Sunday, January 31, 2016

O Dia de Lembrança do Holocausto e a Hipocrisia da ONU - 31/1/2016

No começo da semana que passou o Secretário Geral da ONU Ban Ki-Moon, resolveu nos dar uma lição. Durante uma discussão sobre a situação no Oriente Médio, com a região em fogo, milhares de mortos e milhões de refugiados, o que o incomodou foi a construção em assentamentos na Judéia e Samária. Ele disse que é da “natureza humana resistir à ocupação”. Nestes quatro meses de insanidade em Israel em que dezenas de civis perderam suas vidas, esfaqueados, atropelados e fuzilados imagino se é também a “natureza da ONU”, dar legitimidade aos palestinos para matar judeus.

Ban Ki-Moon disse que “a frustração palestina está aumentando baixo ao peso de meio século de ocupação e a paralise do processo de paz. E que povos oprimidos demonstraram durante séculos que é natural reagir à ocupação que frequentemente serve como um incubador de ódio e extremismo”.

Com estas palavras, o presidente da organização que congrega a maioria das nações do mundo, essencialmente justificou o terrorismo. Não há como descrever esta posição além de vergonhosa, infame, perigosa, grosseira, um testamento à ignorância e acima de tudo à hipocrisia.  

Isto na mesma semana em que Shlomit Krigman uma linda jovem de 23 anos, foi assassinada por dois palestinos em frente a um supermercado. Seus pais nunca a verão casar, e nunca segurarão os netos que ela lhes daria. Na mesma semana em que a ONU e o resto do mundo, hipocritamente comemoraram o Dia de Lembrança do Holocausto.

Pois é, o mundo ama comemorar judeus mortos enquanto vilifica os judeus vivos.

O problema é que a ONU é só um reflexo do que está realmente se passando através do mundo. A Ministra das Relações Exteriores da Suécia, falando no dia de Lembrança do Holocausto disse que seu país está “trabalhando para fortalecer a cultura e o diálogo e promover valores democráticos e minar as condições que promovem o extremismo”. Esta é a mesma Walstrom que desculpa e justifica o terrorismo palestino e exige uma investigação para determinar se a autodefesa de cidadãos israelenses constituem assassinatos “extrajudiciais” de palestinos.

Dá para ser mais hipócrita que isso? Dá. Especialmente de países que se gabam de ter salvado judeus durante a Segunda Grande Guerra, como os dinamarqueses. Numa troca na página do Facebook de um jornalista dinamarquês esta semana que falava sobre a última onda de terror e os judeus mortos na Judeia e Samaria, os leitores basicamente disseram que como os judeus eram “colonos” e “criminosos de guerra” e “ladrões”, eles não tinham o direito a autodefesa. Implicitamente, para estes dinamarqueses judeus presentes na Judeia e Samaria não têm direito de viver. Esta é a visão de muitos europeus hoje.

O insulto não parou aí. Na mesma semana da comemoração do Dia da Lembrança do Holocausto, a Europa recebeu com pompa e honras um dos regimes mais ativos na promoção da negação do Holocausto. O presidente do Irã Hassan Rouhani foi recebido em Roma, no Vaticano e em Paris. Como sinal nauseante de subserviência e humilhação, as autoridades em Roma decidiram cobrir as maravilhosas estátuas de Michelangelo e Bernini na cidade para não “ofender” as sensibilidades de Rouhani. O papa não ficou atrás. Com o Irã liderando a limpeza étnica dos cristãos no Oriente Médio, prendendo pastores e padres e executando qualquer muçulmano que pense a se converter ao cristianismo, Sua Santidade mandou encaixotar obras de arte, artefatos e símbolos cristãos que poderiam queimar os olhos de Rouhani.

Estas ações foram muito ridicularizadas na mídia social da Itália. O jeito de promover cultura então é de escondê-la destes atrasados! Mas ninguém ridicularizou o Irã por promover uma competição de cartunistas para zombarem do Holocausto, com um prêmio de $50,000 para o primeiro lugar. Ou sobre o vídeo repugnante publicado pelo Supremo Líder Ali Khamenei, negando mais uma vez o holocausto ambos no próprio dia em que o mundo celebrava o Dia da sua Lembrança.

Enquanto a Europa diz lembrar os judeus mortos pela Shoah ela não só legitima o regime que prometeu apagar Israel do mapa mas continua sua campanha contra os judeus que vivem em Israel.  

O patrocínio do terrorismo da Autoridade Palestina pela Europa é legendário. A maioria do dinheiro de “ajuda humanitária” europeia vai para as famílias de terroristas que recebem salários milionários. Quando pressionado pela imprensa ocidental, Mahmoud Abbas deu a explicação absurda que pagar os terroristas era uma “tradição” palestina que vem da época de Yasser Arafat!!!.

