Sunday, November 24, 2013

Um Momento Chamberlain - 24/11/2013

Hoje de manhã acordamos para um momento Chamberlain. Com os mesmos sorrisos, apertos de mão e tapinhas nas costas trocados quando o primeiro ministro inglês abandonou os Sudetos checos para Hitler em 1938 - supostamente para evitar a guerra - os líderes do mundo nos asseguraram nesta madrugada que a situação com o Irã estava salva e que Israel e os países do Golfo Árabe estavam finalmente seguros.  

John Kerry logo tomou o pódio para explicar que este foi um acordo interino, válido por apenas 6 meses pelo qual o Irã concordara em suspender o enriquecimento de urânio acima de 5% e se comprometera a desmantelar a infraestrutura técnica para enriquecimento a níveis maiores contra um relaxamento modesto das sanções internacionais. Além disso, o Irã teria concordado em neutralizar sua reserva de urânio já enriquecido a 20% e abrir suas usinas para inspeção e monitoramento da Agência Internacional de Energia Atômica.

O “relaxamento modesto” das sanções referido por Kerry significa que os Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, China e Russia, os chamados P5, não imporão novas sanções. As sanções existentes contra certos setores da economia iraniana seriam suspensas além do Irã receber 7.2 bilhões de dólares em fundos congelados.

Obama descreveu este acordo como o “primeiro passo para uma solução compreensiva” e que se o Irã não cumprisse com suas obrigações, ele poderia ser anulado e as sanções restituídas.

Pela experiência de todos os acordos interinos que Israel assinou e não cumpridos pelos palestinos, gostaria de saber se um só foi anulado e a situação revertida. Todos os acordos interinos, infelizmente, uma vez implantados, não há caminho de volta.

Alguns senadores americanos já reagiram ao acordo. Mark Kirk to estado de Illinois disse que este era um presente de bilhões de dólares ao maior patrocinador do terrorismo mundial em troca de concessões cosméticas e Marco Rubio da Florida que disse que este acordo é um insulto aos aliados americanos que já duvidam do comprometimento americano com sua segurança.

Obama ainda pediu ao Congresso americano para não aprovar novas sanções contra o Irã para não minar este acordo que na opinião dele “impede o Irã de construir uma arma nuclear”.

O novo presidente Hassan Rouhani endossou o acordo na televisão nacional hoje dizendo que o mundo finalmente reconhecera os “direitos do Irã à energia nuclear” mesmo que esta linguagem não esteja contida no acordo.

Hoje sentimos a falta de um Churchill. Alguém carismático que pudesse galvanizar a opinião pública a entender que apesar do mundo  dizer que este é um bom acordo, não é a coisa certa a fazer.

A única voz solitária foi a do primeiro ministro de Israel Benjamin Netanyahu que chamou o acordo de um “erro histórico”.

A cegueira mundial face ao projeto nuclear iraniano não é o único problema aqui. O próprio comportamento da comunidade internacional sobre o Irã é problemático. Nesta última quarta-feira, às vésperas da assinatura deste acordo, o Supremo líder do Irã, Ayatolah Ali Khamenei, falou sobre Israel usando expressões como “cães sionistas” que não iriam “sobreviver”.  Nenhuma só palavra por qualquer uma das potências presentes nas negociações em Genebra foi proferida em protesto.

Quando jornalistas questionaram as delegações europeias e americana sobre as palavras violentas usadas por Khamenei, as delegações escolheram simplesmente ignora-las. Porque estragar a nova realidade com fatos?? Afinal, não temos hoje um novo Irã com sorrisos doces de Rouhani??

Teerã se deu conta que Washington e Moscou estavam desesperados por um acordo e por isso Khamenei não poupou a língua com este discurso inflamatório.

Enquanto pensamos que o Irã foi trazido à mesa de negociação pelas sanções e posição de força que elas geraram, foi o desespero de Obama, de Catherine Ashton, e de Lavrov que forçou a capitulação do ocidente. As sanções serão levantadas e como ocorreu com a Coréia do Norte, elas não serão revertidas mesmo com os testes nucleares que não tardarão a vir por parte do Irã.

Mas este acordo dá a estes diplomatas ansiosos pelo glamour das câmeras a oportunidade de voltarem para seus países como vitoriosos. John Kerry continuará a retratar Netanyahu como um rejeicionista e que nenhum acordo seria bom o suficiente para Israel. Esta será a desculpa que a América usará daqui a 6 meses quando os palestinos abandonarem a mesa de negociação.

E o que acontecerá??

A lógica de Netanyahu será vindicada: daqui a 6 meses o ocidente assinará um mau acordo qualquer que seja ele porque Obama não vê outra coisa a não ser agradar os Ayatolas.

Com toda esta retórica de anulação do acordo em 6 meses, se o Irã não cumprir com sua parte, Kerry e seus negociadores querem ser vistos pelo Congresso americano como “protetores” de seus aliados. Os iranianos, com seus discursos venenosos, também querem parecer agressivos e duros. Os franceses querem que os sauditas apreciem sua firmeza e lhes dêem alguns contratos lucrativos. O mesmo com a China. A Russia quer preservar seu lucrativo relacionamento com o Irã, suas bases na Síria e tentar semear boa vontade com países sunitas.

