Sunday, February 26, 2012

O Jogo do Irã Chegando ao Final - 26/2/2012

Nesta última quarta-feira as regras do jogo mudaram. O Irã endureceu sua política nuclear e militar em desafio às novas sanções.  

O General Mohammed Hejazi ameaçou um ataque preventivo contra os inimigos do Irã, quer dizer Israel, no mesmo dia em que o governo recusou a inspeção da usina nuclear em Parchin pela Agência Internacional de Energia Atômica. É em Parchin que experimentos em explosivos nucleares e gatilhos são conduzidos.

Agentes da inteligência ocidental concluiram que a transferência do urânio enriquecido a 20% para a usina subterrânea de Fordo perto de Qom reduziu para apenas 6 semanas o tempo que o Irã precisa para enriquecer urânio a 90%, necessário para uma bomba atômica.

Esta postura põe seriamente em cheque a política do presidente Barack Obama de negociações e diplomacia para solucionar o problema nuclear iraniano e evitar um confronto militar.

O problema é que esta política depende unicamente da boa vontade do Irã em abrir suas portas aos inspetores e ter um programa nuclear transparente. Isto foi exatamente o que o Conselheiro de Segurança Nacional americano Tom Donillon tentou assegurar aos israelenses no começo da semana. No dia seguinte à reunião de Donillon em Israel, os inspetores foram chutados do Irã de mãos vazias, enterrando qualquer esperança de transparência.

Israel não pode correr o risco de um Irã capaz de montar uma bomba atômica no espaço de algumas semanas. Foi isso que o primeiro ministro israelense Binyamin Netanyahu, o Ministro da Defesa Ehud Barak e o Chefe do Estado Maior General Benny Gantz tentaram explicar ao americano.

O Irã não irá esperar por seus inimigos, seja Israel ou os Estados Unidos. Ele irá atacar primeiro. Mas o porta-voz americano Jay Carney disse na terça-feira que ainda há tempo e espaço para mais diplomacia e para que as sanções tenham efeito para mudar o comportamento do Irã.

Do ponto de vista de Israel o comportamento do Irã já mudou e para pior. As táticas dos últimos dias do Irã exacerbaram a ameaça que paira em Israel e a trouxe para muito mais perto. A posição militar e estratégica de Israel no Oriente Médio ficou duplamente afetada com a derrota da missão da Agência Atômica e esta ameaça de ataque preventivo vindo de Teherã.

E isso não ocorreu no vácuo. Os eventos na Síria certamente contribuiram para esta atitude de Teherã. O governo Alawita de Bashar Assad, aliado do Irã por serem também muçulmanos shiitas está prestes a desmoronar. Na semana retrasada o Irã mandou dois navios de guerra para a Síria não se sabe bem se para entregar armas e suprimentos ou para retirar armamento do país.

O mundo, mas especialmente os Estados Unidos, deveriam ter tido uma posição muito mais dura em relação ao Irã há muitos anos atrás. Sanções demoram anos para fazerem diferença. Depois dos ataques de 11 de setembro de 2001, o presidente Bush decidiu declarar a guerra ao que ele chamou de Terrorismo Global. Mas contra o Irã, o maior patrocinador do terrorismo nada.

O presidente Obama diz que está travando uma guerra contra a Al-Qaeda e seus afiliados. E no entanto, a Al-Qaeda e o Irã são afiliados e os americanos sabem disso.

Na semana passada, James Clapper, diretor da Inteligência Nacional descreveu a relação como um antigo casamento quando testemunhou perante o Comitê das Forças Armadas do Senado. Também na semana passada o Departamento do Tesouro americano designou o Ministro da Inteligência e Segurança do Irã (MOIS) como patrocinador do terrorismo e entre os grupos mencionados está a Al-Qaeda. O ministério estaria facilitando o movimento de agentes da al-Qaeda no Irã, fornecendo documentos, cartões de identificação e passaportes além de dinheiro e armas para terroristas da Al-Qaeda no Iraque.

Michael Ledeen e Thomas Joscelyn da Fundação para a Defesa das Democracias têm pesquisado esta relação entre o Irã e a Al-Qaeda há anos. Há uma concepção muito errada que prega que o Irã shiita não poderia ser aliado da Al-Qaeda sunita. Mas está provado o envolvimento do Irã no ataque às Torres de Khobar em 1996 na Arábia Saudita e nos ataques às embaixadas americanas em Nairobi e Dar es Salaam em 1998. Isto sem falar das evidências do envolvimento do Irã nos ataques de 11 de setembro de 2001.

No ano passado um tribunal em Washington julgou que o Irã estaria treinando terroristas da Al-Qaeda nos campos da Hezbollah no sul do Líbano.

