Sunday, October 29, 2023

A Hora Israelita Cancelada pela Bandeirantes - 29/10/2023

 

Bem, se vocês que me seguem aqui no Facebook não sabem, então vou dar a notícia.  Meu comentário que ia ao ar no programa a Hora Israelita na Rádio Bandeirantes do RS por 22 anos, não vai mais ser transmitido. Mas não só o meu comentário que a diretoria da rádio decidiu ser muito “radical”, mas numa ação remanescente dos anos 30 da Alemanha, eles cancelaram o programa como um todo.

Vejam que a Hora Israelita completou 77 anos no ar, os 24 últimos na Rádio Bandeirantes. Mas isso, aparentemente, não teve qualquer efeito nesta diretoria que perdeu uma grande ocasião de se colocar do lado correto da história. Eles foram atrás da propaganda esquerdopata, fascista, completamente falida moralmente, que escolheu apoiar a chacina cometida por um grupo terrorista do que expressar sua solidariedade com Israel.

Estes “liberais” que dizem apoiar as mulheres, não se incomodam quando moças e meninas ainda impúberes são estupradas até arrebentar sua pélvis. Desde que elas sejam judias.

Eles não se enojam quando bebês são queimados vivos ou decapitados, desde que sejam bebês judeus. Eles não se arrepiam quando crianças são torturadas, seus olhos arrancados, na frente dos pais, desde que estas crianças sejam judias. Eles não se revoltam quando confrontados com o corpo de uma moça grávida com seu ventre aberto e o feto ainda preso pelo cordão umbilical esfaqueado dezenas de vezes. Afinal ela era só mais uma judia.  

E de acordo com a Rádio Bandeirantes, eu passei dos limites quando eu disse que os perpetradores deste massacre se comportaram como animais. Foi insensitivo da minha parte! Deveria ter dito que eles se comportaram como cavalheiros. Afinal, esse é o código de conduta esperado de quem sai para matar judeus.

A Hora Israelita não irá ao ar hoje, mas estamos fazendo de tudo para trazer a programação de volta, seja por outro canal de rádio, seja por algum veículo da mídia social.

Agora ao meu comentário:

O poeta e filósofo do século XIX, Heinrich Heine é geralmente creditado por dizer que “onde queimam livros, acabarão por queimar pessoas”. Esta declaração feita por um alemão judeu daquela época sempre foi para mim, uma profecia do Holocausto. Mas nunca pensei que estaria viva para ver essa horrível profecia repetida, e a menos de uma hora e meia de carro da minha casa em Israel.

Em 1933, os nazistas iniciaram uma queima em massa de livros, muitos deles escritos por judeus alemães. Cinco anos depois, em novembro de 1938, os nazistas incitaram a Kristallnacht, uma série de pogroms generalizados que incluiu o incêndio de sinagogas e rolos de Torá. Apenas três anos depois, os nazistas embarcaram na Solução Final, que incluiu literalmente a queima dos corpos de milhões de judeus.

Presumi incorretamente que um massacre bárbaro de inocentes provocaria simpatia mundial e despertaria a clareza moral. Algumas situações são tão preto no branco, que não deixam absolutamente nenhum espaço para manobras morais ou para múltiplas narrativas. Pensávamos que o massacre brutal do nosso povo fosse uma dessas situações. Pensamos errado.

Nas últimas duas semanas, mesmo antes de os corpos serem enterrados e antes mesmo de muitos deles terem sido identificados, os antissemitas surgiram para nos acusar de crimes morais e, evidentemente, embora seja chocante imaginar, desculpar e apoiar o assassinato de judeus. Não demorou muito para que o mais antigo de todos os ódios aparecesse. Este monstro ainda está vivo em 2023. Ele apenas se veste com roupas diferentes.

Hoje nossos inimigos tentam nos destruir através de armas físicas e verbais. Além de cometerem violência real, eles criam narrativas falsas para nos difamar. Essas línguas diabólicas e imundas estão atualmente fazendo hora extra, especialmente nas Universidades do Ocidente, patrocinadas pelo Qatar.

