Monday, July 11, 2011

O Declinio de Nasrallah - 10/7/2011

Esta semana que entra promete muita bagunça em Israel. Apesar da vistoria no exterior e no controle de entrada, vários ativistas conseguiram entrar no país para confrontarem as forças de segurança. Estas pessoas claramente não foram para Israel para ajudar os árabes mas para ferir judeus no que hoje é uma forma perfeitamente aceitável de anti-semitismo.


Aliás, não há qualquer evento que ocorra no Oriente Médio que a culpa não possa ser e quase sempre é jogada em Israel.

Dos protestos na Praça Tahrir no Cairo aos becos de Sanaa no Yemen, do deserto da Líbia às cidades na Síria, ditadores que estão lutando para se manter no poder e multidões enraivadas apontam o dedo para seu acusado favorito. Israel foi rotulada de vilã e o mal permanente da região. Todos os eventos, reais ou fabricados, são convenientemente atribuidos ao Estado Judeu.

Assim, não foi surpresa ouvir o chefe da Hezbollah, Hassan Nasrallah, esta semana, acusar Israel do assassinato do ex primeiro ministro libanês Rafik Hariri em 2005, que causou outras 22 vítimas. Como era esperado, Nasrallah disse que Israel é culpada do plano inteiro, assim como da investigação conduzida pelas Nações Unidas que indiciou 4 oficiais da Hezbollah: Mustafa Badreddine, Hassan Oneisa, Salim Ayyah e Assad Sabra.

Badreddine – cunhado de Imad Mughniyeh, o planejador chefe da Hezbollah que foi morto em 2008 na Síria, é membro do conselho do grupo.

Outras duas listas de indiciados serão anunciadas no final de agosto e deverão incluir o nome dos organizadores e planejadores do assassinato. Estes indiciamentos pelo tribunal especial que foi estabelecido pelo Conselho de Segurança da ONU, deveriam pelo menos em teoria, deixar Nasrallah numa posição desconfortável.

Mas pelo menos em seus pronunciamentos públicos, Nasrallah parece não estar nem um pouco incomodado. De acordo com ele, Israel matou Hariri – apesar disto ter sido contrário aos interesses israelenses – e aí estabeleceu o tribunal das Nações Unidas – apesar de Israel ser o pária da organização – e finalmente ditou suas conclusões - apesar de Israel não ter qualquer poder em qualquer forum internacional.

O problema é que este grupo terrorista depende de forma vital da Síria e por isso Nasrallah está apostando todas as suas cartas em Bashar Assad e o está ajudando a reprimir os protestos para se manter no poder. Se a maioria sunnita da Síria fizer cair seu governo, Nasrallah pode esperar uma vingança amarga em suas mãos. Para os sunnitas, Nasrallah é um inimigo direto, que mandou seus capangas massacrar a oposição à Assad no Líbano. Esta foi uma intervenção direta que não pode ser esquecida.

O regime de Assad tem sido até agora o que conduz o suporte da Hizbollah pelo Irã e é um aliado estratégico de proteção a Nasrallah. A Hezbollah podia até agora contar com Assad para intimidar Israel e isto era um fator crucial que lhes dá força.

Como o poder de Assad está balançando, também está o senso de segurança de Nasrallah. É bom lembrar que desde a segunda Guerra do Líbano em 2006, Nasrallah tem passado seus dias e noites escondido num bunker.

A instabilidade na Síria influencia diretamente o equilibrio das forças dentro do Líbano. Como os sunnitas na Síria parecem estarem prestes a derrubar Assad, os sunnitas do Líbano são encorajados a deixar seus medos de lado e esse será o maior desafio de Nasrallah. Se a tensão entre os Sunnitas e Shiitas voltar a dominar o Líbano, a Hezbollah poderá sofrer consequencias devastadoras no campo político, militar e econômico.

Com o poder de Assad se afinando, também está a popularidade de Nasrallah no mundo Muçulmano. Seus fans como Kaddafi, estão mais preocupados com sua própria sobrevivência. O recém reeleito primeiro ministro da Turquia, Recep Erdogan, está repensando seu relacionamento com a Síria e o Líbano. Da mesma maneira que Ankara não mais mede as palavras quando se trata de Assad, seu desencanto com Nasrallah também é visível.

Em meio às revoluções que tomaram o mundo árabe ultimamente, a retórica pomposa e estridente de Nasrallah se mostra cada vez mais irrelevante e ridícula. Há menos paciência para suas ladainhas pré-gravadas e as ovações encenadas.

E não é que as massas do Oriente Médio de repente viram a luz e não mais vêem Israel como o bicho-papão. É que junto com Assad, Nasrallah e a Hezbollah estão perdendo influência de modo concreto.

Alguns comentaristas otimistas têm dito que a habilidade de Nasrallah de causar danos a Israel está seriamente comprometida. Mas com um arsenal de milhares de mísseis e a devastação que podem causar, Nasrallah hoje é mais perigoso exatamente por estar debilitado. Se ele se ver acuado, terá a opção de lançar ataques a Israel e reconquistar o suporte que ele está vendo desaparecer. O próprio regime de Assad deixou claro que se seu governo estiver em perigo, Israel não terá paz.

Israel não pode subestimar as intenções e a capacidade de Nasrallah de causar uma guerra contra Israel para salvar Assad e se salvar no processo. Quanto mais bombástico for seu discurso, mais transparente fica seu desespero, e mais alerta Israel e o resto do Oriente Médio devem ficar.