Kissinger uma vez disse que a política externa americana é só uma manifestação da política interna e ela só tem um propósito: extrair milhagem com os eleitores.

Depois que os eleitores de cada país se convencerem que cada um de seus representantes foram os vencedores nas negociações, as partes se encontrarão mais uma vez em Genebra para assinarem um acordo final que retirará por completo qualquer pressão dos Ayatolas abrindo o caminho deles para a bomba nuclear.

Se a história nos serve de guia, a profecia de Netanyahu irá se cumprir. É muito raro que nações se sentem à mesa e não consigam chegar a qualquer acordo. Mas às vezes as diferenças não podem ser superadas. Apesar de muito difícil, isto ainda pode acontecer, especialmente em se tratando de um acordo ruim acompanhado da retórica ofensiva e beligerante que estamos vendo do Irã.


Agora, a única coisa que temos a fazer é esperar que somente um acordo que exija o desmantelamento completo do programa nuclear do Irã seja assinado daqui a 6 meses e que se este não for o caso, que Israel, com seus novos “aliados” do Golfo Árabe, possam cooperar para fazê-lo sozinhos.

Sunday, November 17, 2013

O Fim da Liderança da América - 17/11/2013

Mais de um século atrás, o filósofo espanhol George Santayana escreveu que “aqueles que se recusam a lembrar o passado, estarão condenados a repeti-lo”. Ele poderia muito bem estar se referindo a John Kerry e a subsecretária de Estado para assuntos políticos, Wendy Sherman sobre seus pronunciamentos sobre o Irã esta semana.
Na semana passada, mostrei como o Secretário de Estado John Kerry havia finalmente removido sua máscara de “amigo de Israel” para revelar as verdadeiras intenções da administração Obama. Nesta semana o tema é o fim da liderança da América especialmente no Oriente Médio.
Depois de chamar os bairros judaicos de Jerusalém e as comunidades de judeus na Judeia e Samaria de “ilegítimas” Kerry e Sherman disseram ao Comitê dos Bancos do Congresso americano para “não acreditarem no que Israel diz sobre o Irã” como se todo o ódio dos Ayatollahs desde 1979, os ataques terroristas que deixaram dúzias de americanos mortos e os cânticos de "morte ao Grande Satã" fossem uma mera miragem de um passado distante. 
Kerry então rapidamente fez a mala e viajou para Genebra para finalizar um acordo meio negociado com os iranianos. Felizmente, os franceses mostraram mais frieza e concluíram que um não acordo era melhor que um mau acordo. Eles então se opuseram ao fim das sanções contra o Irã que oferecera somente medidas cosméticas que não afetariam sua capacidade de produzir uma bomba nuclear.  
Desde que assumiu o Departamento de Estado John Kerry não fez outra coisa a não ser por os pés pelas mãos e a decisão deliberada da França em Genebra pôs efetivamente um fim à liderança que a América manteve nos assuntos do mundo desde o colapso da União Soviética.
Para um país ser líder, especialmente um que quer ditar o futuro de outras nações, precisa ter poder e credibilidade. Antes de Obama, a América era a nação mais poderosa do mundo. Mas as políticas de desarmamento unilateral, de retirada de tropas sem um plano sucessório no Iraque e no Afeganistão, de submissão aos humores de outros países e organizações como a ONU ou OTAN, reduziram o poder dos Estados Unidos, permitindo que outras nações muito menos democráticas ou qualificadas preenchessem o vácuo. Hoje vemos russos e chineses concluindo acordos com o Egito e a Arábia Saudita, além de outros países do golfo árabe.
Tinha sobrado a credibilidade, mas esta foi destruída na semana passada.
Em sua grosseira tentativa de convencer Israel e os países árabes de aceitarem este acordo com o Irã, Kerry mentiu.  Ele afirmou que o acordo era limitado à liberação de 5 bilhões de dólares em bens iranianos em troca do congelamento temporário do programa nuclear do Irã. Mas os ingleses e franceses informaram os israelenses e sauditas que longe de só liberar bens iranianos, o acordo também acabava com as sanções sobre os setores de petróleo e gás e outras industrias iranianas.
A posição Americana em aceitar este acordo que nem mesmo reduziria a velocidade com a qual Teherã continua a enriquecer urânio, e as mentiras de Kerry a seus principais aliados na região, acabou de destruir o pouco que restava da credibilidade americana depois de seu apoio à Irmandade Muçulmana no Egito e suas desastrosas ações ou falta delas na Síria.
O acordo não saiu não por causa dos iranianos ou desta administração americana. Não saiu por que a França vetou um acordo que abria o caminho para um Irã nuclear. O preço que Estados Unidos irão pagar por este apaziguamento do Irã é a perda da liderança do mundo. Uma perda que aumenta se pensarmos que as ações americanas deram legitimidade a este governo do Irã, endossaram os planos nucleares dos Ayatollahs e humilharam Israel e a Arábia Saudita, os principais inimigos do Irã.
Se fosse tão fácil conseguir dobrar o Irã, com a simples liberação de alguns bilhões de dólares de seu próprio dinheiro, porque administrações passadas não o fizeram?? Porque todas as administrações passadas, desde a tomada da embaixada americana em 1979 chegaram à conclusão que o preço de uma relação com Teherã era simplesmente alto demais e incluía vender todos seus demais aliados. E isso causaria a perda da credibilidade da América ao redor do globo.
Em outras palavras, para gozar de um relacionamento com o Irã, os Estados Unidos teriam que abandonar Israel, o Egito, a Arábia Saudita, o Iraque, a Jordânia e todos os outros países do Golfo Árabe, do Kuwait aos Emirados.
E é exatamente isso o que está acontecendo. Obama não é candidato à reeleição. Ele não se importa com o que acontecerá depois dele. Ele poderia muito bem repetir o que disse Luis XV da França: Depois de mim, o dilúvio! Quem perdeu a credibilidade não foi ele, foram os Estados Unidos. Quem ficou irremediavelmente enfraquecida diplomaticamente e perdeu a liderança cultivada por mais de duas décadas foi a América. A prova disto é vermos seus aliados tomarem seus próprios rumos pois não mais confiam que o Tio Sam virá em seu socorro.
Vários países em tumulto estão se voltando para a Russia e a China para a compra de armas e hoje há rumores que Israel estaria ativamente trabalhando com a Arábia Saudita para um possível ataque ao Irã.
As cenas da América ao lado de Israel nos últimos 45 anos  em face ao ódio árabe parece que chegaram ao fim. Mas chegaram ao fim pelas próprias mãos da América que deliberadamente decidiu bombardear sua aliança com o Estado Judeu.
E como disse na semana passada, este processo também gerou uma carta branca para os palestinos aumentarem a violência e não fazerem qualquer concessão que permita um acordo com Israel. Um recruta foi morto enquanto dormia num ônibus esta semana por um palestino de 16 anos e três irmãos foram indiciados pela chacina de um coronel aposentado. Os irmãos declararam que mataram o sexagenário como um “presente” para suas famílias.
Por um lado, é muito desencorajante ver os judeus americanos, ainda enamorados de Obama, dizerem que Netanyahu quer trazer o apocalipse e que teria que ser mais flexível para permitir um acordo com o Irã.
Por outro lado, a única maneira de salvar a liderança da América hoje seria uma ação do Congresso para endurecer as sanções contra o Irã e porque não, aprovar ajuda econômica para as comunidades judaicas  além da linha verde em desafio às sanções europeias. Isto mostraria que as ações radicais de Obama não representam a vontade do povo americano e talvez assim, o próximo presidente possa restaurar a sanidade à política exterior dos Estados Unidos.

