Sunday, February 26, 2017

A Esquerda e a Nova Ordem Mundial - 26/02/2017

A esquerda está oficialmente insana. Cinco semanas após a inauguração de Trump, e pensaríamos que todo o mau ânimo teria passado. Mas não. A mídia não para de distorcer os fatos e comentaristas ainda inconformados com o resultado das eleições chamam Trump rotineiramente de Hitler! Vimos professoras de escola como Yvette Felarca organizar protestos violentos na Califórnia contra os que ela considera fascistas. Como Milo Yiannopoulos o jovem editor do jornal conservador Breitbart, que havia sido convidado para falar aos republicanos de Berkeley. Foi ela quem liderou a quebradeira no Campus da universidade, botando fogo em prédios e carros, até que ele cancelasse o evento.

É, a liberdade de expressão não é o ponto forte da esquerda.

Foi publicado neste final de semana que a Casa Branca teria barrado jornalistas do NY Times, da BBC, CNN e outros de uma conferência de imprensa na sexta-feira. O que ocorreu de verdade, é que neste tipo de conferência, a associação de jornalistas da Casa Branca escolhe quem vai estar no que chamam de “gaggle” e foram eles e não Trump ou seu porta-voz que deixaram estes veículos de mídia de fora.

Toda esta onda de noticias mentirosas, distorcidas e tendenciosas fez com que o presidente recusasse o convite da Associação dos Jornalistas para o jantar anual. Esta é uma indicação poderosa da tensão de Trump com a mídia. O primeiro presidente a cortar os atravessadores de notícia e a se comunicar diretamente com o público via tweeter!

Por seu lado, George Soros, o bilionário da extrema esquerda, que disse que o período em que colaborou com os nazistas identificando propriedades de judeus foi o mais feliz de sua vida, comparou Trump a Hitler num discurso angustiado de que sua “nova ordem mundial” estava em perigo!

Na entrevista que ele deu há alguns anos para o programa 60 minutos, Soros disse que nunca se envergonhou de ter colaborado com os SS porque assim ele “sobreviveu”. Hoje Soros é o 19th homem mais rico do mundo e de acordo com o Wikileaks, ele quer destruir Israel e para isso fundou o JStreet, o lobby mais anti-Israel da história, e contribui com milhões de dólares para todas estas ONGs que fabricam mentiras como supostos “crimes de guerra” perpetrados pelo Estado judeu.

Mas não vamos perder o foco. Em seu pânico, Soros nos contou o que está realmente acontecendo, e agora ficou mais fácil entender o estado da esquerda.

Soros revelou que há uma iniciativa para estabelecer no mundo “uma nova ordem”. E o que ele defende, é um mundo sem fronteiras, globalizado, em que governos decidem o que é melhor para você, seus filhos, porque você é muito burro para decidir seu destino por si próprio.

É precisamente o projeto que está sendo implantado com sucesso na Coreia do Norte, um dos países mais retrógrados em termos de direitos humanos e individuais do mundo!

Esta nova ordem é globalizadora e tem absoluto asco de todo e qualquer nacionalismo ou patriotismo. Uma que torce o nariz para hinos nacionais, e rejeita qualquer noção de excepcionalidade de uma nação.

Agora entendemos porque a esquerda é contra Israel. Ela é contra as aspirações nacionais e o exercício de autodeterminação do povo judeu exatamente porque isto os torna excepcionais. Cada conquista tecnológica, cada mostra de humanidade, cada vitória do pequeno estado em sua luta por sua sobrevivência é uma derrota para os globalizadores.  O mesmo vai para os Estados Unidos. Só vimos a bandeira americana nestas demonstrações histéricas contra Trump quando o pessoal a estava queimando! E quando Trump diz que vai fazer a América Vencedora de Novo, ele leva a esquerda ao desespero. É só ouvir o discurso de George Clooney quando recebeu o premio Cesar em Paris, chamando a todos “cidadãos do mundo” e castigando Donald Trump.

