Sunday, April 29, 2012

A Israel Feliz!


Uma pesquisa recente do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas mostrou que os israelenses estão em 17º lugar no nível de felicidade do mundo. O primeiro lugar ficou com a Noruega e o último com a República Democrática do Congo. Os Estados Unidos ficaram em 4º e o Brasil em 84º.

Mas o fato de Israel ter ficado em 17º causou várias críticas, como era de se esperar. Este é um país em guerra, com todo o tipo de problemas externos e internos. Israel tem mísseis vindos de Gaza e não tem abrigos suficientes. É ameaçada com um Irã nuclear e faltam máscaras de gás. Israel desenvolve os remédios mais avançados do mundo mas não tem dinheiro para inclui-los na cesta da saúde. Tem problemas entre religiosos e seculares, imigrantes ilegais, falta de moradia e salários estagnados. Os impostos são altos e o preço da gasolina é insano. Israel tem obesos e anorexicos, deprimidos e maníacos e todo outro tipo de problema.

Então porque o israelense é feliz e saiu às ruas nesta semana para comemorar o 64º aniversário de sua independência com pompa e churrascos?

Acho que a coisa tem a ver com a vizinhança na qual Israel se encontra. Enquanto seus cidadãos têm que se preocupar com pagar o aluguel, passar exames ou ganhar uma promoção, seus vizinhos estão cada vez mais regredindo e voltando à Idade Média. Estes vizinhos estão a apenas uma hora de vôo de Israel em qualquer direção mas este percurso pode ser uma verdadeira viagem na máquina do tempo.

O fato da Siria ter se tornado um campo de batalha por exemplo, é notícia velha. A conclusão é que Bashar Al-Assad deve ser removido. Mas o resto do mundo não parece muito inclinado a tomar qualquer atitude porque a Síria não é produtora de petróleo ou outro mineral, vegetal ou animal importante ao Ocidente. No ano passado, o presidente Barak Obama ordenou a intervenção na Líbia baixo à uma grandiosa doutrina de “Responsabilidade de Proteger”. Moammar Gaddafi estava ameaçando massacrar Benghazi. O presidente disse na ocasião que não fazer nada teria sido “trair quem nós somos”.

Neste último ano, o governo da Síria fez mais do que ameaçar. Ele massacrou seus cidadãos. Não há nada hipotético sobre os desaparecimentos, execuções e bombardeamentos indiscriminados de civis. Mais de 9 mil estão mortos e Obama diz que não podemos ficar sentados e não fazer nada. Mas é exatamente isso que ele tem feito: nada.

Se os Estados Unidos não estão preparados para intervir nem mesmo indiretamente, ajudando a oposição, então que o diga e depois se cale. Não faça de conta que as Nações Unidas estão fazendo o trabalho ou que os Estados Unidos estão por trás das iniciativas. Acima de tudo, não envergonhe a América com uma Diretoria de Prevenção à Atrocidades. As tragédias de Rwanda, Darfur e agora da Síria, não foram resultantes de falta de informação ou coordenação entre agências. Foram resultantes da falta de vontade de agir.

E aí temos os outros países da região que conseguiram remover seus líderes na chamada “Primavera Árabe”. Um artigo muito revelador escrito por Mona Al-Tahawi na revista Foreign Policy mostra o retrocesso da situação das mulheres no Marrocos, Tunísia e especialmente no Egito.

Reportagens sobre garotas de 12 anos morrendo dando a luz só conseguiram causar demonstrações de apoio à legalização dos casamento de meninas impúberes. Os poucos que levantaram a voz e acusaram o estado de sancionar a pedofilia são chamados de apóstatas porque o profeta Maomé no século VII consumou seu casamento com sua nona esposa Aisha quando ela tinha 9 anos.

Mas isto também é notícia passada. A última abominação veio esta semana do Cairo – aonde Obama fez seu primeiro discurso monumental de apaziguamento ao mundo muçulmano. De acordo com o canal de notícias Al-Arabiya, baseado em Dubai, duas novas leis estão para ser passadas no parlamento egípcio. Uma é para abaixar a idade de casamento para as meninas e a outra, é para permitir ao marido ter relações sexuais com o corpo de sua mulher nas seis horas seguintes ao pronunciamento de sua morte.

