Sunday, February 19, 2012

A Futilidade das Sanções Contra o Irã - 19-2-2012

Nesta semana novas sanções foram propostas pelos Estados Unidos e a União Européia contra o programa nuclear do Irã. Em desafio,  presidente Mahmoud Ahmadinejad torceu o nariz para o mundo e anunciou que novos projetos nucleares serão inaugurados no país nos próximos dias.

Ele ainda declarou que o Irã não irá recuar uma polegada de seus princípios e direitos e lembrou ao ocidente que todas as pressões feitas até agora foram absolutamente fúteis.

Por sua vez, o Supremo Lider Ayatollah Ali Khamenei disse durante a visita dos líderes do Hamas ao Irã, que Israel pode ser destruida em apenas 9 minutos. Anteontem dois navios da marinha iraniana atravessaram o Canal de Suez para o Mediterrâneo, com a permissão dos egípcios, e atracaram na Síria em claro desafio às diretivas e embargos impostos pelas Nações Unidas.

Ahmadinejad está certo. Estes embargos são fúteis. Todo o mundo parece saber isso menos a administração Obama. A América está enviando uma parada de oficiais a Israel nas últimas semanas para convencer Netanyahu que agora é hora para a diplomacia e negociação. O último é conselheiro em Segurança Nacional Tom Donilon que chegou ontem seguindo a visita do Chefe de Estado Maior americano General Martin Dempsey.

Em uma entrevista à CNN, Dempsey disse que um ataque israelense ao Irã iria desestabilizar toda a região e isso não seria prudente. Ele ainda disse que os israelenses compreendem as preocupações americanas e que as sanções econômicas impostas já estavam começando a surtir efeito.

Será? Será que sanções que ameacem a venda do petróleo iraniano são mesmo suficientes para fazer os ayatollahs abandonarem seu sonho da bomba nuclear?

O Irã já está sofrendo sanções há algum tempo, desde 1980. Mas as primeiras sanções adotadas especificamente contra o programa nuclear iraniano e apoiadas pelo Conselho de Segurança da ONU, só foram instituídas em 2007. Estas sanções não impediram o Irã de enriquecer quantidades cada vez maiores de urânio nos últimos cinco anos.

O único caso de sanções econômicas que deu certo foi contra o apartheid na África do Sul. O Conselho de Segurança da ONU começou um embargo de armas em 1977. A Europa e o Reino Unido impuseram sanções comerciais e financeiras em 1985. Naquele ano, bancos internacionais suspenderam empréstimos à curto prazo para a Africa do Sul causando um declínio do valor da sua moeda.

Mas foi só em 1994 que a Africa do Sul formalmente desmantelou o apartheid e aprovou uma nova constituição. As sanções neste caso levaram 9 anos para terem qualquer efeito no governo sul-africano.

Outro caso foram as sanções impostas ao Iraque. No final da primeira Guerra do Golfo em 1991, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução pela qual o Iraque tinha que declarar e destruir todas as suas armas nucleares, biológicas, químicas e sistemas de mísseis de longo alcance. Até que isso acontecesse, o Iraque não poderia vender seu petróleo para outros países.

Mas nos 12 anos seguintes, Saddam Hussein simplesmente se recusou em cooperar com os inspetores. No final, os serviços de inteligência suspeitaram que o Iraque estava acumulando estas armas e esta foi uma razão para a sua invasão pelas forças aliadas em 2003.

No caso do Irã, o fato de sanções levarem todo este tempo para surtirem efeito pousa um sério problema. Há anos que assistimos debates de peritos sobre quanto tempo o Irã precisa para ter pelo menos uma bomba atômica em seu arsenal. Alguns dizem ser questão de meses e outros dizem que o Irã precisa de pelo menos 2 anos para montar uma ogiva nuclear num míssel Shahab-3 que possa alcançar Israel.

Mas basta olhar para a história das sanções para sabermos que elas não terão qualquer impacto na decisão dos Ayatollahs de suspender seu programa nuclear.

No final de Janeiro, o chefe da CIA, General David Petraeus disse que a economia iraniana já estava sentindo o impacto das sanções. Mas não só não houve nenhuma mudança na política nuclear do Irã como Ahmadinejad está determinado em mostrar ao mundo que ela está prosseguindo a todo vapor.

O problema com regimes autoritários como o Irã é que eles não se importam com o sofrimento de sua população a não ser que estejam prestes a perder o poder como resultado.  E as vezes nem isto. É só ver o que está acontecendo hoje na Síria.

O pior é que estas sanções são muito fracas e não são universais. A China e a India continuam a importar mais de 850 mil barris de petróleo por dia do Irã. Sanções econômicas podem funcionar mas não sozinhas. Outros fatores determinaram o fim do apartheid na Africa do Sul e o final no Iraque foi uma invasão. Se as sanções contra o Irã tivessem sido impostas em 2009 durante a revolta interna depois das eleições, talvez elas tivessem tido algum impacto.

É consenso entre os comentaristas políticos que se o Irã adquirir a bomba irá gerar uma corrida nuclear na região. Ahmadinejad avisou que um ataque por Israel seria visto como um ataque da América. Isso não é bom para os interesses americanos na região especialmente porque ela não acha que pode ser atacada pelo Irã. E esta é a mesma situação que o mundo se encontrava antes da Segunda Guerra Mundial quando Chamberlain resolveu negociar com Hitler e achou ter avertido uma guerra.

Já é tarde demais. Não há negociação com o Irã. Seus líderes resolveram que está nas suas mãos trazer o fim dos tempos com uma guerra total entre o islamismo e o ocidente. Se a América não está pronta para agir, deve pelo menos deixar quem está a fazer o trabalho por ela. Israel é o primeiro alvo dos Ayatollahs e tem a obrigação de prevenir um segundo holocausto de sua população. Ela não deve se intimidar nem pelas condenações, nem pela covardia das democracias de hoje.


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