Sunday, April 30, 2017

Mais Uma Resolução da UNESCO - 30/04/2017

Próximo da entrada do cemitério de Ashquelon em Israel há cinco túmulos, cada um com uma bandeira de Israel e uma fita negra de Yiskor. O túmulo do meio é de um adulto e a cada lado dois túmulos menores. Uma mãe cercada por suas filhas, repousando eternamente juntas da mesma maneira que morreram: nas mãos de terroristas palestinos.

No dia 2 de maio de 2004, Tali Hatuel, então grávida de oito meses do primeiro menino da família, colocou suas quatro filhas no carro e se dirigia para Ashquelon para um ultrassom quando seu carro foi emboscado por dois terroristas palestinos que sem qualquer misericórdia esvaziaram suas kalashnikovs a queima roupa sobre Tali, então 34 anos, Hila de 11 anos, Hadar de 9, Roni de 7 anos e Merav de apenas dois anos de idade. Para finalizar atiraram no ventre de Tali para se certificarem que o bebê também estaria morto. Cortesia do Jihad Islâmico. Hoje à noite Israel comemora os que caíram em todas suas guerras e os inocentes assassinados por terroristas. Nos últimos 13 anos, a cada Yom Hazikaron eu penso em Tali e suas meninas, na promessa de cada uma, e na diferença que poderiam ter feito no mundo. A vela acesa neste dia representa de maneira especial para mim estas vidas perdidas pelo ódio, pelo antissemitismo.

Um antissemitismo que cresce a cada dia, vindo não só do mundo islâmico, mas do ocidente. E um exemplo crasso veio esta semana de não outro que o Ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Sigmar Gabriel. Em sua visita a Israel para participar das cerimônias do Dia de Lembrança do Holocausto, o Ministro deveria se encontrar com Bibi Netanyahu. Mas em vez do primeiro-ministro de Israel o ministro alemão resolveu dar preferência para se encontrar com os representantes da ONG mais perniciosa da história do Estado judeu.

Sob o pretexto de trazer à luz ocorrências de violações do exército de Israel, a ONG “Quebrando o Silêncio” diz que compila testemunhos anônimos de soldados que não podem ser comprovados ou investigados e reporta estes “testemunhos” a seus patrocinadores europeus, o maior entre eles, o governo da Alemanha. O objetivo claro desta ONG é simplesmente o de sujar a imagem do exército mais moral do mundo, transformando seus soldados em criminosos de guerra e fortificando a causa dos que odeiam Israel. Uma organização condenada até pela esquerda de Israel.

Para o ministro do exterior da Alemanha se encontrar com tais elementos depois de hipocritamente colocar uma coroa de flores em Yad Vashem em honra de 6 milhões chacinados por seu próprio país, ilustra a profundidade a que os líderes alemães desceram. Não é a primeira vez que Gabriel expressa seu antissemitismo. Durante sua campanha para chanceler ele escreveu em seu Facebook que “Israel é um regime apartheid para o qual não há justificação”. A seu ver não há justificação para a existência de Israel.

O argumento que ele usou para se encontrar com esta ONG marginal é que ele queria ter um retrato global do que se passa em Israel. Isto é um insulto à nossa inteligência. Porque ele não se encontrou com líderes árabes israelenses ou com partidos de oposição?? Imaginem se Netanyahu, ao visitar a Alemanha, decidisse se encontrar com o grupo terrorista Baden Meinhoff! Que informação poderia ele obter sobre a situação na Alemanha??

Assim, na terça-feira passada, Netanyahu decidiu dar um basta e adotar uma nova estratégia nas relações de Israel com o Ocidente. Ou países autointitulados “amigos” tratam Israel com respeito e de acordo com as regras internacionais de comportamento ou serão tratados como críticos comuns e não mais terão acesso às autoridades do país.

A partir do final do século XX a Europa e outros países do ocidente abandonaram seu morno apoio a Israel. A partir de 1974, na esteira da improvável vitória de Israel na Guerra de Yom Kippur, a hostilidade europeia tornou-se palpável na arena internacional. Em 2000, depois de Yasser Arafat ter implodido Camp David para dar inicio à sua intifada, os Europeus começaram a expandir suas atividades para a esfera interna de Israel massivamente patrocinando ONGs de esquerda e pró-arabe. Milhões de euros jorraram para os bolsos de Shalom Achshav, ou Paz Agora, Betselem, e também “Quebrando o Silêncio”.