O Rabino Jonathan Sacks comparou o antissemitismo a um vírus que não consegue sobreviver de forma independente, mas precisa de um hospedeiro. O antissemitismo então distorceu a narrativa cultural do ocidente civilizado, para justificar o veneno odioso que vomita. A manchete muda a cada geração, mas o ódio não muda.

Na Idade Média sofremos com o antissemitismo cristão medieval e os libelos de sangue para incitar o povo contra os judeus. No século XIX, quando a narrativa religiosa já não funcionava, o antissemitismo passou a adotar a teoria de que os judeus eram uma raça inferior. No século XX o antissemitismo se firmou com a teoria racial.

Os horrores da Segunda Guerra Mundial forçaram os antissemitas a voltar à lousa para fabricar uma nova narrativa para apoiar seu ódio. Declararam então que os judeus são colonialistas estrangeiros que invadiram as populações árabes indígenas e estabeleceram ilegalmente um Estado. Na verdade, sempre houve uma comunidade judaica presente na Terra Santa e depois do Holocausto regressamos à nossa casa com total apoio internacional. Mas o ódio permaneceu o mesmo. Em cada geração.

Agora que voltamos para casa, esperamos poder dar continuidade à nossa missão histórica. Nosso objetivo é criar um estado ético, que tem compaixão, comunidade, patriotismo, legado histórico e espiritualidade. Queremos servir de exemplo moral a todos os que estejam dispostos a ser inspirados.

Mas os antissemitas continuam a projetar sobre nós os seus piores crimes. Os apoiadores da bestialidade do Hamas estão ocupados a jogar sobre nós a sua própria decadência moral. Eles nos associam a políticas injustas, como o apartheid, e a monstros terríveis, como os nazistas.

Testemunhar universidades e instituições de ensino superior em todos os Estados Unidos servindo como focos de antissemitismo tem sido especialmente triste. Ao não se oporem explicitamente a estes protestos que exigem o fim de Israel aos cânticos de Do Rio ao Mar, a Palestina será Livre, as universidades estão legitimando o genocídio de 8 milhões de judeus. Estas reuniões criminosas de ódio e violência ocorrem em instituições que antes eram chamadas de “prestigiosas” como Harvard, Yale, Stanford e outras. Hoje temos mesmo que repensar quem e o que consideramos prestigioso.

Infelizmente, os intelectuais de hoje são incapazes de preservar a clareza moral básica que mesmo as pessoas comuns e sem instrução reconhecem instintivamente.

Essa tolerância ao ódio nos campus universitários é erroneamente apresentada como uma defesa da liberdade de expressão e de pensamento. A democracia oferece a todos os cidadãos igualdade nas urnas e direitos legais iguais. Não oferece equivalência moral a toda e qualquer posição moral, especialmente àquelas que ameaçam a vida de outras pessoas.

Mas a democracia intoxicou a modernidade com liberdade – liberdade em relação à família, liberdade em relação ao gênero, liberdade em relação à valores e agora liberdade da moralidade. A democracia está aos poucos assassinando a claridade moral.

Este desastre cultural traz um alerta. Não podemos reverenciar o intelecto por si só. Veja primeiro se o intelecto galvanizou a clareza moral e o comportamento. Sem isso, o intelecto não vale nada.

Franz Kafka colocou isso da melhor maneira: “O destino dos judeus é absorver as potencialidades da humanidade, purificá-las e dar-lhes um desenvolvimento mais elevado... [mas] o mundo se opõe [aos judeus] com o grito de antissemitismo.... Eles surram os judeus e assassinam a humanidade.”

Sunday, October 22, 2023

Israel vs Hamas e a Guerra na Mídia - 22/10/2023

 Vou começar hoje com um esclarecimento. Nos 22 anos que tenho participado da Hora Israelita, a opinião que transmito foi e é só e unicamente de minha responsabilidade. Não é da Hora Israelita ou da Rádio Bandeirantes.

Depois do meu comentário da semana passada, um canal de notícias chamado Esquerda Diario.com.br, do Movimento Revolucionário de Trabalhadores do Rio Grande do Sul, baixo um tab chamado Negros, reproduziu o artigo publicado originalmente em outro veículo chamado Matinal titulado “Racismo Sionista – Comentarista da Band fala que palestinos são animais e não existem inocentes em Gaza. A comentarista fez a fala de ódio sionista defendendo o extermínio de palestinos durante a Hora Israelita.”

