Sunday, May 28, 2017

Entre Manchester e Jerusalem - 28/05/17

Vamos começar com o balanço da semana: 51 mortos e mais de cem feridos. Primeiro, o ataque na Arena de Manchester, depois do show da cantora Ariana Grande. O alvo: meninas e adolescentes e mães que esperavam suas filhas saírem do estádio. E ao reclamarem a autoria do ataque, o Estado Islâmico decidiu atravessar uma linha que pode ser o alarme que o mundo precisava para erradicar estes energúmenos da face da terra: declarou que matar crianças infiéis é permitido, de acordo com sua interpretação do Al-Corão.

E mais: no começo da semana os ingleses achavam que havia três mil jihadistas no Reino Unido, quando a polícia anunciou que o número é na verdade 23 mil e não dava para seguir todos! Como se esta fosse uma desculpa boa para ignorar cinco avisos feitos por vizinhos deste terrorista.

Muito menos coberto foi o segundo ataque, a um ônibus que transportava cristãos coptas: 29 mortes, entre as quais 10 crianças, metralhados também pelo Estado Islâmico. Os cristãos do Oriente Médio continuam a ser massacrados e escorraçados e o mundo continua silente.

Não é de surpreender que Donald Trump tenha dito alto e claro aos líderes árabes, no domingo passado, que é preciso erradicar esta ideologia da face da terra. Vamos ver se eles ouviram.

Donald Trump completou com um estrondoso sucesso sua primeira viagem ao exterior mudando a realidade geopolítica onde ele passou. E a mídia de esquerda não se aguenta em sua miséria.  Procuraram de tudo para ataca-lo e quando não encontraram, inventaram. Disseram que sua esposa Melania tinha recusado segurar sua mão, que ele tinha empurrado o primeiro-ministro de Montenegro e finalmente que Trump era o culpado por um candidato ao Congresso americano ter atacado um jornalista. O candidato, do Estado de Montanha, acabou ganhando a eleição.

Em Israel, o que foi notável, não foi tanto o que Trump disse, mas o que ele deixou de dizer. Como todos os presidentes anteriores, ele começou elogiando o Estado e os judeus por sua perseverança, inovações tecnológicas e democracia. E após o açúcar, podíamos segurar a respiração porque aí vinha o vinagre.  Mas neste ponto, Trump agradeceu e terminou seu discurso. Desta vez não teve vinagre.

Trump fez sete discursos em Israel e nenhuma só vez mencionou os assentamentos. Ainda melhor, ele não fez qualquer ligação entre terrorismo e assentamentos como era tão comum com a administração anterior. Estávamos acostumados com Obama condenando o último ataque terrorista palestino e a próxima sentença dele culpava Israel pelos assentamentos.

Diferentemente, ao se encontrar com Abbas em Belém, Trump disse inequivocamente que a paz “nunca poderia criar uma raiz num ambiente aonde a violência é tolerada, paga ou premiada”.

Trump resolveu que atacar assentamentos implacavelmente, até a construção de algumas unidades dentro de Jerusalem, serve apenas como distração. Até mesmo porque os assentamentos nunca foram um empecilho até Obama torna-los um.

Mas muito mais significativo Trump também não falou uma só vez de um Estado Palestino, da solução de dois estados ou mesmo de autodeterminação palestina. Isto porque Trump quer que as partes na região cheguem a um consenso do que é o melhor para eles, e há outras soluções na mesa como uma federação com a Jordânia por exemplo.

A abordagem de Trump, em contraste com a de Obama, é limitada a exigir das partes seu comprometimento a tentarem chegar a um acordo. Ele não dá lições de moral, não tenta ensinar outros povos como governar, mas espera que todos se comportem responsavelmente. Ele também resolveu colocar as cortinas sobre a suposta “luz” que Obama disse ter sido necessária entre “amigos”, expondo a todos sua discordância e antipatia com Netanyahu.

Para mim a imagem mais marcante da visita de Trump foi sua visita ao Muro das Lamentações. Usando uma kipá negra e colocando sua mão nas pedras milenares, ele não estava só expressando sua prece que Deus lhe dê sabedoria para governar, como ele disse. Ele estava fazendo uma declaração sobre o elo dos judeus para com o Muro e com Jerusalem.

