Quem tinha qualquer dúvida que
estamos vivendo uma nova era, agora pode estar seguro. O encontro entre Trump e
Netanyahu não poderia ter sido mais surpreendente. Em alguns minutos Trump quebrou
o cimento de décadas de uma politica externa asinina que tem amarrado os
Estados Unidos e a maioria do mundo.
Ao declarar que a América não
mais insistirá numa solução de dois estados Trump mostrou que está procurando algo
novo, algo criativo. Ele disse estar examinando soluções de dois estados, soluções
de um estado, e ficará satisfeito com a solução que as partes gostarem.
Trump também pediu a Netanyahu
para segurar a construção de novos assentamentos, aparentemente reiterando a
política americana do passado. Netanyahu respondeu que ambos os lados precisavam
mostrar boa vontade para chegarem a um acordo.
O fato de Bill Clinton ter cortejado
Arafat, um terrorista impenitente, e tê-lo premiado com esta idiótica “solução
de dois estados”, passando por Bush que a adotou em 2002 e finalmente Obama que
exigiu dos israelenses passos mais radicais que os próprios palestinos para implementá-la,
tudo isto criou expectativas entre os árabes que hoje, dado o clima em Ramallah
e no resto da região, são impossíveis de se concretizarem.
Hoje os palestinos da Judeia e
Samaria não aceitarão nada menos que um estado soberano, com toda a liberdade
para se armarem e atacarem Israel. Afinal, eles não podem ficar atrás dos
alucinados de Gaza aos olhos do povo palestino.
E que alucinados! Nesta semana
o Hamas elegeu Yahya Sinwar, um dos seus membros mais radicais para liderar a
Faixa de Gaza.
Sinwar, de 55 anos, passou 22
anos nas cadeias de Israel e só foi solto porque estava na lista de
prisioneiros trocados por Gilad Shalit. Ele foi o criador das Brigadas Qassam e
sua eleição assinala a ascensão do braço armado em detrimento da ala política
do Hamas. Mesmo dentro do Hamas, Sinwar é considerado um radical que recusa
qualquer compromisso seja com Israel ou com a Autoridade Palestina. Ele chegou
até mesmo a ser contra o acordo para libertar Gilad Shalit (que o libertou!)
porque para ele, era uma capitulação frente a Israel.
Em Setembro de 2015, Sinwar foi
incluído na lista americana de terroristas junto com outros dois membros do
Hamas.
Israel está levando esta
eleição a sério. Os últimos ataques contra o sul do país foram respondidos de modo
inequívoco fazendo o Hamas pagar caro por cada míssil enviado.
E esta também foi precisamente
a mensagem de Trump. Finalmente temos um presidente Americano que não usa de
falsa diplomacia e tem a coragem de colocar o dedo sobre o fulcro do problema:
a incitação ao ódio a Israel e aos judeus promovida pelo sistema educacional, a
mídia e os dirigentes palestinos. A mensagem de Trump foi: “Se você enaltece
atos terroristas, recompensa os perpetradores e ensina seus filhos a odiar, nós
não vamos premia-los com um Estado. E se quiserem mesmo um estado, então
negociem!”
E os palestinos terão que
negociar com uma Casa Branca muito diferente da de Obama, com um líder em Gaza
que recusa qualquer compromisso e com uma população árabe na Judeia e Samaria cada
vez mais descontente com a liderança de Mahmoud Abbas e seus comparsas.
Quem assistiu a conferencia na
quarta-feira, pode sentir Bibi e Trump relaxados, falando francamente um com o
outro e com a mídia. Finalmente a pressão para criar mais um estado árabe terrorista
nas costas de Israel foi aliviada. Agora a bola está com os palestinos que têm
que decidir: ou voltam à mesa de negociações ou tomam o rumo da intransigência
o que os levará à insignificância.
Toda a guerra e destruição na
região e a ascensão do Irã, reduziu o problema palestino à uma inconveniência
para o resto dos árabes que hoje não mais veem Israel como um inimigo mas como
um secreto aliado.
É claro que as declarações
proferidas no encontro de Bibi com Trump foram muito mal recebidas na Europa e
pela mídia em geral que continua a se apegar à solução de dois estados.
A desculpa usada pelos “amigos
de Israel” é que se houver um só estado, e Israel quiser se manter como um
estado judeu deverá criar duas classes de cidadãos sendo que os palestinos não teriam
o direito ao voto o que é anti-democrático. Se por outro lado Israel quiser dar
o direito de voto aos palestinos, rapidamente perderá seu caráter judaico pois
os árabes têm mais filhos que os judeus.
Todas estas afirmações são
baseadas em falsidades. É publico e notório que a população árabe na Judeia e Samaria
sempre foi inflada. Isto porque cada indivíduo recebe uma mesada da ONU e
repetidos censos omitem mortes, os que se mudaram e o numero de filhos é
exagerado. Hoje, por exemplo, há mais judeus que moram em Jerusalem do leste do
que árabes, mas não é a percepção passada pela mídia, pelas ONGs e pelos
europeus.
Imaginem se amanhã ficarmos
sabendo que de fato, existem apenas um milhão de árabes na Judeia e Samaria?
Isto justificaria a criação de um estado?
Existem outras soluções para o
problema entre Israel e os palestinos, como por exemplo, criar uma federação
das comunidades árabes da Judeia e Samária com a Jordânia dando a eles
cidadania jordaniana plena, que era o que eles tinham antes de 1967. A Jordânia
ajudaria a administrar as cidades árabes em troca de um pacote de ajuda
generoso e Israel continuaria a manter a segurança na região. É uma ideia, mas para
os defensores da solução de dois estados é difícil descer da escada quando ela
foi escalada há tanto tempo.
Acho também que a mídia
largamente entendeu mal o pedido de Trump para Bibi dar um tempo com os
assentamentos. Netanyahu tem sofrido uma grande pressão do partido de Naftali
Bennett para anexar as maiores comunidades judaicas da Judeia e Samaria. Bibi sente
que agora não é a hora de fazê-lo de modo unilateral. Ele quer que Trump reafirme
a carta de Bush de 2004 reconhecendo que um retorno à linha de armistício de
1949 é irreal e que os maiores assentamentos devem ser incorporados a Israel.
Este entendimento foi
abandonado por Obama, traindo Israel.
Assim, o pedido de Trump foi um
favor a Bibi que plausivelmente não pode negar esta cortesia ao presidente
americano.
Hoje a solução de dois estados
não é mais o Santo Graal da paz no Oriente Médio. É um tabú que foi quebrado
para dar lugar a outras possibilidades. E isto é música para Bibi Netanyahu e
Israel. Agora só temos que trabalhar para que esta música não vire uma
cacofonia em meio às reclamações europeias, palestinas e do resto do mundo que teimosamente
continua a se recusar a ouvir.
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