Sunday, May 29, 2011

O evento mais discutido pela mídia mundial nesta semana foi sem dúvida o discurso de Bibi perante o Congresso Americano na terça-feira. Primeiro porque nunca houve na história americana uma situação em que um líder estrangeiro tenha se oposto tão frontalmente à um presidente dos Estados Unidos numa visita oficial ao país. Alguns na mídia acharam um insulto mas a maioria dos jornalistas entendeu porque Netanyahu teve que fazer o que fez.

Há poucas ocasiões na História que oferecem a líderes de governos a oportunidade de mostrarem coragem. Oportunidades para se oporem ao caminho traçado por políticos mais preocupados com sua reeleição do que com consequencias futuras de seus atos. Antes e durante a Segunda Guerra Mundial houveram ocasiões como estas mas infelizmente os líderes europeus não estiveram à altura.

Nesta semana Benjamin Netanyahu mostrou aos Estados Unidos e ao mundo o que é ser um líder. E ao que parece isto não ocorreu de modo planejado.

Bibi pediu para falar ao Congresso americano para explicar o lado de Israel nesta obstinada proposta palestina de declaração unilateral de estado que eles pretendem em Setembro nas Nações Unidas. O primeiro ministro de Israel tentou evitar um confronto com o presidente Americano em Washington. Quatro dias antes do encontro na Casa Branca, ele falou na Knesset. E seu discurso foi o mais apaziguador de sua vida política. Nele, Bibi falou de concessões de territórios aos palestinos e até da evacuação de assentamentos mais remotos na Judéia e Samária. Ele também aludiu a manter apenas uma presença militar no Vale do Jordão em vez da soberânia israelense no local. Tanto estratégica como ideologicamente, este discurso na Knesset constituiu uma enorme concessão de Bibi a Obama e a Mahmoud Abbas. Com este discurso o primeiro ministro de Israel tinha certeza que não haveriam mais exigências americanas em sua visita a Washington e os palestinos teriam sua desculpa para voltarem à mesa de negociações.

Mas Obama também não perdeu esta oportunidade para perder uma oportunidade. Num ato traiçoeiro, o presidente esperou que Netanyahu subisse no avião, horas antes de seu encontro, para declarar ao seu Departamento de Estado, que estava totalmente adotando a posição palestina e exigindo que Israel aceite que as futuras negociações sejam baseadas nas indefensáveis e suicidas linhas de armistício de 1948.

Assim que Netanyahu soube do acontecido ele se deu conta que sua missão não era mais trabalhar com o presidente Obama mas impedi-lo de empurrar as relações entre os Estados Unidos e Israel num precipício.

Bibi não estava mais indo para Washington para louvar os pontos em comum da política americana com Israel mas para simplesmente explicar qual era a posição de Israel. Obama torceu o nariz e para Bibi a única coisa a fazer foi aceitar o desafio de unir o povo de Israel e o povo da América atrás de si. E para conseguir este feito como ele o fez de modo absolutamente brilhante, Bibi mostrou ao povo Americano sua visão do que Israel é e quais são seus valores.

Israel hoje é o alvo de uma forte campanha internacional de demonização e deslegitimação. É como se o mundo inteiro tivesse decidido que simplesmente Israel e os judeus não têm o direito de existir. Aí Obama pega o microfone na quinta-feira e diz que Israel deve se render. Deve entregar numa bandeja sua capacidade de defesa para dar lugar à um estado palestino liderado por terroristas dedicados unicamente à sua destruição.

Netanyahu então chegou em Washington e disse “Chega! Já engulimos bastante destas tonteiras perigosas”. E sabe o que? Sentimos algo que não sentíamos há muito tempo. Sentimos orgulho. Sentimos que tinhamos um líder e ficamos aliviados.

O povo Americano, que demonstrou seu apoio a Israel por seus representantes no Congresso na terça-feira, também se sentiu orgulhoso e aliviado. Isto porque não só Netanyahu conseguiu lembra-los porque eles estão do lado de Israel, mas lembrou-os porque todos aqueles que verdadeiramente amam a liberdade ficam do lado da América.

As incontáveis vezes que os senadores e congressistas se colocaram de pé para aplaudir Netanyahu – muito mais que a Obama em seu discurso sobre o estado da nação – mostraram não só solidariedade para com o povo de Israel mas com alguém que verdadeiramente defende os valores americanos.