O Monte do Templo é um dos maiores exemplos do passado ilustre dos judeus. Ele nos leva de volta à um tempo quando éramos um povo com uma religião e uma língua comuns e povoávamos a terra de Israel e tínhamos Jerusalem como nossa capital.

O Talmud nos diz que dez medidas de beleza desceram ao mundo e que nove delas foram tomadas por Jerusalem. Uma só pelo resto do mundo.

E realmente. Jerusalem é linda, por dentro e por fora. Por fora é óbvio para todos verem: suas construções de pedra branca que a faz reluzir, seus jardins, o cheiro de alecrim no ar. Por dentro é aquela sensação que todos sentimos ao chegarmos à cidade: de estarmos conectados com nossa alma. E isto ouvi de um ateu!

Mas até a manhã do dia 6 de Sivan do ano 5727, metade da cidade santa, incluindo o Monte do Templo, estava fechada aos judeus. Durante os 19 anos de ocupação jordaniana, antigas sinagogas sofreram destruição sistemática, lugares arqueológicos nivelados, uma população árabe implantada aonde a comunidade judaica tinha vivido por milênios.

Mas naquela manhã de Shavuot de 1967, uma semana após a liberação da cidade por Israel, a cidade inteira foi aberta pela primeira vez. Dezenas de milhares de judeus vieram de todo o país e de fora para pisarem nas ruas e vielas sagradas e se uniram em prece no Muro das Lamentações.

Judeus religiosos e seculares, ashkenazim, sepharadim, homens, mulheres e crianças, mão em mão, comemoraram a antiga festa de Shavuot em sua nova/antiga/eterna capital, num momento de união que provavelmente só teve paralelo no Monte Sinai. Aqueles milhares de judeus, olhando para aquelas pedras antigas com um profundo senso de história e destino, souberam que finalmente tinham voltado para casa – depois de tantas perseguições, sangue, morte, lágrimas, tanto sofrimento em tantos anos de exílio.

As lágrimas derramadas naquele Shavuot foram lágrimas de alegria.

Todos nós queremos a paz. Tem aqueles que estão dispostos a não deixar nenhuma pedra intacta para alcançá-la. O mundo quer impor seus desígnios a Israel, rejeitando a anexação e unificação de Jerusalem. Exigindo a re-divisão da cidade.


Mas ao olharmos hoje para estas pedras que formam o Kotel, realizamos que há pedras que não podem ser mexidas para a paz. Elas são eternas e a volta dos judeus a elas cumpriram uma promessa que Deus fez. E esta promessa não pode ser desfeita por absolutamente ninguém.

Friday, May 26, 2017

Trump na Arabia e Israel - 21/05/2017

Donald Trump embarcou para sua primeira viajem ao exterior como presidente dos Estados Unidos. Muitas primeiras vezes são esperadas e já começaram a acontecer. Foi a primeira vez que um presidente americano escolheu um país muçulmano como sua primeira parada, E ao chegar à Arábia Saudita, o que foi muito comentado foi o fato de ser a primeira vez que a primeira dama e a filha do presidente apertaram a mão do rei na recepção e se sentaram junto com os homens na mesa de negociação e com o cabelo descoberto.

Após serem obrigados a participar da dança da guerra empunhando espada e tudo, Trump e seu secretário de estado Rex Tillerson tocaram a agenda do dia e assinaram um dos maiores acordos de venda de armas da história, se não o maior. São 350 bilhões de dólares em 10 anos que irão gerar milhares de empregos para a América e fortalecer o maior adversário do Irã na região.

A mídia saudita não poupou elogios a Trump e declarou a era Obama “morta”. A efusiva recepção saudita parece algo inédito para alguém que durante a campanha não parou de culpar o islamismo radical pelo terrorismo mundial, incluindo aquele saído da Arábia Saudita. Estranho não? Entre um presidente americano que se curva ao rei e fica no muro nas disputas regionais e um que fala o que todos acham que não deve sobre o islamismo e que não se curva a ninguém, os sauditas preferem o segundo. A diferença está no fato que como Churchill, Trump sabe que no Oriente Médio somente o cavalo mais forte é respeitado. Trump falou aberta e claramente aos lideres muçulmanos que eles têm que expulsar a ideologia radical de seus países.

