava ser preso.

Tenho certeza de que nenhum soldado de Israel acordou na última quarta-feira com a ideia de atirar deliberadamente em uma repórter fazendo seu trabalho. Também sei com certeza que em cada um dos recentes ataques terroristas, foram os terroristas que partiram com intenção assassina, não suas vítimas e não os membros das forças de segurança e outros indivíduos corajosos que interromperam os ataques.

Os detalhes completos da morte de Abu Akleh ainda não foram publicados, mas a narrativa em torno da morte da jornalista já está sendo construída. Quaisquer que sejam os resultados da investigação, a Federação Internacional de Jornalistas está claramente determinada a que Israel não receba uma cobertura justa. E ninguém está a salvo de terroristas alimentados pelo apoio de certas mídias e ONGs estrangeiras, a cultura do martírio e a política de pagamento para matar da Autoridade Palestina. 

Não importa o que aconteça, Israel será sempre culpada até provar que é inocente. E neste caso, as provas estão com o outro lado. E isso é parte do problema.



 

Sunday, May 8, 2022

Israel Tem Que Endurecer - 08/05/2022

Três dias após as comemorações do Dia da Memória do Holocausto, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em uma entrevista ao jornal italiano Rete 4decidiu dar sua própria interpretação dos eventos do Holocausto. Respondendo à pergunta sobre como seu país pode alegar estar “desnazificando” a Ucrânia quando seu presidente, Volodymyr Zelensky, é judeu, Lavrov respondeu que "quando eles dizem 'que tipo de desnazificação é essa se somos judeus?' bem, pelo que sei, Hitler também tinha origem judaica, então isso não significa nada". Falando ainda mais sobre o antissemitismo, Lavrov disse: “Há muito tempo ouvimos os sábios judeus dizerem que os maiores antissemitas são os próprios judeus”. Em outras palavras, Lavrov acusou os judeus de seu próprio Holocausto.

Vamos deixar as coisas claras: Hitler não era judeu, não tinha raízes judaicas e judeus não mataram minha tia-avó e a família dela, inclusive o neto dela de 9 anos de idade, em Auschwitz. Os nazistas fizeram isso. O governo russo precisa pedir desculpas aos judeus e à memória dos mortos. Isso foi uma coisa terrível e imperdoável de dizer.

Sabemos que Israel tem interesses de segurança sensíveis relacionados as suas operações na Síria contra o Irã, que precisam ser preservados ao lidar com o governo russo. Mas isso não significa que o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, possa mijar em Israel, difamar todos os judeus e distorcer  a história judaica afirmando que “Hitler tinha sangue judeu” ou que “os maiores antissemitas são os próprios judeus”.

Não foi por nada que o governo de Israel revidou dizendo que mentiras como essas, que visam culpar os próprios judeus pelos crimes mais terríveis da história cometidos contra eles, são usadas somente para liberar os opressores e assassinos de judeus de sua responsabilidade”.

Esse truísmo certamente se aplica ao estado moderno e soberano dos judeus, o Estado de Israel. Outros países podem discordar legitimamente das políticas promulgadas em Jerusalém, mas Israel nunca deve permitir que outros países a tratem como escória.

Mas infelizmente, isso acontece todos os dias.

Sabemos que a União Europeia é o maior parceiro comercial de Israel e que alguns líderes europeus dizem se preocupar com sua prosperidade e a segurança. Mas isso não significa que seja admissível que a UE adote as grandes mentiras palestinas sobre as ações “inaceitáveis” de Israel, ou o uso de força “excessiva” e “violações do status quo” no Monte do Templo. Tampouco Israel deve tolerar declarações enganosas e supostamente equilibradas pedindo a “ambos os lados” para desescalar a intensidade do conflito. Não há ambos os lados. Há o lado palestino que ataca e o lado israelense que se defende. Israel não pode aceitar ser tratada desse modo. Especialmente quando a maioria desses países europeus regularmente vota contra Israel na ONU em resoluções patrocinadas por palestinos, que negam a história judaica em Jerusalém, e defendem um acordo perigoso com o Irã que só irá agravar a segurança de Israel.