Desde que assumiu o governo, Obama tem viajado o mundo pedindo desculpas pela grandeza da América e sua liderança. Ele têm dado lições de moral aos seus cidadãos sobre a necessidade de subordinar os interesses do país a organizações internacionais gerenciadas por burocratas, como as Nações Unidas. Organizações que são controladas por ditaduras que odeiam as liberdades americanas.

Aí aparece um líder aliado que vem lembra-los porque a América é a nação que lidera o mundo. Que lidera por direito, não por coincidência histórica.

A resposta do Congresso pôde ser vista imediatamente depois do discurso quando tanto o líder dos republicanos como o líder dos democratas sentiram necessário se distanciar das declarações de Obama sobre as fronteiras de Israel.

A liderança de Obama é do tipo subversivo. Líderes como ele escondem seus objetivos porque sabem que não terão o apoio do povo e depois apresentam um fato consumado e anunciam que somente eles são competentes para liderá-los durante a mudança radical que provocaram por trás das costas.

Obama sabe que o público americano não concorda com sua antipatia para com Israel mas mesmo assim ele adota políticas contra o estado judeu apesar de se dizer comprometido com sua segurança. Até agora suas políticas levaram à quase desintegração do acordo de paz com o Egito. Causaram a união da Fatah com o Hamas e o Irã (lembram?) continua em seu caminho para a bomba atômica.

A incrível mostra de liderança de Netanyahu esta semana prova que quando a democracia é bem usada ela é melhor forma de governo. E ele mostrou também a todos o que é ser um líder.

Certamente, as ameaças a Israel irão aumentar nos próximos meses. Os israelenses e seus amigos no mundo continuarão a orgulhosamente apoiar Netanyahu se ele continuar a liderá-los como o fez esta semana. Iremos agradece-lo por aceitar uma missão tão difícil mas acima de tudo, iremos admirá-lo por sua coragem e firmeza na defesa dos valores de liberdade americanos e da segurança e existência de Israel.

Wednesday, May 25, 2011

Os Discursos de Obama

O presidente Americano Barack Obama fez dois grandes discursos sobre sua política no Oriente Médio em rápida sucessão: um no dia 19 de maio e outro, 3 dias depois, no dia 22. Apesar dele ter discutido várias situações em curso do que ele chama “Primavera Árabe”, o que mais recebeu atenção da mídia, foi claramente o impasse das negociações entre Israel e os palestinos. Analistas e politicos especializados no conflito e preocupados com o futuro do único país democrático da região, têm criticado Obama e vêem que Israel está em grande perigo. O ex-porta-voz do Congresso chamou o discurso “um desastre” dizendo que Obama está de fato pedindo que Israel comita suicidio.


Esta é a Terceira vez que Obama chama Israel para a briga de forma gratuita e não provocada. Uma vez foi quando a secretária de estado Hillary Clinton exigiu que Israel proibisse judeus de construir em Jerusalem e no outro quando o vice-presidente Joe Biden condenou publicamente Israel por faze-lo enquanto ele visitava o país.

Nos 3 casos, a briga foi provocada pela exigência americana, não palestina, de que judeus fossem proibidos de construir em Jerusalem e que as linhas de cessar-fogo de 1948 se tornassem as fronteiras definitivas entre os dois estados. Além disso, Obama havia trazido o primeiro ministro de Israel como se ele fosse um pária, sem fotos, sem jantares, sem nada, insultando o único aliado americano na região.

Assim que Obama colocou que esta era a vontade americana, os Palestinos endureceram suas posições. Os israelenses se retiraram obviamente ofendidos e sem qualquer inclinação para concessões e os palestinos adicionaram estas exigências às outras que já tinham de Israel.

Quando Obama se deu conta do erro que fez – que Israel está mais apto a concessões quando a relação com Washington é forte e quando os palestinos são pressionados e não bajulados – ele voltou atrás e convidou Netanyahu como se deve dando tapinhas nas costas como se nada tivesse acontecido.

Agora Obama mais uma vez errou e com certeza vai trilhar o caminho dos arrependidos de novo. O discurso de Bibi ontem foi especialmente convincente e ele pode mostrar seu desagrado o quanto quiser mas não terá escolha a não ser ficar do lado de Israel em setembro quando os palestinos vão pedir o voto de criação de seu estado nas Nações Unidas.