Aqui eles usam o termo “sionista” como se fosse um insulto. Para mim é uma medalha de honra! Sou mil porcento judia e sionista. E não sou uma judia que se dobra, que vai para o gueto calada ou como uma carneira para a câmara de gás. Acredito no direito de autodeterminação do meu povo, do povo judeu em sua terra ancestral e presente. Eu tenho muito mais direito à esta terra, aonde os avós dos meus avós e os avós deles estão enterrados, do que árabes que saíram da Arábia e do Egito e se mudaram para cá no último século. Então sim! Sou sionista e judia com muito, muito orgulho!

Tendo esclarecido isso, de acordo com os revolucionários, eu defendi o extermínio dos palestinos. Aqui eles tiraram minha fala do contexto. Depois de descrever as atrocidades do Hamas incluindo o assassinato de mais de 1400 pessoas, 15 deles trabalhadores tailandeses queimados vivos, idosos, deficientes, o estupro de meninas e moças, o assassinato indiscriminado, o incêndio de casas com seus habitantes dentro, a decapitação de mais de 40 bebês, 210 mulheres, crianças, bebês, idosos sequestrados, enfim todas as atrocidades cometidas pelos nazistas e mais. Então, como qualquer pessoa normal, expressei minha opinião de que Israel deveria exterminá-los.

Sim, eu disse que na minha opinião, não há inocentes em Gaza. Mas houveram sim palestinos inocentes como Awad Darawshe, um paramédico de 23 anos, que foi morto por estes terroristas. Ele ficou para trás para tratar dos feridos e achou que estaria a salvo porque falava árabe. Morto a queima roupa, ele foi encontrado ainda com bandagens nas mãos. Ou Sliman Abu Meri, Abed Elcarim, Salman Ibn Marai, Osama Abu Assa, Abed Alrahman Ataf Alziedana, Halad Alfrahim, Musa Abu Sabila e tantos outros que estavam no Festival celebrando a paz e a convivência com jovens judeus. E outros árabes israelenses como o Major do exército, Alim Abdallah ou o sargento Malik Karim que morreram defendendo Israel. Que a memória deles seja abençoada!

A guerra, como sabemos é um inferno. Mas a guerra também pode trazer clareza num instante.

Hoje, é só abrir o telefone para ver a imagem do verdadeiro mal. Em Israel, esta imagem caçou os judeus durante os horrores do massacre de Hebron em 1929 quando árabes massacraram 67 judeus; do massacre da Estrada Costeira de 1978 quando 38 israelenses, entre eles 13 crianças foram mortos; do massacre do Park Hotel de 2002 aonde morreram 30 civis comemorando a Pascoa; o massacre da pizzaria Sbarro que matou 16 civis; os numerosos massacres das duas intifadas; e agora, o massacre de Simchat Torá.

Nenhum destes ataques teve qualquer coisa a ver com “opressão aos palestinos”, a alegada “tomada da mesquita de Al-Aqsa” ou outra injustiça imaginária. Eles ocorreram unicamente por causa do ódio mortal dos árabes aos judeus, alimentado desde o berço, e uma sede de sangue insaciável.

E esse ódio vem direto da Constituição do Hamas. No seu preâmbulo está escrito que “Israel existirá e continuará a existir até que o Islão a oblitere, assim como obliterou outros antes dela”. Seu artigo 15 diz que “O dia em que inimigos usurpam qualquer parte da terra muçulmana, o Jihad se torna uma obrigação individual de todo o muçulmano. Face à usurpação dos Judeus, é compulsório levantarmos a bandeira do Jihad”.

Em seu artigo 13, o Hamas explicitamente declara que “iniciativas de paz, e as chamadas soluções pacíficas e conferências internacionais contradizem os princípios do Movimento de Resistência Islâmica. Não há solução para o problema palestino exceto o Jihad. Iniciativas, propostas e conferências internacionais são uma perda de tempo e um exercício em futilidade”. E muitos outros artigos lidam com os Judeus. Notem, não com israelenses, não com território, mas com Judeus.