As próximas paradas são Israel, aonde Trump será o primeiro presidente americano empossado a visitar o Muro das Lamentações, o Vaticano, Bruxelas e a Sicília.

Esta viagem veio bem a calhar dando umas férias ao presidente de tantos “escândalos” inventados pela mídia que a cada espirro do presidente ela encontra uma razão para um impeachment.

Chegou a um ponto que o Vice Advogado Geral da América Rod Rosenstein nesta semana decidiu nomear o ex-diretor do FBI Robert Mueller para investigar se existiu “qualquer ligação ou coordenação entre o governo russo e indivíduos associados com a campanha de Trump”.

A gota d’agua foi sobre uma revelação de inteligência que Trump teria feito ao ministro do exterior russo Sergei Lavrov sobre uma possível tentativa do Estado Islâmico de explodir um avião civil usando um computador. A coisa é tão bizarra e patética que chegou a ser definida por Putin como “esquizofrênica”. E ele tem razão.

Primeiro, o presidente dos Estados Unidos tem toda a liberdade de revelar segredos ao seu bel prazer. Segundo, a Rússia não está em guerra com os Estados Unidos e apesar das relações estarem tensas desde as eleições, há um interesse comum em derrotar o Estado Islâmico e a prevenir que outro avião com civis inocentes seja explodido como ocorreu com o avião russo sobre a península do Sinai.
Então quem são estes que fizeram de seu objetivo de vida derrubar Donald Trump? Quem é culpado de supostamente colocar em perigo uma fonte da inteligência americana? Trump que passou a informação numa reunião fechada e confidencial, ou a pessoa que vazou o fato para a mídia?

Está claro que Trump está enfrentando os mesmos atores que por anos tentam minar as ações de Israel. Durante toda a administração Obama, funcionários seniores vazaram informações sobre as operações de Israel para a mídia.

Em 2010, uma fonte de defesa expôs o Stuxnet, um vírus de computador desenvolvido por Israel e os Estados Unidos contra o reator nuclear iraniano em Busheir que conseguiu sabotar uma grande quantidade de centrífugas. A revelação terminou a operação. Obama apoiou o vazamento três dias antes de sair da Casa Branca quando perdoou James Cartwright por ter participado na divulgação da informação ao New York Times.

Outra vez em 2012, oficiais americanos divulgaram para a mídia que Israel tinha atingido alvos na Síria o que tornou este tipo de operação mais perigosa contra as forças iranianas e da Hezbollah. No mesmo ano, membros da administração Obama informaram a jornalistas que Israel estaria treinando em bases do Azerbaijão para possivelmente atacar o Irã. Abruptamente, Israel teve que abandonar o Azerbaijão. O objetivo claro de todos estes vazamentos era de prejudicar Israel. Nestes últimos meses o objetivo é de prejudicar Trump.

O incrível é que nos dois casos, os vazadores de informação são membros da comunidade da inteligência americana com um nível de acesso extremamente alto, e sem medo de estarem cometendo um crime ao revelar informação a repórteres. O que aconteceu com a comunidade da inteligência americana? Como é que eles chegaram à conclusão que é correto usar de seu cargo para obter informação para objetivos partidários?

Estes são oficiais de carreira, extremamente engajados na agenda de esquerda que subiram rapidamente após um êxodo de agentes provocado nas organizações de inteligência, investigados supostamente por torturar terroristas. A isso se seguiu uma limpeza nos manuais das organizações e também dos departamentos de polícia retirando qualquer menção sobre islamismo, terrorismo e radicalismo.

A campanha de Trump e sua eleição são vistos como uma afronta à este grupo poderoso. Do mesmo modo que uma Israel forte, capaz de defender seus interesses sem a ajuda ou permissão dos Estados Unidos chega a ser mais perigoso do que um Irã armado da bomba nuclear.