Obama prometeu muito em sua campanha: que iria resolver o conflito entre árabes e israelenses, que iria retirar as tropas americanas do Iraque e do Afganistão, que iria fechar a prisão de Guantanamo Bay, que iria resolver o desemprego. Nada disso ele conseguiu fazer e ainda envolveu os Estados Unidos na guerra na Líbia. Se ele prosseguir pressionando Israel a fazer mais concessões penosas e contraprodutivas que só irão levar à mais guerras e intifadas na região e com seus antigos fans já abandonando seu lado devido às outras promessas não cumpridas, Obama está estragando qualquer chance de ser reeleito.

Monday, May 16, 2011

Netanyahu em Washington - 15/05/2011

Parece difícil acreditar que depois do acordo de união entre a Fatah de Mahmoud Abbas e o Hamas – o grupo terrorista alinhado com a Al-Qaeda e a Irmandade Islâmica, o Presidente Barack Obama decidiu abrir mais uma rodada de pressão sobre Israel para conseguir mais concessões para os palestinos.


Na última quarta, o Wall Street Journal reportou que Obama pretende fazer um novo discurso ao mundo árabe, justamente antes de Netanyahu ter a chance de falar ao Congresso americano. Neste discurso, Obama irá elogiar os movimentos populistas que se ergueram contra as tiranias árabes dizendo que são exemplos para o futuro. Sobre Israel, a reportagem diz que Obama está tentando decidir se chegou a hora de apertar os parafusos mais uma vez.

Por um lado, o vice-conselheiro em Segurança Nacional Ben Rhodes disse ao Wall Street Journal que líderes árabes estavam exigindo uma nova iniciativa americana para forçar Israel a novas concessões junto com o lobby palestino J Street e o New York Times. Provavelmente para distrair seu público e os protestos.

Por outro lado, o governo de Netanyahu está pedindo ao Congresso para suspender a ajuda à Abbas. O acordo de união com o Hamas, que está na lista de grupos terroristas, torna ilegal para os Estados Unidos patrocinar a Autoridade Palestina. Tanto Netanyahu como membros seniores do Congresso americano argumentam que agora fica impossível uma paz e os Estados Unidos devem abandonar seus esforços para forçar as partes a um acordo.

Mas parece que Obama não se importa e quer ir adiante. Com a nova credibilidade conseguida com a morte de Bin Laden, ele acha que pode passar por cima do Congresso e exigir que Israel renda Jerusalem, a Judéia e Samária ao Hamas e seu sócio a Fatah. Isto mesmo com a resignação de seu enviado George Mitchell que após 2 anos não conseguiu levar o processo nem um passo à frente.

A prova está em três eventos que ocorreram esta semana. Primeiro, a administração Obama está tentando reduzir as exigências para aceitar o Hamas como uma força política legítima. Depois do primeiro acordo de união de 2007, o Quarteto colocou 3 condições para aceitar o Hamas: reconhecer o direito de Israel de existir, concordar em respeitar os acordos existentes e renunciar ao terrorismo.

Estas não são condições difíceis. A Fatah é dita como as tendo alcançado mesmo se na prática continuam a negar o direito de Israel de existir, não cumprem os acordos assinados e glorificam atos terroristas. O Hamas poderia fazer o mesmo. Mas recusa.

Assim, Obama reduziu as condições. Obama disse que o Hamas já fez várias concessões importantes quando assinou o acordo com a Fatah porque teria finalmente aceito as condições do acordo proposto por Mubarak em 2009. E porque o Hamas concordou que o governo de união será dirigido por “tecnocratas” em vez de terroristas.

Uau! Que boa notícia! Mas mesmo se isto for verdade, este argumento é absolutamente ridículo! Só para esclarecer, o acordo de 2009 diz que o Hamas irá se abster de pedir para se juntar às forças da Fatah na Judéia e Samária, que vêm sendo treinadas e armadas pelos Estados Unidos. E cá entre nós, quem é que Obama acha irá controlar os “tecnocratas”, seja lá quem forem? E só para trazer um pouco de honestidade à esta estória, esta semana o líder do Hamas Khaled Mashal categoricamente negou ao New York Times, ter aceito os termos do acordo de 2009. Ao contrário, ele disse que a Fatah concordou em emendar o acordo para refletir as posições do Hamas.