Per capita, a Autoridade Palestina recebeu e continua a receber mais ajuda externa do que qualquer outra nação no mundo, sendo mais de $800 milhões por ano em média, para 1.5 milhões de palestinos da Judeia e Samária. Os palestinos recebem $170 por pessoa enquanto os sírios, que estão vivendo em tendas na Jordânia há mais de 5 anos, recebem só $100 por pessoa.

A rotulação de produtos da Judeia e Samária é outra medida com a qual a Europa demonstra sua posição real em relação a Israel. A terceira medida que é muito pouco falada, é o financiamento de construção árabe ilegal na área C da Judeia e Samária, área que no consenso, deverá ser anexada por Israel no final das negociações. Nesta quarta-feira, a União Europeia aprovou 9.5 milhões de euros para “projetos de infraestrutura social” dos palestinos na Área C. Isto é abertamente a promoção de construção ilegal árabe nos blocos judaicos diretamente afetando qualquer resolução pacífica do conflito.

A última medida, que também recebe pouca atenção da mídia, é o patrocínio por governos europeus de ONGs árabes e de esquerda que têm como objetivo primordial desacreditar Israel nos olhos do mundo, promovendo o discurso palestino e perpetuando estereótipos e mentiras sobre a suposta crueldade da “ocupação” ao redor do mundo.

A hipocrisia de celebrar os judeus mortos, de construir monumentos em sua memória  enquanto se tomam medidas para perseguir e incitar a opinião pública contra os que vivem é um passatempo perigoso para o mundo. Sabemos que o que começa com os judeus, nunca termina com os judeus.

Voltando a Ban Ki-Moon ele disse que o Holocausto foi um crime colossal. Que este ano, ele estava focado não só no Holocausto mas também na Dignidade Humana. Para isso ele uniu a lembrança do Holocausto com os princípios fundadores das Nações Unidas, como expressos em sua Carta-régia e na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Ele lembrou ao mundo de nossa obrigação de assegurar a todos o direito de viver livre de discriminação e com a mesma proteção de acordo com a lei. Ele deveria sim traduzir isto para o árabe e o persa e ver o que estes países pensam disto.

Aí ele disse que precisamos fazer mais contra o aumento do antissemitismo e anti-islamismo e outras formas de discriminação.

Ele quer comparar o antissemitismo com o anti-islamismo? Sério? Há alguma comparação possível?

Seria bom se pelo menos uma vez o mundo nos poupasse do panegírico pomposo e de mau-gosto sobre nossos antepassados mortos ao mesmo tempo que trabalha fervorosamente para nos aniquilar no presente.

Seria bom se pelo menos um ano, o mundo nos poupasse de suas lições hipócritas e nos deixasse chorar nossos mortos em paz, o milhão de bebês e crianças judias assassinados nas câmaras de gás que poderiam ter contribuído tanto não só para a continuidade do povo judeu mas para a humanidade como um todo. É por causa deles, em honra deles, que os judeus vivos hoje se defendem. E ao faze-lo estamos dizendo alto e claro para o mundo: chega de sua hipocrisia. Vocês podem nos condenar. Condenem a vontade. Preferimos suas condenações a suas condolências.




Sunday, January 24, 2016

O Assassinato de Dafna Meir - 24/1/2016

Esta semana assistimos em choque o enterro de Dafna Meir, uma israelense de 38 anos, assassinada por um palestino de 15 anos de idade. Além de seu marido, Dafna deixou seis órfãos e incontáveis pacientes que ela cuidava como enfermeira no hospital Ichilov. Também deixou várias famílias árabes beduínas que ela tratava como voluntária. Seu único crime foi o de ser judia. O pai do terrorista declarou na televisão palestina, que estava muito “orgulhoso” de seu filho.

Vendo que é mais fácil matar mulheres em suas casas, no dia seguinte, outro terrorista tentou matar uma mulher em estágio avançado de gravidez em outra comunidade. Desta vez, havia um segurança armado e o neutralizou. 

A mídia internacional e políticos da União Européia logo culparam a “ocupação” israelense por estes ataques de lobos solitários.

Como uma “ocupação” que já existe há quase 50 anos pode levar um menino de 13 ou 15 anos a matar uma pessoa? Não existe explicação a não ser o constante incitamento ao terror institucionalizado pela Autoridade Palestina. Nesta semana uma menina de quatro anos recitou um verso na televisão oficial de Mahmoud Abbas, louvando os terroristas e dizendo que irá libertar Haifa, Tel Aviv, Acre e Lod. O que uma menina de quatro anos pode entender de ocupação a não ser a lavagem cerebral comandada por seus líderes que não têm qualquer problema em lhe roubar a infância? Para isso, o mundo fecha os olhos mas os voltam fixamente para acusar Israel.

