Sunday, November 29, 2020

Fakhrizadeh e a Vingança do Irã - 29/11/2020

 Dois eventos marcaram o noticiário nesta semana. O primeiro foi o assassinato do chefe do programa nuclear iraniano Mohsen Fakhrizadeh.

Fakhrizadeh não era apenas um cientista nuclear. Ele também era um brigadeiro general da Guarda Revolucionaria Iraniana. Diferentemente de Qassem Soleimani, o líder da Guarda Revolucionaria assassinado pelos Estados Unidos em Janeiro, Fakhrizadeh era uma pessoa extremamente privada, nunca visto em qualquer evento oficial, nunca dando entrevistas, ou mesmo permitindo que o fotografassem.

Quando em 2018, Bibi Netanyahu revelou ao mundo o arquivo nuclear do Irã, ele mostrou um documento no qual Fakhrizadeh instruía seus subalternos a anunciar o fim do Projeto Amad, o programa de desenvolvimento de ogivas nucleares, e desviar sua pesquisa em tecnologia para outras áreas e projetos. E foi exatamente isto que o Irã fez.

Em 2018, os objetivos do Projeto Amad haviam sido transferidos para um departamento do Ministério da Defesa do Irã, liderado por não outro que Fakhrizadeh.

Vários cientistas nucleares iranianos foram assassinados ao longo dos anos, mas Fakhrizadeh foi de longe o mais importante a ser morto até hoje. Ele era tão importante que só depois de Netanyahu mostrar sua foto é que fotos dele se tornaram disponíveis. As autoridades iranianas negaram repetidamente  pedidos da Agência Internacional de Energia Atômica para entrevistá-lo. O Irã fez um esforço sobre humano para protegê-lo.

Embora ninguém tenha reivindicado o assassinato, as tensões entre o Ocidente e o Irã têm sido altas. Vários relatos especularam que os EUA atacariam a instalação de enriquecimento de urânio em Natanz antes de Donald Trump deixar o cargo. Mas Trump se convenceu que um ataque direto ao Irã seria muito arriscado e talvez remover Fakhrizadeh fosse a segunda melhor escolha.

Nas últimas semanas, altos funcionários israelenses se reuniram com seus colegas americanos para discutir a ameaça representada pelo Irã.

Israel considera o programa nuclear do Irã como sua preocupação número um. Como disse o Tenente-General do Chefe de Gabinete do exercito de Israel, Aviv Kochavi, “O Irã se tornou o país mais perigoso do Oriente Médio tendo feito progressos significativos em seu programa nuclear e em armas convencionais”.

No meio deste ano, o Irã foi atingido por uma série de explosões misteriosas - especificamente em locais conectados ao seu projeto nuclear e de mísseis. Estes eventos e a morte de Fakhrizadeh podem ter dado um sério golpe no programa nuclear do Irã.  

A morte de Fakhrizadeh deve ser considerada pelos mulás em Teerã que nem Israel nem os EUA desistirão de impedir que o país obtenha armas nucleares.

E aí temos o segundo evento. No domingo passado, Bibi Netanyahu discretamente voou para a Arábia Saudita para se encontrar com o príncipe Mohammed Bin Salman. A reunião foi supostamente para discutir o Irã e uma possível normalização das relações entre os dois países. E também ao que parece, o Secretário de Estado americano Mike Pompeo, também estava presente.

O fato de essa reunião ter acontecido é uma grande notícia. Israel e a Arábia Saudita não têm relações diplomáticas. Duas vezes, em 1948 e 1973, os sauditas enviaram tropas para travar guerra contra Israel.

Muita coisa mudou desde então, e a principal mudança é que Israel e a Arábia Saudita e outros Estados do Golfo estão do mesmo lado de um grande problema: a ameaça do Irã. Essa ameaça é o que, acima de outras considerações provocou os acordos de paz com países do Golfo e o Sudão.

Não é segredo que quando os EUA estavam negociando o acordo com o Irã, os embaixadores de Israel e dos Emirados Árabes Unidos estavam trabalhando juntos para tentar convencer o governo Obama a exigir o fim do programa nuclear iraniano.