O segundo evento foi uma opinião publicada no Washington Post, escrita por Robert Malley, que no passado foi conselheiro de Obama. Nesta opinião ele diz que o Hamas se tornou mais moderado ou que poderá se tornar mais moderado pois estará mais sensível às pressões americanas. O New York Times, num editorial na semana passada disse que mesmo se o Hamas não se moderou, Obama precisa pressionar Netanyahu a voltar à mesa de negociação.

Juntando suas vozes ao coro, está Amr Moussa, candidato à presidência do Egito e o primeiro ministro da Turquia Recip Erdogan. Ambos deram entrevistas à jornais americanos chegando até a negar que o Hamas seja um grupo terrorista.

O último ponto que a administração americana está tentando empurrar é que este acordo é parte das mudanças que estão ocorrendo no Oriente Médio. Esta é difícil de engolir. A primeira vítima destes levantes populares está sendo justamente o acordo de paz entre Israel e o Egito. Mais de 60% da população egípcia quer a revogação dos acordos e a Guerra com Israel. E assim mesmo, Obama chegou a dizer que a tomada de poder pela Irmandade Islâmica no Egito é uma coisa boa.

Mahmoud Abbas e Yasser Arafat sempre viram a obsessão americana com um tratado de paz entre os palestinos e Israel como um trunfo estratégico. Quando era hora de enfraquecer Israel, eles só tinham que sussurar a palavra paz, que a administração americana corria para pressionar Israel a novas concessões. Todos os presidentes tiveram como objetivo entrar para a História com este troféu no bolso. Mas Obama é diferente. Ele realmente acredita na causa palestina. Edward Said, um palestino que usava suas férias na Universidade Columbia para jogar pedras em Israel do sul do Líbano era frequentador assíduo de sua casa, antes mesmo dele ser senador.

E por causa de seu comprometimento pessoal com os palestinos, suas posições são ainda mais radicais e anti-Israel que as da OLP e Fatah. Foi Obama, não Abbas que exigiu que judeus fossem proibidos de construir em suas próprias propriedades em Jerusalem, Judea e Samaria. É a administração Obama, não a OLP e Fatah que hoje lidera a idéia de acolher a Irmandade Islâmica.

Abbas argumenta que ele se uniu ao Hamas porque Obama não lhe deixou outra alternativa. Ele não tem qualquer desejo ou incentivo para fazer a paz com Israel. Com o apoio americano à Irmandade Islâmica, Abbas não poderia ser menos pró-islamico que Obama.

Aqui é importante notar que nenhuma declaração sobre o acordo da Fatah com o Hamas, feito pela mídia que cobre o presidente, incluiu qualquer menção ao fato que o Hamas seja um grupo terrorista. Ninguém notou que o Hamas lança mísseis diariamente sobre a população civil de Israel e foi quem alvejou um ônibus escolar no mês passado matando Daniel Viflic de 16 anos. Ninguém lembrou os massacres da Páscoa de 2002, nos cafés, nos ônibus, nos campus de universidades, em casas de judeus, todos perpetrados e continuamente comemorados pelo Hamas nos últimos anos. Ninguém mencionou que proporcionalmente à população, o Hamas matou mais civis israelenses que a Al-Qaida matou americanos.

E aí temos a viagem de Netanyahu a Washington esta semana. É óbvio que este discurso que Obama quer dar ao mundo árabe foi marcado para esnobar a tornar o trabalho de Netanyahu o mais difícil possível. Obama está apostando que ao fazer o primeiro movimento, irá conseguir espremer o primeiro ministro de Israel a mais concessões.

E foram as aparentemente inócuas decisões de Israel, de capitular sob a pressão de Obama que nos trouxeram à situação de hoje. A aceitação de um estado palestino, o congelamento de 10 meses das construções, deram boa razão para Obama pensar que pode colocar Netanyahu no canto quando quiser. E as histéricas advertências do ministro da defesa Ehud Barak sobre um “tsunami” diplomático nas Nações Unidas que ocorrerá em setembro se Israel não capitular hoje, sem dúvida dão ainda mais incentivo a Obama.