Steve Bannon, o vilipendiado conselheiro de Trump, deu uma rara entrevista na reunião do lobby conservador americano nesta semana em que ele disse que o gabinete do presidente foi escolhido a dedo para desconstruir a máquina implantada por Obama. Uma máquina desenhada para transferir a riqueza dos Estados Unidos para países do terceiro mundo e nivelar todo o mundo por baixo. E esta máquina inclui a mídia como o New York Times, a CNN, a BBC, o jornal The Guardian e outros, que atacaram a campanha de Trump, atacaram o time de transição e agora não param de atacar seu governo.

O papel da mídia hoje não é mais o de reportar, mas de tomar uma posição política. É o de propagar a agenda de grupos chamados de “promotores dos direitos humanos” contra democracias, mas não contra ditaduras. São os mesmos que procuram o boicote de Israel para defender os supostos direitos dos “palestinos”.

E assim, foi com uma grande fanfarra, mas pouca substância, que a mídia promoveu o relatório anual da Anistia Internacional, a organização mais poderosa do mundo de acordo com seu orçamento anual, quantidade de pessoas que trabalham para ela e sua influência junto à mídia.

No capítulo sobre Israel, as mesmas acusações de anos passados sobre o uso de força excessiva do exército e sentenças longas para palestinos por “ofensas menores” são apresentadas sem qualquer evidência ou fontes. Nenhuma menção sobre os numerosos casos investigados por Israel. O relatório chega ao cúmulo de culpar a polícia de Israel por não fornecer proteção adequada às árabes israelenses que sofrem violência em casa! Em uma sentença, a Anistia Internacional apagou a cultura de violência doméstica e homicídios de honra entre os árabes muçulmanos e a culpa é de Israel! Ora, me poupem!

E aí tivemos a peróla da semana! O descendente do Lorde Balfour, o mesmo que em 1917 escreveu a declaração Balfour reconhecendo o direito dos judeus a um país em sua terra ancestral, publicou uma carta no The New York Times culpando Israel pela crescente onda de antissemitismo ao redor do mundo e resolvendo boicotar as comemorações do centenário da carta. O moderno Earl de Balfour disse que Netanyahu “devia aos milhões de judeus que sofrem antissemitismo resolver o conflito o mais rápido possível”.

É irônico pensar que a Declaração Balfour foi feita para resolver a situação de antissemitismo que assolava o mundo na época, dando aos judeus seu lar nacional e hoje este insignificante lordezinho que nem curso superior tem, culpa o próprio Estado judeu pelo antissemitismo.

Isto prontificou uma resposta de Alan Dershowitz notando que “qualquer um que odeia judeus por causa da política adotada pelo Estado de Israel, estará sempre pronto a expressar seu antissemitismo por qualquer outra razão. Anti-israelismo é só a desculpa do dia.” Quem pode me mostrar qualquer violência contra um russo pela invasão da Ucrânia? Que chinês foi maltratado na Europa ou nos Estados Unidos por causa da invasão e anexação do Tibet pela China?

Dershowitz disse que a responsabilidade de Netanyahu não é para com os judeus ao redor do mundo, mas para com os israelenses em Israel. Foram os israelenses que o elegeram para protegê-los, não os judeus da diáspora. Mesmo se houver um aumento de atos antissemitas por causa da política de Israel, nenhuma decisão do Estado judeu deve ser tomada com o intuito de agradar ou não os antissemitas do mundo.

Balfour não escreveu uma palavra sobre o fato dos palestinos se recusarem a negociar apesar de Netanyahu ter oferecido incontáveis vezes. Ou que de 1938 até 2008, os árabes receberam e repetidamente rejeitaram acordos que lhes dariam um estado. Balfour também esqueceu do Hamas, da Hezbollah e dos outros grupos terroristas, junto com o Irã que continuam a prometer a destruição do Estado que seu antepassado contribuiu em criar.

Balfour terminou sua carta basicamente apoiando o movimento de boicote a Israel. Sua recusa em participar na comemoração do centenário da Declaração Balfour até que Israel tome passos unilaterais para terminar o conflito é uma vergonha. E sabem o que? Que seja.