Na época, Netanyahu foi à frente, discursando perante as duas casas do Congresso para a fúria de Obama, deixando os líderes árabes tomar um caminho mais diplomático. Mas esta liderança de Netanyahu mostrou aos países do Golfo em 2015, que Israel leva a ameaça do Irã muito a serio e está disposta a fazer o que for preciso para detê-la.

Agora, em 2020, a cooperação entre Israel e os estados árabes nesta frente não é mais segredo. Israel tem novas relações diplomáticas com os Emirados Árabes Unidos e Bahrein; e laços não oficiais com a Arábia Saudita, que alcançaram novos patamares nesta semana.

Com a possível transição do governo Trump que colocou sanções de "pressão máxima" sobre o Irã para um governo Biden que busca retornar ao acordo com o Irã que lhe concede um caminho para a bomba, as parcerias de Israel com os Estados do Golfo se tornam fundamentais.

Trump por seu lado, está claramente comprometido em continuar a pressão contra o Irã. O Comando Central do exército americano divulgou no último fim de semana, que bombardeiros americanos B-52 voaram uma “missão de longo alcance no Oriente Médio para deter a agressão e tranquilizar os parceiros e aliados dos EUA”. Este foi um sinal claro para o Irã: aviões americanos com capacidade de explodir suas instalações nucleares estão nas proximidades.

Apesar dessa demonstração de força, Israel e outros países visados ​​pelo Irã não podem se arriscar quando Trump deixar o cargo. Israel, os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita estão dizendo claramente ao novo governo Biden que não aceitarão um novo acordo com Irã sentados. Israel não está mais sozinha. Os Estados do Golfo estão agora ao seu lado.

E, de fato, o rei Salman da Arábia Saudita exortou o mundo a tomar “uma posição decisiva contra o Irã que garanta uma resolução drástica de seus esforços para obter armas de destruição em massa e desenvolver seu programa de mísseis balísticos. ”

Mais declarações e demonstrações de unidade como estas são esperadas. No meio tempo, o Irã já decidiu que Israel é o culpado pelo assassinato de Fakhrizadeh e prometeu retaliar. Israel está tomando suas precauções, mas as próximas sete semanas serão de espera e ansiedade para todo o mundo ocidental.

 

Sunday, November 22, 2020

Jonathan Pollard Livre! 22/11/2020

Jonathan Pollard está finalmente livre. Mas o caso do acusado americano que teria passado segredos para Israel ficará como o mais vil da história da espionagem. Pollard foi condenado por espionagem por ter entregado a Israel, um país aliado, documentos que os Estados Unidos se haviam obrigado a entregar a Israel, mas decidiu segurar.

A maior pena dada a outros que espionaram para países aliados foi de 16 anos. A média? Somente de 2 a 4 anos. Pollard pegou prisão perpétua e ficou encarcerado por 30 anos sendo que os primeiros sete anos em confinamento solitário. Depois de sua soltura em 2015 ele foi obrigado a ficar outros cinco anos usando uma pulseira eletrônica, proibido de sair de casa entre 7 da noite e 7 da manhã; proibido de ter um computador e ter seus telefones foram constantemente monitorados.

Só a título de comparação, americanos que espionaram para a União Soviética, um país inimigo na época da Guerra Fria, como David Boone, Clayton Lonetree, Harold Nicholson, Earl Edwin Pitts e outros, todos pegaram ou foram soltos antes de 30 anos. Alguns foram responsáveis pela morte de dezenas de espiões americanos. Então por quê Pollard?

Acreditem se quiserem. Mas porque Pollard é judeu. E não sou eu quem fala. Quem fez esta bombástica declaração foi não outro que o ex-diretor da CIA, James Woosley, numa carta ao editor ao jornal The Wall Street Journal em 5 de julho de 2012.

Naquela carta ao editor, Woosley disse que “quando recomendou contra dar clemencia a Pollard, ele estava preso menos que uma década. Hoje ele está encarcerado por mais de 25 anos de sua sentença de prisão perpétua”. Ele descreveu como entre mais de 50 condenados por espionarem para a Russia e China, somente dois foram sentenciados à prisão perpétua. Dois terços foram sentenciados a períodos de prisão menores que Pollard já havia servido. Ele ainda observou que “Pollard havia cooperado completamente com o governo americano, prometera não lucrar com seu crime (através da publicação de um livro), e muitas vezes expressara remorso”.