Mas Netanyahu não precisa capitular. Ele pode se manter firme e defender o país repetindo as verdades que sabemos sobre o Hamas. Ele pode avisar sobre a crescente ameaça no Egito, sobre os contínuos massacres na Síria e que um regime que mata seus próprios cidadãos não pode fazer a paz com o estado judeu. Ele deve lembrar ào senadores e congressistas que Israel é o único país estável, democrático na região e o único verdadeiro aliado dos Estados Unidos.

Se Netanyahu fizer isto, ele não vai ganhar amigos na Casa Branca aonde eles não existem de qualquer modo. Mas dará ao Congresso Americano poder para tomar decisões que irão ajudar a proteger Israel. E mais importante, seus eleitores saberão reconhecer seus esforços em casa.

Sunday, May 8, 2011

A União da Fatah e Hamas - 8/5/2011

Três dias depois da operação americana que deu um golpe talvez fatal na Al-Qaeda, e em meio a comemorações que pareciam nunca terminar da vitória americana sobre o terrorismo com a eliminação de Bin Laden, o mundo mais uma vez mostrou que continua cego. O rei está morto, viva o rei. Ossama está morto, viva o Hamas. É sempre bom lembrar do relacionamento do Hamas com a Al-Qaeda e a condenação da operação americana que matou este super terrorista pela liderança do Hamas.


Na quarta-feira, em meio a grande fanfarra patrocinada pelo exército egípcio, foi assinado o acordo da Fatah com o Hamas no Cairo. Não só membros do Hamas da Síria estavam presentes, mas membros das Nações Unidas e até hipócritas membros árabes da Knesset israelense.

Este acordo que coloca a Fatah e o grupo que jurou destruir Israel e instituir um califato islâmico global na mesma cama, tem sido elogiado pela mídia afora.

Comentários abundaram dizendo que este pacto aumenta as chances de paz na região, inclusive do ex-presidente americano e intrometido-mor Jimmy Carter. Em um editorial no Washington Post ele disse que o acordo é um passo para a frente, não mencionando sequer uma vez, que o Hamas é um grupo terrorista ou os perigos de ter suas forças integradas dentro das forças de segurança da Autoridade Palestina.

Alguns como o New York Times chegaram a dizer que a chance do acordo sobreviver depois de setembro, com ou sem o estado palestino declarado nas Nações Unidas, é muito remota. Mas o ponto não é se o acordo sobrevive ou não, se a Fatah gosta ou deixa de gostar do Hamas e vice-versa. O ponto é que ele dá ao Hamas legitimidade e acesso a uma enorme quantidade de fundos enviados pela comunidade internacional sem que ele tenha que abdicar de qualquer de seus princípios em favor da coexistência e paz com Israel. Só esta semana a Europa enviou 85 milhões de Euros para os palestinos que facilmente podem ser usados para comprar armas.

E em Israel, a esquerda continua a absurdamente se esconder atrás de ilusões. Tzipi Livni disse que a culpa deste acordo era de Netanyahu que se recusou a congelar permanentemente as construções de judeus na Judéia e Samária. Mas o maior argumento usado, inclusive pela adminstração americana, é a distinção entre a OLP liderada por Mahmoud Abbas, a Fatah, também liderada por Mahmoud Abbas e finalmente a Autoridade Palestina que tem como presidente Mahmoud Abbas.

O Departamento de Estado americano disse esta semana que já que é a OLP quem assina acordos com Israel, o acordo da Fatah com o Hamas não impactará na ajuda à Autoridade Palestina que é quem paga as contas. O próprio Abbas tem feito de tudo para encorajar esta noção. Ele tem dito à mídia que não há razão para preocupação já que é a OLP que participa das negociações de paz com Israel.

A razão pela qual pessoas consideradas inteligentes se propõem a fazer declarações tão absurdas é porque no mínimo elas devem estar em pânico. Este acordo de união entre a Fatah e o Hamas completamente desacredita o modelo de “Terra pela Paz”. Se as pessoas reconhecerem a importância deste acordo assinado esta semana, não haverá outra coisa a fazer a não ser abandonar este modelo. Qualquer apoio de Israel ou dos Estados Unidos que possa inferir legitimidade e reconhecimento à esta união da Autoridade Palestina, OLP e Fatah com o Hamas terá que terminar.

Esta não é a primeira vez que nos defrontamos com um momento de verdade. A que diz que os palestinos nunca deram as costas ao terrorismo e que os compromissos assinados com Israel são apenas uma estratégia para destrui-la. A história se repete. Já vimos isto em 1990 e depois em 2000.