Se o Congresso tomar esta iniciativa, salvaguardará talvez um mínimo de credibilidade da América para dar uma chance à próxima administração recuperá-la. Até lá só teremos que contar os dias para Obama sair da Casa Branca.

Monday, November 11, 2013

O Fim da Duplicidade de Kerry - 10/11/2013

Até esta semana, a maioria da opinião mundial era que o Secretário de Estado americano John Kerry era um cara legal. Ingênuo, mas legal. Seu otimismo contagioso nos deu a impressão, desde o começo do ano, que um acordo de paz com os palestinos era iminente.

Mas nesta última terça-feira, para horror dos israelenses, descobrimos um novo Kerry. Numa entrevista para as televisões de Israel e palestinas, Kerry se mostrou antipático, ameaçador, preconceituoso, abstraído à falta de confiança transmitida pelos líderes palestinos e perigosamente cego à situação explosiva que ele mesmo está criando.

Repetindo a linha palestina, Kerry não mostrou qualquer apreciação pelas posições de Israel ou às suas preocupações, além de uma vaga alusão à “segurança” do Estado Judeu.

Mas ele foi direto e específico sobre Israel ficar isolado e sobre uma terceira intifada se Israel não permitir a rápida criação de uma “Palestina inteira” e der fim à “ocupação” da Judeia, Samaria e Jerusalém. Isto é o que chamamos de profecia auto-realizável.

É muito possível que os palestinos usem o colapso das negociações como uma desculpa para mais violência. Mas a verdade é que eles nem esperaram o colapso para voltarem a atacar israelenses como vimos nas últimas semanas. E agora, eles têm o selo de aprovação do Secretário de Estado americano.

Kerry finalmente colocou na mesa a visão de Obama  sobre Israel. Esta visão prega que se o estado judeu não sucumbir à todas as exigências palestinas e internacionais e se retirar completamente da Judeia, Samaria e Jerusalém, então os Estados Unidos se unirão à campanha de deslegitimar e isolar Israel.

Na prática Kerry está dizendo aos palestinos para se assegurarem que as negociações falhem e então Israel será forçada a capitular em tudo. Agora os palestinos sabem exatamente o que fazer. Eles nunca quiseram se limitar à um mini estado,  como caracterizado pelos negociadores palestinos Saeb Erekat  e Ahmad Khalidi. O que eles sempre quiseram foi a palestina do rio Jordão ao Mediterrâneo e a ilegitimidade de Israel, juntamente com a campanha de afunda-la demograficamente e oprimi-la diplomaticamente.