Woosley não tinha dúvidas que Pollard ainda estava preso somente por ser judeu. Ele afirmou que “antissemitismo teve um papel importante na prisão de Pollard... Para aqueles que ainda se atém ao fato que ele é um judeu americano, imaginem que ele é um grego ou coreano ou filipino americano e libertem-no”.

Pois é. Isso e mais ainda. Por ser o único espião judeu, Pollard foi considerado como uma carta na manga de várias administrações americanas em sua política para com Israel.

Pollard sempre evitou a política. Ele sempre recusou ser moeda de troca por terroristas palestinos ou por terras que Israel teria que ceder aos palestinos. E isso aconteceu em mais de uma ocasião. Durante os acordos de Wye River que Netanyahu assinou em 1998, estava tão claro que a libertação de Pollard seria parte do acordo, que seus pais foram instruídos a se prepararem para receberem seu filho, e pacotes de mídia foram preparados.

O ex-porta-voz de Netanyahu, Aviv Bushinsky, lembrou que antes de ir para Wye, Netanyahu fez pesquisas para determinar como amenizar o golpe da renúncia de terras que estavam no acordo. A pesquisa concluiu que ele deveria trazer Azzam Azzam do Egito e Pollard dos EUA. O então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, prometeu a Netanyahu que Pollard faria parte do acordo. Mas na véspera da assinatura, Clinton avisou Netanyahu que Pollard estava fora do acordo porque o diretor da CIA George Tenet, havia ameaça renunciar.

Anos mais tarde, o negociador norte-americano Dennis Ross revelou em seu livro de 2005, The Missing Peace, que havia aconselhado Clinton a manter Pollard na prisão como moeda de troca para negociações de paz definitivas.

Clinton perguntou a Ross: “É Pollard uma grande questão política em Israel e poderá ajudar Bibi?”. “Sim”, respondeu Ross, “porque ele é considerado um soldado de Israel” e “existe um ethos em Israel de que você nunca deixa um soldado para trás no campo. Mas se você quiser meu conselho, eu não o liberaria agora. Seria uma grande recompensa para Bibi; você não tem muitos assim no bolso. Eu o guardaria para um status permanente. Você precisará disso mais tarde; não o use agora.”

É surpreendente que Dennis Ross tenha feito esta revelação em seu livro. Até onde a falta de ética pode ir, brincando com a vida de pessoas, por proveito político?

Em 2014, um ano antes de Pollard ser libertado em condicional, outra tentativa foi feita sem sucesso. O então presidente Shimon Peres, que era primeiro-ministro no momento da prisão de Pollard e deu aos EUA documentos com as impressões digitais de Pollard que o incriminaram, tentou persuadir o então presidente dos EUA Barack Obama a intervir.

Os dois presidentes se encontrariam em Washington durante a última viagem de Peres no cargo em 25 de junho, seis dias antes da audiência de liberdade condicional. Peres jurou ao povo de Israel que iria pedir por Pollard, e seus advogados o prepararam meticulosamente.

A mensagem de Peres para Obama foi a seguinte: você não precisa conceder clemência. Na verdade, você pode se distanciar completamente do assunto. Em particular, informe ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos que você não se opõe à liberdade condicional de Pollard e à sua partida para Israel. Obama não precisaria sujar as mãos, apenas manter o compromisso que assumira com os israelenses 15 meses antes, de tratar Pollard com justiça, como qualquer outro prisioneiro, e deixar que sua liberdade condicional fosse avaliada naturalmente com base no mérito de seu caso.

Após a reunião, o conselheiro diplomático de Peres, Nadav Tamir, anunciou que “a mensagem havia sido entregue”. Aí o gabinete de Peres vazou o fato para a imprensa e disse que “Toda a nação está interessada em libertar Pollard e eu sou o emissário da nação”. Mas todas as esperanças de que a audiência fosse justa foram frustradas imediatamente. Os representantes do governo trataram Pollard com desprezo, impediram seu advogado de apresentar seu caso e deixaram claro que ele não veria o Estado judeu tão cedo, se nunca. Os presentes descreveram a audiência como um "um linchamento".