Nesta semana vimos também a primeira leva de suspensões de sanções contra o Irã. Para comemorar a transferência de mais de 100 bilhões de dólares para os mulás, John Kerry, o secretário de estado americano, em uma entrevista para a CNBC, concedeu que parte desta fortuna irá de fato patrocinar grupos terroristas. Wow! Não era este um dos argumentos dos que se opunham ao acordo e que Obama tranquilizou com promessas de fiscalização?

Também nesta semana tivemos o discurso do embaixador americano em Israel, Dan Shapiro, no qual ele acusou Israel de ter duas leis na Judeia e Samaria, uma para israelenses e uma para os palestinos. De fato, há duas leis. Os israelenses têm que cumprir as leis de Israel e aos palestinos se aplica a lei do império otomano que regia em 1967. Isto é um mandamento da lei internacional que proíbe um exercito de ocupação de mudar a lei local. Mas não foi isso o que Shapiro quis dizer. O que ele quis insinuar é que israelenses que violam a lei não são punidos, enquanto palestinos o são.  Finalmente, também tivemos uma declaração da União Europeia chamando os assentamentos um obstáculo para a paz, pois ameaçam a viabilidade da solução de dois estados.

A suspensão das sanções contra o Irã e as declarações de Shapiro e da União Européia são parte de uma mesma ofensiva contra Israel, liderada pelo presidente Obama.

Quando Obama falou na Assembléia Geral da ONU em 2013, ele disse que seus dois objetivos primordiais eram um acordo nuclear com o Irã e um acordo de paz entre Israel e os palestinos. Agora que ele conseguiu o primeiro, ele irá se concentrar no segundo. E Israel tem que se preparar para uma onde de pressão sem precedentes por parte desta administração nestes últimos meses da presidência de Obama, especialmente quanto aos assentamentos.

Obama tem apenas alguns meses para consolidar sua política interna e externa e assim preservar seu legado. Ainda, há especulação sobre as ambições de Obama após a presidência, de se tornar o próximo secretário-geral da ONU.

É neste contexto que temos que analisar os comentários do embaixador americano. Shapiro até agora se manteve neutro entre Obama e Netanyahu. O espantoso tom acusador de seu discurso foi sem dúvida mandado pela Casa Branca.

Obama quer causar uma pressão da opinião pública para forçar mudanças na política israelense. Ele acredita que se conseguir que a União Européia, a ONU e organizações de direitos humanos se concentrem nos assentamentos, ele abrirá um caminho para um acordo. Claramente, ele não conhece os israelenses. Quanto mais pressão exterior, mais resistência será criada em Israel ainda mais na corrente onda de terror. Além disso, e mais importante, ao pressionar Israel ele endurecerá a posição dos palestinos quanto a qualquer concessão que facilitaria as negociações, sem falar de um acordo.

As declarações de Shapiro causaram uma resposta furiosa de Netanyahu e com razão. Imaginem se o embaixador israelense em Washington decidisse discursar sobre o padrão duplo usado por policiais brancos em relação aos negros americanos.  Seria um escândalo, uma ingerência em assuntos internos de outro país.  Obama neste caso, não está questionando só a aplicação da lei na Judéia e Samaria mas os próprios valores democráticos que unem Israel aos Estados Unidos e assim criar uma imagem fantasiosa de um apartheid. Isto será usado como desculpa para os Estados Unidos efetivamente se distanciarem de Israel.

Como Israel poderá se defender de um ataque diplomático coordenado pelos Estados Unidos e os Europeus e ao mesmo tempo prevenir o continuo assassinato de seus cidadãos pelos palestinos?

Israel precisa se engajar numa ofensiva de relações públicas contra estes argumentos falsos sobre os assentamentos e sobre os ataques contra seus civis. Estes não são lobos solitários, mas o resultado de um sistema educacional que ensina crianças a contar não laranjas mas israelenses mortos. Um sistema em que a mídia glorifica os assassinos e em que o governo tabela salários para terroristas com base na crueldade do ataque. Israel deve direcionar suas declarações para a sociedade palestina como um todo, uma sociedade antissemita que aplaude o barbarismo e que não desvia de seu objetivo de  destruir o estado judeu.

Ofensivas como estas funcionam. Na semana passada, o canal 2 de televisão israelense mostrou um documentário sobre como grupos de esquerda em Israel patrocinados por países europeus, trabalham para a Autoridade Palestina, delatando árabes que venderam propriedades para judeus. Entre eles, um “ativista sênior” do grupo Ta’ayush, Ezra Nawi junto com Nasser Nawaja do Be’tselem, foram filmados a caminho de entregarem para as forças de segurança palestina, nomes destes árabes para serem presos e mortos. No vídeo, Nawi rindo, disse que antes de serem mortos eles seriam bem torturados.