Em vista disto tudo, por que há tão pouca discussão sobre o relacionamento entre a Al-Qaeda e o Irã? Duas razões: (1) é que acadêmicos, jornalistas e analistas que negaram esta relação no passado, não querem hoje admitir que estavam errados e (2) o conhecimento responsabiliza: se o Irã está casado com a Al-Qaeda e se o Irã está a poucos passos de adquirir uma arma nuclear, então fortes medidas devem ser tomadas contra esta ameaça.

Esta é uma mensagem que o governo americano de hoje não quer ouvir e com certeza não quer transmitir ao povo americano. É só ver a atitude do presidente Obama esta semana se dobrando em dois para se desculpar pela destruição de livros do al-Corão no Afganistão.

Vazou a informação de que estes livros, que estavam sendo usados por prisioneiros para transmitirem informações de segurança e inteligência dentro das bases americanas, teriam sido confiscados e eventualmente queimados. Desde terça-feira a violência não cessa e já há 30 mortos incluindo dois oficiais americanos que foram executados sumariamente dentro do Ministério do Interior com tiros na nuca numa área reservada para altos oficiais do exército americano e afgão. O Talibã reivindicou os assassinatos em retaliação pela destruição dos Korãos.

Agora, sinceramente. Esta religião que se diz tolerante e diz reconhecer a Bíblia como um livro santo, sabem o que fazem com as Biblias confiscadas dos turistas na Arábia Saudita? Elas são picadas e jogadas no lixo.

Agora, por causa de uns exemplares do Corão que para estes muçulmanos é tão santo que pode ser rabiscado para passar informações, o governo americano não pára de pedir desculpas mas não há uma só oferta de desculpas do governo afgão pela vida dos americanos inocentes executados por estes neandertais.

É com este tipo de mentalidade e atitude que temos que lidar. Não pensem que os iranianos sejam diferentes. Já disse aqui e vou repetir: o islamismo divide o mundo em dois: o mundo islâmico e o mundo que está em guerra com ele. A tolerância que eles professam ter com outras religiões não é uma tolerância de igual para igual mas uma tolerância de um amo para com seu escravo.

Se a história moderna nos ensinou qualquer coisa é que nenhuma ameaça à existência do povo judeu deve ser ignorada. Gerações futuras nos julgarão pelo que fizermos e pelo que deixarmos de fazer hoje. Se não agirmos urgentemente contra esta ameaça islâmica e do Irã à existência de Israel e do povo judeu, ficaremos para sempre no banco dos réus. 
 


Sunday, February 19, 2012

A Futilidade das Sanções Contra o Irã - 19-2-2012

Nesta semana novas sanções foram propostas pelos Estados Unidos e a União Européia contra o programa nuclear do Irã. Em desafio,  presidente Mahmoud Ahmadinejad torceu o nariz para o mundo e anunciou que novos projetos nucleares serão inaugurados no país nos próximos dias.

Ele ainda declarou que o Irã não irá recuar uma polegada de seus princípios e direitos e lembrou ao ocidente que todas as pressões feitas até agora foram absolutamente fúteis.

Por sua vez, o Supremo Lider Ayatollah Ali Khamenei disse durante a visita dos líderes do Hamas ao Irã, que Israel pode ser destruida em apenas 9 minutos. Anteontem dois navios da marinha iraniana atravessaram o Canal de Suez para o Mediterrâneo, com a permissão dos egípcios, e atracaram na Síria em claro desafio às diretivas e embargos impostos pelas Nações Unidas.

Ahmadinejad está certo. Estes embargos são fúteis. Todo o mundo parece saber isso menos a administração Obama. A América está enviando uma parada de oficiais a Israel nas últimas semanas para convencer Netanyahu que agora é hora para a diplomacia e negociação. O último é conselheiro em Segurança Nacional Tom Donilon que chegou ontem seguindo a visita do Chefe de Estado Maior americano General Martin Dempsey.

Em uma entrevista à CNN, Dempsey disse que um ataque israelense ao Irã iria desestabilizar toda a região e isso não seria prudente. Ele ainda disse que os israelenses compreendem as preocupações americanas e que as sanções econômicas impostas já estavam começando a surtir efeito.

Será? Será que sanções que ameacem a venda do petróleo iraniano são mesmo suficientes para fazer os ayatollahs abandonarem seu sonho da bomba nuclear?

O Irã já está sofrendo sanções há algum tempo, desde 1980. Mas as primeiras sanções adotadas especificamente contra o programa nuclear iraniano e apoiadas pelo Conselho de Segurança da ONU, só foram instituídas em 2007. Estas sanções não impediram o Irã de enriquecer quantidades cada vez maiores de urânio nos últimos cinco anos.