E a população de Gaza votou e votaria novamente para eleger o Hamas para governá-los precisamente por causa dos objetivos estabelecidos por este grupo terrorista que não é nada menos que uma reprodução da Solução Final de Hitler.

Alguns caracterizaram estas criaturas como nazistas contemporâneos, mas eles estão muito abaixo dos nazistas. Estes monstros sanguinários que queimaram e decapitaram bebês, estupraram meninas, mutilaram corpos, fizeram questão de exibir alegremente as suas vítimas nas mídias internacionais. Os nazistas tentaram camuflar e esconder os seus crimes, enquanto os palestinos se orgulham abertamente deles. Os nazistas tentaram salvar suas próprias vidas e as de suas famílias, enquanto estes degenerados ficaram mais do que felizes em sacrificar as suas vidas se isso significasse matar mais judeus.

A população de Gaza nem mesmo se importa que 20% dos mísseis lançados contra Israel caem na própria Faixa, inclusive o que caiu no estacionamento do hospital Batista que o mundo inteiro acusou Israel. Alguém já ouviu algum protesto da população de Gaza contra a devastação que as ações do Hamas causam a eles? Não. Eles choram por não terem água, e exigem que Israel lhes forneça, mas não têm qualquer problema em desenterrar a infraestrutura instalada pela ONU para usar os tubos na confecção de mísseis.

A alegria dos residentes de Gaza com o que aconteceu, distribuindo doces, batendo palmas e gritando Allah uAkbar ao desfile dos corpos mortos de moças semi-nuas, ou de idosas com demência e Alzheimer, mostra quão sólido é o apoio da população civil ao Hamas. Seja porque sofreram uma lavagem cerebral ou porque escolheram isto, agora não importa. O fato é que existe uma sociedade onde o respeito pela vida e pelos direitos humanos está em último lugar em sua escala de valores. E tal sociedade também tem responsabilidade pelo que acontece. Exatamente como os “inocentes” alemães nazistas que morreram quando dos bombardeios aliados na Segunda Grande Guerra. Não vi ninguém protestar ou derramar uma só lágrima por eles desde 1945.

E o que fazer quando os filhos do seu inimigo são alimentados com essa dieta de ódio e martírio, garantindo a transferência desta ideologia venenosa para as gerações futuras? Os terroristas entraram com manuais direcionando seus ataques precisamente a mulheres e crianças. Roteiros de como arrombar os abrigos ou sufocar os que se esconderam. Dado que matar judeus é a sua única razão de viver, não há como dialogar. Eles não podem ser persuadidos, castigados, tratados psicologicamente ou comprados; não há o que fazer a não ser erradicar este regime e impor uma nova ordem em Gaza.

Não se preocupem. Isso não irá fazer de Israel menos moral, mas agora o objetivo está mais claro. Depois deste pogrom, temos a responsabilidade de erradicar o mal que nos rodeia. Existe o bem e existe o mal. Existe a verdade e existe a mentira. Existe a vida e existe a morte. E nesta hora, cada um tem que decidir de que lado fica. O que aconteceu com mais de 1400 seres humanos não deixa dúvidas de que não estamos lidando com soldados, combatentes ou militantes que querem apenas “direitos”.

Israel tem o dever de proteger seus cidadãos de qualquer ameaça presente e futura. Mas hoje ela também tem o dever moral de destruir o mal. Destruir aqueles que assassinaram crianças e idosos, que abusaram de mulheres e homens, que pisaram e carbonizaram os corpos dos nossos mortos.

E para finalizar, em resposta aos que questionaram se ao dizer que estas pessoas são animais eu não estaria pregando a violência, (como boa judia) faço outra pergunta: eu estaria pregando a violência contra quem? Quem exatamente fora do Hamas, os que comemoram o massacre, ou apoiam o Estado Islâmico, poderia ficar insultado com minha classificação?

Então, se algum ouvinte ficou insultado, você deveria olhar no espelho e perguntar se a sua defesa do Hamas, a sua racionalização deste massacre, não é a expressão do seu profundo antissemitismo que veio à tona. O mesmo que permeou os séculos com os Cruzados, a Inquisição, os pogroms, as expulsões. O mesmo que assassinou 6 milhões de judeus há menos de 100 anos nas mãos do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores da Alemanha. Qualquer semelhança é coincidência.