Este vídeo causou um debate acirrado no Parlamento inglês levantando a questão de como o governo britânico poderia continuar a patrocinar o Be’tselem com dinheiro dos seus contribuintes, levando palestinos à sua morte.

Israel precisa desmascarar a Autoridade Palestina. Suas próprias pesquisas de opinião mostram que 67% de seus cidadãos apoiam o uso de facas para matar israelenses. Palestinian Public Opinion Poll No (58), Palestinian Center for Policy and Survey Research, December 2015.

Há algo vil do modo que representante de outros países se permitem repreender Israel de um modo que eles nunca fariam em qualquer outro país. O Paquistão, por exemplo, continua com práticas culturais e religiosas que ameaçam mulheres, forçando meninas a casarem, ataques com ácido e punições por apedrejamento. Alguém poderia imaginar um embaixador Americano repreendendo publicamente seu anfitrião sobre a desigualdade entre os sexos na sociedade paquistanesa? Ou na Arábia Saudita aonde é crime passível de severa punição ter em sua posse uma Bíblia ou um artefato de outra religião. Imaginem o embaixador americano castigando o monarca por sua falta de liberdade de culto? Então, é democrático ter uma lei para muçulmanos e uma para não-muçulmanos?

Ou a Malásia ou a Indonésia nas quais a lei muçulmana da Sharia resultou na perseguição institucionalizada da comunidade LBGT? Imaginem o embaixador americano protestando a discriminação nestes países?

Mas claro, a insistência no principio de dois estados também vai contra o comprometimento Americano de defender a “Liberdade de culto, o direito das mulheres, dos gays, e da manutenção da lei”.  Isto porque no caso de termos um estado palestino, ele não será outra coisa além de mais uma tirania muçulmana homofóbica, em que mulheres são tratadas como propriedade, e aonde não haverá liberdade de culto para cristãos e muito menos para judeus. A antítese dos nobres valores que Obama diz defender. Vai entender.

Vai entender também o fato do mundo ter aceito um Irã nuclear mas ainda não consegue entender a vontade de judeus de viverem em sua terra ancestral.


Sunday, January 17, 2016

O Irã, a Arábia Saudita e o Paquistão - 17/1/2016

Com o preço do petróleo abaixo de $30 o barril, as bolsas do mundo continuam a cair trazendo mais instabilidade ao mundo. Nesta semana que passou também vimos mais ataques perpetrados por terroristas islâmicos. Na capital de Burkina Faso, 29 pessoas foram chacinadas nesta sexta-feira, inclusive dois suíços, dois franceses e seis canadenses. Na terça-feira, um homem-bomba se explodiu no meio de um grupo de turistas alemães matando 10 na Turquia.

Mas ao ouvir o discurso do presidente Obama sobre o estado da união, qualquer um diria que o mundo está no caminho do Shangrilá, do Jardim do Eden, e devemos isto unicamente a ele.

Enquanto Obama declarava que nunca houvera potência igual aos Estados Unidos, que todos estes ataques não causam um problema existencial para a América, e que o mundo está mais seguro devido ao seu acordo com o Irã, soldados americanos ajoelhavam e se rendiam para a guarda costeira iraniana. As imagens dos americanos humilhados, inclusive uma soldada obrigada a colocar o hijab e cobrir seu cabelo, permeavam a mídia iraniana mostrando a supremacia dos aiatolás. Em resposta a esta humilhação, o secretário de estado John Kerry agradeceu a hospitalidade dos iranianos.

O Irã está claramente espalhando seus tentáculos e fortalecendo sua influência no Oriente Médio. Há anos que a postura de Obama em relação aos aiatolás tem alarmado os países árabes sunitas do Golfo, especialmente a Arábia Saudita. Os xiitas nunca esconderam sua ambição de tomar posse dos locais sagrados para os muçulmanos, Meca e Medina, e esta animosidade milenar pode degenerar numa guerra total. Numa guerra nuclear. E é isto o que o Irã está sugerindo.

Com esta situação precária, surpreendentemente a declaração mais perigosa que ouvimos ultimamente não veio do Irã, mas do Paquistão. O chefe das forças armadas General Sharif disse que “o Irã será apagado do mapa se fizer qualquer ameaça à integridade territorial da Arábia Saudita”.