Estrategicamente não há qualquer boa razão para os palestinos aceitarem qualquer acordo com Israel. Mahmoud Abbas seria tolo se aceitasse limitar as ambições palestinas quando tudo está indo tão bem para o seu lado. O boicote da União Européia, a clara mostra de partidarismo da América, seu reconhecimento na ONU, enfim, estão conseguindo levantar todo o mundo contra Israel. Se Abbas assinar um acordo de paz, estaria conferindo a legitimidade que Kerry diz Israel está perdendo...

Assim os palestinos estão mantendo suas exigência máximas para empurrar Israel para o canto da punição americana, para o isolamento que tanto “preocupa” Kerry e ao final conseguir ainda mais concessões.

A investida de Kerry na mídia irá somente encorajar a intransigência palestina e tirar o processo de paz de qualquer cenário realista.

Nos últimos 30 anos, os israelenses mudaram suas visões sobre o conflito com os palestinos de modo radical. Foram de negar a criação de um estado palestino, à reconhecer suas aspirações nacionais. De insistir na soberania e controles exclusivos de Israel sobre a Judeia, Samaria e Gaza a aceitar um estado palestino desmilitarizado nestas áreas. Israel já evacuou Gaza, permitindo a ascensão de um governo palestino na Faixa e lhes transmitiu o governo de mais de 95 porcento dos residentes da Judeia e Samaria. Israel fez 3 ofertas concretas de criação de um estado palestino à Autoridade Palestina.

A resposta palestina a tudo isso foi se manter absolutamente irredutível em suas demandas por mais absurdas que sejam, como inundar Israel própria com 5 milhões de palestinos refugiados e continuamente ameaçar mais violência se tais exigências não forem aceitas.

Esta política de só colocar pressão em Israel não funciona. Se funcionasse, já teríamos um acordo há muito tempo. Isto porque Israel está lutando por sua sobrevivência e não pode comprometer sua segurança para agradar uma comunidade internacional que de fato, gostaria de vê-la destruída.

Se esta política não funciona, por que não mudá-la??? Por que não passa pela cabeça dos líderes mundiais colocarem pressão sobre os palestinos para variar? Por quê é tabu atacar suas  exigências maximalistas?

Kerry deveria estar limitando as expectativas palestinas para trazê-los à um compromisso. Deveria reconhecer publicamente os laços históricos do povo judeu com a terra de Israel, incluindo a Judeia, Samaria e especialmente Jerusalém e a legitimidade de sua presença no Oriente Médio como um estado judeu.

Kerry deveria estar dando entrevistas à imprensa exigindo que os palestinos renunciem ao direito ao retorno dos seus “refugiados” para dentro de Israel própria e acabem de uma vez por todas com sua política de glorificação de homens-bomba e de fabricantes de mísseis que têm como único propósito matar civis israelenses. Kerry deveria sem dúvida condenar a propaganda anti-semita e anti-Israel que permeia as ondas de rádio e televisão palestinas.

E deveria deixar claro aos palestinos que se eles não aceitarem um compromisso com Israel, o mundo ficará do lado do estado judeus e não tolerará a violência  que estão prometendo.

Em vez disso, Kerry escolheu lançar um ataque frontal a Netanyahu e a todos os israelenses que de acordo com ele, “teimosamente se sentem seguros e estão indo bem economicamente”, reavivando noções anti-semitas que judeus só pensam em dinheiro.
Nesta situação perguntamos, o que pode fazer Israel??

O ex-embaixador de Israel na ONU, Dore Gold, publicou um artigo interessante esta semana dizendo que é preciso lembrar ao mundo o que manda a resolução 242 da ONU. Esta é a famosa resolução aprovada logo após a guerra dos 6 dias, que fala sobre a retirada de Israel de territórios conquistados. A batalha sobre a linguagem desta resolução não foi apenas um exercício de legalês mas algo necessário pois todo o mundo na época concordava que a linha de Armistício de 1949 era inaceitável e deixaria Israel para sempre vulnerável a ataques.

Assim a cláusula recomendou a retirada de territórios levando em conta as necessidades de segurança das partes. Sem entrar no mérito de Israel e judeus terem o direito histórico, legal e moral à Judeia, Samaria e Jerusalém, Israel tem que cobrar do mundo o que ele próprio decidiu há 46 anos atrás. 

Enquanto o mundo e o Sr. Kerry estão livres para expressarem sua opinião, se gostam ou não de Israel ou de judeus, não estão livres para modificarem os fatos históricos. Estes são os fatos e ponto final.


Não seria uma estratégia definitiva mas se Israel ficar firme em seus direitos e convicções, mandará uma poderosa mensagem. E na situação em que estamos, isto seria pelo menos um bom começo.

Sunday, October 27, 2013

A Hipocrisia da União Européia - 27/10/2013

Nesta semana que passou, o presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas escolheu percorrer a Europa para tentar convencer empresas europeias a cortarem relações econômicas com as comunidades judaicas na Judeia e Samaria e nos bairros de Jerusalém do leste.

Abbas também teria pedido à França para tomar medidas contra centenas de judeus franceses que moram em comunidades localizados além da linha de armistício de 1949. De acordo com o jornal Al-Quds al-Arabi, baseado em Londres, Abbas teria exigido que a França tirasse a cidadania destes franceses e encontrasse outras formas para pressioná-los a abandonarem suas casas e propriedades nestes locais.