Isto não quer dizer que os Europeus afrouxaram seus esforços internacionais. Em dezembro do ano passado, falei aqui sobre a resolução da UNESCO para deslegitimar a soberania israelense sobre a Cidade Velha de Jerusalem, a primeira abstida pelos Estados Unidos de Obama, mas votada a favor pelo Brasil.

Pois é. Apesar de todas as condenações e vários países como o México e a Itália terem reconhecido que a resolução era parcial e historicamente disparatada, pois negava o elo entre o Muro das Lamentações, o tumulo de Raquel e o tumulo dos patriarcas em Hebron com o judaísmo, a UNESCO irá submeter nesta terça-feira uma nova resolução ainda pior que a de dezembro. Desta vez podemos contar com o voto contra dos Estados Unidos e talvez da Inglaterra. Outros países europeus irão provavelmente se abster, mas os dirigentes do Brasil, senhoras e senhores, irão votar em seu nome, a negação do elo judaico e cristão com Jerusalem. 

Explico: Ao citar o Monte do Templo, aonde dois Templos judaicos existiram e aonde de acordo com os Evangelhos Jesus pregou, a resolução usa apenas o nome islâmico Haram al-Sharif. Ao se referir ao Muro das Lamentações ela usa o nome islâmico de Praça al-Buraq, o nome do cavalo de Maomé. Quando nomes judaicos e cristãos aparecem, estão entre parênteses. Como se o judaísmo e o cristianismo fossem apenas um parênteses na história de Jerusalem. Seu nexo apagado e substituído por uma falsa narrativa islâmica para objetivos puramente políticos.  

Há já alguns anos que os palestinos tentam reescrever a história para deslegitimar o Estado de Israel e a presença de judeus na Terra Santa. Eles chegam ao cúmulo de dizer que nunca houve qualquer Templo judaico em Jerusalem, apesar de todas as evidências históricas e arqueológicas. Apesar do Muro das Lamentações e outras partes do Templo ainda estarem de pé para todos verem. Afirmam que Jesus não era judeu, mas o primeiro mártir palestino!

Há limite para deturpações e mentiras com objetivo puramente antissemita. E o fato é que se Jerusalem não tem qualquer vínculo com os judeus, ela também não tem qualquer vínculo com os cristãos! Por esta lógica, Salomão não construiu o primeiro Templo, Neemias não construiu o segundo, Jesus não esteve no Templo, não foi crucificado e não ressuscitou. Enfim, de acordo com os árabes e muçulmanos toda a fé judaica e a fé cristã são mentiras.

Um voto do Brasil reconhecendo esta posição não é só ofensivo aos judeus e israelenses. Ela é extremamente ofensiva a todos os cristãos, sejam eles evangélicos, católicos, espíritas ou de qualquer outra denominação. Jerusalem e Sião estão mencionados 850 vezes na Bíblia e mais de 142 vezes nos Evangelhos. Ela não está mencionada sequer uma vez no Alcorão.

O Itamaraty através da ONU, não pode estar querendo destruir os laços judaicos e cristãos com Jerusalem deixando os milhões de seus cidadãos órfãos espirituais. E para quê? Mais uma vez pergunto: o que o Brasil ganha votando a favor de promotores de mentiras? Por que o Brasil quer novamente entregar o berço da Bíblia para aqueles que disseminam falsidades históricas e religiosas. Isso é inacreditável!  

Esta nova resolução procura enganar os menos avisados, parecendo conter linguagem mais branda. Ela inclui uma pequena sentença que diz que o local é sagrado para as três religiões monoteístas. E só.

No entanto, o que é importante nesta resolução, não é o preâmbulo, mas sim o voto. E este reitera todas as decisões anteriores sobre Jerusalem, inclusive a resolução de dezembro.

O fato dos europeus que conhecem a história e a Bíblia terem se juntando neste esforço com os árabes, transpira o antissemitismo. E o maior cinismo de todos é que esta votação ocorrerá nesta terça-feira dia 2 de maio, dia da Independência do Estado de Israel e também do assassinato de Tali Hatuel e suas filhas.

O Brasil está passando por momentos muito graves. Rasgar a Bíblia e atacar a fé de milhões de seus cidadãos não deveria ser sequer uma consideração neste momento. Em 1947 com Oswaldo Aranha, o Brasil mostrou sua independência e soberania, liderando o voto para a criação do Estado de Israel.

Gostaria de pedir aos ouvintes que tomem a iniciativa e liguem, passem fax, deixem recado aos seus representantes no Congresso e Senado, especialmente para os representantes da bancada evangélica para exigir que o Brasil não vote a favor desta resolução ofensiva e absurda. Há também uma petição no site do change.org iniciada por Luis Milman.