O único caso de sanções econômicas que deu certo foi contra o apartheid na África do Sul. O Conselho de Segurança da ONU começou um embargo de armas em 1977. A Europa e o Reino Unido impuseram sanções comerciais e financeiras em 1985. Naquele ano, bancos internacionais suspenderam empréstimos à curto prazo para a Africa do Sul causando um declínio do valor da sua moeda.

Mas foi só em 1994 que a Africa do Sul formalmente desmantelou o apartheid e aprovou uma nova constituição. As sanções neste caso levaram 9 anos para terem qualquer efeito no governo sul-africano.

Outro caso foram as sanções impostas ao Iraque. No final da primeira Guerra do Golfo em 1991, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução pela qual o Iraque tinha que declarar e destruir todas as suas armas nucleares, biológicas, químicas e sistemas de mísseis de longo alcance. Até que isso acontecesse, o Iraque não poderia vender seu petróleo para outros países.

Mas nos 12 anos seguintes, Saddam Hussein simplesmente se recusou em cooperar com os inspetores. No final, os serviços de inteligência suspeitaram que o Iraque estava acumulando estas armas e esta foi uma razão para a sua invasão pelas forças aliadas em 2003.

No caso do Irã, o fato de sanções levarem todo este tempo para surtirem efeito pousa um sério problema. Há anos que assistimos debates de peritos sobre quanto tempo o Irã precisa para ter pelo menos uma bomba atômica em seu arsenal. Alguns dizem ser questão de meses e outros dizem que o Irã precisa de pelo menos 2 anos para montar uma ogiva nuclear num míssel Shahab-3 que possa alcançar Israel.

Mas basta olhar para a história das sanções para sabermos que elas não terão qualquer impacto na decisão dos Ayatollahs de suspender seu programa nuclear.

No final de Janeiro, o chefe da CIA, General David Petraeus disse que a economia iraniana já estava sentindo o impacto das sanções. Mas não só não houve nenhuma mudança na política nuclear do Irã como Ahmadinejad está determinado em mostrar ao mundo que ela está prosseguindo a todo vapor.

O problema com regimes autoritários como o Irã é que eles não se importam com o sofrimento de sua população a não ser que estejam prestes a perder o poder como resultado.  E as vezes nem isto. É só ver o que está acontecendo hoje na Síria.

O pior é que estas sanções são muito fracas e não são universais. A China e a India continuam a importar mais de 850 mil barris de petróleo por dia do Irã. Sanções econômicas podem funcionar mas não sozinhas. Outros fatores determinaram o fim do apartheid na Africa do Sul e o final no Iraque foi uma invasão. Se as sanções contra o Irã tivessem sido impostas em 2009 durante a revolta interna depois das eleições, talvez elas tivessem tido algum impacto.

É consenso entre os comentaristas políticos que se o Irã adquirir a bomba irá gerar uma corrida nuclear na região. Ahmadinejad avisou que um ataque por Israel seria visto como um ataque da América. Isso não é bom para os interesses americanos na região especialmente porque ela não acha que pode ser atacada pelo Irã. E esta é a mesma situação que o mundo se encontrava antes da Segunda Guerra Mundial quando Chamberlain resolveu negociar com Hitler e achou ter avertido uma guerra.

Já é tarde demais. Não há negociação com o Irã. Seus líderes resolveram que está nas suas mãos trazer o fim dos tempos com uma guerra total entre o islamismo e o ocidente. Se a América não está pronta para agir, deve pelo menos deixar quem está a fazer o trabalho por ela. Israel é o primeiro alvo dos Ayatollahs e tem a obrigação de prevenir um segundo holocausto de sua população. Ela não deve se intimidar nem pelas condenações, nem pela covardia das democracias de hoje.


Sunday, February 5, 2012

O Fim de Assad - 5/2/2012

Desde ontem os noticiários têm se concentrado no que ocorreu na votação do Conselho de Segurança da ONU que queria condenar o regime de Bashar Assad pela carnificina em massa que está ocorrendo na Síria.

Depois de semanas de negociações, a Rússia e a China vetaram a resolução dizendo que era parcial e não conduziria à restauração da ordem no país.

A embaixadora americana na ONU, Susan Rice, disse que os Estados Unidos estavam enojados com o veto e os outros membros permanentes do Conselho, a França e o Reino Unido – disseram estar furiosos. 13 membros do Conselho votaram a favor da resolução.

Sem dúvida, o veto foi a maior derrota dos países que esperavam enviar uma mensagem unida à Assad e também aos grupos de oposição que esperam contar com o apoio da ONU para sua causa.