E a cara de pau é tanta, que alguns membros deste clubinho chegaram a dizer o que fizeram para a imprensa. É o caso de Evelyn Farkas que deixou o departamento de defesa para trabalhar para a campanha de Hillary Clinton em 2015. Numa entrevista para a MSNBC em março deste ano, ela admitiu orgulhosamente que a inteligência americana estava espionando Trump e seus conselheiros e passando a informação para políticos e jornalistas para prejudica-lo.

De acordo com ela, pelo menos de outubro do ano passado e até a sua inauguração em janeiro, Trump e seus assessores estavam sendo espionados apesar de nenhum deles ser suspeito de cometer qualquer crime. Isto é uma clara violação das proteções constitucionais dos cidadãos Americanos.

E a coisa não parou aí. Nas últimas duas semanas houveram vários vazamentos sobre a visita de Trump a Israel para criar no mínimo um mal-estar e controvérsia. A primeira dela surgiu quando um oficial americano coordenando a visita declarou a seu contraparte israelense que o Muro das Lamentações “não está em seu território” e que nenhum membro do governo de Israel poderia acompanhar Trump em sua visita ao Kotel. Esta declaração foi surpreendente e talvez para contrabalança-la, o novo embaixador americano David Friedman veio direto do aeroporto para o Muro ao chegar a Israel.

Confundindo as coisas, a embaixadora Americana na ONU Nikki Haley disse à televisão cristã que o “muro das Lamentações é parte de Israel e acho que essa foi sempre nossa visão e é como devemos lidar com o fato”.

A batalha sobre o Muro das Lamentações reflete a disputa tradicional entre o Departamento de Estado sempre antipático a Israel e outras agências do governo Americano.

Após 50 anos de unificação da cidade Santa, quando se trata de ganhar reconhecimento de seus direitos ao Muro das Lamentações pelos Estados Unidos e a comunidade internacional como um todo, Israel enfrenta uma luta árdua. Desde os anos 30, ativistas islâmicos tentam eliminar o direito dos judeus à área, declarando o Monte do Templo um local puramente islâmico. As resoluções hostis da Unesco são prova destas investidas.

O fato de Trump ter vindo nesta semana a Israel, precisamente durante as comemorações dos 50 anos da liberação e unificação da cidade, pode ser apenas coincidência, mas talvez ele quisesse mandar uma mensagem simbólica aos palestinos.

Uma mensagem de que se não houver um fim à incitação, ao pagamento de terroristas e a uma vontade real de negociar a paz, a América não estará mais disposta a patrocinar a Autoridade Palestina ou interceder em seu favor. Trump e Bibi já mostraram que podem trabalhar juntos. E com tanto na balança, é preciso tentar.