Ao votar no próximo dia 2 de maio, o governo deve lembrar que representa o povo brasileiro. E o povo brasileiro em sua esmagadora maioria respeita a Bíblia e seus ensinamentos. Mandem uma mensagem alta e clara que um voto a favor desta resolução nesta terça-feira não será um voto em seu nome!


Sunday, April 23, 2017

A Proxima Guerra do Líbano - 23/04/2017

No dia 17 de março último, a Força Aérea de Israel foi alvejada por mísseis vindos da Síria. O porta-voz do exército esclareceu que os jatos estavam voltando de mais uma missão para destruir um comboio de armas para a Hezbollah quando mísseis terra-ar russos SAM-5 (Veja) foram lançados do território sírio. Os SAM-5 foram interceptados e destruídos sobre o Vale do Jordão.

Nesta quinta-feira, a Hezbollah fez um tour para jornalistas na fronteira com Israel, descrevendo os postos do exército e dando a clara impressão de que o grupo e não o exército libanês é quem está no comando das fronteiras do Líbano. O “guia” disse aos jornalistas que a Hezbollah tinha desenvolvido táticas especiais para lidar com as estruturas do exército israelense que – de acordo com ele – pela primeira vez estaria na defensiva. Ao que parece, nem o guia, nem Nasrallah se incomodaram que as declarações do grupo à imprensa estavam em flagrante violação da Resolução 1701 da ONU e ridicularizaram a presença da UNIFIL na região.

Aí na sexta-feira, sirenes tocaram no norte de Israel, e ao que parece dois mísseis perdidos atingiram uma área aberta nos Altos do Golan. E hoje pela manhã, foi reportado que a força aérea de Israel teria alvejado postos do exército sírios. A mídia libanesa reportou que três pessoas morreram e duas ficaram feridas.

Apesar de a Síria estar em guerra civil desde 2011, o sul do país está nas mãos do Irã, diretamente e através da Hezbollah e ao que parece provocar Israel tornou-se parte de sua estratégia.

Com isso, o comando do exército israelense está pressionando o governo por uma mudança de postura em caso de guerra. Uma mudança necessária para lidar com o dramático aumento do arsenal da Hezbollah desde a última guerra do Líbano em 2006 tanto em quantidade como em qualidade.

Em 2006, a Hezbollah tinha aproximadamente 15 mil foguetes e lançaram contra Israel 4.300 durante os 34 dias da guerra, uma média de 130 por dia. Hoje a estimativa é que o grupo tenha 130 mil foguetes e mísseis e pode lançar até mil deles por dia. Os foguetes e mísseis que a Hezbollah tem hoje têm um alcance maior, são mais precisos e contêm maiores ogivas, podendo atingir quase qualquer lugar em Israel. Se lembram, em 2006, a Hezbollah atingiu primariamente o norte do estado judeu. 

A Hezbollah também tem mísseis que podem ser lançados de bases subterrâneas. Este é o caso do M-600 feito na Síria, um clone do míssil iraniano Fateh-110. Ele tem um alcance de 300 km e carrega uma ogiva de 500 kg além de um sistema de navegação sofisticado. Israel também acredita que o grupo tenha mísseis Scud D com alcance de 700 km. Isto coloca o reator de Dimona, a central elétrica de Ashquelon e toda a sede do governo de Israel dentro do alcance da Hezbollah.

Além disso, a Hezbollah melhorou sua capacidade no chão. Ela tem uns cinco mil guerrilheiros lutando na Síria ganhando experiência real no campo de batalha o que a tornará uma adversária mais difícil numa próxima guerra.

A estimativa é que a Hezbollah tentará lançar seus mísseis de longo alcance no começo da guerra, infligindo maior dano e devastação o mais rápido possível e impedir Israel de destruí-los como aconteceu na primeira noite da Segunda Guerra do Líbano.

A devastação que a Hezbollah espera causar terá o efeito psicológico de chocar a nação e impedir uma resposta pronta e coordenada. Ainda, apesar de Israel ter feito muito progresso com o Domo de Ferro e o Estilingue de Davi, será difícil para estes sistemas defender o país de milhares de misseis por dia.

Isto quer dizer que se Israel quer minimizar os ataques da Hezbollah, ela tem que ser muito mais agressiva do que no passado. E isso deve incluir alvejar a infraestrutura do Líbano. Em 2006 esta possibilidade foi aventada, mas o governo de Israel, pressionado pelo então presidente Bush, decidiu distinguir entre a Hezbollah, que na época era uma organização pequena e atuante no sul do Líbano, e o povo libanês em geral.