Mas no Marrocos, que se considera um país mais avançado, lá os cléricos muçulmanos decidiram que as mulheres também podem ter relações com seus maridos mortos. Mas somente nas primeiras 6 horas.

O Conselho Nacional para Mulheres do Egito fez um apelo ao parlamento para não passar estas leis que torpedeam os direitos adquiridos sob Mubarak. Os islamistas dizem que estes direitos adquiridos pelas mulheres – como o direito de divorciar um marido abusivo -estão destruindo familias. Segundo eles, a lei islâmica que diz que o marido pode surrar sua mulher desde que tenha “boas intenções”, tem que ser respeitada.

Na Arábia Saudita, considerado um país altamente desenvolvido, as mulheres não podem dirigir, não podem votar, não podem sair em público sem estarem acompanhadas por um macho de sua família, e se houver um incêndio e você for mulher, a polícia religiosa não permitirá os bombeiros a salvarem.

Na Autoridade Palestina, o abuso sexual de funcionárias públicas com total impunidade se tornou uma epidemia. No Yemen, 55% das mulheres são analfabetas e 79% não trabalham.

O que quer que seja que esteja acontecendo nos últimos 16 meses no Oriente Médio, seguramente não é um processo de democratização. E o mundo continua acusando Israel de opressão e discriminação.

Nesta semana uma reportagem da CBS no programa 60 minutos praticamente culpou Israel pela fuga dos cristãos do Oriente Médio. O jornalista veterano Bob Simon determinou que as políticas de segurança de Israel são responsáveis pela emigração dos cristãos palestinos de áreas históricas como Belém.

 As tensões entre cristãos e muçulmanos no Oriente Médio existiram muito antes do estado de Israel.  As populações nunca se deram bem desde a época das cruzadas. Se este tivesse sido o caso, como explicar que no local de nascimento de Jesus há hoje uma maioria muçulmana? Os cristãos são minoria porque perderam este conflito milenar. Se Simon tivesse tido o trabalho de analisar a situação de modo imparcial teria verificado que o êxodo acontece somente nas áreas controladas pela Autoridade Palestina.

De fato, Israel é o único país do Oriente Médio, em que a população cristã aumentou. Em 1948 haviam 34 mil cristãos e hoje 140 mil. Agora vamos ver se há uma retratação da CBS por este jornalismo pobre e amador.

De volta à Feliz Israel, a vida lá não é um sonho mas está longe de ser este pesadelo dos vizinhos. A Síria ganhou sua independência da França 2 anos antes de Israel e a população lá não tem muito o que comemorar 66 anos depois.

Esta pesquisa da felicidade mediu fatores como saúde, segurança econômica, liberdade política e educação – todas as coisas que os israelenses adoram discutir e são livre para faze-lo – em hebraico, em alta voz, em público e até com estranhos. É claro que ela tem seus inimigos e parte desta inimizade é francamente pura inveja.

Os israelenses estão aí: não só vivos mas felizes! Eles podem ter seus problemas mas considerando o estado do mundo ao seu redor, eles têm muita razão para toda esta felicidade.


Monday, April 2, 2012

ObamaLeaks - 01/04/2012

Depois da última visita de Netanyahu a Washington na qual o presidente americano Barak Obama jurou guardar as costas de Israel, funcionários do governo americano embarcaram numa manobra diplomática incompreensível e potencialmente muito danosa para o estado judeu.

Todas as declarações vazias de apoio não compensam o dano concreto que o inexplicavel vazamento de informação da administração Obama está causando ao poder de dissuasão de Israel, efetivamente sabotando uma alternativa viável de atacar o Irã.

Primeiro, 2 semanas atrás a administração americana vazou ao The New York Times o resultado de uma simulação do Pentágono que mostrava que um ataque de Israel ao Irã poderia atrasar a produção de uma bomba nuclear somente por meio ano mas resultaria na morte de uns 200 americanos. Eles não explicaram em que circumstâncias estes americanos morreriam mas 200 estão bem longe dos 1556 americanos mortos no Iraque e Afganistão desde que Obama assumiu a presidência até hoje, em guerras que ele mesmo declarou serem ilegítimas.

A mensagem de Obama foi: Não ataquem ou vamos culpar vocês pela morte de americanos. E para provar que estavam sérios, o jornal publicou o local exato, data, parâmetros e nomes dos participantes da simulação.