Também sabemos que o Reino da Jordânia desempenha um papel importante na segurança da fronteira oriental de Israel e que os reis jordanianos têm sido aliados na luta de Israel contra os radicais islâmicos. Mas isso não significa que o primeiro-ministro jordaniano, Bisher Khasawneh, possa sediciosamente saudar os arruaceiros palestinos “que orgulhosamente se erguem como minaretes, arremessando suas pedras em uma saraivada contra os visitantes sionistas que profanam a mesquita de al-Aqsa sob a proteção do exército israelense”.

Israel não pode ficar calada quando sua própria segurança interna é ameaçada e no coração de sua capital. Esta declaração do primeiro-ministro jordaniano foi ultrajante, especialmente quando lembramos que o reino é totalmente dependente de Israel para sua água e eletricidade – e até sua estabilidade.

Ainda sabemos que o corrupto e decrépito Mahmoud Abbas, líder da Autoridade Palestina, permite um mínimo de coordenação de segurança com Israel e em especial contra membros de Hamas. Mas isso não significa que ele possa fomentar a violência dentro de Israel repetindo a mentira secular de que “Al Aqsa está em perigo” e “os sionistas estão conspirando para explodir as mesquitas” no Monte do Templo. Abbas não pode sair incólume depois de denunciar os pés “imundos” dos judeus que “profanamos locais sagrados islâmicos e cristãos em Jerusalém.

Tampouco Israel pode permitir que o presidente palestino continue com sua desprezível política de “pagar para matar” – através da qual Abbas paga salários mensais a terroristas presos e às famílias de terroristas mortos durante ataques a Israel. E paga mais quanto maior for a sentença ou mais horrendo for o ataque.

Israel deve imediatamente denunciar quando tais mentiras forem ditas e impor sanções enquanto tais políticas imorais permanecerem em vigor. Especialmente quando o insolente Abbas continua a ser totalmente dependente de Israel para sua própria sobrevivência.

 

Todos sabemos que em 1967, depois da vitória da Guerra dos Seis Dias, quando Israel liberou e reunificou a cidade de Jerusalem, Israel cedeu algumas funções administrativas do Monte do Templo para o Waqf, uma entidade religiosa muçulmana, com apoio da Jordânia. Mas isso não significa que Israel deva permitir que arruaceiros palestinos e islâmicos radicais transformem o Monte em uma base de operações hostis contra Israel, com a polícia usando luvas de pelica, se é que o fazem, contra tal violência.

Também não significa que Israel deva tolerar ataques do Wakf e do movimento islâmico contra visitantes judeus do Monte e judeus que rezam no Muro das Lamentações abaixo dele; ou vastos e ilegais projetos de construção do Wakf que têm como único objetivo destruir séculos de tesouros arqueológicos judaicos. Ao contrário, reafirmando a liberdade religiosa para todos, Israel deve determinar que a livre oração de judeus, cristãos e outros no Monte do Templo deve ser facilitada imediatamente.

Sabemos que é uma prioridade nacional de Israel impulsionar a melhor integração de árabes israelenses e beduínos na sociedade israelense – por meio de programas de estímulo econômico e planos de ação afirmativa. Mas isso não significa que as autoridades israelenses devam fechar os olhos para as gangues criminosas árabes e beduínas que apedrejam ônibus e bombardeiam carros israelenses, bloqueiam estradas com pneus em chamas na Galiléia e no Negev,  vandalizam infraestruturas públicas, roubam energia elétrica e água das redes públicas e roubam armamentos das bases do exército.

Israel deve responder com força e retomar o país dos cartéis econômicos árabes e beduínos e das gangues criminosas que estão corroendo a soberania nacional.

Tudo isso e aí temos os Estados Unidos, o maior aliado de Israel, que coloca condições para a visita do presidente Biden como a suspensão das construções nas cidades judaicas da Judeia e Samaria. Onde já se viu uma intervenção tão escandalosa em assuntos internos de outro país?