Apesar de Israel ter bombardeado o aeroporto internacional de Beirute e algumas estradas e pontes, isto era para impedir que a Hezbollah tirasse os dois soldados israelenses sequestrados do país e impedir transportes de armas do Irã.

Hoje Israel entende que a Hezbollah, que é xiita, não é mais uma pequena organização com influência limitada, mas a força dominante que hoje controla o Líbano. Nada acontece na ex-Suiça do Oriente Médio sem a sua aprovação. E se este é o caso, não há porque distinguir o Líbano da Hezbollah.

Mas a coisa é complicada. Ataques contra a infraestrutura nacional do Líbano, podem levar os sunitas a juntarem-se à Hezbollah e Israel precisará dos sunitas para reequilibrar o país. Os em favor dos ataques argumentam que Israel tem que dissuadir a Hezbollah de ataques futuros e motivar o resto dos libaneses a conter o grupo.

Hassan Nasrallah, o líder da Hezbollah, lembra bem que a guerra de 2006 destruiu a indústria do turismo e com ela, a economia do Líbano. Ele já sofre duras críticas no país por apoiar Bashar Al-Assad e mandar libaneses lutar e morrer na Síria.

E é bem provável que a resposta de Israel a um ataque da Hezbollah seja uma reação maciça pelo ar, mar, terra e ciberneticamente, causando imediatamente mais danos do que causou no país em 2006. Se este for o caso, o povo libanês não irá perdoar a Hezbollah tão cedo, como o fez há 11 anos.

Porque isto é importante? Porque a Síria continua a se desintegrar e nada como uma guerra contra Israel para unir facções inimigas e para o Irã e Bashar al-Assad retomarem o controle. E estes pequenos incidentes e provocações estão acontecendo com mais frequência, justo quando o clima está menos frio e chuvoso, permitindo o livre movimento de guerrilheiros.

A situação pode infelizmente deteriorar bem rápido e alguns no gabinete de Israel já estão falando de um ataque preventivo para reduzir a capacidade da Hezbollah num conflito aberto.

É claro que independente da capacidade da Hezbollah, Israel ainda é mais forte. O problema é o dano que ela pode causar ao Estado judeu antes de mais uma derrota. E dado o que Assad tem feito com seus próprios cidadãos e irmãos muçulmanos, não podemos nos ludibriar sobre qualquer contenção quando se tratará de matar judeus. Um dia antes do Yom Hashoah temos que ter isto fresco em mente e Israel tem que estar mais alerta do que nunca. A terceira guerra do Líbano já está aparecendo no horizonte.  




Sunday, April 16, 2017

A Síria, o Irã e a Coreia do Norte: Velhos Desafios Para a América - 16/04/2017

Um raro encontro aconteceu em Janeiro em Jerusalem. Representantes do Exercito Livre da Síria falaram em uma conferência na Universidade Hebraica de Jerusalem sobre a situação terrível dos sírios e agradecer a ajuda do Estado de Israel, especialmente tratando dos feridos. Como era de esperar, dezenas de manifestantes palestinos tentaram calar os sírios chamando-os de todos os nomes possíveis, inclusive de traidores.

Os sírios, por sua vez, não se deixaram intimidar. Gritaram com os manifestantes dizendo que eles deveriam ter vergonha, pois moravam num paraíso comparado com a Síria. Issam Zeitoun, um destes sírios, prometeu voltar a Israel e pedir mais ajuda para os seus. E isto foi antes do último ataque com gás perpetrado por Assad.  

Na semana passada comentei que a estratégia do uso de armas químicas por Bashar al-Assad tinha como objetivo uma limpeza étnica através da qual os xiitas criariam um cinto de comunidades que se estenderia do Iraque até a costa da Síria, finalmente dando ao Irã acesso ao Mediterrâneo e à fronteira norte de Israel.

Ontem, depois de um suposto acordo entre Assad e rebeldes, as populações sunitas de duas cidades do sul, Madaya e al-Zabadani foram transferidas para a província de Idlib no norte, e as comunidades xiitas de al-Foua e Kefaria do norte foram levadas para o sul. Estas transferências de população forçadas causam uma mudança demográfica deliberada para facilitar o subjugo na maioria sunita da Síria pela minoria xiita. Alguém levou isto para o Conselho de Segurança da ONU?? Não.