O Lorde Balfour de 1917 teria ficado muito orgulhoso de saber que teve um papel no retorno de Israel, um país que em 60 anos se tornou um exemplo de avanço social e tecnológico apesar da permanente ameaça de seus vizinhos.


Então vamos ter o Centenário da Declaração Balfour sem a presença do lordezinho. E ele deverá continuar fora nos próximos cem anos, pois não há sinal que os palestinos estejam prontos a reconhecer Israel com um estado judeu, do modo que a Declaração de seu antepassado previa. O Balfour moderno conseguiu seus 15 minutos de fama. Agora só lhe resta retornar à sua insignificância.


Sunday, February 19, 2017

O Encontro de Bibi e Trump - 18/02/2017

Quem tinha qualquer dúvida que estamos vivendo uma nova era, agora pode estar seguro. O encontro entre Trump e Netanyahu não poderia ter sido mais surpreendente. Em alguns minutos Trump quebrou o cimento de décadas de uma politica externa asinina que tem amarrado os Estados Unidos e a maioria do mundo.

Ao declarar que a América não mais insistirá numa solução de dois estados Trump mostrou que está procurando algo novo, algo criativo. Ele disse estar examinando soluções de dois estados, soluções de um estado, e ficará satisfeito com a solução que as partes gostarem.

Trump também pediu a Netanyahu para segurar a construção de novos assentamentos, aparentemente reiterando a política americana do passado. Netanyahu respondeu que ambos os lados precisavam mostrar boa vontade para chegarem a um acordo.  

O fato de Bill Clinton ter cortejado Arafat, um terrorista impenitente, e tê-lo premiado com esta idiótica “solução de dois estados”, passando por Bush que a adotou em 2002 e finalmente Obama que exigiu dos israelenses passos mais radicais que os próprios palestinos para implementá-la, tudo isto criou expectativas entre os árabes que hoje, dado o clima em Ramallah e no resto da região, são impossíveis de se concretizarem.

Hoje os palestinos da Judeia e Samaria não aceitarão nada menos que um estado soberano, com toda a liberdade para se armarem e atacarem Israel. Afinal, eles não podem ficar atrás dos alucinados de Gaza aos olhos do povo palestino.

E que alucinados! Nesta semana o Hamas elegeu Yahya Sinwar, um dos seus membros mais radicais para liderar a Faixa de Gaza.

Sinwar, de 55 anos, passou 22 anos nas cadeias de Israel e só foi solto porque estava na lista de prisioneiros trocados por Gilad Shalit. Ele foi o criador das Brigadas Qassam e sua eleição assinala a ascensão do braço armado em detrimento da ala política do Hamas. Mesmo dentro do Hamas, Sinwar é considerado um radical que recusa qualquer compromisso seja com Israel ou com a Autoridade Palestina. Ele chegou até mesmo a ser contra o acordo para libertar Gilad Shalit (que o libertou!) porque para ele, era uma capitulação frente a Israel.

Em Setembro de 2015, Sinwar foi incluído na lista americana de terroristas junto com outros dois membros do Hamas.

Israel está levando esta eleição a sério. Os últimos ataques contra o sul do país foram respondidos de modo inequívoco fazendo o Hamas pagar caro por cada míssil enviado.

E esta também foi precisamente a mensagem de Trump. Finalmente temos um presidente Americano que não usa de falsa diplomacia e tem a coragem de colocar o dedo sobre o fulcro do problema: a incitação ao ódio a Israel e aos judeus promovida pelo sistema educacional, a mídia e os dirigentes palestinos. A mensagem de Trump foi: “Se você enaltece atos terroristas, recompensa os perpetradores e ensina seus filhos a odiar, nós não vamos premia-los com um Estado. E se quiserem mesmo um estado, então negociem!”

E os palestinos terão que negociar com uma Casa Branca muito diferente da de Obama, com um líder em Gaza que recusa qualquer compromisso e com uma população árabe na Judeia e Samaria cada vez mais descontente com a liderança de Mahmoud Abbas e seus comparsas.