Em 1990, Yasser Arafat, líder da OLP recusou condenar o ataque da Frente Popular em Ashkelon e Tel Aviv. Como hoje, Arafat tentou dizer que a Frente era um grupo independente e negou seu envolvimento no crime. Na época, os Estados Unidos estavam dialogando com a OLP depois de seu professado reconhecimento de Israel. Perante à esta clara demonstração de má-fé, o Congresso Americano e o governo de Shamir exigiram que o primeiro presidente Bush cancelasse o reconhecimento da OLP e acabasse com o diálogo com o grupo. Bush não teve outra escolha a não ser concordar. Um ano depois, em 1991, Bush disse que Arafat havia perdido toda a credibilitade e não reintegraria o reconhecimento da OLP.

Em 2000, Arafat perdeu novamente a credibilidade ao recusar a oferta de paz de Ehud Barak, juntando forças com o Hamas para conduzir a segunda intifada. Ao voltar de Camp David Barak disse que havia tirado a máscara da paz do rosto terrorista de Arafat. Naquela ocasião a esquerda quis crucificar Barak, que, como agora, culpa Netanyahu.

A situação que temos hoje é mais parecida com a de 1990. Isto porque o Congresso Americano também apoia o fim do patrocínio americano à Autoridade Palestina/Fatah/OLP. Mesmo antes deste acordo com o Hamas ser anunciado, a presidente da Comissão das Relações Exteriores, Representante Ileana Ros-Lehtinen, pediu o fim do financiamento da Autoridade Palestina pelos Estados Unidos, por sua recusa em negociar com Israel.

Depois do anúncio, ela notou que o Hamas é uma organização terrorista ao qual o governo americano está legalmente impedido de prestar assistência ou reconhecimento. Outros membros do Congresso estão renovando seus esforços para suspender a ajuda americana. Se Netanyahu não se mantiver firme e mostrar que está pronto a negociar com Abbas, ele minará os esforços destes membros do Congresso. Mas este não parece ser o caso.

Netanyahu congelou a remessa de impostos para a Autoridade Palestina em resposta ao acordo mandando um claro sinal de que Abbas não é um parceiro crível. Este acordo irá também limitar a habilidade de Obama de pressionar Israel a fazer outras concessões.

Da perspectiva das relações entre Israel e os Estados Unidos, este acordo de união vem num momento crucial. Netanyahu irá discursar perante o Congresso Americano no próximo dia 24. Uma rara oportunidade para ele conseguir alterar o discurso desta administração americana sobre Israel e do modo de resolução do conflito.

Netanyahu precisa acima de tudo se manter na ofensiva. Ele sabe que o modelo “Terra por Paz” falhou. Falhou em Gaza e irá falhar na Judéia e Samária. E o Congresso irá recompensá-lo se ele falar a verdade. Ele tem que mostrar a verdadeira natureza da relação entre o Hamas e a OLP. Netanyahu pode desmascarar a falsa narrativa de paz dos palestinos e mostrar sua face de terrorismo e Guerra. Com um só discurso, Netanyahu pode fazer mais para fortalecer e proteger Israel do que ele fez em toda a sua carreira.

Relações internacionais raramente fornecem ocasiões de corrigir erros passados. Se Netanyahu fizer a coisa certa, ele será com certeza duramente atacado por aqueles que advogam concessões infinitas. Mas suas condenações serão abafadas pela vasta maioria do público em Israel e dos amigos do estado judeu no Congresso americano e no resto do mundo. Todos nós agradeceremos o primeiro ministro de liberar Israel do mito que a paz é possível com terroristas. Ao fazer este acordo Abbas mostrou que não está interessado na paz e que outra vez, os palestinos optaram pela guerra.

Sunday, May 1, 2011

A Escolha de Netanyahu - 1/5/2011

Em 2007, logo depois da tomada de Gaza pelo Hamas e alguns meses depois que o grupo terrorista tentou mata-lo, Mahmoud Abbas da Autoridade Palestina disse que “não haveria diálogo com estes assassinos”. Ele disse que não haveria “diálogo com as forças da escuridão”.


Mas, apesar destas e outras declarações pejorativas em relação ao Hamas através dos anos, esta semana, Abbas anunciou um acordo com o grupo. Isto não é surpresa pois Abbas não é diferente dos seus supostos inimigos tornados aliados.