Trump por seu lado continuou a mostrar que tem um novo xerife na cidade. Uma semana após lançar 59 mísseis tomahawks na Síria, ele usou a mãe de todas as bombas, a bomba não-nuclear mais poderosa de seu arsenal, para explodir a rede de tuneis fortificados do Estado Islâmico no Afeganistão. Durante anos soldados do ISIS aterrorizaram a população na fronteira do Paquistão, e todas as tentativas de desaloja-los foram infrutíferas. Problema resolvido.

A Coreia do Norte, vendo as ações de Trump no Oriente Médio e as manobras do porta-aviões americano USS Carl Vinson perto a península da Coréia, comemorou os 105 anos do nascimento do fundador Kim Il Sung com uma mostra de poderosos armamentos, inclusive o que pareciam ser mísseis intercontinentais. Ontem, o lunático líder deste país tentou testar um destes mísseis sem sucesso, mas o que preocupa são os próximos testes nucleares que a Coreia do Norte está prestes a conduzir.

Além disso, há inteligênica que a Coreia do Norte está trabalhando dia e noite para conseguir acoplar uma ogiva nuclear em um destes mísseis intercontinentais.

Todos estes focos de tensão de algum modo nos levam ao Irã. É sabido que todos os testes conduzidos pela Coreia do Norte são presenciados por representantes iranianos e há uma cooperação muito estreita entre os dois países nesta área. No momento em que a Coreia do Norte conseguir testar misseis balísticos intercontinentais com sucesso, o Irã terá esta tecnologia pelo preço certo. Um preço que o Irã pode pagar, cortesia dos bilhões liberados por Barack Obama.

Somente ontem, o presidente iraniano Hassan Rouhani declarou que não pedirá a permissão de ninguém para produzir mísseis, apesar de o acordo nuclear assinado com os Estados Unidos e a Europa indiretamente proibir a busca de tal tecnologia.

Está claro que o que estamos vendo com o Irã, é apenas uma repetição do fiasco da política americana com a Coreia do Norte. Em 1994, o então presidente Bill Clinton, com muito orgulho, anunciou um pacote de mais de quatro bilhões de dólares em ajuda para Pyongyang em troca do desmantelamento do seu programa nuclear. Não passou quatro anos e a América descobriu que os coreanos estavam mentindo. Eles estavam produzindo uranio enriquecido à todo vapor. Finalmente em 2002, os coreanos do norte começaram a construir seu primeiro reator nuclear e em Janeiro de 2003, se retiraram do Tratado para a Não-Proliferação Nuclear. Três anos mais tarde a Coreia do Norte torcia seu nariz para o mundo ao testar sua primeira bomba nuclear.

Ao adquirir esta tecnologia, o Irã sabe que calará toda oposição sunita do mundo árabe que o cerca que é apoiado pelos Estados Unidos. No meio tempo, o Irã mente, supostamente cumprindo acordos que pode denunciar a qualquer momento, e usando a Coreia do Norte para fazer seu trabalho sujo.

A estratégia do Irã é clara: o domínio do Oriente Médio, do Afeganistão ao Mediterrâneo; seu posicionamento direto na Síria e através da Hezbollah no Líbano ameaçando tanto Israel, como a Europa e os Estados Unidos.

O que ainda está sem definição é a estratégia americana para confrontar este mundo que a cada dia se torna mais perigoso. O que Trump irá fazer se Assad usar armas químicas novamente? Ou se Kim Jon-Un lançar mísseis na Coreia do Sul? Ou se o Irã redobrar sua presença na fronteira com Israel? Ele irá responder com confrontação ou contenção?

Uma confrontação pode trazer resultados inesperados porque estamos lidando com líderes completamente irracionais. Se for com contenção, Trump terá que negociar com a Rússia, o Irã,  Assad, os rebeldes sunitas, os curdos e os turcos.

Com a Coreia do Norte, Trump ainda pode contar com a China. O governo de Xi Jinping está cada vez mais irritado com Kim Jon Un e só o mantem no poder para evitar uma leva de refugiados astronômica da Coreia do Norte para a China.

Pode parecer implausível, mas a Síria e a Coreia do Norte têm muito em comum. Ambos os líderes herdaram o poder de seus pais. Ambos usam de força desmesurada para esmagar qualquer oposição. Seus governos têm sido amigos por décadas, desde a época em que os dois eram clientes da União Soviética. A Síria continua a depender da Rússia e a Coreia do Norte depende da China. E ambos, apesar de estarem em lados opostos do mundo, estão em confronto com os Estados Unidos.