À medida que Israel se aproxima dos seus 75 anos de criação, chegou a hora dela tomar uma posição mais dura com seus inimigos, com seus amigos constantes e inconstantes e com seus adversários internos.  

As políticas externas e domésticas de Israel devem refletir respeito próprio e autoconfiança. Orgulho e pragmatismo devem ser as âncoras da política israelense. E certamente, Israel não deve admitir que ninguém a trate como um saco de pancadas.

 



Sunday, May 1, 2022

O Futuro Museu de Kyiv - 01/05/2022

 

Tantas imagens trágicas invadiram nossas tvs nas últimas semanas, especialmente as vindas da Ucrânia. E é irônico que abril tenha sido escolhido o Mês da Conscientização e Prevenção de Genocídio.

Este é o mês quando Israel marca o Yom Hashoah, o Dia da Memória do Holocausto com o fez na semana que passou. Mas o dia 24 de abril também marca o Dia da Memória do Genocídio Armênio. E foi no dia 19 de abril de 1975, que começou o genocídio no Camboja e, em 7 de abril de 1994, começou também o genocídio contra os tutsis em Ruanda.

E a cada evento, mais monumentos são erigidos para relembrar o passado e novamente jurar o “nunca mais”. O problema é que, além de construirmos as paredes dos museus e memoriais, não estamos fazendo o suficiente para garantir este “nunca mais” e as estatísticas vindas da Europa e Estados Unidos provam isso.

Dois terços dos millennials e metade dos ingleses não sabem que seis milhões de judeus morreram no Holocausto. 20% dos europeus pesquisados ​​acham que os judeus exploram o Holocausto para o seu benefício. No caso do Genocídio Armênio, os próprios perpetradores, os turcos, ainda não assumiram a responsabilidade depois de 107 anos.

Hoje, depois do massacre de Bucha ninguém pode ser mais tão ingênuo a acreditar no “nunca mais”. Bucha fica a apenas 20km de Babi Yar, aonde 33 mil judeus foram executados em setembro de 1941. Sugiro mudar o slogan do “nunca mais” para “uma vez mais”.

Ensinar a história, o que ocorreu com os sistemas totalitários é o primeiro passo para evitar que um declínio político descambe para um regime totalitário. A falta desse ensinamento é perigosa. A memória das dezenas de milhões de russos mortos de fome e executados e os enviados a gulags desde a revolução bolchevique até Stalin, foi sistematicamente substituída pela memória da vitória soviética sobre o nazismo – e isso levou à uma renovada legitimidade do imperialismo russo através do nacionalismo.

Este imperialismo foi destorcido por Putin, que governa através da corrupção e do silenciamento das vozes da oposição e da mídia. A Rússia provou novamente ser um império baseado em mentiras. Todo genocídio começa com palavras e Putin desenvolveu um discurso verdadeiramente orwelliano em que a guerra é uma operação especial orientada para a paz, a liberdade é ser escravizado nos campos de filtragem russos e a ignorância é força. Sim, nossa ignorância é a força de Putin.

A incapacidade moral da Europa de hoje de enfrentar as tiranias, seja a Rússia, o Irã, a China, vem deste progressismo da esquerda que tende a ver tudo que é americano como imperialista e colonialista e estes tiranos como vítimas. E é por isso que não deram ouvidos quando Donald Trump disse ser um absurdo a Europa estar se deixando dominar pela Rússia em energia. E esta semana, Putin cortou o fornecimento de gás para a Polonia e para a Bulgária.

E não é só na Europa. Aqui mesmo nos Estados Unidos, há vozes unidas na crítica contra o papel da América e seus aliados no mundo. Estas vozes desculpam a invasão da Ucrânia pela Rússia, desculpam o Irã e fazem parecer que os EUA e Israel são o problema.