Depois disso o Serviço de Pesquisa do Congresso vazou um relatório que concluiu que um ataque de Israel ao Irã iria causar pouco dano e o custo político seria altissimo para os Estados Unidos.

Mas pior que tudo, foi o vazamento deliberado de documentos do Departamento de Estado para a revista Foreign Policy, sobre detalhes de bases aéreas israelenses secretas no Azerbaijão que tem fronteira com o Irã, assim como detalhes logísticos de uma operação militar de Israel a partir de lá.

Toda a suposta “coordenação” entre Israel e Washington sobre o Irã, as alegações de Obama de estar do lado de Israel, veio abaixo esta semana quando Obama tirou sua máscara mostrando que está mais interessado em implodir os esforços de Israel do que impedir o Irã de adquirir a bomba.

Israel negou que teria bases aéreas no Azerbaijão mas verdade ou não, esta era uma informação considerada secreta. Na terça-feira, Amir Oren do jornal Haaretz, aparentemente baseando sua informação em fontes do governo americano disse que Israel teria concordado em adiar um ataque ao Irã até 2013. Assumindo que esta informação seja verdadeira, de quem ela veio?

Rivais do primeiro ministro Benjamin Netanyahu e do Ministro da Defesa Ehud Barak que se opoem a um ataque ao Irã, consideraram uma grande vitória política trazer estes fatos para a o topo da agenda internacional. Eles acreditam que o boicote ao Irã foi um esforço de Israel, e se sanções forem impostas sobre o Banco Central do Irã, então o efeito será rápido e devastador.

Se isto for correto, então o que alguém no Pentágono teria a ganhar dizendo aos Ayatollahs que eles não têm nada a temer agora? Isto é muito esquizofrênico!

O Irã mostrou querer negociar uma suspensão do componente militar do seu programa nuclear quando sentiu uma ameaça séria de Israel. A declaração do ministro da defesa da Alemanha após se encontrar com Ehud Barak dizendo que estava muito preocupado com um ataque de Israel ao Irã só fortaleceu as chances do Irã a suspender seu programa nuclear. Sem temor, não há como trazer os ayatollahs para a mesa de negociação.

Há uma grandíssima diferença entre os Estados Unidos tentarem dissuadir Israel de uma ação militar diplomaticamente e uma pressão unilateral e pública de Obama para impedir Netanyahu e Barak de tornar crível uma ameaça de intervenção militar no Irã.

Ninguém quer um ataque a não ser que todas as outras opções tenham falhado. Mas este ataque pode acontecer com muito sucesso mesmo se 200 americanos ou israelenses forem mortos na operação.

E talvez ele não aconteça ou porque se tornou desnecessário ou porque Israel perdeu o barco e as usinas nucleares passaram do ponto de não retorno. Este é o pior cenário. De um jeito ou de outro, os Estados Unidos estão prejudicando a segurança e fechando as janelas de oportunidade para Israel, divulgando segredos militares que eles adquiriram em confiança de um aliado.

Obama não perde a oportunidade para se gabar aos eleitores judeus de ter autorizado um upgrade das relações de inteligência com Israel e o desenvolvimento conjunto de armas. Mas estes suposto upgrade só beneficia os Estados Unidos. Israel passa informações classificadas e Obama as vaza para a mídia, numa verdadeira sabotagem à segurança nacional de Israel.

O ex-embaixador americano na ONU John Bolton, disse na quinta-feira que o vazamento deste tipo de informação de um país amigo era algo sem precedentes. Israel como “país amigo” nesta administração americana é algo ainda a ser determinado. Citando um fonte do governo americano a Foreign Policy disse que administração Obama estava “observando o Irã muito atentamente mas também o que Israel estava fazendo no Azerbaijão e não estava nada contente com o que estava vendo.”

Os romanos nos ensinaram que “aquele que quer paz, deve se preparar para a guerra”. Hoje, temos que dizer que aquele que quer paz, deve se preparar para a guerra e ameçar faze-la de modo convincente.

Quanto a Obama, ele deveria saber que “guardar as costas” não implica em apunhala-las na primeira ocasião. E seus eleitores não devem esquecer isso quando chegar novembro.