O profeta Isaías disse e uso suas palavras como as minhas: Pelo amor a Sião não me calarei. Pelo amor a Jerusalem não descansarei até que saia a sua justiça como um resplendor e a sua salvação como uma tocha acesa.

 

Sunday, October 15, 2023

Uma Lição de Israel para Nunca Ser Esquecida - 15/10/2023

 

Em 1979 quando ainda estava na escola no Brasil, a Globo transmitiu a série Holocausto com a Merryl Streep. Na época, ela gerou muita controvérsia porque apesar de não ser gráfica, deixava muito pouco para a imaginação, as atrocidades cometidas pelos nazistas.

Lembro que subindo as escadas para a classe, ouvi um grupinho de alunos comentando sobre a série quando um deles, de modo zombeteiro, disse que a série havia sido encomendada por judeus para que se sentisse peninha deles.

Não vou falar aqui sobre o antissemitismo que senti crescendo no Brasil. Mas vou falar sobre o ódio desenfreado contra os judeus e Israel no mundo inteiro que está ocorrendo agora, há apenas uma semana do massacre, do pogrom.

Aqui no rádio não posso compartilhar as imagens. Mas o fato é que as imagens do pogrom da semana passada em Israel são extraordinariamente difíceis de ver. Corpos carbonizados, bebês crivados de balas, mulheres idosas baleadas na cabeça. As profundezas da depravação do Hamas, a completa falta de humanidade, são impossíveis de compreender.

E, no entanto, depois de repórteres terem relatado o genocídio que viram em um dos kibutzim com dezenas de crianças brutalmente assassinadas, a resposta de alguns leitores não foi de horror e repulsa, mas sim de escárnio e incredulidade.

Isto foi particularmente evidente no X, ou Twitter que se transformou numa fossa  para os piores exemplos de seres humanos, onde alguns zombaram dos repórteres e duvidaram da veracidade das reportagens.

Se estas reações tivessem ficado no X, vá lá. Mas até canais tradicionais entraram no barco. O correspondente chefe de política da BBC John Sergeant defendeu a política de chamar o Hamas de grupo militante e não de grupo terrorista. O canal France 24 em inglês se concentrou nas preparações de Israel para a guerra, nas vítimas palestinas e na geopolítica regional. Outros canais deram prioridade aos protestos palestinos ao redor do mundo em Estocolmo, Barcelona, Londres e Paris.

E pior. O mundo acadêmico desceu no fundo da fossa. A celebrada Harvard permitiu que sua organização de estudantes declarasse que “toda a responsabilidade por toda e qualquer violência resta completamente sobre Israel”. O corpo de estudantes da Columbia University declarou um “dia de resistência” e elogiou o ataque do Hamas como “um ato legítimo de resistência à ocupação”.

Em resposta a todo este veneno, Israel violou uma prática de longa data.

Desde sempre, Israel tem se recusado à exibir os corpos mutilados, os membros decepados ou as poças de sangue das vítimas do terror palestino. Há algo no judaísmo que se chama kavod hamet – a dignidade dos mortos.

Desta vez, porém, Israel sentiu que não tinha escolha. Na quinta-feira, o governo enviou à mídia três fotos: duas de pequenos corpos queimados e enegrecidos e uma terceira de um pequeno corpo coberto de sangue.

Mas isso não foi suficiente para os antissemitas. Houve sugestões que as fotos só mostraram as crianças queimadas até a morte, mas não decapitadas. Muitos chegaram a sugerir que as fotos eram falsas, geradas por inteligência artificial.

Um discurso nojento mas revelador. Nos acostumamos com a rejeição do mundo das atrocidades cometidas contra nós. É só ver a quantidade daqueles que negam o Holocausto, especialmente no mundo árabe. Além de sofrermos as atrocidades, somos humilhados, tendo que provar que os horrores que nos fizeram passar realmente ocorreram.

O que testemunhamos nos últimos dias é exatamente isso. Já há aqueles que negam que crianças judias foram assassinadas de formas horríveis pelo Hamas. A divulgação das fotos foi necessária para dissipar quaisquer dúvidas remanescentes em pessoas razoáveis mas, como era de se esperar, não conseguiu silenciar aqueles que questionaram as reportagens por ódio e desdém.