Thursday, May 18, 2017

A Verdadeira Face da Jordânia - 14/05/2017

No último sábado à noite um turista Jordaniano esfaqueou e feriu um policial israelense na cidade velha de Jerusalem. O policial, mesmo ferido, conseguiu sacar sua arma e matou o agressor.
Em resposta ao incidente, o governo da Jordânia emitiu uma declaração furiosa condenando Israel dizendo que “o Governo de Israel que é a força de ocupação, é responsável pela morte de um cidadão jordaniano no leste de Jerusalem... Condenamos duramente este crime desprezível que foi cometido contra um cidadão jordaniano, e exigimos que Israel forneça todos os detalhes sobre o incidente”.
O ataque de ontem é claramente parte desta última onda de terrorismo que começou em setembro de 2015 e que até agora custou a vida de 244 palestinos envolvidos em esfaqueamentos, atropelamentos, apedrejamentos e tiroteios. Trinta e sete israelenses, dois turistas americanos e uma estudante inglesa foram mortos nestes incidentes. Uma onda que Mahmoud Abbas, presidente dos palestinos, chama de uma insurreição pacífica!
Israel assinou um tratado de paz com a Jordânia há 23 anos.  E seu povo odeia Israel e os judeus até mais do que os iranianos. De vez em quando, os jordanianos têm a oportunidade de expressar como se sentem em relação a Israel, e a coisa é feia.
Em março de 1997, três anos após a assinatura do tratado de paz, meninas da 7ª e 8ª série de uma escola de Beit Shemesh foram ao vale do Jordão para um passeio. O ponto alto da viagem era uma visita à chamada “Ilha da Paz”. A área fica próxima à estação de eletricidade de Naharayim, que inclui terras que Israel cedeu para a Jordânia no acordo de paz, mas que Israel alugou da Jordânia para continuar o cultivo de agricultores judeus que haviam comprado estas terras várias décadas antes.
A transferência formal da soberania por Israel e o reconhecimento pela Jordânia do direito dos judeus àquela área eram prova de que o acordo de paz ia além do pedaço de papel em que foi escrito.  Nesta área da Ilha da Paz, tínhamos finalmente concretizado o fim das hostilidades entre Israel e a Jordânia.  
Mas justo ao descerem do ônibus, um soldado jordaniano designado a proteger visitantes, pegou sua M-16 e atirou contra as meninas matando sete e ferindo outras seis. A ilusão da Ilha da Paz tinha chegado a um fim brutal. Estando em território jordaniano não havia ninguém para proteger as meninas. O soldado teria matado todas se sua arma não tivesse emperrado.
Nos dias subsequentes, Israel viu as duas caras da Jordânia e com elas, a verdadeira natureza da paz que tinha alcançado.
De um lado, num gesto de inédita humildade. O próprio Rei Hussein foi a Israel para prestar suas condolências a cada uma das famílias das sete meninas. Ele se curvou aos pais e pediu perdão. Mas na Jordânia, os cidadãos comemoraram o massacre e seu perpetrador Ahmed Daqamseh, promovido a herói nacional.  
O judiciário jordaniano fez de tudo para não tratar Daqamseh como homicida. Em vez de receber a pena de morte por seu crime – que teria sido o normal se as vítimas não fossem meninas judias – os juízes o declararam louco e o sentenciaram à prisão perpétua. Pela lei jordaniana esta sentença se traduziu em 20 anos de detenção. Em outras palavras, o assassino recebeu menos de três anos por cada menina que matou e nada por aquelas que ele feriu.
Insatisfeitos com a sentença, no entanto, o publico jordaniano repetidamente exigiu sua libertação. Em 2011, o então ministro da Justiça Hussein Majali chamou Daqamseh de herói. Em 2014 a maioria do parlamento jordaniano votou para solta-lo.  Em março deste ano, com sua sentença cumprida, Daqamseh foi solto. Ele foi recebido em sua cidade com comemorações dignas de qualquer celebridade.
Daqamseh, o suposto louco, nunca expressou arrependimento. O oposto. Em sua primeira entrevista para a Al-Jazeera no dia seguinte à sua libertação, ele declarou que a “normalização com os sionistas é uma mentira”; que “os israelenses são dejetos humanos que o mundo vomitou aos pés dos árabes”; que “Israel deveria ser eliminada por fogo ou enterrada e se isto não fosse alcançado por suas mãos, então a tarefa deveria ser passada para a próxima geração para queimar o lixo”.
A situação atual da Jordânia é bem preocupante. E apesar de toda a ajuda econômica e estratégica que recebe, o reinado está à beira da falência econômica e social. O desemprego, oficialmente em 14%, de fato está em torno de 38%. É um dos países do mundo mais pobres em água e depende de exportações de Israel para sobreviver. Jordanianos que vivem no exterior mantêm mais de 350 mil famílias com suas remessas de dinheiro.
Desde 2003 a Jordânia absorveu um milhão de refugiados do Iraque e outro milhão da Síria. Refugiados que, em caso de um golpe ou guerra civil na Jordânia, inundariam a Europa. Para Israel, a Jordânia é imprescindível como zona amortecedora entre seu território e o Iraque e a Síria, ambos controlados pelo Irã.
A Irmandade Islâmica é a segunda força política do país. Apesar dos jordanianos terem ficado revoltados com a execução do seu piloto em 2015, queimado vivo pelo Estado Islâmico, mais de dois mil jordanianos se juntou ao grupo e contam com milhares de simpatizantes no país.
A Jordânia é um exemplo do perigo de assistência financeira sem restrições. A cada ano, os Estados Unidos fornecem à Amã mais e mais ajuda civil e militar para manter o regime. E a cada ano, vozes como as de Daqamseh aumentam em número e volume.  A Jordânia também mostra que o conceito de paz entre Israel e seus vizinhos árabes tem um valor limitado. A paz com o Egito é na melhor das hipóteses fria e com a Jordânia, é gélida.
Enquanto o coração e mentes dos árabes continuarem a ser alimentados por conspirações e teorias nefastas sobre os judeus e inspirados por jihad e destruição, que tornam um assassino de meninas inocentes em herói, a noção de que uma paz genuína possa ser alcançada é irracional e irresponsável.
Israel está hoje enfrentando uma situação bastante complicada em sua fronteira norte com a guerra civil na Síria. Ela não quer o mesmo em sua fronteira leste com a Jordânia. Mas Israel não pode apenas fingir que isto não irá acontecer e tem que planejar para esta eventualidade.
Depois do massacre de 1997, os pais das meninas mortas e o público perguntaram por que a escola não tinha levado guardas à paisana para a Ilha da Paz para protegê-las? Uma pergunta razoável. Daqamseh pôde matar as meninas porque Israel baixou a guarda. E o único jeito de evitar que isto aconteça novamente é reforçar o controle de sua fronteira leste.
Vinte e três anos após o acordo de paz, nada mudou na Jordânia. Nenhum coração e nenhuma mente foi convencida a aceitar Israel. O acordo de paz não protegeu as meninas em 97 ou o policial ontem. A única coisa que protege Israel e seus cidadãos é sua capacidade e disposição de usar os recursos que tem para se defender dos que seguem repletos de ódio apesar dos tratados de paz assinados.