Agora, imagine que isto aconteceu na mesma época em que Obama pedia a Bibi um gesto de “boa vontade” e libertar 104 prisioneiros palestinos, com sangue em suas mãos, para que a Autoridade Palestina voltasse à mesa de negociações.  Nenhum país no mundo aceitaria libertar 104 terroristas como um gesto de “boa vontade”, muito menos os Estados Unidos. 

A liberdade condicional de Pollard veio um ano depois, em 2015, e foi concedida por motivos técnicos, não políticos. As restrições de liberdade condicional sem precedentes que ele enfrentou eram típicas de Pollard, cuja prisão perpétua também foi uma exceção à regra.

Ele ficou preso 20 anos a mais do que qualquer outra pessoa na mesma situação. Ele foi vítima de uma tentativa de torná-lo um exemplo e dissuadir futuros espiões. O acordo de confissão que ele assinou, que deveria garantir que ele não receberia uma sentença de prisão perpétua, foi ignorado. Pollard não pode ser comparado completamente com os casos de Dreyfus na França, ou do Rabbi Chaim Shapira na Polonia, porque ele foi mesmo um espião para Israel. Mas sem dúvida o que moveu seu processo foi o mesmo dos outros dois. Antissemitismo puro e simples.

É justo que Pollard finalmente tenha conseguido sua libertação na sexta-feira - não por causa da política, mas apesar dela.

Sunday, November 15, 2020

O Distanciamento dos Judeus Americanos de Israel - 15/11/2020

A maior evidência do crescente distanciamento entre os judeus da América e Israel foi esta eleição presidencial de 2020.

Uma triste afirmação.

De acordo com certos relatórios sobre a eleição, cerca de 70% dos eleitores judeus americanos escolheram Joseph Biden. Essa proporção está em consonância com a eleição presidencial de 2016, quando 71% votaram em Hillary Clinton e apenas 24% em Donald Trump. Os judeus americanos também apoiaram Barack Obama em números semelhantes em 2008 e 2012.

Não é novidade que os judeus americanos continuam a escolher esmagadoramente o candidato democrata para presidente, bem como candidatos democratas para o Senado e a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos.

O que torna a demonstração de apoio desproporcional dos judeus ao Partido Democrata nesta eleição diferente das anteriores é como seu resultado provavelmente afetará o Estado de Israel em termos de segurança, sua busca contínua pela paz com seus vizinhos e sua posição no mundo. Do meio de seus lockdowns e preocupações com justiça social, o futuro de Israel foi tratado com total indiferença pelos judeus americanos nesta eleição.

Durante a campanha eleitoral, a equipe de Joe Biden anunciou sua intenção de reconstruir as relações com Mahmoud Abbas e a Autoridade Palestina. Hoje Kamala Harris prometeu reinstituir a ajuda americana aos palestinos. Isso inclui permitir que uma embaixada palestina de fato, a Missão da OLP, reabra em Washington, e a abertura de um consulado dos EUA separado para servir a população palestina na parte oriental de Jerusalém. No momento, a Unidade de Assuntos Palestinos opera discretamente no centro de Jerusalém, num prédio externo à Embaixada dos Estados Unidos. Significa também a retomada de milhões de dólares em doações à Autoridade Palestina por meio da USAID, bem como a renovação do milionário apoio financeiro americano para a notória UNWRA, a agência da ONU dedicada somente a refugiados palestinos usada para recrutamento e treinamento de terroristas. 

Essa retomada de laços e ajuda fortalecerá a mesma corriola corrupta e inútil que durante décadas impediu a paz, promoveu o terrorismo e relegou os árabes a uma vida de pobreza e privações, liderada pelo implacável octogenário Mahmoud Abbas.

Sob Biden, a responsabilidade pelo fim do conflito israelense-palestino recairá novamente sobre Israel. Mesmo um tijolo adicionado a uma casa judaica existente na Judéia ou Samaria ou mesmo em partes de Jerusalém trará a condenação sobre Israel como sendo um "obstáculo para a paz".

A política de redux de Obama para o conflito israelense-palestino provavelmente encorajará facções terroristas dentro da Autoridade Palestina e na Faixa de Gaza. Isso terá seu preço em vidas humanas e ferimentos.

O governo Biden, sob pressão da ala “progressista” de esquerda do Partido Democrata, poderá até reconhecer um “Estado da Palestina” sem quaisquer concessões feitas pelos líderes palestinos.