Se alguém acha que pedidos como estes são absurdos não está ciente de quanto  receptiva a Europa é à eles.

Em Julho, a União Européia aprovou diretrizes especificamente censurando instituição judaicas e entidades governamentais que operam além das linhas de armistício de 1949. A partir de janeiro de 2014, qualquer subsídio, prêmio ou empréstimo para desenvolvimento científico, tecnológico e intelectual será negado a qualquer instituição judaica localizada além da linha verde.

Esta é a prerrogativa da Europa. Não é a primeira vez que ela aprova leis aplicáveis somente a judeus. Mas isto não foi o suficiente e em setembro, ela conseguiu se rebaixar ainda mais. No meio do mês, cumprindo uma ordem da Suprema Corte de Israel o exército destruiu 250 estruturas ilegais construídas por palestinos no Vale do Jordão. A decisão da Suprema Corte estava em conformidade com os acordos assinados com os palestinos que deu jurisdição à Israel sobre o Vale do Jordão.

Cinco dias depois, ativistas palestinos chegaram ao local carregando tendas. Mas não estavam sós. Estavam acompanhados de diplomatas europeus para lhes dar cobertura diplomática enquanto violavam a lei e os acordos assinados pela OLP. Isto teria sido suficiente para um escândalo mas a coisa foi mais além. A adida cultural do consulado francês em Jerusalém, Marion Castaing decidiu que dar cobertura não era suficiente e decidiu então dar um soco no rosto de um policial israelense. O vídeo está no Youtube e mostra que o soco foi totalmente sem provocação.

Mas em vez de se desculpar com Israel pelo comportamento de diplomatas europeus ajudando palestinos a violarem a lei e a violência física de Castaing, a chefe da política estrangeira da União Européia, Catherine Ashton atacou Israel.

Ela teve a cara de pau de dizer que aquelas tendas haviam sido pagas por contribuintes europeus como “assistência humanitária”, que deplorava sua confiscação e exigia uma explicação de Israel sobre o incidente.

O papel da União Européia em financiar os esforços palestinos para construir ilegalmente no Vale do Jordão e outros lugares não é único. Seu desrespeito à lei de Israel e aos acordos que ela assinou com os palestinos se estende a construções ilegais em toda a Judeia, Samaria e Jerusalém. O que foi diferente desta vez foi não só o fornecimento de cobertura diplomática para a violação da lei mas a prontidão em usar de força física contra as forças de segurança de Israel. Aonde estamos?

Por um lado, Ashton proclama sua devoção ao processo de paz e ao direito internacional e por outro patrocina atos como estes. Esta hipocrisia precisa ser assinalada.

Se Israel até agora deu o benefício da dúvida aos europeus foi porque acreditou em suas promessas vazias de comprometimento com o processo de paz. A consequência foi que desde os acordos de Oslo há 20 anos atrás, todos os passos tomados por Israel para mostrar boa vontade foram usados contra ela e para enfraquece-la.

Para os europeus e outros proponentes de expulsar os judeus da Judeia, Samaria, Jerusalém e as Colinas do Golã, o axioma é que a própria presença de judeus nestes lugares é ilegítima. Se eles vencerem, o único lugar no mundo aonde os judeus estarão proibidos de viver será na terra da qual saíram. Sim pois foi na Judeia, Samaria e nas porções de Jerusalém que passaram ao controle de Israel em 1967, que falaram os profetas da Bíblia, aonde reinaram os reis de Israel e aonde se passaram os mais profundos eventos bíblicos vivenciados pelo povo judeu. É aonde o monte do Templo de Salomão se encontra, o local mais sagrado do mundo e em direção do qual judeus do mundo inteiro têm rezado três vezes por dia por mais de 2 mil anos.

Em outras palavras, palestinos, árabes, europeus e outros por aí, querem impedir os judeus de se estabelecerem precisamente aonde estão suas raízes históricas e culturais. Eles argumentam que os assentamentos são “ilegais”. Vamos então revisitar esta “indiscutível verdade” pela enésima vez, para termos tudo claro na cabeça.

Este argumento se baseia no Artigo 49 (6) da Quarta Convenção de Genebra de 1949 que diz que uma força militar ocupadora “não pode deportar ou transferir parte de sua própria população civil para o território que ocupar”. Esta cláusula, escrita logo após a Segunda Guerra Mundial se referia à tremenda transferência de população efetuada pelos nazistas e outros regimes totalitários.

Só que não há qualquer consenso entre juristas se é ou não ilegal para indivíduos decidirem de livre e espontânea vontade se instalarem no território, especialmente se não estiverem tirando ninguém de sua propriedade. De fato, não há nem consenso se Israel é uma força de ocupação ou não pois a Judeia e a Samaria não pertenciam a qualquer país soberano. A anexação da Cisjordânia pela Jordânia em 1949, não foi reconhecida pelo resto do mundo. Depois de sua vitória em 1967, o direito de Israel à Judeia e Samaria se tornou tão forte - se não mais forte - que o de qualquer outra nação, considerando que a Liga das Nações em 1922 quando estabeleceu o Mandato da Palestina, explicitamente reconheceu os profundos laços dos judeus à Judeia, Samaria e Jerusalém.