Os sauditas se voltaram para o Paquistão, um país sunita e nuclearmente armado como consequência do abandono dos Estados Unidos de seu papel de protetor do maior produtor de petróleo do mundo. Quando no ano passado Obama retirou o último porta-aviões do Golfo Pérsico, ele soou o sinal de alarme para os árabes. Quando o porta-aviões retornou, os iranianos decidiram flexionar seus músculos lançando mísseis a pouco mais de mil metros do porta-aviões enquanto ele entrava no estreito de Ormuz. Os americanos não reagiram. Nem mesmo emitiram qualquer protesto pela agressão.  

Os sauditas não encontraram outra saída a não ser o Paquistão. E pela história passada com a Índia, não são só ameaças. O Paquistão está pronto para bombardear o Irã por um preço.

A economia paquistanesa está no ralo. Menos de 1% da população paga qualquer tipo de imposto. Mais da metade vive em pobreza. O governo não controla o território. Ataques terroristas por jihadistas são a regra. Minorias, como os cristãos, são perseguidos e assassinados regularmente e há uma sistemática perseguição de mulheres e moças e limitação da educação para elas. A poliomielite, erradicada no resto mundo, virou epidemia no Paquistão.  No entanto, um relatório do Boletim dos Cientistas Nucleares estima que o país tenha entre 70 e 90 ogivas nucleares. Por sua situação frágil, o Paquistão hoje é a maior ameaça para a segurança nuclear do globo.

E agora, com a perda da credibilidade Americana, uma possível agressão do Paquistão oficialmente chegou ao Golfo Pérsico. A jornalista Caroline Glick escreveu no começo do ano que iremos assistir a uma nova onda de destruição de estados árabes.  A noção de estados árabes distintos foi uma ficção inventada pelos ingleses e franceses no final da Primeira Grande Guerra para recompensar os líderes das maiores tribos da região por seu apoio às potências ocidentais.

Com a exceção do Egito, os países árabes formados depois da Guerra não eram Estados. Suas populações não se distinguiam em nações distintas. Todos se consideravam simplesmente árabes. E isto é verdade também para os árabes que viviam na Terra Santa. Até 1948, a denominação “palestino” era de uso exclusivo dos judeus.

Há seis anos, vimos a primeira onda do colapso destes estados. A Síria, a Líbia, o Iraque, e o Iêmen não existem mais. O Líbano está a beira do colapso. O Egito ainda não se refez da revolução e da contrarrevolução que passou. A Jordânia está a caminho da falência pressionada pelo influxo de refugiados e sua diminuta economia. E a Arábia Saudita, como o centro da cultura árabe e o maior produtor de petróleo é o país que continua a liderar a assistência econômica aos mais desafortunados.

O problema é que a ameaça iraniana aos sauditas tem crescido em proporção direta da determinação de Obama de realinhar os Estados Unidos com o Irã abandonando seus aliados sunitas tradicionais. Este famigerado acordo nuclear com os aiatolás só aumentou a agressão iraniana, pois eles não temem mais qualquer retaliação americana por suas ameaças às monarquias sunitas. O Irã ameaça e em troca recebe bilhões de dólares e a suspensão das sanções econômicas pelas irresponsáveis potências ocidentais.

Mas o Irã não é a única ameaça à Casa de Saud. A queda do preço do petróleo ameaça acabar com as reservas financeiras da Arábia Saudita em cinco anos. A renda do petróleo paga por uma economia totalmente subsidiada e é assim que a família se mantém no poder. Já no mês passado, os sauditas foram forçados a cortar subsídios no fornecimento de água, eletricidade e até gasolina.

A bastante condenada demonstração de força dos sauditas ao executarem os 43 prisioneiros no começo do ano, inclusive o clérigo xiita Nimr al-Nimr foi necessária para a família real mostrar que ainda manda no país.

E aí temos o Estado Islâmico. Desde a revolução iraniana de 1979, os sauditas tentaram contrapor a devoção dos aiatolás com sua própria versão do radicalismo islâmico, promovendo o wahabismo no reino e o jihadismo fora dele.

Este patrocínio, no entanto, fugiu ao seu controle, primeiro com al-Qaeda e agora com o Estado Islâmico. O Daesh hoje está no comando de vastas áreas de terra no Iraque, na Síria e na Líbia, está ameaçando o Egito, a Jordânia e a Arábia Saudita. O apoio ao jihad entre os sauditas faz muitos acreditarem que se o Daesh atravessar a fronteira será recebido com confetes em vez de balas. E se a Casa de Saud cair cairão todas as outras monarquias da região.

Isto será o caos total. Um caos que afetará a economia global e a segurança da Europa e dos Estados Unidos.

É óbvio que a única maneira de impedir que o caos ocorra é para os Estados Unidos reverem sua política e fornecerem garantias palpáveis à Arábia Saudita de seu comprometimento com a segurança do reino. Para tanto, os Estados Unidos teriam que responder de maneira inequívoca à próxima agressão iraniana e denunciar seu programa de mísseis balísticos.