Por mais retrógrado que isto seja, o que constitui uma ameaça maior, até mesmo existencial, ao Estado de Israel e ao Oriente Médio é o anúncio da equipe Biden de sua intenção de retornar a América, nas palavras do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, ao “mau” acordo nuclear com o Irã.

Para quem pode ter esquecido, o Plano de Ação Conjunto Global foi assinado em 14 de julho de 2015, entre o Irã e os cinco membros permanentes das Nações Unidas - China, França, Rússia, Reino Unido e Reino Unido Estados, além da Alemanha e da União Europeia. O Plano, no entanto, foi projetado apenas para adiar e dificultar, mas não para impedir o progresso dos aiatolás na aquisição de um arsenal nuclear. E, mesmo antes de o governo Trump desistir do acordo e instituir um conjunto forte e eficaz de sanções econômicas contra o Irã, a Agência Internacional de Energia Atômica havia relatado violações pelo Irã de seus compromissos. Os líderes do Irã retomaram as ameaças abertas e descaradas contra o Estado de Israel e falam de sua eliminação. Israel leva muito a serio essas ameaças.

Vamos ignorar que Donald Trump reconheceu Jerusalém como a capital de Israel para a qual transferiu a Embaixada americana; que os cidadãos americanos nascidos em Jerusalém agora têm “Jerusalém, Israel” impresso em suas certidões de nascimento e passaportes; que a administração Trump reconheceu a legitimidade das comunidades judaicas na Judéia e Samaria e a anexação das Colinas de Golã, e vamos também ignorar o papel importante dos EUA nos acordos de normalização entre Israel e os Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Sudão.

Se só ficarmos com a posição americana nas duas questões de segurança, os palestinos e o Irã, isso já seria razão suficiente para cerca de 70% dos israelenses favorecerem Donald Trump sobre Joe Biden em uma pesquisa do Instituto de Democracia de Israel realizada durante a primeira semana de novembro. Incrível que esses resultados são a imagem oposta dos eleitores judeus na América, para quem essas questões não desempenham nenhum papel em sua escolha para presidente.

E a explicação é simples. Como no mercado imobiliário, tudo se resume à  “localização”. Os judeus da América não vivem em Israel. Eles vivem na América e, ao contrário de seus avós e bisavós, eles se sentem primeiro americanos. As questões que os interessam são questões americanas. Eles não sabem muito sobre a sociedade e a cultura israelense. Eles não falam hebraico. E pior. Com uma assimilação que os está levando rapidamente à beira da extinção, o judaísmo praticado pela maioria dos judeus americanos hoje é irreconhecível para muitos israelenses. A maioria dos judeus americanos nunca visitou Israel e não têm planos de visitar. Eles não sentem nenhum elo significativo com o estado judeu. Hoje Israel encontra muito mais simpatia e compreensão entre os evangélicos do que entre  judeus americanos.

Infelizmente temos que reconhecer que a maioria da atual geração de judeus da América, ao contrário das gerações anteriores, não está particularmente interessada em Israel. E esta cisão só tende a se alargar com o tempo. Não é reversível por meio de programas educacionais, como demonstraram décadas e milhões de dólares desperdiçados. O que manteve os judeus – judeus – por dois mil anos foi sua teimosia em se manterem mais judeus, não menos. Mais ligados em suas tradições milenares e sua comunidade. É infeliz que a vida judaica na América irá desaparecer justo quando ela conseguiu tudo o que queria: aceitação, influência, afluência e igualdade.

Este distanciamento dos judeus americanos de hoje não deve causar ressentimento ou inimizade por Israel. Os israelenses devem ser gratos pelo significativo apoio financeiro, político e moral das gerações anteriores de judeus americanos. Mas devem modificar suas expectativas de acordo com a realidade atual. Assim, os israelenses precisam aprender a se relacionar com os judeus que vivem na América hoje, como eles preferem se ver: não como judeus, mas apenas como americanos.


Monday, November 9, 2020

Biden Presidente: Não tão rápido - 8/11/2020

 Uma eleição americana é um evento mundial. E um dia depois que Biden se declarou vitorioso, se isso for mesmo verdade, quem venceu foi a China, a Rússia, e principalmente o Irã.

