O encontro anual do AIPAC, o
lobby pró Israel que aconteceu em Washington na última semana não poderia ter
sido mais bem sucedido. Parecia um show de rock.
O encontro contou com mais de
19 mil americanos, mais de 2/3 dos membros do Congresso, 275 delegações de
instituições judaicas e 283 presidentes de centros acadêmicos de todos os 50
estados americanos.
Um momento muito especial ocorreu na abertura da conferência.
Nas telas gigantes do estádio
foi mostrado um filme sobre Amnon Weinstein, um fabricante de violinos
especializado em renovar e restaurar violinos que sobreviveram o holocausto e
chegaram em Israel. Muitos dos sobreviventes que levaram seus violinos para
Weinstein não os queriam de volta. Não conseguiam joga-los fora, mas era muito
doloroso guarda-los por sua carga de lembranças sobre as famílias mortas, suas
comunidades massacradas, a chama de suas vidas e musicas apagada. Num ponto do
filme, o famoso violinista israelense Hagai Shaham apareceu na tela tocando em
um daqueles violinos. De repente, do escuro do palco, ele apareceu ao vivo continuando
a melodia no momento exato do filme. O publico ficou em silencio. Mas aí Shaham
começou a tocar a Hatikva, o hino nacional de Israel, e em uníssono, a
audiência se levantou e começou a cantar o hino.
Ninguém fez sinal para que os
milhares se levantassem. Aconteceu espontaneamente, alguns momentos antes do
vice-presidente Mike Pence fazer seu discurso. Foi realmente uma incomparável demonstração
de amor e apoio a Israel que não pode ser desconsiderada, por mais que
organizações como o JStreet e Vozes Pela Paz o queiram.
Donald Trump não foi para a
conferência o que era esperado. No ano passado, o AIPAC teve que enviar um
pedido de desculpas para o presidente Barack Obama depois que os ataques do
candidato Trump foram aplaudidos de pé pela audiência. Mas a presença do
presidente se fez sentir em todos os programas.
As discussões do AIPAC se
focaram em como Trump pensa concretizar um acordo entre Israel e os palestinos.
Ele afirmou que este seria o grande negócio da sua vida, mas ninguém tem ainda uma
ideia clara de como ele pensa faze-lo.
O diálogo entre Israel e os
Estados Unidos parece se centrar em dois tópicos: os assentamentos na Judeia e
Samaria e o Irã.
Com Obama, o diálogo começava
e terminava nos assentamentos, como se a disputa com os palestinos fosse uma
diferença sobre territórios. Nós sabemos que não o é e por duas razões simples:
nunca antes de Obama foram os assentamentos designados pelos palestinos como
causa do impasse e o fato da própria OLP ter explicitamente excluído a Judeia e
Samaria dos territórios a serem “libertados” em 1964, pois estavam nas mãos da
Jordânia.
Netanyahu nomeou Ron Dermer, o
ex-embaixador de Israel nos Estados Unidos como negociador-chefe sobre os
assentamentos e seu papel é de novamente retirá-los da agenda.
O segundo tópico, o Irã, é substancialmente
mais complicado e mais amplo. Mas também é uma oportunidade para Israel ajudar
os Estados Unidos a elaborarem sua política em relação aos mulás. Uma política
que deverá conter o perigo da implantação de bases iranianas na Síria, incluindo
próximo da fronteira com Israel, o contínuo patrocínio de grupos terroristas ao
redor do mundo e claro, o acordo nuclear.
Devido à genuína amizade entre
Trump e Netanyahu, Israel tem uma oportunidade única para no mínimo,
influenciar do modo significativo a política americana com relação ao Irã.
Muitos comentaristas
israelenses tomaram a posição de que seria aconselhável para Israel aceitar um
congelamento da construção judaica na Judeia e Samaria, inclusive proibir a
construção de uma nova comunidade para os residentes evacuados de Amona e
concentrar no Irã. Afinal, poucas casas em assentamentos não valem toda uma
estratégia contra os iranianos.
O que eles não veem é que os dois tópicos são lados da mesma moeda.
As comunidades israelenses na
Judeia e Samaria se situam nos altos da cadeia montanhosa da região. Os
vilarejos árabes estão nos vales, aonde há água e melhores condições para a
agricultura e pasto. A única vantagem das comunidades judaicas é terem uma
visão panorâmica e, portanto serem as primeiras a detectarem movimentos contra
Israel vindos do norte, do sul, da Jordânia e dos próprios árabes locais.
Hoje, o Irã já exerce uma
influência preocupante entre os árabes, diretamente ou através do Hamas que ele
patrocina. Se houvessem eleições na Autoridade Palestina hoje, o Hamas ganharia
de longe. E é por isso que Abbas nem convoca eleições, nem corta a coordenação
de segurança com o exército de Israel, pois é só isso que o separa de uma
tomada de governo pelo Hamas em Ramallah.
O Irã já domina o Líbano através
da Hezbollah, está se solidificando na Síria, está em Gaza com o Hamas e está
tentando penetrar na Judéia e Samaria.
Deste modo, as comunidades judaicas
da Judeia e Samaria constituem a linha de frente de defesa de Israel. Com
milhões de refugiados sírios, a desestabilização e radicalização do país, e uma
paz sendo constantemente questionada, Israel tem que estar preparada para uma
quebra no status quo com a Jordânia.
E é esta mensagem que Israel
tem que passar para a administração Trump. A solução para o conflito com os
palestinos não resta na criação de mais um estado árabe antissemita e propenso
ao terrorismo e à destruição de Israel. A solução está em exigir que a
liderança palestina tome passos concretos e genuínos para preparar sua
população para a paz, acabando com a incitação na mídia, escolas,
universidades, mesquitas e instituições governamentais. Eles têm que suspender a
glorificação e o pagamento dos ridículos salários aos terroristas e suas famílias.
Têm que usar o dinheiro da ajuda internacional para construir os fundamentos de
um estado como rede de tratamento de esgotos, água, eletricidade, hospitais e indústria
para gerar empregos.
Os palestinos exigem um estado
soberano em todo o território adquirido em 1967 e livre de judeus, deixando
Israel sem profundidade estratégica para se defender. Os palestinos querem um estado
com todas as liberdades inerentes à ele como a de formação de um exercito,
fábrica de mísseis, etc.. Querem ser soberanos para isso, mas querem continuar
a receber água, eletricidade, permissões de trabalho e outros benefícios de
Israel.
Os palestinos não estão
preparados para um estado e Israel só poderá se defender efetivamente de seus
inimigos, incluindo o Irã, fortalecendo as comunidades judaicas da Judeia e
Samaria.
Até que o povo palestino
esteja pronto a aceitar um estado judeu como vizinho, não há porque levar à
frente esta ideia asinina de dois estados para dois povos.
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