A lição aqui é que é muito importante todos nós travarmos a guerra da informação. Não importa se estamos em Israel, na Europa, Estados Unidos ou Brasil. Temos que combater as mentiras e a desinformação e contar a versão verdadeira da história. Fazer isso ajuda a fortalecer a legitimidade internacional das ações de Israel.

Mas, no final das contas, há alguns – muitos deles simples antissemitas – que nunca serão convencidos, porque simplesmente não querem ser. Para eles, o Estado Judeu está sempre errado, nada do que fizer será certo e nenhuma prova – incluindo fotos de bebes e crianças judias mortas – os fará mudar de ideia. Tentar mudar as mentes daqueles que estão cegos pelo ódio e imunes à realidade é um desperdício do nosso fôlego e recursos.

Depois de transmitir uma reportagem sobre a morte e destruição em Kfar Aza no sábado, que incluía imagens horríveis de casas destruídas e relatos de corpos profanados, o âncora do Canal 12, Danny Kushmaro, explicou por que ele mostrou essas imagens.

“Estamos mostrando essas imagens para mostrar o que aconteceu aqui. Para mostrar quão forte deve ser a reação de Israel”, disse ele na noite de quarta-feira. “Não é para ferir a moral, mas sim mostrar que há necessidade de responder às atrocidades que ocorreram aqui.”

É crucial que o mundo compreenda a crueldade, a barbárie perpetuada pelos terroristas do Hamas, muitos dos quais foram soltos contra Gilad Shalit, para compreender por que Israel precisa responder com toda a ferocidade e com todo o seu poder contra estes terroristas.

O problema é que inevitavelmente, à medida que o número de vítimas aumentar dentro da Faixa de Gaza, incluindo civis, haverá apelos para que Israel aja “humanitária e proporcionalmente”.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chegou na quinta-feira a Israel e, após se reunir Netanyahu, fez uma declaração forte de apoio a Israel que começou com as palavras: “Estou diante de vocês não apenas como secretário de Estado dos Estados Unidos, mas também como judeu.”

Blinken relatou brevemente a experiência da sua família no Holocausto e reiterou que os EUA apoiam firmemente Israel, fornecem apoio material e reconhecem plenamente seu direito de defesa. “Nenhum país pode ou iria tolerar o massacre dos seus cidadãos – ou simplesmente regressar às condições que permitiram que isso acontecesse. Israel tem o direito – na verdade, a obrigação – de se defender e de garantir que isso nunca mais aconteça”, disse ele.

Em seguida, ele acrescentou um grande “mas”. Que “a forma como Israel faz isso é importante”. Blinken disse que a forma como as democracias travam a guerra é o que as distingue dos terroristas. “É por isso que é tão importante tomar todas as precauções possíveis para evitar ferir civis”. Ou seja, faça o que for preciso, estamos do seu lado, mas olhem lá.

É incrível mas Israel já mandou panfletos sobre Gaza pedindo para a população sair do norte da Faixa por razões humanitárias. Só que seus “irmãos” árabes estão fechando suas fronteiras para estes “civis inocentes”. O Egito e a Jordânia estão esperneando sobre a situação dos moradores da Faixa, mas não querem nem ouvir em receber refugiados. E pior: o próprio Hamas está impedindo o deslocamento para usar sua população como escudo humano.

À medida que Gaza continuar a ser alvejada, é apenas uma questão de tempo até que o mundo exija de Israel uma resposta “proporcional”. É por isso que, infelizmente, são necessárias imagens horríveis – para lembrar ao mundo a barbárie que Israel acabou de viver.

Na quinta-feira, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, durante uma videoconferência com 31 ministros da OTAN, mostrou imagens sem censura das atrocidades do Hamas. “Andei de casa em casa e vi os corpos dos nossos pioneiros, sobreviventes do Holocausto, queimados vivos”, disse ele. “As crianças foram amarradas e baleadas a queima roupa, na frente dos pais, e os pais na frente dos filhos. Sim, repito – crianças amarradas e fuziladas. Meninas ainda não adolescentes, foram violentamente estupradas e raptadas ao som de aplausos, enquanto o sangue escorria por suas pernas. Moças foram estupradas coletivamente e depois levadas para Gaza ou mortas. Um festival de música, ironicamente pela paz com os palestinos, com 3.000 jovens, tornou-se um banho de sangue” – com mais de 260 corpos resgatados do local.