Quem assistiu a conferencia na quarta-feira, pode sentir Bibi e Trump relaxados, falando francamente um com o outro e com a mídia. Finalmente a pressão para criar mais um estado árabe terrorista nas costas de Israel foi aliviada. Agora a bola está com os palestinos que têm que decidir: ou voltam à mesa de negociações ou tomam o rumo da intransigência o que os levará à insignificância.

Toda a guerra e destruição na região e a ascensão do Irã, reduziu o problema palestino à uma inconveniência para o resto dos árabes que hoje não mais veem Israel como um inimigo mas como um secreto aliado.

É claro que as declarações proferidas no encontro de Bibi com Trump foram muito mal recebidas na Europa e pela mídia em geral que continua a se apegar à solução de dois estados.

A desculpa usada pelos “amigos de Israel” é que se houver um só estado, e Israel quiser se manter como um estado judeu deverá criar duas classes de cidadãos sendo que os palestinos não teriam o direito ao voto o que é anti-democrático. Se por outro lado Israel quiser dar o direito de voto aos palestinos, rapidamente perderá seu caráter judaico pois os árabes têm mais filhos que os judeus.

Todas estas afirmações são baseadas em falsidades. É publico e notório que a população árabe na Judeia e Samaria sempre foi inflada. Isto porque cada indivíduo recebe uma mesada da ONU e repetidos censos omitem mortes, os que se mudaram e o numero de filhos é exagerado. Hoje, por exemplo, há mais judeus que moram em Jerusalem do leste do que árabes, mas não é a percepção passada pela mídia, pelas ONGs e pelos europeus.

Imaginem se amanhã ficarmos sabendo que de fato, existem apenas um milhão de árabes na Judeia e Samaria? Isto justificaria a criação de um estado?

Existem outras soluções para o problema entre Israel e os palestinos, como por exemplo, criar uma federação das comunidades árabes da Judeia e Samária com a Jordânia dando a eles cidadania jordaniana plena, que era o que eles tinham antes de 1967. A Jordânia ajudaria a administrar as cidades árabes em troca de um pacote de ajuda generoso e Israel continuaria a manter a segurança na região. É uma ideia, mas para os defensores da solução de dois estados é difícil descer da escada quando ela foi escalada há tanto tempo.

Acho também que a mídia largamente entendeu mal o pedido de Trump para Bibi dar um tempo com os assentamentos. Netanyahu tem sofrido uma grande pressão do partido de Naftali Bennett para anexar as maiores comunidades judaicas da Judeia e Samaria. Bibi sente que agora não é a hora de fazê-lo de modo unilateral. Ele quer que Trump reafirme a carta de Bush de 2004 reconhecendo que um retorno à linha de armistício de 1949 é irreal e que os maiores assentamentos devem ser incorporados a Israel.

Este entendimento foi abandonado por Obama, traindo Israel.

Assim, o pedido de Trump foi um favor a Bibi que plausivelmente não pode negar esta cortesia ao presidente americano.

Hoje a solução de dois estados não é mais o Santo Graal da paz no Oriente Médio. É um tabú que foi quebrado para dar lugar a outras possibilidades. E isto é música para Bibi Netanyahu e Israel. Agora só temos que trabalhar para que esta música não vire uma cacofonia em meio às reclamações europeias, palestinas e do resto do mundo que teimosamente continua a se recusar a ouvir.



Sunday, February 12, 2017

A Hipocrisia Europeia Sobre a "Ocupação" - 12/02/2017

Nesta última semana o parlamento de Israel aprovou uma lei controversa para legalizar quatro mil residências de judeus na Judeia e Samaria que foram construídas em terras de propriedade de palestinos. A lei cria um problema do ponto de vista do direito internacional, especialmente com a passagem da Resolução 2334 em dezembro, mas por outro lado, ela regula uma situação que não pode perdurar indefinidamente.