E o fato dos dois continuarem a desafiar a América apesar dos avisos, é preocupante. Trump não terá outra alternativa a não ser se manter firme e irredutível para impedir o avanço destes déspotas.




Sunday, April 9, 2017

Trump Não Traça Linhas Vermelhas - 09/04/2017

Esta foi uma semana e tanto. Com apenas uma ação, Donald Trump restaurou a credibilidade e a posição americana na arena internacional. E a mensagem foi clara: Ninguém pode mais usar armas químicas contra mulheres e crianças e não esperar ser punido.

Recapitulando, na terça feira às 06h30min da manhã, os habitantes do vilarejo de Khan Sheikhoun foram acordados com explosões e uma nuvem amarela que lenta e brutalmente asfixiou 86 pessoas, 30 delas crianças e bebês e 20 mulheres. Como se isto não bastasse, o governo de Assad resolveu em seguida bombardear também o único hospital do lugar, tornando impossível o socorro das vítimas.

As imagens que correram o mundo foram nauseantes. Crianças com suas bocas espumando, corpos jogados pelas ruas, enfim, coisas que não deveríamos estar vivendo no iluminado século 21.

Armas químicas foram banidas em 1925 depois de terem sido largamente usadas durante a Primeira Grande Guerra e morto mais de 1.3 milhões de soldados. Nenhum uso de gás forneceu qualquer ganho palpável em batalhas. Deixaram apenas um trauma enorme lembrado até hoje pela horripilante morte infligida a outro ser humano. Mas apesar dos precedentes, ataques de gás foram usados também sem sucesso, pelas forças cubanas em Angola e pelos russos no Afeganistão.

Os árabes também usaram gás sem melhores resultados. Nos anos 60, o Egito o usou contra o Iêmen mas a morte de mais de mil iemenitas não evitou a precipitada retirada egípcia em 1967 ou a perda de mais de 10 mil soldados egípcios naquela guerra.

Os ataques de gás por Saddam Hussein contra o Irã também não decidiram a guerra que terminou em empate. E seu ataque em 1988 contra seus próprios cidadãos curdos no norte do país, que matou cinco mil civis, não impediu a secessão da região duas décadas mais tarde e o fez perder todo o apoio do ocidente.

E apesar de todo este passado histórico, o presidente sírio Bashar al-Assad parece estar fixado em repetir estes mesmos erros? E por quê??

O uso de gás por Assad é parte de uma visão estratégica regional. É só ver aonde este vilarejo se situa. Khan Sheikhoun está ao leste das montanhas Nusaryiah reduto da minoria alawita-xiita ao qual pertence Assad. O vilarejo também está na beira da rodovia M5, a artéria norte-sul mais importante da Síria, que conecta Damasco com Homs e de lá até Alepo.

O ataque de gás e ao hospital são parte de um esforço de limpeza étnica para empurrar a população sunita situada nesta artéria para o leste do país e substitui-los por xiitas iraquianos. 

A busca pelo governo Assad para remapear a Síria etnicamente foi levantada pelos negociadores iranianos em suas tratativas com os grupos de oposição sírios. A análise racional é clara. Tendo já consolidado sua presença política em Bagdá, Teerã quer agora estender seus tentáculos para o Mediterrâneo formando um cinto de comunidades xiitas sem o incômodo e oposição de comunidades sunitas, que são a maioria na Síria.

Assad tem interesse nisto porque ele governará sobre uma Síria menor, mas mais coesa. Israel já disse no passado que o Irã quer construir sua própria base no Mediterrâneo. A Síria tem uma costa curta, menos da metade da costa de Israel e a Rússia já tem sua base em Tartus. Por enquanto os interesses dos três convergem, mas os russos não vão querer os navios dos aiatolás estacionados ao lado dos seus. Não demorará a que surjam desacordos entre os interesses seculares e estratégicos russos e os interesses religiosos e imperialistas dos iranianos.

A costa síria pode ser curta, mas a memoria dos árabes sunitas é longa. Eles lembram a tentativa de dominação dos persas e farão de tudo para impedirem esta nova investida. Uma amostra disto foi a reação sunita ao ataque em Khan Sheikhoun. A Liga Árabe chamou-o um “crime hediondo”. O primeiro ministro libanês Saad Hariri culpou o mundo por “deixar este regime fazer o que quer”. Hariri representa a minoria sunita do Líbano e é um que teme a isolação que seu país sofrerá com tal cinto xiita atravessando a Síria.