Pela primeira vez na história deste país extraordinário, a eleição presidencial se reduziu a um mísero argumento: o ódio a Trump. Não a economia, não o vírus, não o desemprego, não como cada candidato espera gastar nossos impostos. Não. Simplesmente o ódio a Trump.

Já há algumas semanas poderíamos prever o que está acontecendo. Isto porque, temendo uma vitória de Trump, Estados governados por Democratas fizeram de tudo para mudar as regras do jogo.

A lei federal americana diz que o legislativo de cada estado é o único que pode estabelecer as regras das contagens de votos. Contrariamente ao que o legislativo estabeleceu, por exemplo, na Pensilvânia, um dos estados em disputa, a Suprema corte do Estado decidiu que nenhum voto seria descartado. Não os que chegassem pelo correio depois da eleição, não os que não continham a assinatura do eleitor e não os que foram submetidos sem identificação.

Vale explicar que nos Estados Unidos, se alguém sabe que não estará em seu distrito eleitoral no dia da eleição, pode, com antecedência, pedir ao seu distrito, uma cédula para ser enviada pelo correio. Ela chega em geral, um mês antes da eleição. Você preenche, assina, jurando que é a pessoa em questão e envia de volta pelo correio. A cédula tem que chegar antes ou até o dia da eleição para ser verificada e contada.

Este método é usado como exceção e não como regra. Não é preciso ser Einstein para entender o quanto uma coisa destas pode levar à fraude. Mas na Pensilvânia, que supostamente deu a vitória a Biden, com uma população de 12.8 milhões, 6.6 milhões que votaram, eles receberam 3.1 milhões de cédulas pelo correio. Isso quer dizer, ½ dos eleitores do Estado não estava em seu distrito eleitoral no dia 3 de novembro? No meio da pandemia? Tenha paciência. E sabem qual a diferença que deu a vitória a Biden? De apenas 41 mil votos. Isso não merece uma recontagem e auditoria? Pode ser que Biden possa ter sido eleito justamente, mas é difícil de acreditar.

Milhares de pessoas receberam cédulas pelo correio sem terem pedido. Nada as impediu de enviarem a cédula e irem votar pessoalmente. Conheço um casal que se mudou de NY para o Texas e as filhas receberam pelo correio uma cédula do Texas e outra de NY sem terem pedido. Milhares de cédulas foram enviadas a pessoas que já morreram.

Neste caso, espero que Trump brigue. Espero que ele vá até o fim e exija a verificação de cada voto. Isso aprendemos dos democratas.

Por quatro longos anos, os democratas não aceitaram a eleição de Trump; por 4 longos anos eles disseram que Trump era ilegítimo, que tinha sido eleito por Vladimir Putin; por 4 longos anos investigaram o presidente por conspirações inexistentes; por 4 longos anos tentaram reverter o resultado das eleições de 2016; e depois que o conluio com a Rússia caiu na água, por 2 anos e meio investigaram o presidente por um simples telefonema com o presidente da Ucrânia e votaram seu impeachment.

Do momento que ele decidiu se candidatar à presidência, os democratas plantaram escutas no Trump Tower, levadas a cabo por um FBI corrupto. Não houve um só dia de paz para Trump nestes quatro anos. Nem para ele, nem para sua família. E este era o plano. Atacá-lo na Camara dos Deputados, no Senado, na mídia, nas cortes. Milhares de ofícios.

E agora nos pedem para aceitarmos e respeitarmos o resultado.

Mas o resultado ainda não é final. Em 2000, o resultado da eleição só saiu na segunda semana de dezembro, depois de todos os processos e recontagens. Ainda estamos na primeira de novembro.

Se Biden realmente for eleito, de acordo com ele, a primeira coisa que ele fará será acabar com a política de América primeiro. A comunista Elizabeth Warren está exigindo encabeçar o Tesouro Americano. O socialista Bernie Sanders quer um ministério e uma batalha com os radicais do partido promete aumentar os impostos, reimpor milhares de regulamentações para pequenos negócios e arrastar a América para uma recessão. Mas a esquerda não se importa.

Se pegarem o poder em Washington os democratas assegurarão que nunca mais outro partido eleja um presidente. Eles irão declarar a capital e Porto Rico como estados para reterem a maioria no Senado. Irão aumentar o numero de juízes na Suprema Corte para garantirem decisões a seu favor. E daí por diante.

