Sunday, February 19, 2017

O Encontro de Bibi e Trump - 18/02/2017

Quem tinha qualquer dúvida que estamos vivendo uma nova era, agora pode estar seguro. O encontro entre Trump e Netanyahu não poderia ter sido mais surpreendente. Em alguns minutos Trump quebrou o cimento de décadas de uma politica externa asinina que tem amarrado os Estados Unidos e a maioria do mundo.

Ao declarar que a América não mais insistirá numa solução de dois estados Trump mostrou que está procurando algo novo, algo criativo. Ele disse estar examinando soluções de dois estados, soluções de um estado, e ficará satisfeito com a solução que as partes gostarem.

Trump também pediu a Netanyahu para segurar a construção de novos assentamentos, aparentemente reiterando a política americana do passado. Netanyahu respondeu que ambos os lados precisavam mostrar boa vontade para chegarem a um acordo.  

O fato de Bill Clinton ter cortejado Arafat, um terrorista impenitente, e tê-lo premiado com esta idiótica “solução de dois estados”, passando por Bush que a adotou em 2002 e finalmente Obama que exigiu dos israelenses passos mais radicais que os próprios palestinos para implementá-la, tudo isto criou expectativas entre os árabes que hoje, dado o clima em Ramallah e no resto da região, são impossíveis de se concretizarem.

Hoje os palestinos da Judeia e Samaria não aceitarão nada menos que um estado soberano, com toda a liberdade para se armarem e atacarem Israel. Afinal, eles não podem ficar atrás dos alucinados de Gaza aos olhos do povo palestino.

E que alucinados! Nesta semana o Hamas elegeu Yahya Sinwar, um dos seus membros mais radicais para liderar a Faixa de Gaza.

Sinwar, de 55 anos, passou 22 anos nas cadeias de Israel e só foi solto porque estava na lista de prisioneiros trocados por Gilad Shalit. Ele foi o criador das Brigadas Qassam e sua eleição assinala a ascensão do braço armado em detrimento da ala política do Hamas. Mesmo dentro do Hamas, Sinwar é considerado um radical que recusa qualquer compromisso seja com Israel ou com a Autoridade Palestina. Ele chegou até mesmo a ser contra o acordo para libertar Gilad Shalit (que o libertou!) porque para ele, era uma capitulação frente a Israel.

Em Setembro de 2015, Sinwar foi incluído na lista americana de terroristas junto com outros dois membros do Hamas.

Israel está levando esta eleição a sério. Os últimos ataques contra o sul do país foram respondidos de modo inequívoco fazendo o Hamas pagar caro por cada míssil enviado.

E esta também foi precisamente a mensagem de Trump. Finalmente temos um presidente Americano que não usa de falsa diplomacia e tem a coragem de colocar o dedo sobre o fulcro do problema: a incitação ao ódio a Israel e aos judeus promovida pelo sistema educacional, a mídia e os dirigentes palestinos. A mensagem de Trump foi: “Se você enaltece atos terroristas, recompensa os perpetradores e ensina seus filhos a odiar, nós não vamos premia-los com um Estado. E se quiserem mesmo um estado, então negociem!”

E os palestinos terão que negociar com uma Casa Branca muito diferente da de Obama, com um líder em Gaza que recusa qualquer compromisso e com uma população árabe na Judeia e Samaria cada vez mais descontente com a liderança de Mahmoud Abbas e seus comparsas.

Quem assistiu a conferencia na quarta-feira, pode sentir Bibi e Trump relaxados, falando francamente um com o outro e com a mídia. Finalmente a pressão para criar mais um estado árabe terrorista nas costas de Israel foi aliviada. Agora a bola está com os palestinos que têm que decidir: ou voltam à mesa de negociações ou tomam o rumo da intransigência o que os levará à insignificância.

Toda a guerra e destruição na região e a ascensão do Irã, reduziu o problema palestino à uma inconveniência para o resto dos árabes que hoje não mais veem Israel como um inimigo mas como um secreto aliado.

É claro que as declarações proferidas no encontro de Bibi com Trump foram muito mal recebidas na Europa e pela mídia em geral que continua a se apegar à solução de dois estados.

A desculpa usada pelos “amigos de Israel” é que se houver um só estado, e Israel quiser se manter como um estado judeu deverá criar duas classes de cidadãos sendo que os palestinos não teriam o direito ao voto o que é anti-democrático. Se por outro lado Israel quiser dar o direito de voto aos palestinos, rapidamente perderá seu caráter judaico pois os árabes têm mais filhos que os judeus.

Todas estas afirmações são baseadas em falsidades. É publico e notório que a população árabe na Judeia e Samaria sempre foi inflada. Isto porque cada indivíduo recebe uma mesada da ONU e repetidos censos omitem mortes, os que se mudaram e o numero de filhos é exagerado. Hoje, por exemplo, há mais judeus que moram em Jerusalem do leste do que árabes, mas não é a percepção passada pela mídia, pelas ONGs e pelos europeus.

Imaginem se amanhã ficarmos sabendo que de fato, existem apenas um milhão de árabes na Judeia e Samaria? Isto justificaria a criação de um estado?

Existem outras soluções para o problema entre Israel e os palestinos, como por exemplo, criar uma federação das comunidades árabes da Judeia e Samária com a Jordânia dando a eles cidadania jordaniana plena, que era o que eles tinham antes de 1967. A Jordânia ajudaria a administrar as cidades árabes em troca de um pacote de ajuda generoso e Israel continuaria a manter a segurança na região. É uma ideia, mas para os defensores da solução de dois estados é difícil descer da escada quando ela foi escalada há tanto tempo.

Acho também que a mídia largamente entendeu mal o pedido de Trump para Bibi dar um tempo com os assentamentos. Netanyahu tem sofrido uma grande pressão do partido de Naftali Bennett para anexar as maiores comunidades judaicas da Judeia e Samaria. Bibi sente que agora não é a hora de fazê-lo de modo unilateral. Ele quer que Trump reafirme a carta de Bush de 2004 reconhecendo que um retorno à linha de armistício de 1949 é irreal e que os maiores assentamentos devem ser incorporados a Israel.

Este entendimento foi abandonado por Obama, traindo Israel.

Assim, o pedido de Trump foi um favor a Bibi que plausivelmente não pode negar esta cortesia ao presidente americano.

Hoje a solução de dois estados não é mais o Santo Graal da paz no Oriente Médio. É um tabú que foi quebrado para dar lugar a outras possibilidades. E isto é música para Bibi Netanyahu e Israel. Agora só temos que trabalhar para que esta música não vire uma cacofonia em meio às reclamações europeias, palestinas e do resto do mundo que teimosamente continua a se recusar a ouvir.



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