Tuesday, May 9, 2017

Mais Um Vergonhoso Voto do Brasil e o Fim das Organizações Mundiais - 7/5/2017

Todos nós  conhecemos bem o que é a violência e o medo e a insegurança que ela traz. O Brasil está entre os 20 mais violentos do mundo. As estatísticas mostram que somente em 2015 uma pessoa foi morta a cada 9 minutos. Entre 2011 e 2015 a violência no país matou mais pessoas que na guerra da Síria!

Terrível, não? E isso num país aonde o homicídio é punido com até 20 anos de reclusão!

Agora imaginem morar num lugar aonde se você matar alguém, de preferência mulheres e crianças, estando morto ou na cadeia, você e sua família receberão um salário de ministro como recompensa. Você terá praças e ruas nomeados em sua honra, sua mãe e irmãos serão entrevistados pela televisão e todos subirão em status na sociedade.

Já imaginaram?? Mas vamos mais além. O presidente deste lugar é recebido como um superstar pela comunidade internacional apesar de suas investidas abertamente racistas. E ele consegue que todos denigram suas vítimas e as pressionem para dar o que ele exige.

Ficção científica? Um absurdo no século XXI?

E, no entanto, é exatamente isso o que ocorre com a Autoridade Palestina e seu líder Mahmoud Abbas. De acordo com os dados do Pentágono, os pobres e esquálidos palestinos gastam nada menos que $303 milhões de dólares, ou um bilhão de reais por ano, em salários para assassinos de judeus. E este é o mesmo montante de ajuda anual que eles recebem dos Estados Unidos. 7% do seu orçamento, 30% da ajuda internacional.

De acordo com os palestinos, eles não têm dinheiro para uma central elétrica ou de tratamento de água, mas o dinheiro para promover a morte de judeus? Este é sagrado.

Na semana passada falei aqui do voto que a UNESCO iria propor na terça-feira submetido por bastiões da Educação, Ciência e Cultura: Argélia, Egito, Líbano, Marrocos, Omã, Qatar e Sudão.  Só que eu errei. Pensei que a resolução se ativesse aos lugares santos de Jerusalem como o Monte do Templo e o Muro das Lamentações e o tumulo dos patriarcas em Hebron e o da matriarca Raquel em Belém. Mas não. A verdadeira resolução, à qual o Brasil votou a favor diz o seguinte:

Lembrando que todas as medidas administrativas e legislativas e ações tomadas por Israel como força de ocupação, que tiverem alterado ou tentado alterar o caráter e o status da Cidade Santa de Jerusalem, e em particular a “lei básica” de Jerusalem, são nulas e devem ser revogadas imediatamente”.

