Na segunda-feira
passada o candidato ao cargo de Primeiro Ministro de Israel, Benny Ganz falou
com uma audiência em inglês sobre seus planos se ele conseguir formar uma
coalisão e o próximo governo.
Entre outras
utopias que todo candidato joga para ver se gruda com os eleitores, Ganz
prometeu algo que não só não pode cumprir mas algo do qual ele não sabe nada a
respeito.
Ganz abriu
dizendo que Benjamin Netanyahu é o único responsável pela atual falta de apoio
a Israel pelo partido democrata americano; que por causa de sua negligência,
Bibi perdeu o apoio bipartidário que Israel tem gozado desde sua criação e que
para seu partido Azul e Branco, não importa quem será o presidente americano
porque se ele for bom para os Estados Unidos, será bom para Israel”.
Yair Lapid,
que estava junto com Ganz na ocasião, adicionou que a reabilitação não será só
com o partido democrata, mas com os judeus americanos.
Foi difícil ouvir
tanta idiotice junta, de representantes de um partido que tem chances reais de formar
o próximo governo de Israel.
Embora seja
verdade que hoje o apoio a Israel é muito maior entre republicanos do que
democratas, e que a grande maioria dos judeus seja democrata, Netanyahu não tem
nada a ver com isso. Se Gantz e Lapid não sabem disso até agora, eles não merecem
dirigir a política externa de Israel.
Eles também não
parecem reconhecer que o partido Democrata, com o qual eles querem reabilitar
as relações, tem passado por uma radicalização gradual. Foi o Partido Democrata
que pressionou pelo acordo com o Irã; foram muitos de seus congressistas que
votaram contra o fornecimento de US$ 38 bilhões em assistência de defesa a
Israel; foram os candidatos à presidência dos EUA do Partido Democrata, que
boicotaram à conferência da AIPAC para comparecer à do grupo pró-palestino JStreet;
o Partido Democrata que se opôs a todos os movimentos pró-Israel do presidente Donald
Trump; e sim, o Partido Democrata que vê Israel como um ocupante e agressor do
mal.
Ganz nem se
dá conta que por ter sido Chefe das Forças Armadas de Israel durante a guerra
contra o Hamas em Gaza, ele próprio é considerado um criminoso de guerra pela
esquerda americana. É só perguntar para a congressista americana-palestina democrata
Rashida Tlaib e a Somali Ilhan Omar.
Ele responde
o quê quando confrontado com suas próprias palavras quando se gabou antes das
eleições do ano passado de ter enviado partes de Gaza de volta à Idade da Pedra?
Ou quando assumiu o crédito pelo assassinato de muitos terroristas do Hamas incluindo
o comandante da ala militar do Hamas Ahmed Jabari?
Além disso, o
fato dele ter aceitado o convite de Trump para ir a Washington no mês passado e
ter publicamente endossado seu plano de paz, não lhe trouxe mais amigos entre
os mais esquerdistas de seu partido e a esquerda israelense. E se ele não
consegue unir pessoas de seu próprio partido, como ele pretende fazer isto na
América? Se D-us me livre ele se tornar primeiro ministro de Israel, ele irá
tentar o que ele sabe falhou através dos anos: irá adotar políticas suicidas
para Israel.
A verdade é
que nenhum dos quatro líderes do partido Azul e Branco têm qualquer ideia do
que seja ou como lidar com a geração milenar ou a geração Z que não viveram os
ataques de 11 de setembro ou as Intifadas e que acham que ser judeu é ser
ativista pela justiça social. Para estas gerações, que nasceram entre 1981 e
2012, e que foram ensinados por um sistema educacional de esquerda e extrema
esquerda, Israel é um estado opressivo e não igualitário.
Isso se
refletiu na eleição de Barack Obama. 78% dos judeus votaram nele. E mesmo que
ele repetisse que seu objetivo era a segurança de Israel, ajudado por
organizações ditas “judaicas pró-palestinas” como a JStreet, ele criou um espaço enorme para o ativismo
anti-Israel e antissionista. Assim, logo Obama exigiu o congelamento da
construção em cidades e comunidades na Judeia, Samaria e Jerusalem do Leste, o
que deu aos árabes a chance de recusar negociações.
Quando Obama
não reagiu ao gaseamento de milhares de sírios apesar de sua “linha vermelha”,
isto prejudicou a credibilidade americana na região. Seu acordo nuclear com o
Irã foi não só uma ameaça para Israel mas dividiu os que eram pró-Israel. Em seu
último mês como presidente, Obama tirou as luvas e pela primeira vez em 35
anos, o governo americano não vetou uma resolução da ONU condenando Israel.
Estas ações
também minaram a credibilidade americana junto aos países árabes aterrorizados
pela aproximação de Obama com o Irã. O que tivemos foi um presidente americano abrindo
caminho para todos os ativistas antissemitas e anti-Israel que durante seu
segundo mandato foram ao ataque nos campus universitários, nas escolas, na
mídia e no Congresso. De repente, as ameaças do Irã de apagar Israel do mapa,
da Hezbollah, do Hamas e do terrorismo palestino foram varridas para baixo do
tapete. Os palestinos, rotulados de vitimas, foram isentos de toda
responsabilidade não importa o que fizessem.
Netanyahu
teve que ser um malabarista para não alienar a Casa Branca de Obama de um lado
e manter Israel seguro e próspero de outro e ao mesmo tempo tentar forjar
alianças com os vizinhos árabes. Não dá nem para imaginar Ganz fazendo isso.
Ele ainda nem compreendeu que são os democratas junto com organizações como a
JStreet e não Netanyahu que feriram sua relação com Israel.
A boa notícia
é que do jeito que as coisas andam, e as recentes acusações sobre sua falida empresa
de segurança cyber Quinta Dimensão que ganhou um contrato milionário com
polícia de Israel sem licitação, Gantz não terá a oportunidade num futuro
próximo, de pôr à prova sua boba promessa de campanha.
Não apenas
seria fútil, mas também poderia abalar as relações com o atual governo de
Washington, que – se os democratas nomearem algum dos palhaços que participaram
do debate nesta semana - está aqui para ficar até 2024.