Aliás, o que aconteceu com a ameaça de violência após as eleições? Aqui em NY as lojas de grife da 5ª avenida colocaram tapumes em suas vitrines e portas em antecipação. Mas ela não aconteceu. E sabem porque? Porque Biden ganhou. Isto prova que a Antifa e o BLM são de fato os braços armados do partido democrata.

O que causa a maior angustia é que hoje os americanos não mais têm qualquer noção da história. Do sistema capitalista que deu oportunidades a todos e fez da América o país mais bem sucedido do mundo, hoje os americanos dizem ansiar pelo socialismo, um sistema que provou ser o mais destrutivo, devastador e mortal; ancorando-se em conceitos vazios de igualdade, justiça social, e recusando-se a aceitar que mesmo em igualdade de condições, indivíduos alcançam resultados diferentes. E querem punir os que deram certo.

Se Biden assumir a presidência em Janeiro será o fim do sistema americano. O impacto internacional negativo será imenso. A Autoridade Palestina já está comemorando. O Irã também, com a promessa de Biden de reentrar no acordo nuclear. E a China e a Rússia. Os dois países que têm o filho de Biden, Hunter, no bolso.

O direito de porte de armas será revogado. O de livre expressão que hoje já está sendo tolhido pelos veículos de mídia social, se tornará algo obsoleto. Todos teremos que repetir os mantras da esquerda.

A América patriótica e orgulhosa será não mais. Como com Obama, a veremos se curvar aos ditadores e aos interesses pessoais do pântano que Trump não conseguiu drenar em Washington.

Mas ainda temos um fio de esperança. Trump irá lutar e nós seremos sua resistência. É o mínimo que podemos fazer por um grande presidente que lutou como um leão não só por seu país, mas por Israel e por todos os países livres e que querem continuar a serem livres. E mesmo que não tenha outro termo, Trump ficará na história como um dos presidentes mais marcantes da América.

 

 

Sunday, November 1, 2020

Os Estados Unidos na Ansiedade - 01/11/2020

 

Os judeus americanos estão ansiosos.

Estão preocupados não só com o COVID-19, mas com o futuro da economia.

Estão preocupados com o antissemitismo e a violência impulsionada por grupos de esquerda cada vez mais ativos como a Antifa e o Black Lives Matter.

E ficam nervosos quando protestos do Black Lives Matter são acompanhados de uma violência inédita e de vandalismo antissemita e anti-Israel. Eles estão preocupados com o surgimento do progressismo na esquerda que busca tornar o apoio a Israel um pecado político e moral.

Acima de tudo, porém, eles temem o fim da democracia americana.

E apesar disto tudo, numa última pesquisa, 75% dos judeus americanos irão votar em Joe Biden e no partido democrata.

Nunca antes houvemos uma eleição com tantas consequências para o país e para o mundo.

A eleição de Donald Trump em 2016 provocou uma reação alérgica visceral no partido democrata e na esquerda. Pelo fato dele ter pago a maioria dos custos de sua campanha, ele não estava no bolso de ninguém e pode fazer o que era melhor para o povo americano. Em 4 anos ele não só cumpriu 99% do que prometeu mas melhorou infinitamente a vida das minorias americanas.

Ele conseguiu reduzir o desemprego a níveis nunca antes vistos, especialmente para os negros americanos. Ele constituiu zonas de oportunidades, reduziu regulamentações para pequenos negócios, fez a bolsa de valores quebrar recordes, renegociou tratados comerciais com vários países, fez a América voltar a ser atraente para fabricas que tinham se mudado para a China, e isso fora a política exterior, de trazer de volta as tropas americanas estacionadas no Afeganistão e Iraque, mediou três acordos de paz entre países árabes e Israel, transferiu a embaixada para Jerusalem e nesta semana, finalmente, os filhos de americanos que nascerem na Cidade Santa poderão colocar em seus passaportes Israel como seu país.

Tudo o que a esquerda sempre prometeu e nunca fez porque está no bolso de outros interesses que a financiam.