A lei básica é a que Israel promulgou para unificar a cidade de Jerusalem e dar aos cidadãos árabes os mesmos direitos dos judeus como acesso à saúde, educação, serviços sanitários e direito ao voto.

Pois é. A resolução final foi bem pior do que o rascunho circulado na imprensa. Não se trata dos locais santos, mas a UNESCO exige que Israel repudie Jerusalem como sua capital integralmente. Ela rejeita qualquer soberania judaica sobre qualquer lugar da cidade. E ainda assim, ela foi aprovada por 22 países contra 10 que se opuseram e 23 se abstiveram.

Os que tiveram a dignidade de refletirem os princípios e valores de seus cidadãos foram os Estados Unidos, Inglaterra, Holanda, Lituânia, Grécia, Paraguai, Ucrânia, Togo e Alemanha. Uma vergonha para o Brasil que ou sofre de ignorância crônica sobre o assunto ou continua a se dobrar aos carreiristas do Itamaraty que perpetuam as politicas de Lula e da esquerda.

Uma resolução miserável que finca mais um prego no caixão da ONU.

Há apenas duas semanas outro prego foi batido quando a Arábia Saudita, ouçam bem, a Arábia Saudita foi eleita para a presidência da Comissão de Direitos das Mulheres!

Parece estarmos vivendo numa realidade alternativa. Justo a Arabia Saudita!! Um país em que a discriminação das mulheres grosseira e sistemática é incorporada em lei e na prática.

Na Arábia Saudita a vida das mulheres é controlada do nascimento até a morte. Cada uma deve cobrir seu corpo e rosto inteiramente com um véu e capa negros quando sair na rua. Cada uma tem que ter um guardião masculino, em geral o pai ou o marido mas na falta destes pode ser um irmão ou até um filho. E somente estes guardiões têm o poder de tomar decisões criticas em nome dela.

O consentimento do guardião é necessário para ela poder ir para a escola, casar, abrir uma conta num banco, comprar ou vender propriedade, trabalhar, entrar ou se defender de uma ação na justiça, viajar e até ir ao médico. Mulheres também não podem praticar esportes dentro do reinado, usar o transporte público, não podem dirigir automóveis e não podem votar além de em eleições locais ou serem votadas. Elas não podem sair na rua sem estarem acompanhadas de um membro masculino de sua família. Em outras palavras, as mulheres na Arábia Saudita são apenas propriedade sem qualquer capacidade de tomar decisões sobre suas próprias vidas e corpos.

Situações absurdas incluem, por exemplo, a impossibilidade de uma mulher reportar abuso de seu guardião para a polícia sem o consentimento do próprio abusador. E para fazer cumprir todas as leis maravilhosas os sauditas montaram a Comissão para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício com poder de seguir, parar, questionar, verificar identidade e até prender os violadores da lei islâmica.

Este é o país responsável na ONU em proteger e defender o direito das mulheres no mundo. Um momento negro para o direito das mulheres e os direitos humanos em geral.

A boa noticia é que quanto mais disparatadas as decisões e os votos na ONU e suas agências, menos credibilidade elas terão. Trump prometeu cortar 40% da contribuição americana se a ONU não tomar jeito. Outros países também estão considerando cortes. Israel já decidiu reduzir sua contribuição. Não sei por que levou tanto tempo. É o cumulo Israel contribuir para uma organização que não faz outra coisa a não ser condená-la.

Cortar as contribuições é um bom começo, mas não é o suficiente. Bibi deveria aproveitar a oportunidade do aniversário de 50 anos da reunificação de Jerusalem para chutar os monitores da ONU que absurdamente dizem estar "verificando as linhas de cessar-fogo de 1948"  e tomar o imóvel aonde a ONU se estabeleceu na cidade.

Jerusalem tem sido a capital do povo judeu por milhares de anos e vai continuar a sê-lo.  Para a ONU readquirir relevância tem que retornar ao papel para o qual foi criada e deixar de ser um instrumento de déspotas e antissemitas. Jerusalem está unificada sob a jurisdição e soberania do povo de Israel. Ponto. Nenhuma resolução patética conseguiu ou conseguirá baixar a bandeira azul e branca que voa orgulhosamente na capital eterna do povo judeu.