O governo de Israel sempre foi cuidadoso ao permitir que as comunidades judaicas fossem construídas somente sobre terra que não pertencia a ninguém. Mas na Judeia e Samaria nunca houve um registro central de imóveis. Dependendo de quem estava administrando a região, havia um registro. Assim, há o registro otomano, guardado na Turquia, há um registro inglês, criado durante o mandato britânico, há um registro jordaniano que ocupou e anexou a área entre 1948 e 1967 e há o registro da administração civil de Israel de 1967 em diante. É fácil entender como casas puderam ser construídas em boa fé em terras pertencentes a palestinos. Muitas vezes o acesso aos registros era impossível, como no caso da Jordânia que estava em guerra com Israel, ou não batiam uns com os outros. Mas especialmente o fato das terras escolhidas para abrigar estas comunidades serem expansões de terra sem qualquer sinal de habitação ou cultivo.

De acordo com o artigo 55 da IV Convenção de Genebra, uma força de ocupação não pode confiscar propriedade privada dos habitantes locais. Ela deve manter o status quo até que a situação militar que deu origem à ocupação se resolva. O problema é que Israel nunca esteve em guerra com os palestinos. Ela ocupou a Judeia e Samaria dos Jordanianos com quem hoje está em paz e quem oficialmente renunciou à região. E a própria Convenção estabelece que estas regras são temporárias, visando a proteção de civis enquanto persistir a beligerância entre as partes. Elas não foram elaboradas para perdurarem 50 anos! Hoje os donos destas terras não  são mais os de 1967. Elas pertencem a herdeiros, a compradores, inclusive compradores judeus.  Muitas delas pertenciam a árabes que fugiram em 1948 e 1967 e nunca foram reclamadas.  

No Brasil, por exemplo, se uma pessoa ocupa uma terra de maneira pacífica, ininterruptamente, sem oposição do proprietário, e tenha estabelecido sua moradia habitual naquela terra ou tenha realizado obras ou serviços no imóvel, ela pode registra-lo em seu nome após apenas 10 anos num processo de usucapião. Em áreas urbanas, este prazo cai para cinco anos! Quem diria 50!

Mas o que diz esta lei que Israel aprovou? Ela diz que quando a propriedade foi construída em boa fé, isto é, não foi invadida por judeus ou tomada à força, ou a terra foi cultivada e sofreu melhorias substanciais, o dono árabe tem o direito de compensação no montante de 125% do preço da terra.

Imaginem que ideia inovadora: pagar compensação acima do mercado para aquele que detém o registro do imóvel que ele deixou de reclamar por 50 anos! Só para efeitos de comparação, a usucapião no Brasil não prevê qualquer compensação ao dono. E quando não há boa fé, as casas tem que ser evacuadas e destruídas. Como vimos na semana passada em Amona.

Mas o mundo decidiu que estas terras têm que ficar absolutamente “livre de judeus” para que mais um estado árabe seja criado. E os auto-declarados “amigos de Israel” foram os primeiros a castigarem o Estado Judeu deixando aparente que o problema não é fazer justiça para com os donos destas terras. Reunindo todo o vitríolo à sua disposição, que parece ser ilimitado quando o assunto é Israel, os líderes europeus competiram para ver quem seria mais obsceno e ofensivo.

Federica Mogherini, a Ministra do Exterior da União Européia, não poupou a hipérbole quando chamou a nova lei de "perigosa", como se a solução de disputas de terras por meio de compensações fosse um conceito totalmente inaudito no mundo jurídico moderno. Mogherini ainda declarou que "Israel estava tentando impor a realidade de um estado de direitos desiguais” e que “o parlamento israelense legislou sobre uma questão sobre a qual ele não tem jurisdição".

Pergunto à Mogherini: que jurisdição tem a União Européia para se intrometer nos assuntos internos da Knesset, castigar um parlamento eleito democraticamente e interpretar as leis que este parlamento aprova??