Agora, se Joe Biden for eleito presidente, o programa dos democratas será de nunca mais permitir que o poder lhes fuja das mãos como em 2016. Eles já avisaram que irão transformar a capital dos Estados Unidos, Washington D.C. e Porto Rico em Estados, garantindo a eles sempre uma maioria no Senado. Irão aumentar o número de Juízes da Suprema Corte para também reterem a maioria, irão acabar com a Segunda Emenda da Constituição que é o direito de porte de armas; e junto com a mídia e os veículos da mídia social irão acabar com a Primeira Emenda da Constituição: o direito de livre expressão.

Você só irá poder postar ou dizer o que eles aprovam. E uma pequena amostra disto foi visto nestas últimas duas semanas.

O jornal the New York Post, um dos mais antigos dos Estados Unidos, fundado por Alexander Hamilton, um dos fundadores da América, em 1801, foi bloqueado pelo Twitter por duas semanas inteiras. O Facebook também bloqueou as postagens do jornal. E por quê? Por que o New York Post descobriu um esquema de corrupção envolvendo a família Biden que remonta ao tempo em que Joe era vice-presidente dos Estados Unidos. O nível de corrupção é tão grande que é impossível não concluir que a família Biden está no bolso dos chineses, ucranianos, russos e outros. E tudo corroborado pelos ex-sócios de Hunter, filho de Joe Biden.

Os veículos de mídia da esquerda como CNN, MSNBC, NBC, CBS e outros e o Facebook, o Twitter e o Google decidiram encobrir a história, para não dizer enterra-la de vez e silenciar qualquer um que criticasse o seu candidato.

Os judeus americanos mais religiosos são em sua sólida maioria pró-Trump e estão apreensivos porque se concentram em estados democratas e se Donald Trump ganhar, eles dizem que haverá uma guerra civil e eles serão o primeiro alvo. Eles temem que esta guerra civil irá acontecer e será o fim da democracia. Em entrevistas nas estações de rádio judaicas, ouvimos alguns dizendo: “Estamos verdadeiramente preocupados com o futuro. Precisamos fazer algo e não esperarmos para ver o que irá acontecer. Nossos avós deixaram a Polônia justo antes da Segunda Guerra. Foi isso que nos salvou”.

É realmente muito estranho ouvir americanos falando desta maneira. O receio é palpável se Biden ganhar: violência, a normalização do antissemitismo e das políticas anti-Israel, a socialização da economia e uma Casa Branca ao estilo de Obama: que toma uma linha dura para com Israel.

E este receio não é sem base. Biden já disse que irá procurar o Irã para entrar em outro acordo com mulás; que as decisões de Trump em relação ao Oriente Médio são reversíveis e daí por diante. Tudo para agradar os radicais de seu partido.

De acordo com a Liga Anti-Difamação, incidentes antissemitas bateram todos os recordes em 2019: mais de 2.100 atos de violência, vandalismo e abuso, incluindo 5 assassinatos. Em 2020, o lockdown da pandemia parece ter reduzido o numero de incidentes, mas a retorica antissemita floresceu online, incluindo acusações que os judeus são a causa do vírus.

Mas a maioria dos ataques antissemitas neste ano não tiveram relação com o vírus. Eles vieram com os protestos do Black Lives Matter, aonde sinagogas em Los Angeles, Wisconsin, Minneapolis e Nova Iorque foram atacadas. Em agosto a sede do Chabad na Universidade de Delaware foi incendiada. Alguns dias antes, a sede do Chabad em Portland no Estado do Oregon também foi incendiada, duas vezes. Em outubro uma pessoa foi presa ao planejar plantar explosivos em uma sinagoga no Colorado.

O que todos estes lugares têm em comum é que são governados por Democratas que se recusam a impor a ordem e proteger suas populações dos vândalos. E se isto já se mostrou ruim, o que diremos com o governo federal nas mãos destes inconscientes?

Hoje há um sentimento arrepiante entre os judeus americanos de que os pilares que sustentavam seu senso de segurança no que antes era considerado “a goldene medina” (a terra dourada) estão ruindo. Talvez a democracia americana não seja tão inabalável como pensávamos. Talvez o liberalismo não seja uma garantia certa da segurança dos judeus. Talvez as calamidades que se abateram sobre as comunidades judaicas em outras partes do mundo poderão acontecer aqui também.

Daqui a três dias a América decidirá seu destino e escolherá o rumo que irá seguir. Que seja um caminho de sucesso e não de decadência inevitável, que historiadores num futuro próximo nunca conseguirão explicar.