Mas conhecendo Obama e sua administração, podemos apostar que eles farão exatamente o oposto. Obama falou muito em seu discurso sobre o Estado da União, que ele aproveitará este ultimo ano de governo para impor sua visão. Ele também fará tudo para que um democrata vença as próximas eleições para presidente, pois os republicanos já avisaram que revogarão muitas de suas medidas inclusive em relação ao Irã.

Se Obama não consegue protestar o lançamento de um míssil próximo ao seu porta-aviões, ele não fará nada para salvar Israel se atacada pelo Irã, não importa quantas vezes ele repita que protegerá o estado judeu. Se Obama, de seu mundo de fantasia, não consegue enxergar a perigosa direção para a qual o mundo está caminhando e as consequências de suas mal pensadas políticas, então seus aliados tradicionais serão obrigados a rever aonde restam suas lealdades e procurar alternativas.


Neste meio tempo, e infelizmente, a única coisa que temos para deter o Irã é um Estado falido com o dedo sobre o gatilho nuclear.

Sunday, January 10, 2016

Um Ano Após Charlie Hebdo - 10/1/2016

Nesta semana aconteceram vários eventos que poderíamos discutir aqui. O fato da Coréia do Norte ter supostamente explodido a primeira bomba de hidrogênio e seu relacionamento com o Irã. Ou os migrantes muçulmanos que estão causando uma onda de estupros da Alemanha que fez Angela Merkel rever sua política de absorção de refugiados. Ou a continuidade dos ataques terroristas em Israel e o fato da Autoridade Palestina ter se juntado ao Hamas para declarar o perpetrador do ataque em Tel Aviv, um reverenciado mártir.

Mas esta semana também marcou um ano dos ataques na França, ao jornal Charlie Hebdo e ao Supermercado Hyper-Kasher. E um ano depois da liberdade de expressão ser apunhalada, outro terrorista tentou marcar o dia tentando esfaquear policiais no norte de Paris. Isto enquanto o presidente francês François Hollande lembrava as vítimas e os heróis do ano anterior do outro lado da cidade.

Os milhões que convergiram para a Place de la Republique naquele dia e o resto do mundo que declarou “Je suis Charlie” não evitou este e os ataques que a França sofreu em Novembro. De um ano para cá, temos não só um aumento na violência, mas a palpável supressão da expressão e do humor, da sátira e da crítica quando se trata de muçulmanos ou do islamismo.

Eu pessoalmente nunca fui muito fã do Charlie Hebdo. Não acho graça na maioria de seus cartoons e alguns são simplesmente de mau gosto. Mas eu como o resto no ocidente, tenho a liberdade de lê-los ou não, de compra-lo ou não. É esta liberdade que os terroristas quiseram revogar em Janeiro de 2015.

Não podemos construir um futuro melhor sem entendermos os erros do passado. E assim, hoje quero falar sobre o que levou à este barbarismo e à hipocrisia que se seguiu.

Foram muitos séculos, muitas batalhas, muito sangue derramado para livrar a Europa da ditadura da religião e tornar seus países em democracias seculares aonde há separação entre o Estado e a Igreja. O direito de falar de modo pejorativo sobre Deus ou de coisa sagrada, isto é, de proferir uma blasfêmia, é a pedra fundamental desta separação. Ela protege ambos ateus e crentes. No entanto, hoje ela é ameaçada por fanáticos imbecis que são capazes de matar alguém por causa de uma caricatura zombando sua falta de humor.
Suas balas e seus cúmplices estão tentando fazer voltar o relógio do tempo e eliminar as conquistas de liberdade alcançadas, com desculpas esfarrapadas de se sentirem “ofendidos”. O direito de expressão também inclui o direito de ofender, desde que não seja uma incitação à violência.

Levou-se muitos anos de luta e caricaturas extremamente ofensivas contra padres, o papa e até Jesus para que a sociedade negociasse um compromisso com a Igreja, que na França, se tornou lei há 110 anos. A marcha de Paris, do 11 de janeiro 2015, foi o grito do povo francês de sua recusa de voltar atrás.

Infelizmente o grito calou. Os terroristas estão vencendo porque em vez de ficarmos firmes em nossas convicções e não nos deixarmos intimidar, muitos na mídia resolveram tomar o caminho fácil da auto-censura. Ninguém tem qualquer problema quando se publicam caricaturas de judeus “dominando a Europa” ou “bebendo o sangue dos palestinos como vampiros”. Ou quando caricaturistas europeus participam de competições para zombar do Holocausto. Sim, apesar de nauseante, isto é o direito de livre expressão a ser defendido. Exceto e contanto que não façam caricaturas do Profeta do islamismo.