Outros líderes, como o presidente francês François Hollande, denunciaram a legislação, soando um alarme dizendo que esta lei "abriria o caminho para a anexação dos territórios ocupados". Seu ministro de exterior Marc Ayrault avisou que a lei iria “exacerbar as tensões regionais”. O Coordenador Especial da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio Nikolay Mladenov disse que ao passar uma lei sobre "terras palestinas ocupadas", Israel havia cruzado "uma linha vermelha muito espessa".

A Inglaterra declarou que a lei “ameaça a viabilidade da solução de dois estados e como velho amigo de Israel, precisava avisa-la do dano causado junto aos seus parceiros internacionais”. 

Até a Alemanha, que em geral evita se pronunciar sobre Israel e os palestinos, disse que “a confiança sobre o comprometimento de Israel com a solução de dois estados foi fundamentalmente sacudida”.

Washington de Trump, sabiamente se manteve calada.

Bem, se os estadistas europeus e internacionais realmente querem ter um debate sobre "territórios ocupados", então vamos lá.

Podemos começar com as relíquias coloniais da Europa, às quais ela se apega com unhas de dentes. Tomemos, por exemplo, a bela ilha da Córsega aonde nasceu Napoleão. Esta ilha já era independente quando foi invadida e anexada pela França em 1768. No ano passado, os nacionalistas ganharam de longe as eleições regionais. Os discursos foram feitos em corso com bandeiras da Córsega e muito foi dito sobre um referendo para separar a ilha da França. Isto enfureceu Paris que vem tentando eliminar a cultura local por 250 anos. Mas quem fala de território ocupado francês?

Temos a Catalunha que votou em se tornar independente da Espanha neste ano e o país basco que também procura autodeterminação. Tanto os catalães como os bascos têm sua própria cultura e sua própria língua. E ainda têm um argumento muito melhor que os palestinos. A Catalunha teve um governo independente no século 17 antes de ser invadida pela Espanha que a ocupa há mais de três séculos. Os palestinos nunca tiveram um governo independente e não podem dizer que têm cultura e línguas distintas de outros árabes.

Mais recentemente, a Noruega decidiu abocanhar mais de 2,7 milhões de quilômetros quadrados na Antártida quando declarou unilateralmente em junho de 2015 que seu território na parte oriental da região se estendia até o Pólo Sul. Um documento oficial do Ministério de Relações Exteriores da Noruega disse abertamente que "o propósito da anexação era subjugar a terra que até agora não havia sido reclamada". A Noruega afirma que a terra pertence a ela porque chegou lá em primeiro lugar. Além disso, a Noruega com suas incontáveis ONGs que defendem os palestinos, foi criticada em 2011 num relatório da ONU pelo tratamento discriminatório que dá a sua população indígena do norte, os Samis, forçados a abandonar sua cultura e língua para que a Noruega se beneficie dos recursos naturais de suas terras.

E que tal falarmos da ilha de Chipre invadida e ocupada pela Turquia desde 1974? Ou da recente ocupação do leste da Ucrânia, e a anexação da Crimeia pela Rússia? Ou falemos sobre as outras 14 ocupações militares em curso hoje no mundo. Mas ninguém se importa com elas. A única ocupação digna a ser discutida sem a lógica aplicada na Europa, é a ocupação feita por judeus, mas aonde a presença judaica antecede o aparecimento do islão por mais de 1.500 anos.

Claramente, quando colocamos as coisas em perspectiva histórica, as duras críticas da Europa sobre os "territórios ocupados" de Israel não são mais do que a pura hipocrisia escancarada. Isto é especialmente verdade dado o fato que a Judéia e Samaria são ambas o berço da civilização judaica. E ao contrário de muitos dos territórios ocupados na Europa, Israel tem todo o direito - moral, histórico, teológico e militar - de estar na Judéia e Samaria.

Assim, da próxima vez que a União Europeia decidir vociferar sobre a necessidade de "pôr fim à ocupação", que tal Israel anunciar que estará enviando monitores de direitos humanos à Córsega, à Catalunha, ao norte da Noruega e a outras áreas, para garantir que as potências de ocupação europeias não violem os direitos dos moradores indígenas?