Mas o que é ainda mais moralmente repreensível é ouvir o Sr. Abbas em inúmeras ocasiões dizer que o futuro estado da Palestina não tolerará a presença de um só judeu em seu solo.

Israel deu cidadania a 1.7 milhões de Árabes. Hoje foi noticiado que pela primeira vez um Druso irá comandar o Batalhão 51 dos Golani do exército de Israel. Porque então um futuro estado palestino não poderia oferecer o mesmo a seus residentes judeus?

As fronteiras finais de um estado palestino devem ser determinadas através de negociações e compromisso mútuo, não medidas unilaterais como boicotes e represálias com o único propósito de forçar Israel a abandonar as áreas com as quais tem a maior ligação histórica, cultural e religiosa.

A tolerância tem limites. Não podemos aceitar em silêncio tudo o que líderes como Ashton dizem, especialmente quando destorcem a lei internacional e quando fazem proclamações e promessas vazias de apoio à causa da paz. Somente se expusermos a verdade por trás destas mentiras é que a paz terá qualquer oportunidade de acontecer.

Sunday, October 20, 2013

A Interminável Incitação Palestina - 20/10/2013

Na última quinta-feira o jornal The Washington Post publicou um artigo acusando a Turquia de ter exposto uma rede de espiões israelenses para o Irã. Imediatamente, o Ministro das Relações Exteriores da Turquia Ahmet Davutoglu acusou Israel de fazer acusações infundadas, de tentarem sujar a Turquia na comunidade internacional. Hoje, no entanto, o mesmo ministro aparentemente confirmou a acusação dizendo que o chefe da inteligência turca estava apenas “fazendo seu trabalho”.

Está claro que apesar do presidente Obama ter pressionado Netanyahu a pedir desculpas à Erdogan pelo incidente da flotilha em 2010, a Turquia não tem qualquer intenção de regularizar suas relações com Israel. Esta acusação é extremamente séria, pois se for verdadeira, a Turquia teria violado todas a regras de cooperação entre as organizações de inteligência e ninguém mais confiará nos turcos com qualquer informação. Vale lembrar que a Turquia até 2010 era considerada aliada de Israel e até serviu de intermediária entre o estado judeu e os árabes.

Por outro lado, no dia 26 de setembro último, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em seu discurso à Assembléia Geral das Nações Unidas, afirmou que os palestinos “continuam a estender a mão aos israelenses dizendo: vamos trabalhar para que a cultura de paz reine”. Realmente, sentimentos muito louváveis se não fossem cobertos de hipocrisia.

Imediatamente após voltar de sua viagem a Nova Iorque e de seu discurso, o Sr. Abbas cancelou alguns encontros para receber o celebrado poeta egípcio Hisham Al-Gakh, autor do famoso hit “nosso inimigo é o diabo sionista de rabo de garfo”.

Na mesma noite, o Sr. Al-Gack teve a oportunidade de recitar sua canção “maravilhosa” ao receber um prêmio do ministro da cultura palestino. Em Julho, o programa “Palestina Esta Manhã” tinha como quadro principal duas irmãs recitando um poema do mesmo Sr. Al-Gack referindo aos “filhos do Sion” como “macacos barbáricos” e “porcos miseráveis”.  

Estes são somente dois de milhares de exemplos do incitamento palestino contra o estado judeu e o povo judeu. Há até vários exemplos da glorificação de Hitler nas páginas do Facebook de escolas governamentais palestinas e em publicações para crianças patrocinadas pela Autoridade Palestina. Estas mensagens, propagadas diariamente na mídia palestina e nas salas de aula, são internalizadas pela grande população e especialmente pelas crianças e juventude.

Desde os idos dias dos acordos de Oslo, há 20 anos atrás, o otimismo israelense por uma paz duradoura foi substituído por uma profunda desconfiança das intenções reais dos palestinos. E não é só por causa dos ataques terroristas, que emanaram das áreas transferidas para o controle palestino, mas também pela conclamação diária pela destruição de Israel pelo governo, mídia, e escolas.

A história do povo judeu nos ensinou de maneira dura, a nunca subestimar o poder do ódio.

As estações de televisão, de rádio, escolas públicas, colônias de férias, revistas para crianças e sites da internet, estão sendo usados pelos palestinos para imprimir no cérebro de sua população quatro mensagens principais:

Primeiro, que a existência do estado judeu (independente de suas fronteiras), é ilegítimo porque não há povo judeu, como não há história judaica neste pedaço de terra.

Segundo, que judeus e sionistas são criaturas horríveis que corrompem os que moram em sua vizinhança.

Terceiro, que palestinos precisam continuar com sua luta até a inevitável substituição de Israel por um estado árabe-palestino.

Finalmente, que todas as formas de resistência são louváveis e válidas, mesmo que algumas formas de violência não sejam de todo convenientes.

Assim, em vez de serem escolados na “cultura de paz”, a próxima geração de palestinos estão sendo alimentados de modo implacável com uma retórica que inclui a idolatria de terroristas, a demonização dos judeus e a convicção que cedo ou tarde Israel deixará de existir.