Desde 2007, Abbas falhou em apresentar ao seu povo uma visão clara de um estado palestino sem extremismo religioso e violência; um estado que promova a reconciliação – não com o Hamas, mas com Israel. Em vez disso, a Autoridade Palestina, com a sua aprovação e endosso, continuou a incitar o povo palestino contra Israel especialmente em seus curriculuns escolares e sua mídia oficial. Ele continuou a glorificar e recompensar as familias de terroristas que mataram Israelenses. Apegou-se a posições de “paz”, que nenhum governo israelense poderia jamais acomodar, e escolheu não responder à oferta de Ehud Olmert.

Hoje Abbas está sendo laudado por um público que é mais do que nunca hostil à Israel ao assinar um acordo com uma organização que que tentou matá-lo, que violou este mesmo acordo no passado, que matou seu próprio povo para tomar o poder em Gaza, que usa seus cidadãos como escudos humanos, que não cessa de lançar mísseis contra a população civil de Israel, e que tem como visão para um estado palestino, mais um regime fundamentalista muçulmano espelhado no Irã. O fato do ministro do exterior do Irã Ali-Akbar Salehi ter dito que este acordo de união é uma coisa abençoada e positiva, diz tudo.

Interessante notar que como parte do acordo, Abbas concordou em despedir seu atual primeiro ministro Salam Fayad, o responsável pelo crescimento da economia na Cisjordânia e a única pessoa que tem a confiança dos países do ocidente. Além disso, eles concordaram em soltar seus prisioneiros e a formar um governo interino até as próximas eleições nas quais o Hamas já anunciou, irá concorrer para a presidência.

A resposta do Primeiro Ministro de Israel, Bibi Netanyahu foi de dizer que este acordo de união é inaceitável e que Abbas e os palestinos precisam escolher entre fazer a paz com Israel ou a união com o Hamas. Realmente, esta resposta seria hilária se não fosse tão trágica.

Hilária porque Abbas já escolheu em que companhia ele prefere ficar há muito tempo. A Autoridade Palestina escolheu o Hamas em 2000 quando recusou a oferta da Ehud Barak e participou na maior campanha de terrorismo da história de Israel, a segunda Intifada. A Autoridade de novo escolheu em 2005 quando respondeu à evacuação de judeus de Gaza com o lançamento de mísseis e morteiros diários contra Israel. De novo os palestinos escolheram em 2006 quando elegeram o Hamas com a plataforma de resistência e de nunca fazer a paz com Israel. Eles escolheram em 2007 quando assinaram o governo de união com o Hamas. Outra vez em 2008 quando Abbas recusou a oferta sem precedentes de Ehud Olmert de um estado e de paz. Mais uma vez escolheram o Hamas em 2010 quando a Autoridade Palestina se recusou em negociar com Netanyahu apesar do congelamento de construções de judeus na Judéia e Samária. Agora os palestinos mais uma vez escolheram e assinaram este acordo com o Hamas.

É uma piada. Como disseram alguns jornalistas israelenses, a declaração de Netanyahu é equivalente à um homem que diz à sua mulher que ela precisa escolher entre ele e seu amante, quando ela já saiu de casa, se mudou com o amante e já teve 5 filhos com ele.

Mas mais que uma piada, é uma tragédia nacional para Israel. É uma tragédia que depois de mais de uma década da Autoridade Palestina ter escolhido a guerra e não a paz com Israel, que os líderes do estado judeu ainda são incapazes de aceitar a realidade e de simplesmente sairem deste círculo de mentiras. É uma tragédia que os líderes de Israel não tenham a coragem de dizer que este jogo chamado de “processo de paz” é na realidade um processo de guerra sério, que objetiva a destruição do país e tudo o que Israel tem feito até agora é participar deste jogo.

Porque Abbas decidiu assinar este acordo com o Hamas? Por causa do que ele está planejando para Setembro. Como já disse, na abertura da próxima Assembléia Geral das Nações Unidas, os palestinos vão pedir o reconhecimento da Palestina dentro das linhas de armistício de 1948. E para tanto, eles precisam mostrar para a comunidade internacional que estão unidos e que é possível um estado que incorpore a Cisjordânia e Gaza.