Assad por seu lado achou que poderia continuar atirando impunemente usando a Rússia como escudo no âmbito internacional para, como disse, criar uma pequena Síria xiita a serviço do Irã. Isto parece aos menos avisados, reverter os objetivos de seu pai, Hafez al Assad. O velho Assad sonhava criar a grande Síria, que incluiria o Líbano, a Jordânia e Israel impondo o domínio xiita sobre a maioria sunita da região.

Hoje não há dúvida que a criação da Pequena Síria é apenas o primeiro passo do Irã para alcançar a Grande Síria.

Obama achou que governar e eliminar o uso de armas químicas era fazer negociatas e composições como o fizera como um organizador comunitário. Na sexta-feira, o jornal The New York Times publicou um artigo perguntando “As Armas Químicas da Síria Não Haviam Sido Destruídas? É Complicado”.

Isto porque em 2014, ao se dirigir à nação, o então presidente Barack Obama havia declarado que a “diplomacia americana, apoiada sobre a ameaça de uso de força, é a razão da eliminação das armas químicas da Síria”. Alguns meses mais tarde, John Kerry declarou sua missão cumprida: “Nós fizemos um acordo e conseguimos a eliminação de 100% das armas químicas”.

Com os corpos empilhados em Khan Sheikhoun, vemos que a verdade é outra e realmente bem mais complicada.

Donald Trump não traçou linhas vermelhas imaginárias como ameaças. E apesar de ter sido consistentemente contra o envolvimento americano na guerra civil síria durante sua campanha, na quarta-feira ele deixou claro que não permitiria este tipo de atrocidade. Em vez de linhas vermelhas, Trump lançou 59 mísseis tomahawks contra a base aérea de onde a Síria lançou o ataque químico.

Isto colou um grande aviso na cara dos ditadores do mundo. O silêncio do Irã, a reação confusa da Rússia que não usou seu sistema de defesa antiaéreo e a histeria vinda da Coreia do Norte mostra que houve um grande erro de cálculo sobre quem é Trump. Todos acharam que teriam um Obama ponto dois e de repente, oh, oh...

A reação do povo americano em geral foi de alegria, elogios e alivio ao ver seu país voltar ao normal: para o lado correto da história. Apesar do desespero da mídia esquerdista.

Assad testou Obama e nada aconteceu. Assad testou Trump e ao que parece, não o fará tão cedo novamente.


Trump compreendeu que ao tomar o leme ele tem que mostrar quem manda. 

Sunday, April 2, 2017

Israel e a Estratégia de Trump para o Oriente Médio - 02/04/2017

O encontro anual do AIPAC, o lobby pró Israel que aconteceu em Washington na última semana não poderia ter sido mais bem sucedido. Parecia um show de rock.

O encontro contou com mais de 19 mil americanos, mais de 2/3 dos membros do Congresso, 275 delegações de instituições judaicas e 283 presidentes de centros acadêmicos de todos os 50 estados americanos.

Um momento muito especial ocorreu na abertura da conferência.

Nas telas gigantes do estádio foi mostrado um filme sobre Amnon Weinstein, um fabricante de violinos especializado em renovar e restaurar violinos que sobreviveram o holocausto e chegaram em Israel. Muitos dos sobreviventes que levaram seus violinos para Weinstein não os queriam de volta. Não conseguiam joga-los fora, mas era muito doloroso guarda-los por sua carga de lembranças sobre as famílias mortas, suas comunidades massacradas, a chama de suas vidas e musicas apagada. Num ponto do filme, o famoso violinista israelense Hagai Shaham apareceu na tela tocando em um daqueles violinos. De repente, do escuro do palco, ele apareceu ao vivo continuando a melodia no momento exato do filme. O publico ficou em silencio. Mas aí Shaham começou a tocar a Hatikva, o hino nacional de Israel, e em uníssono, a audiência se levantou e começou a cantar o hino.

Ninguém fez sinal para que os milhares se levantassem. Aconteceu espontaneamente, alguns momentos antes do vice-presidente Mike Pence fazer seu discurso. Foi realmente uma incomparável demonstração de amor e apoio a Israel que não pode ser desconsiderada, por mais que organizações como o JStreet e Vozes Pela Paz o queiram.

Donald Trump não foi para a conferência o que era esperado. No ano passado, o AIPAC teve que enviar um pedido de desculpas para o presidente Barack Obama depois que os ataques do candidato Trump foram aplaudidos de pé pela audiência. Mas a presença do presidente se fez sentir em todos os programas.

As discussões do AIPAC se focaram em como Trump pensa concretizar um acordo entre Israel e os palestinos. Ele afirmou que este seria o grande negócio da sua vida, mas ninguém tem ainda uma ideia clara de como ele pensa faze-lo.