Mesmo depois do anúncio do Secretário de Estado John Kerry da renovação das negociações de paz, a incitação continua sem qualquer trégua. Por exemplo, na recente “visita de paz” do clube de futebol FC Barcelona ao distrito de Hebron, a televisão palestina fez questão de lembrar ao seu público que a Palestina se estende de “Eilat a Rosh Hanikra”, isto é, não é só a Judéia, Samária e a Faixa de Gaza, mas a terra de Israel em toda as sua extensão. Esta observação foi seguida de uma canção cantada por Muhammad Assaf, o ganhador do programa popular Ídolo Árabe que falava sobre a “libertação” de cidades israelenses como Haifa, Tiverias e Sfat.

O fato que esta indoutrinação anti-Israel e anti-semita persiste, apesar de toda a fanfarra do relançamento das negociações de paz entre Israel e os palestinos, constitui um obstáculo formidável para o caminho da paz. Ela deveria ter desaparecido 20 anos atrás quando os palestinos se comprometeram a acabar com todas as formas de incitação conforme os acordos de Oslo. E até que ela termine, as negociações não irão resultar em qualquer progresso.

Progresso para a paz requer que ambos os palestinos e israelenses criem uma atmosfera condutiva ao diálogo. A difícil decisão de Israel de soltar 100 terroristas condenados de suas prisões em 28 de julho último, assim como as medidas para ajudar a economia palestina, foram passos corajosos para mais uma vez tentar criar confiança e melhorar a atmosfera das negociações.

Só que estes passos são tomados somente por Israel. Não há qualquer reciprocidade do lado palestino. O mínimo que eles poderiam fazer é suspender seu patrocínio público de ódio gratuito.

Se eles não o fizerem, qualquer tentativa de negociações irá falhar. E já estamos vendo os resultados: desde que as negociações retomaram, a violência tem escalado substancialmente com vários ataques terroristas, o último neste final de semana quando um palestino tentou romper o portão de uma base israelense com seu trator.

Imediatamente após, o primeiro ministro do Hamas Ismail Hanyieh conclamou os árabes a se prepararem para a “Grande Intifada de Al-Aksa” e exigiu o fim das negociações entre a OLP e Israel. E o Hamas está realmente se preparando para esta possibilidade. Durante esta semana Israel descobriu um túnel de 1.7 Km, incrivelmente sofisticado entre a Faixa de Gaza e o kibutz Ein Hashloshah. O túnel, inteiramente de concreto, com eletricidade e linhas telefônicas, além de um estoque de explosivos, foi construído com material doado por Israel para que o Hamas supostamente construísse escolas e outras infra-estruturas que eles reclamam o tempo todo para a comunidade internacional que lhes falta.

Tudo isso mostra que as suspeitas dos israelenses sobre as intenções palestinas são mais uma vez confirmadas e o perigo das concessões poque o outro lado exige para uma suposta “paz”.

A Turquia e os palestinos são prova que Israel não pode se iludir com as intenções de seus inimigos. Chegou a hora de Israel e o mundo exigirem passos concretos destes inimigos como o fim da campanha de deslegitimação do povo judeu e do Estado judeu antes de qualquer negociação sobre um status final, a entrega de territórios ou a normalização de relações.


Sunday, October 13, 2013

O Pesadelo da Arábia Saudita - 13/10/2013

Um evento ou melhor, um não evento durante a Assembléia Geral das Nações Unidas passou quase desapercebido pela mídia. Quando o ministro das relações exteriores da Arábia Saudita, o veterano Príncipe Saud al-Faisal, recusou a discursar no plenário pela primeira vez, seu silêncio não poderia ter sido mais eloquente.

Para a maioria dos países, uma tal recusa pode ser considerada não mais do que uma torcida de nariz, mas para a Arábia Saudita, isto tem outras implicações bem mais graves.

A Arábia Saudita sunita está numa luta de vida ou morte pelo futuro do Oriente Médio com seu arqui-rival o Irã shiita e está furiosa com a ONU por não ter tomado qualquer atitude em relação à Síria, que é apoiada por Teerã. Não só ela está fula com a China e a Russia que vetaram toda ação do Conselho de Segurança, mas pela primeira vez, está irada com os Estados Unidos. Hoje o mundo árabe está convencido que a América abandonou seus amigos com políticas que eles consideram ingênuas e fracas.

O sentimento saudita é similar ao de Israel: que Barack Obama está permitindo ao seu inimigo comum, uma vantagem que pode ser irreversivelmente fatal. Membros desta administração americana não acreditam que sua aliança com a Arábia Saudita, a monarquia islâmica - que domina o suprimento de petróleo no mundo - esteja em qualquer perigo. Mas como ocorreu há 40 anos atrás quando a OPEC puniu os Estados Unidos com um embargo de petróleo por seu apoio a Israel, a Arábia pode estar disposta a desafiar Obama em defesa de seus interesses regionais.

Estes interesses incluem o curso tomado por Obama no Egito desde a Primavera Árabe e a ajuda aos rebeldes sunitas na Síria.