Para alcançar este objetivo, os palestinos têm enfatizado 5 mitos sobre a união para a mídia:

1. Que o Hamas é pragmático sobre a paz. O Hamas ainda quer destruir Israel. Sempre desafiou os pedidos de renúncia da violência, de reconhecer o direito de Israel de existir e honrar acordos passados. O Hamas nunca mudou sua constituição. Hoje mesmo, o Ismail Hanyah, seu líder, pediu para a OLP anular seu reconhecimento de Israel e de seu direito de existir. Ele continuou dizendo que a “presença de Israel em nossa terra é ilegítima e nós não podemos reconhecê-la”.

2. Ao governar Gaza o Hamas se moderou. Muito pelo contrário. O Hamas se sente mais forte que nunca, está impondo a lei islâmica, contrabandeando armas sofisticadas e apoiando a irmandade muçulmana no Egito que já anunciou a abertura de sua fronteira com Gaza causando tremenda preocupação em Jerusalem. Nenhum gesto de boa vontade foi feito sobre Gilad Shalit.

3. A união palestina pavimenta o caminho para o reconhecimento do estado palestino nas Nações Unidas. Vamos ver quanto tempo esta “união” irá durar. Provavelmente veremos os desacordos se ampliarem depois de setembro. Cada um tem sua agenda. Abbas perdeu seu grande patrocinador Hosni Mubarak no Egito e o Hamas está prestes a perder o seu: Bashar Assad da Síria.

4. Ao fazer o acordo, Abbas está mostrando seu grande estadismo. Salam Fayad é quem construiu as instituições palestinas e a maior fonte de credibilidade no ocidente. Jogá-lo fora agora é estupidez, não estadismo.

5. Israel deve provar sua vontade de fazer a paz e negociar com um governo palestino unido. Como é que se pode negociar com alguém que quer destrui-lo?

Se realmente houver uma declaração de criação da Palestina em setembro pelas Nações Unidas, isto irá cancelar todos os acordos assinados com Israel, inclusive o de Oslo que diz que as fronteiras finais seriam negociadas entre as partes e que ações unilaterais constituiriam uma violação dos acordos. A Autoridade Palestina não mais existirá e a cooperação cessará.

Por causa disto, idéias sobre anexação de partes da Judéia e Samária por Israel, que até recentemente eram consideradas extremas, estão ganhando ímpeto na Knesset. O Ministro Uzi Landau levantou a idéia na convenção do partido Israel Beitenu duas semanas atrás e outros membros do parlamento expressaram apoio. Uma declaração de estado pelos palestinos irá liberar os israelenses de todas as obrigações diplomáticas, economicas e segurança” disse o membro do Likud Danny Danon.

Esta anexação incluiria as áreas C, que inclui todos os assentamentos da Judéia e Samária e todas as áreas inabitadas. Esta idéia não é nova. Os predecessores de Netanyahu tiveram esta coragem. Levi Eshkol anexou Jerusalem e Menachem Begin anexou os Altos do Golan.

Chegou a hora dos israelenses acordarem e chamarem a espada de espada. Os únicos que são contra são estes radicais de esquerda, da chamada inteligentsia que não querem perder suas estadias em Berkeley ou suas candidaturas a prêmios quaisquer. Seu argumento é que se Israel fizer a anexação, será boicotado em todas as áreas pelo mundo. Isto é mentira. O mundo precisa e continuará a adquirir tecnologia e os avanços isrelenses. Francamente, já passou da hora dos líderes de Israel pararem com esta palhaçada.

Abbas fez sua escolha. Chegou a hora de Netanyahu fazer a dele.

***

Agora um pequeno aparte. Hoje à noite e amanhã comemoramos o Yom Hashoah, o dia do Holocausto. Sobre o que aconteceu aos judeus, muitos usam a palavra descritiva “dizimados”. A origem desta palavra, vem de uma forma de punição e disciplina militar usada pelo exército romano que matava um de cada dez soldados que se amotinavam ou que se acovardavam frente a batalha. Temos que lembrar que o povo judeu não foi dizimado. Ele foi terciado. Um de cada 3 foi morto por Hitler. Isso foi dito por Menachem Begin ao presidente Carter em uma de suas muitas reuniões para lembrá-lo que o que aconteceu com os judeus. Então ouvintes, amanhã lembraremos que os judeus foram terciados e isso não poderá jamais se repetir na história.