Por que as filmagens sem censura e os detalhes explícitos? Para lembrar ao mundo o que Israel enfrenta e por que deve usar todo o seu poder de fogo para erradicar o Hamas. Já estamos ouvindo as vozes que negam que o Hamas tenha cometido qualquer atrocidade, e essas vozes ficarão mais altas nos próximos dias.

É necessário publicar os detalhes e, por mais doloroso que seja, as imagens do que aconteceu, para que o mundo não pregue a proporcionalidade a Israel.

Porque, de qualquer forma, qual seria, uma resposta proporcional por exemplo, à 4 mil mísseis por dia jogados sobre a população civil? Que proporcionalidade dariam às famílias queimadas vivas, aos bebês decapitados ou a meninas estupradas?

A resposta de Israel tem que ser um “basta” final e categórico ao terrorismo. Tem que passar de exército mais moral do mundo para o mais mortífero do mundo. Não há civis inocentes do lado de Gaza. Eles elegeram o Hamas e o colocaram nas rédeas da Faixa. Eles comemoraram os ataques, distribuindo doces e fazendo paradas nas ruas com os raptados, incluindo com uma refém de 85 anos.

Israel tem que mudar completamente seu tratamento para com os palestinos. Ela tem que responder para que o “Nunca Mais”, que juramos após o Holocausto, realmente nunca mais ocorra. E isso deve ficar claro de uma vez por todas aos nossos inimigos. Eles merecem uma lição para que nunca mais se atrevam a levantar um dedo contra Israel.  

Sunday, October 8, 2023

O 11 de Setembro de Israel - 08/10/2023

 

Ontem acordamos por volta das 6:30 da manhã e tudo estava normal. Tomamos café e meu marido saiu para a sinagoga para comemorar o Shabbat e o Simchat Torah, que é comemorado hoje na diáspora.

Uns 5 minutos depois que ele saiu, escutei uma sirene, mas como o som parecia longínquo achei que era só um exercício. Assim, tranquilamente me vesti junto com a minha filha para também ir à sinagoga e participar das akafot de Simchat Torah.

Antes de sairmos ouve outra sirene, desta vez alta e nítida. Minha filha e eu nos olhamos e corremos para o abrigo contra bombas sem entender o que estava acontecendo. Aí escutamos vários booms.

Quando a coisa acalmou, saímos correndo em direção à sinagoga. O rabino já havia dado instruções para o Gabai buscar o telefone e ver o que estava acontecendo. E aí, entre uma Akafah e outra, quando a sirene tocava, corríamos para o abrigo da sinagoga.

Depois da reza, ainda nos sentamos para o almoço da comunidade e apesar de saber que o Hamas estava enviando milhares de mísseis, cantamos e aproveitamos a companhia dos amigos.

Somente depois do final do Shabbat e do Chag é que ficamos sabendo da magnitude da tragédia.

As fotos e os vídeos de milhares de israelenses, civis inocentes e soldados sendo atacados, assassinados à queima roupa, torturados, sequestrados e levados para Gaza são sem precedente. Eles entraram com dezenas de jipes, que Israel permitiu algumas semanas antes, com centenas de terroristas. Depois de derrubarem a cerca, eles facilmente entraram em Sderot e na maioria dos Kibbutzim que ficam próximos da fronteira. 

Passando pelas ruas das comunidades, eles atiravam em quem passasse na rua, sem se importar se fosse mulher, criança, velho ou deficiente. A maioria dos mortos ficaram jogados nas ruas por horas. Aí eles entraram nas casas. Dezenas de crianças e mulheres mortas em suas camas. E quando se escondiam nos abrigos, os terroristas jogaram granadas para matá-las.

Justamente na festa de Simchat Torah, Israel sofreu seu 11 de Setembro, ou seu Pearl Harbour.