O diálogo entre Israel e os Estados Unidos parece se centrar em dois tópicos: os assentamentos na Judeia e Samaria e o Irã.

Com Obama, o diálogo começava e terminava nos assentamentos, como se a disputa com os palestinos fosse uma diferença sobre territórios. Nós sabemos que não o é e por duas razões simples: nunca antes de Obama foram os assentamentos designados pelos palestinos como causa do impasse e o fato da própria OLP ter explicitamente excluído a Judeia e Samaria dos territórios a serem “libertados” em 1964, pois estavam nas mãos da Jordânia.

Netanyahu nomeou Ron Dermer, o ex-embaixador de Israel nos Estados Unidos como negociador-chefe sobre os assentamentos e seu papel é de novamente retirá-los da agenda.

O segundo tópico, o Irã, é substancialmente mais complicado e mais amplo. Mas também é uma oportunidade para Israel ajudar os Estados Unidos a elaborarem sua política em relação aos mulás. Uma política que deverá conter o perigo da implantação de bases iranianas na Síria, incluindo próximo da fronteira com Israel, o contínuo patrocínio de grupos terroristas ao redor do mundo e claro, o acordo nuclear.

Devido à genuína amizade entre Trump e Netanyahu, Israel tem uma oportunidade única para no mínimo, influenciar do modo significativo a política americana com relação ao Irã.

Muitos comentaristas israelenses tomaram a posição de que seria aconselhável para Israel aceitar um congelamento da construção judaica na Judeia e Samaria, inclusive proibir a construção de uma nova comunidade para os residentes evacuados de Amona e concentrar no Irã. Afinal, poucas casas em assentamentos não valem toda uma estratégia contra os iranianos.

O que eles não veem é que os dois tópicos são lados da mesma moeda.

As comunidades israelenses na Judeia e Samaria se situam nos altos da cadeia montanhosa da região. Os vilarejos árabes estão nos vales, aonde há água e melhores condições para a agricultura e pasto. A única vantagem das comunidades judaicas é terem uma visão panorâmica e, portanto serem as primeiras a detectarem movimentos contra Israel vindos do norte, do sul, da Jordânia e dos próprios árabes locais.

Hoje, o Irã já exerce uma influência preocupante entre os árabes, diretamente ou através do Hamas que ele patrocina. Se houvessem eleições na Autoridade Palestina hoje, o Hamas ganharia de longe. E é por isso que Abbas nem convoca eleições, nem corta a coordenação de segurança com o exército de Israel, pois é só isso que o separa de uma tomada de governo pelo Hamas em Ramallah.

O Irã já domina o Líbano através da Hezbollah, está se solidificando na Síria, está em Gaza com o Hamas e está tentando penetrar na Judéia e Samaria.

Deste modo, as comunidades judaicas da Judeia e Samaria constituem a linha de frente de defesa de Israel. Com milhões de refugiados sírios, a desestabilização e radicalização do país, e uma paz sendo constantemente questionada, Israel tem que estar preparada para uma quebra no status quo com a Jordânia.

E é esta mensagem que Israel tem que passar para a administração Trump. A solução para o conflito com os palestinos não resta na criação de mais um estado árabe antissemita e propenso ao terrorismo e à destruição de Israel. A solução está em exigir que a liderança palestina tome passos concretos e genuínos para preparar sua população para a paz, acabando com a incitação na mídia, escolas, universidades, mesquitas e instituições governamentais. Eles têm que suspender a glorificação e o pagamento dos ridículos salários aos terroristas e suas famílias. Têm que usar o dinheiro da ajuda internacional para construir os fundamentos de um estado como rede de tratamento de esgotos, água, eletricidade, hospitais e indústria para gerar empregos.

Os palestinos exigem um estado soberano em todo o território adquirido em 1967 e livre de judeus, deixando Israel sem profundidade estratégica para se defender. Os palestinos querem um estado com todas as liberdades inerentes à ele como a de formação de um exercito, fábrica de mísseis, etc.. Querem ser soberanos para isso, mas querem continuar a receber água, eletricidade, permissões de trabalho e outros benefícios de Israel.

Os palestinos não estão preparados para um estado e Israel só poderá se defender efetivamente de seus inimigos, incluindo o Irã, fortalecendo as comunidades judaicas da Judeia e Samaria.


Até que o povo palestino esteja pronto a aceitar um estado judeu como vizinho, não há porque levar à frente esta ideia asinina de dois estados para dois povos.