O foco da ira saudita são os clérigos shiitas que pregam a revolução nos países árabes governados por sunitas. Além da omissão americana em ajudar os rebeldes sunitas na Síria, Riyadh viu com horror Obama estender sua mão a Rouhani, o novo presidente do Irã.

Robert Jordan, ex-embaixador americano em Riyadh disse esta semana que o pior pesadelo dos sauditas seria um acordo entre esta administração americana e o Irã. Um acordo que permitiria a inspeção das usinas nucleares iranianas contra uma tácita permissão para que os mullas continuem sua campanha para dominar o mundo árabe.

Abdullah al-Askar, presidente da comissão em política internacional do parlamento saudita expressou sua preocupação dizendo que se a América e o Irã chegarem a um entendimento, será ao custo do mundo árabe, dos países do Golfo e especialmente da Arábia Saudita.

Numa rara aparição na mídia e ao lado de Adly Mansour, presidente interino do Egito, o rei Abdullah condenou o terrorismo, decepção e sedição da Irmandade Muçulmana. Estas poucas palavras mostraram o tamanho da ravina existente entre a América e a Arábia nos assuntos do Oriente Médio.

Foi a retirada do apoio a Hosni Mubarak e o apoio de Obama à Irmandade Muçulmana que primeiro chocou a realeza saudita, instaurando neles uma profunda desconfiança ao ver um amigo ser abandonado por Washington desta forma. A subsequente reverência de Obama a Mohamed Morsi os contrariou ainda mais pois eles vêem a Irmandade Muçulmana como uma ameaça ao seu governo dinástico. Por isso, quando Obama ameaçou cortar a ajuda ao Egito, Riyadh ofereceu compensar a perda, de fato minando a política americana e mandando um recado que os sauditas estão prontos a seguir seu próprio caminho.

Normalmente, os sauditas não tomariam uma decisão contra os interesses americanos. Hoje, parece que passaram desta fase e se não for de seu interesse, os sauditas não se curvarão mais à América.

O conflito na Síria é visto pela Arábia Saudita como uma batalha que irá definir o Oriente Médio, entre líderes árabes pró-ocidente e o Irã não-árabe. Por mais de um ano, os sauditas pressionaram Obama a se envolver na guerra civil ou com ataques aéreos diretos ou fornecendo ajuda militar aos rebeldes sunitas. Quando centenas de civis morreram no ataque químico em agosto, os sauditas esperavam finalmente uma reação de Obama à quebra de sua própria linha vermelha. Mas o subsequente acordo negociado com a Russia, foi uma vitória para Teerã e para os sauditas um verdadeiro tapa na cara.

A Arábia Saudita e o Irã se vêem como os representantes de visões opostas do Islamismo: os sauditas, guardiões de Meca e de uma hierarquia sunita conservadora; os shiitas iranianos, a vanguarda da Revolução que se propõe “libertar” o mundo árabe supostamente oprimido.

Na última década os sauditas assistiram alarmados como as populações shiitas nos países árabes vizinhos se fortaleceram, dominando a política no Líbano e no Iraque e encenando rebeliões em Bahrain e no Yemen numa estratégia que parece querer cercar a Arábia Saudita.

Mas o Irã não parou aí. Conseguiu fomentar agitações e protestos violentos da minoria shiita na própria Arábia Saudita, membros da guarda revolucionária iraniana foram pegos planejando o assassinato do embaixador saudita em Washington, além de ter conseguido implantar uma rede de espionagem no reino saudita.

Se os Estados Unidos permitirem que o Irã ganhe a Síria, a que conclusão devem chegar os sauditas?

Os príncipes da Arábia são políticos muito hábeis. Eles não se teriam mantido no poder todo este tempo se não o fossem. Até agora, a maioria das administrações americanas, sejam republicanas ou democratas, sempre ouviram seu conselho, inclusive sobre os iranianos. Mas a divergência de hoje que começou com o Egito e se solidificou com a Síria, está empurrando os sauditas contra a política americana.

Na próxima quarta-feira será o aniversário de 40 anos do embargo árabe do petróleo que causou o caos na economia americana e mundial. Hoje um suprimento estável de petróleo é de suprema importância para os Estados Unidos e a Europa saírem da atual crise econômica mas a Arábia Saudita pode estar preparada a seguir seu próprio caminho.

Muitos analistas e diplomatas no Golfo Pérsico dizem que os Estados Unidos estão pressionando os sauditas a não entregarem armas como mísseis terra-ar para os rebeldes sírios, com medo que caiam nas mãos de militantes islamistas da Al-Qaeda.

Esta é uma área que os sauditas podem decidir contrariar os americanos. Mustafa Alani, um analista Iraquiano baseado na Arábia e ligado à família real disse que não há divergência em opinião sobre a política de Obama. Ele afirmou que não há mais um só príncipe que simpatiza com ele. Eles acham que Obama perdeu a cabeça.


E aos poucos, Obama conseguiu o que ele pretendeu desde o princípio: minar a influência americana no Oriente Médio e no resto do mundo sem se importar quem poderia ser sacrificado no processo. Ele só esqueceu que alguns sacrifícios como a Arábia Saudita e Israel não subirão ao patíbulo em silêncio.