O que estes fanáticos querem e a mídia está pronta a entregar, é um mundo aonde é permitido zombar de fanáticos, exceto fanáticos muçulmanos, e aonde o antissemitismo seja algo completamente aceitável!

Isto é o mesmo que dizer que o melhor remédio contra os fanáticos é o retorno aos taboos e às leis anti-blasfêmia. O retorno à inquisição. Vimos este jornalismo irresponsável em todos os lugares e quando os corpos de Cabu e Tignous e Wolin ainda estavam mornos. A CNN, a BBC, a MSNBC escureceram as imagens das caricaturas criadas por eles, e até a capa da edição de retorno às bancas do Charlie Hebdo que tinha o desenho de Maomé dizendo que tudo estava perdoado. Num ataque subsequente no Texas à uma competição de caricaturas do profeta, as redes de televisão também escolheram obscurecer as imagens, para não serem “ofensivos”.

Os próprios muçulmanos discordam sobre poderem ou não retratar seu profeta. Os sunitas wahabistas são absolutamente contra qualquer representação, pois de acordo com eles, isso pode levar à idolatria. No Irã, xiita, em contrapartida, desenhos do profeta são comuns. Aqui em NY, a ala de arte islâmica do Metropolitan Museum tem vários retratos antigos e um em particular, do profeta ascendendo aos céus, sem controvérsia.

E aí vem a hipocrisia.

Na marcha do dia 11 de janeiro do ano passado todos estavam alí. Líderes e chefes de governo do mundo, todos os que haviam sido caricaturados pelo Charlie Hebdo, supostamente para apoiar a França e seus valores.

40 chefes de estado, incluindo vários que hipocritamente mais restringem a liberdade de expressão e imprensa do que a defendem. O Ministro do Exterior da Rússia, que mandou a banda Pussy Riot para um campo de internamento por “blasfêmia contra Putin numa catedral”. O Primeiro Ministro da Turquia, que processou um cartunista por ter ofendido seu presidente muçulmano. Os Emirados Árabes vieram com toda a força. Qatar enviou o irmão do Emir. A Arábia Saudita, seu ministro do exterior. Imaginem!!!! a Arábia Saudita que naquele mesmo mês, continuava a açoitar o blogueiro Raif Badawi, sentenciado a mil chibatadas por “ridicularizar” o islamismo. Badawi foi denunciado como um apóstata por ter escrito que “muçulmanos, cristãos, judeus e ateus são todos iguais”.

Nestes lugares um jornal satírico como Charlie Hebdo não teria durado um dia. Mas todos estes tiranos fingidos foram aplaudidos nas ruas de Paris.

Estes fanáticos não podem nos matar a todos. E ao nos mantermos firmes e recusarmos sermos intimidados, talvez eles se deem conta de sua futilidade.

E sejamos francos. Quem hoje em dia, irá praticar idolatria frente a uma caricatura qualquer, seja ela de um profeta ou de um Maomé taxista? A quem querem convencer com este argumento absurdo?

Estes terroristas conseguiram em poucos anos virar o mundo de cabeça para baixo. Cabe a nós vira-lo de cabeça para cima, mesmo com balas chovendo em volta. Não temos outra alternativa. Serão nossas palavras, nossa arte, nossas caricaturas contra a perfídia. Temos que ter orgulho de nossas conquistas de liberdade e aonde o dialogo existe apesar das divergências, aonde crentes e ateus são iguais, aonde todas as religiões são consideradas iguais, aonde podemos rir de nossos temores e ridicularizar a nós mesmos sem medo. É isso que nos mantêm criativos e inovadores. Nossa lucidez e nossa luz serão nossas armas contra esta escuridão e atraso. E somente com coragem iremos vencer estes bárbaros medievais.



Sunday, January 3, 2016

Recebendo o 2016 - 3/1/2016

Infelizmente começamos o ano com mais violência no Oriente Médio além das ameaças já existentes na Europa e nos Estados Unidos. A França diminuiu as comemorações do Final de Ano restringindo-as a um show de luzes no Arco do Triunfo. A Belgica simplesmente cancelou os fogos anuais. Em Munique, na Alemanha, as estações centrais de trem e metrô foram fechadas com a ameaça de ataque por um homem-bomba. Aqui nos Estados Unidos, as cidades de Los Angeles, Miami e Nova Iorque redobraram a presença policial. Somente em Times Square tivemos 6 mil policiais revistando e patrulhando a praça para proteger o milhão de participantes que foram contar os minutos finais de 2015 e receber 2016.

Tudo isso cortesia do jihadismo islamico que continua a minar nossas liberdades e a ameaçar nosso modo de vida.