Rice ainda disse que “aqueles que bloquearam a resolução terão o futuro sangue derramado em suas mãos. O povo sírio foi mais uma vez abandonado por este Conselho e pela comunidade internacional”. Ela continuou dizendo sobre a Russia que “esta intransigência é ainda mais vergonhosa quando consideramos que estes membros continuam a entregar armas a Assad”.  

E não é que a resolução chamava por uma intervenção armada ou algo do tipo. Ela seguiu a resolução da Liga Árabe, pedindo a resignação de Bashar Assad para acalmar os ânimos e a violência no país.

Sírios que moram no exterior têm pedido uma ação internacional para por fim aos ataques a civis e vários protestos se tornaram violentos nas embaixadas sírias no Kuwait, Cairo, Washington, Berlin e Londres.

Somente neste final de semana 321 civis foram mortos na cidade de Homs. Estes números não podem ser verificados pois a imprensa internacional foi em sua grande maioria expulsa do país. Prédios residenciais foram bombardeados e fogos ateados. A oposição decretou uma greve de dois dias em protesto.

Sírios acusam a comunidade internacional de não fazer nada enquanto os corpos se empilham nas ruas. E depois destes vetos o regime de Assad se sentirá ainda mais fortalecido para continuar os massacres.

O absurdo é que o ministro do exterior russo disse que as vendas de armas para a Síria não afetam o equilíbrio de forças na região. Talvez, se você falar em relação a Israel. Mas não quando estas armas estão sendo voltadas contra civis desarmados.

Esta votação nos ensina que a Russia e a China efetivamente suportam a tirania no lugar das aspirações legítimas do povo sírio e não é a primeira vez. Em outubro do ano passado eles vetaram outra resolução que pedia pela imediada cessação das retaliações do governo. De lá para cá, mais de 6 mil pessoas morreram. ONGs estimam que o número ultrapasse 7,340 pessoas. 

Mas os vetos nos ensinam ainda outra coisa: antigas alianças não morrem fácil e não podemos confiar na ONU para prevenir guerra ou fazer a paz. Por isso Israel está olhando para a situação na Síria com apreensão.

Um oficial israelense disse que esta não é uma situação de “melhor o diabo que você conhece que um que você não conhece. O que você conhece já é bem ruim”, se referindo à aliança da Síria com o Irã e a ajuda material, financeira, logística e militar para a Hezbollah e o Hamas.

Mas uma maneira para a situação se tornar pior, é se a Síria cair num tipo de anarquia que vemos na Somália, desatando uma violência que direta ou indiretamente poderá derramar para dentro de Israel.

Convenhamos que a Russia nunca foi uma campeã da democracia e paz ao redor do mundo. Isto não é algo que “computa” na elite russa. Basta tomar as táticas eleitorais de Vladimir Putin que não sai do poder há anos. Em 2008 ele não pode concorrer para o cargo de presidente pela terceira vez, e foi nomeado Primeiro Ministro. Agora está novamente no páreo e grandes protestos contra sua candidatura já acontecem em Moscow.

A Russia pode ver a Siria como seu único real aliado na região. Ela mantém um porto militar no Mediterrâneo em Tartus e os Assad sempre foram fiéis compradores das armas russas.

E isso não foi uma decisão de apenas Hafez Assad ou seu filho mas do aparato governamental sírio. Bashar foi colocado no poder para manter este aparato da minoria alawita que controla o governo, os militares, a inteligência e a polícia. Esta minoria vai lutar até o fim para se manter no poder pois sabe que após anos de opressão, haverá um sangrento acerto de contas com a maioria sunnita do país.

Mas o que a Russia está fazendo agora é um erro estratégico se posicionando do lado de um ditador que está massacrando seu povo. A realidade histórica do momento não pode ser simplesmente negada. Depois da própria Liga Árabe decidir que ele precisa deixar o poder, não haverá como Assad restaurar sua legitimidade como líder, tanto interna como externamente.

As potências como a Russia e China têm que se adaptar às mudanças dos tempos e entender que manter velhas alianças tem um custo muito alto. Hoje os massacres são televisados em tempo real e não há muito estômago para crianças torturadas e mortas com armas russas. O erro é ainda maior se levarmos em conta o suporte russo ao Irã shiita que está tentando dominar os árabes sunnitas.

Assad já era. Agora é hora de enviarmos uma mensagem histórica à Russia e à China: há um limite para o uso da força para manter velhas ditaduras. Reformas econômicas não são suficientes para a geração facebook, twitter e google. Os jovens querem viver em democracias com completa liberdade de expressão. E esta onda não vai demorar a bater à suas portas.