E este é mais um dia que ficará na infâmia da História. Até agora confirmaram mais de 600 mortos e mais de 2000 feridos. O que não conseguiram confirmar até agora é o número dos que foram sequestrados. Há fotos e vídeos de bebês nos braços das mães, meninas e garotos sentados no chão chorando enquanto um árabe grita com eles na língua que eles não entendem.

Há duas crianças de 3 e 5 anos de idade, que viram, escondidas dentro de um armário, os pais serem assassinados. Um rapaz que estava no festival, com as mãos amarradas e a pé vendo sua esposa sendo levada de moto por outros terroristas. Mas estes são só mínimos exemplos. Estão dizendo que há mais que 200 sequestrados.

E a pergunta de todos é onde estava o governo? E Bibi sabe disto. Esta foi uma falha de inteligência, de preparo, monumental. Em seu discurso à nação ontem, Bibi disse categoricamente “O que aconteceu hoje nunca foi visto em Israel – e eu vou me certificar que isso nunca mais acontecerá outra vez. E o governo inteiro apoia esta decisão”.

Bibi avisou o Hamas que a campanha de retaliação do exército de Israel iria “paralisá-los ao ponto da destruição e nós nos vingaremos com toda a força por este dia negro que eles trouxeram ao Estado de Israel e aos seus cidadãos”.

“Todos os lugares onde o Hamas está organizado, nestas cidades do mal, todos os lugares onde o Hamas se esconde, onde opera – vamos transformá-los em ruínas”, disse Netanyahu.

Ele convocou as famílias inocentes de Gaza a saírem da Faixa se quisessem manter suas vidas e avisou o Hamas que o grupo é “responsável” pela segurança dos reféns.

“o Hamas irá prestar contas a Israel por qualquer um que danificar um fio de cabelo de um refém”, acrescentou.

Netanyahu advertiu os israelenses: “Esta guerra levará tempo. Ela será difícil. Dias desafiadores ainda estão por vir. Mas posso garantir uma coisa: com a ajuda de Deus, com a ajuda das forças conjuntas de todos nós, com a ajuda da nossa fé na eternidade de Israel – venceremos”.

Esperamos que seja isso mesmo. Israel precisa parar de querer ter o exército mais moral do mundo, quando lida com pessoas completamente imorais. Ele tem que se tornar o exército mais letal do mundo. É insano que Israel deixe passar dezenas de containers por dia supostamente de “ajuda humanitária” para o Hamas, lhe forneça água e eletricidade e ainda deixa o Qatar levar milhões de dólares todos os meses para estes terroristas. É inconcebível. E o mundo agora precisa se acostumar que as regras do jogo vão mudar. Espero que mudem como Bibi prometeu.

Nesta região quando se mostra um pouquinho de fraqueza é como sangue na água para os tubarões. Eles cheiram há quilômetros. E é por isso que o Irã está coordenando estes ataques e temos que rezar para que a Hezbollah não entre nesta guerra e force Israel a lutar em duas frentes: no norte e no sul.

O mundo, neste primeiro momento está dando apoio a Israel mas isso até os palestinos começarem a reciclar imagens de crianças palestinas feridas.

Agora, vocês sabem que eu muito poucas vezes falo da política brasileira. Saí do Brasil há 40 anos e não me sinto no direito de criticar.

Mas a declaração do Lula sobre o que passou ontem em Israel foi mais que decepcionante. Ele se disse “chocado” com os ataques terroristas realizados contra civis em Israel que causaram numerosas vítimas. Sim, não foi o Hamas com quem ele tanto se identifica. Mas foram “ataques” perpetrados por entes de outro planeta que causaram as vítimas. Em nenhum momento ele menciona o Hamas.

E ele termina conclamando a comunidade internacional para que retomem imediatamente as negociações que conduzam a uma solução ao conflito que garanta a existência (não de Israel) mas de um Estado Palestino economicamente viável.

Desculpem aos eleitores deste presidente que nos ouvem, mas uma posição como esta é de uma falência moral extraordinária.

A extensão total desta catástrofe em Israel é ainda desconhecida, mas uma coisa é certa: os acontecimentos de ontem, 7 de Outubro de 2023 – um dos dias mais sombrios da história de Israel – mudarão tudo.

Este é o 11 de Setembro de Israel. E nada será como antes.