Quem sabe chegou a hora de Israel devolver para a Europa uma dose de seu próprio remédio?  Não vai ser algo popular mas pela primeira vez, Israel estaria na ofensiva forçando seus críticos a explicar porque o que é bom para Israel, não é bom para eles.

  

Sunday, February 5, 2017

A Nova Estratégia da América - 2/5/17

Nesta segunda semana de governo, Donald Trump não tirou o pé do acelerador. Ele empossou vários membros do seu gabinete e anunciou sua escolha para a Suprema Corte dos Estados Unidos. Trump também resolveu mandar uma mensagem dura aos iranianos que testaram um míssil balístico autorizando novas sanções contra 25 indivíduos e empresas iranianas.

No entanto, o que dominou a mídia, continuou a ser a sua decisão de temporariamente impedir a entrada de cidadãos de sete países de maioria muçulmana. O impacto desta decisão é mínimo, mas qualquer um “incomodado” pelas autoridades alfandegárias, imediatamente virou “mártir” e ganhou seus 15 minutos de fama com a mídia.

A restrição ganhou o rótulo de “banimento de muçulmanos”, apesar de existirem 53 países muçulmanos dentro os quais 46 estão livres para entrar e sair dos Estados Unidos como bem entenderem. E os sete em questão, seus cidadãos poderão eventualmente entrar na América depois de terem sido checados e as autoridades determinado que eles não têm laços com o radicalismo islâmico.

Isto não é algo irracional ou extremo. As famílias dos mortos e feridos em São Bernardino, da Maratona de Boston e do Clube na Florida certamente teriam agradecido se tivesse havido um maior engajamento do governo contra imigrantes de certos países. Nesta semana vimos um egípcio residente em Dubai tentar matar policiais franceses a machadadas no museu do Louvre. Depois do fato, as autoridades correram para verificar seu pedido de visto procurando o culpado pela autorização de entrada no país.

Mas as medidas de checagem ainda são limitadas. Um fator importante continua a ser largamente negligenciado.  E isto são os sentimentos culturais e crenças religiosas que além da violência, podem ser danosos aos valores ocidentais.

Um artigo muito preocupante de Charles Jacobs no Jerusalem Post avisou que um estudo recente dos livros escolares sírios mostram uma realidade perturbadora. Desde 1967, num esforço conjunto com o Egito e a Jordânia, todo o currículo do ensino fundamental sírio segue a ideologia sunita rígida que sistematicamente difama os judeus, o judaísmo, a democracia, e o ocidente. Eles descrevem os judeus como depravados, tendo rejeitado a revelação de Maomé merecendo, portanto, ser “eliminados” nesta vida e enviados ao inferno na próxima. Além disso, ensinam que o estado de Israel é uma ocupação ilegítima de terras árabes.

Jacobs descreve um texto de um livro do segundo colegial que diz “os judeus não poupam esforços para nos enganar, para serem hostis conosco, negando nosso Profeta, incitando o mundo contra nós e distorcendo nossos livros sagrados, colaborando com pagãos e ateus contra os muçulmanos porque eles sabem que o islamismo desmascara sua natureza diabólica e suas artimanhas... e, portanto, devem ser eliminados através do jihad”. O mesmo jihad que deve ser travado contra todos que se opõem ao Islão.

Hoje organizações no mundo todo e até senadores brasileiros estão trabalhando ferozmente para que seus países recebam os refugiados sírios, do Iraque e do Iêmen. Em nome da solidariedade eles ajudam rapazes jovens e fortes que nutrem um desdém palpável pelos valores do ocidente como a democracia, o homossexualismo, igualdade para as mulheres, liberdade de expressão e respeito para com todas as fés.

Estes grupos, muitos deles judaicos, saíram às ruas nesta semana com cartazes dizendo “nós também fomos refugiados”. Mas a comparação é absurda: Há algo muito diferente entre os judeus europeus que fugiram do nazismo que os queria fisicamente eliminados e os refugiados sírios que não são tratados como sub-humanos nem caçados por uma ideologia assassina e contam com portas abertas na Europa, na América e deveriam também tê-las no mundo muçulmano.