Com a retomada de Ramadi pelas forças iraquianas, e o encolhimento do território dominado pelo Estado Islâmico, deveriamos ver uma redução nestas ameaças. Mas não é isto o que está acontecendo. Os tentáculos do grupo ainda alcançam os mais impressionáveis ao redor do mundo para perpetrarem ataques.

Na véspera do Ano Novo, um rapaz de 25 anos de idade, Emanuel Lutchman, um convertido ao islamismo, foi preso e acusado de planejar um massacre num restaurante em sua cidade de Rochester em nome do Estado Islâmico. Segundo ele, seu plano era de matar o maior numero de pessoas possível com facas e pegar reféns. Conforme seu depoimento, ele queria tirar vidas em nome do grupo.

No Oriente Médio, no entanto, neste final de semana, tivemos a invasão da embaixada e de um consulado da Arábia Saudita no Irã. Os manifestantes colocaram fogo nos imóveis e destruíram o que puderam. Isto em protesto à execução em massa de 47 prisioneiros, inclusive um clérigo xiita famoso, Nimr al-Nimr, que liderou protestos por reformas e direitos iguais aos xiitas no reino saudita. A maioria dos 47 foi decapitada de acordo com a lei islâmica enquanto outros foram fuzilados. Nimr foi condenado por subversão, disobediencia e por portar uma arma.

Toda semana a Arábia Saudita executa prisioneiros por crimes como feitiçaria, apostasia e adultério. Estas, no entanto, de manifestantes xiitas podem sim incendiar ainda mais a região. Protestos no Iraque, em Bahrain, Yemen, Paquistão e até frente a embaixada saudita em Londres e outras capitais da Europa rapidamente se formaram. O governo iraniano já ameaçou dizendo que a familia real saudita pagará um preço alto pela morte do clerigo e a reinado respondeu chamando o Irã de irresponsável pela condenação.

Ban-Ki-Moon, secretario geral da ONU se disse simplesmente “chocado” com as execuções. Mas ninguém chamou por uma reunião de emergência do Conselho de Segurança ou qualquer coisa do tipo. Isto só acontece quando Israel está de algum modo envolvida.

Será muito interessante ver a reação do governo de Dilma. Alguém deveria perguntar se a posição do governo brasileiro é de apoio às execuções. Se for contra, então no mínimo ela deveria chamar o embaixador brasileiro de volta para “consultas”, como fez com o embaixador em Tel Aviv, durante a guerra de defesa que Israel teve que promover contra a agressão do Hamas em 2014.

Em Israel, na sexta-feira, um árabe israelense pegou a arma de seu pai, um policial árabe da força de Israel e calmamente atirou contra civis num bar. Seu ataque foi muito bem planejado apesar da familia dizer que ele tem disturbios mentais. Este terrorista já passou alguns anos em prisões israelenses por tentar roubar uma arma de um soldado em 2007. Dois jovens morreram, elevando o numero de mortos judeus nesta última onde de terror palestino para 27.  

Mas a mídia internacional esta manhã está em primeiro lugar focada nos ataques à embaixada saudita. Mas logo em seguida está Israel. Não sobre o ataque de sexta-feira que deixou dois mortos e vários feridos, ou o fato do terrorista ter fugido e as escolas e outros lugares públicos em Tel Aviv estarem sob pesada vigilancia. A notícia que ganhou as manchetes é o indiciamento de dois israelenses pelo ataque à familia árabe Dawabshe residentes na Cisjordânia.

Muitos ouvintes me enviaram emails para eu me manifestar sobre o que definiram como terrorismo judeu.

Para mim, não há diferença entre terrorismo árabe e judeu. Os dois devem ser punidos igualmente. Mas há sim diferença em como as comunidades recebem e aceitam estes ataques. Repetidamente, árabes, inclusive membros da knesset, chamam estes terroristas palestinos de mártires. Suas familias são recebidas como heróis e do ataque para frente, passam a receber salários de ministros pela Autoridade Palestina independentemente da crueldade dos assassinos, inclusive contra crianças. Diferentemente, em Israel, não há pessoa que não condene ataques contra civis inocentes. Inclusive a própria familia e rabinos dos perpetradores.

Estes irresponsáveis não são recebidos como heróis e suas familias devem gastar todos seus recursos com advogados e a vergonha os segue para sempre.

O terrorismo perpetrado por judeus deve ser condenado e punido severamente. Felizmente eles podem ser contados em uma mão. 

Gostaria de ter a esperança que o ano de 2016 trouxesse um pouco mais de razão e menos fanatismo ao mundo, mas pela amostra que já tivemos nestes dois primeiros dias, não parece ser este o caso.

De qualquer forma, gostaria de desejar a todos um bom ano, um ano de saúde, boas noticias, amor, sucesso e pelo menos paz de espírito se não for paz no mundo.