Ontem, elas culpavam a América pela instabilidade no Oriente Médio justificando o regime do Irã. Essas vozes também defendiam a ideia de que um Irã nuclear traria “estabilidade” ao Oriente Médio. De acordo com elas, regimes autoritários geralmente são bons desde que se oponham aos EUA. O Irã é uma fonte de estabilidade. A Ucrânia e Israel são estados problemáticos.

O que pode explicar isso?

A Ucrânia e Israel são vistos como exemplos de estados pró-americanos e pró-ocidentais que estão de alguma forma “fora de lugar”. O que isso significa é que a Rússia tem preocupações legítimas sobre a Ucrânia, que a vê como um braço da América em sua fronteira.  E isso é inaceitável para a Rússia.

Na prática isso quer dizer que a Ucrânia não tem o direito de decidir seu futuro; apenas as “grandes potências” ou as “potências regionais” podem decidir. Agir de outro modo é uma “provocação” que justifica a invasão e o extermínio de sua população.

Da mesma forma, quando Israel foi criada, houve discussões entre vozes “realistas” e “pragmáticas” nos EUA e no Ocidente que afirmavam que era melhor trabalhar com regimes árabes totalitários e não sacrificar sua influência apoiando Israel.

Esses regimes tinham preocupações legítimas de que Israel pudesse “desestabilizar” a região, ou que sua democracia pudesse de alguma forma “ameaçar” os estados árabes autoritários. Na raiz dessa crítica está a ideia de que as áreas ao redor da Ucrânia “pertencem” à Rússia, e que as áreas ao redor de Israel “pertencem” a países como o Irã.

A Ucrânia e Israel perturbam a “ordem” dessas regiões. Se não fosse a Ucrânia e Israel estarem “no caminho”, os EUA poderiam se dar bem com a Rússia e o Irã. A “ordem mundial” poderia funcionar porque o Irã ficaria com o Oriente Médio, a Rússia com partes da Europa Oriental e tudo ficaria bem. Esta é a razão pela qual os curdos não têm direito a um estado, os armênios foram sacrificados e outros grupos minoritários e democracias incipientes esmagados; eles estavam “no caminho”.

Por esta lógica, o Irã tem reivindicações legítimas sobre o Iraque, Líbano, Síria e Iêmen. Esses países têm que ser entregues ao Irã para que todos possam se dar bem. Apenas pessoas “emocionais” defendem o direito dos curdos do Iraque a um estado independente. Putin tem suas razões. Os aiatolás têm seus “interesses”. Uma vez que eles sejam apaziguados, haverá estabilidade.

Mas como vimos com Hitler, a coisa não é simples assim e a sede de poder e de conquista de mais e mais territórios não se estanca com um gole. E os aiatolás do Irã têm uma agenda de converter o mundo inteiro ao islamismo xiita, inclusive a Arabia Saudita e os países sunitas do Golfo Persico, portanto o Iraque, Líbano, Síria e Iêmen são só o começo. A Rússia e a China assinaram este ano um pacto de uma nova ordem mundial pelo qual somente eles mandam e adeus às democracias. E assim, os genocídios continuam.

É uma vergonha que com todos os avanços científicos, toda a tecnologia, ainda não somos capazes de prevenir estes genocídios. Ficamos atordoados, mas ainda calados quando confrontados com as imagens de destruição e morte. E nos voltamos para construir mais museus.

Isso não é mais aceitável. O que precisamos é construir uma narrativa para resistir a violência da Rússia e a indiferença do mundo. Um dia vamos nos perguntar por que tantos morreram, porque tanta miséria, e porque não fizemos nada. Mas isso só acontecerá em algum dia no futuro, quando estaremos vendo as imagens das atrocidades numa exposição com legendas, em um museu super moderno em Kyiv da guerra russa contra a Ucrânia de 2014-2022.

No futuro. Mas hoje, agora, devemos fazer o que pudermos. Devemos levantar nossas vozes e agir de acordo com nossas possibilidades para que o futuro museu de Kiev tenha um conteúdo menos cruel, números menores de vítimas e seu término seja realmente 2022.