Outra noticia que dominou o noticiário aqui e em Israel foi o fato de Trump ter dito que a construção de novos assentamentos por Israel não o ajuda a  tentar uma negociação. Parece que finalmente a administração americana recebeu o memorando!

Eu venho dizendo e repetindo aqui neste programa que Israel, desde a assinatura dos acordos de Oslo, não criou novos assentamentos e nem tomou terras adicionais na Judeia e Samaria. Israel dá sim, permissão para construção dentro do perímetro de cada assentamento, já definido antes dos acordos de Oslo. Ainda, mesmo quando o perímetro determinado contiver erroneamente terras que estavam registradas em nome de algum palestino, os edifícios construídos nestas terras são removidos.  Foi exatamente isto o que ocorreu com Amona e o que ocorrerá com nove casas na comunidade de Ofrá.
A declaração de Trump reitera a carta que George Bush enviou a Ariel Sharon em 2004 dizendo que era ilógico querer um retorno à linha de armistício de 1949 e que os assentamentos seriam incorporados a Israel com uma correspondente troca de terras.

Esta mudança de atitude da Casa Branca deixou os palestinos histéricos e em pânico. Saeb Erekat reclamou esta semana que desde que Trump assumiu a presidência, ninguém ligou para ele. Que ele teria enviado mensagens e ninguém lhe deu qualquer retorno!

Isto mostra algo fundamental. Que apesar dos palestinos terem o apoio incondicional da Europa, da ONU, das esquerdas e dos radicais islâmicos, sem os Estados Unidos, de repente eles são irrelevantes. Eles e as resoluções que alcançaram durante o governo Obama.

Por outro lado, de repente Israel tornou-se um parceiro indispensável. Desde que se tornou presidente, Trump parece querer reavivar a coordenação que existia no governo de Ronald Reagan com Margareth Thatcher da Inglaterra e Menachem Begin de Israel.

Trump quer aproveitar a independência inglesa da Europa e Israel para obliterar o Estado Islâmico e neutralizar a influência do Irã no Oriente Médio. E a coordenação já começou.

No dia seguinte à inauguração de Trump, Netanyahu enviou uma mensagem que na hora pareceu um tanto estranha. Ele se dirigiu ao “povo iraniano” distinguindo-o de seu regime repressivo homenageando os líderes corajosos da revolução verde de 2009. O timing foi interessante porque se seguiu ao funeral do ex-presidente Akbar Rafsanjani, aonde 2.5 milhões de iranianos protestaram contra o regime.

Com seu secretário de estado já empossado, Trump irá tentar convencer Moscou a terminar sua aliança com o Irã. O porta-voz do governo americano disse que tudo está na mesa: a invasão da Ucrânia, a anexação da Crimeia, as sanções contra a Rússia, armas nucleares, as bases russas na Síria e o apoio russo ao Irã e ao seu filhote, a Hezbollah.

Nas últimas três administrações americanas, Israel escolheu não derrotar seus inimigos. Com Clinton, Israel não pode agir nem contra a Hezbollah nem contra os palestinos. Com Bush, Israel foi forçada a se retirar do Líbano prematuramente na guerra de 2006 e Obama efetivamente apoiou o Hamas contra Israel em 2014.

A estratégia que estamos vendo surgir com Trump mostra que ele resolveu jogar fora o manual americano e criar o seu em matéria de Oriente Médio. Isto porque para Trump, o importante é a vitória. Há amigos e inimigos. Preto no branco.

Para ele, como para Israel, o Estado Islâmico é o mesmo que a Al-Qaeda, e é o mesmo que o Hamas e a Hezbollah. E é o mesmo que o terror palestino nas ruas de Israel. É esta visão que trouxe Israel de volta ao seio da administração americana.

Não é de admirar que os palestinos estejam histéricos e em pânico. Parece que muita coisa irá mudar daqui para frente.