Uma pesquisa recente do Programa de Desenvolvimento
das Nações Unidas mostrou que os israelenses estão em 17º lugar no nível de
felicidade do mundo. O primeiro lugar ficou com a Noruega e o último com a
República Democrática do Congo. Os Estados Unidos ficaram em 4º e o Brasil em
84º.
Mas o fato de Israel ter ficado em 17º causou várias
críticas, como era de se esperar. Este é um país em guerra, com todo o tipo de
problemas externos e internos. Israel tem mísseis vindos de Gaza e não tem
abrigos suficientes. É ameaçada com um Irã nuclear e faltam máscaras de gás. Israel
desenvolve os remédios mais avançados do mundo mas não tem dinheiro para inclui-los
na cesta da saúde. Tem problemas entre religiosos e seculares, imigrantes
ilegais, falta de moradia e salários estagnados. Os impostos são altos e o
preço da gasolina é insano. Israel tem obesos e anorexicos, deprimidos e
maníacos e todo outro tipo de problema.
Então porque o israelense é feliz e saiu às ruas nesta
semana para comemorar o 64º aniversário de sua independência com pompa e
churrascos?
Acho que a coisa tem a ver com a vizinhança na qual
Israel se encontra. Enquanto seus cidadãos têm que se preocupar com pagar o
aluguel, passar exames ou ganhar uma promoção, seus vizinhos estão cada vez
mais regredindo e voltando à Idade Média. Estes vizinhos estão a apenas uma
hora de vôo de Israel em qualquer direção mas este percurso pode ser uma
verdadeira viagem na máquina do tempo.
O fato da Siria ter se tornado um campo de batalha por
exemplo, é notícia velha. A conclusão é que Bashar Al-Assad deve ser removido.
Mas o resto do mundo não parece muito inclinado a tomar qualquer atitude porque
a Síria não é produtora de petróleo ou outro mineral, vegetal ou animal
importante ao Ocidente. No ano passado, o presidente Barak Obama ordenou a intervenção
na Líbia baixo à uma grandiosa doutrina de “Responsabilidade de Proteger”. Moammar
Gaddafi estava ameaçando massacrar Benghazi. O presidente disse na ocasião que
não fazer nada teria sido “trair quem nós somos”.
Neste último ano, o governo da Síria fez mais do que
ameaçar. Ele massacrou seus cidadãos. Não há nada hipotético sobre os
desaparecimentos, execuções e bombardeamentos indiscriminados de civis. Mais de
9 mil estão mortos e Obama diz que não podemos ficar sentados e não fazer
nada. Mas é exatamente isso que ele tem feito: nada.
Se os Estados Unidos não estão preparados para
intervir nem mesmo indiretamente, ajudando a oposição, então que o diga e
depois se cale. Não faça de conta que as Nações Unidas estão fazendo o trabalho
ou que os Estados Unidos estão por trás das iniciativas. Acima de tudo, não
envergonhe a América com uma Diretoria de Prevenção à Atrocidades. As tragédias
de Rwanda, Darfur e agora da Síria, não foram resultantes de falta de
informação ou coordenação entre agências. Foram resultantes da falta de vontade
de agir.
E aí temos os outros países da região que conseguiram
remover seus líderes na chamada “Primavera Árabe”. Um artigo muito revelador
escrito por Mona Al-Tahawi na revista Foreign Policy mostra o retrocesso da
situação das mulheres no Marrocos, Tunísia e especialmente no Egito.
Reportagens sobre garotas de 12 anos morrendo dando a
luz só conseguiram causar demonstrações de apoio à legalização dos casamento de
meninas impúberes. Os poucos que levantaram a voz e acusaram o estado de
sancionar a pedofilia são chamados de apóstatas porque o profeta Maomé no
século VII consumou seu casamento com sua nona esposa Aisha quando ela tinha 9
anos.
Mas isto também é notícia passada. A última abominação
veio esta semana do Cairo – aonde Obama fez seu primeiro discurso monumental de
apaziguamento ao mundo muçulmano. De acordo com o canal de notícias Al-Arabiya,
baseado em Dubai, duas novas leis estão para ser passadas no parlamento
egípcio. Uma é para abaixar a idade de casamento para as meninas e a outra, é
para permitir ao marido ter relações sexuais com o corpo de sua mulher nas seis
horas seguintes ao pronunciamento de sua morte.
Mas no Marrocos, que se considera um país mais
avançado, lá os cléricos muçulmanos decidiram que as mulheres também podem ter
relações com seus maridos mortos. Mas somente nas primeiras 6 horas.
O Conselho Nacional para Mulheres do Egito fez um
apelo ao parlamento para não passar estas leis que torpedeam os direitos
adquiridos sob Mubarak. Os islamistas dizem que estes direitos adquiridos pelas
mulheres – como o direito de divorciar um marido abusivo -estão destruindo
familias. Segundo eles, a lei islâmica que diz que o marido pode surrar sua
mulher desde que tenha “boas intenções”, tem que ser respeitada.
Na Arábia Saudita, considerado um país altamente
desenvolvido, as mulheres não podem dirigir, não podem votar, não podem sair em
público sem estarem acompanhadas por um macho de sua família, e se houver um
incêndio e você for mulher, a polícia religiosa não permitirá os bombeiros a
salvarem.
Na Autoridade Palestina, o abuso sexual de
funcionárias públicas com total impunidade se tornou uma epidemia. No Yemen, 55%
das mulheres são analfabetas e 79% não trabalham.
O que quer que seja que esteja acontecendo nos últimos
16 meses no Oriente Médio, seguramente não é um processo de democratização. E o
mundo continua acusando Israel de opressão e discriminação.
Nesta semana uma reportagem da CBS no programa 60
minutos praticamente culpou Israel pela fuga dos cristãos do Oriente Médio. O
jornalista veterano Bob Simon determinou que as políticas de segurança de
Israel são responsáveis pela emigração dos cristãos palestinos de áreas
históricas como Belém.
As tensões
entre cristãos e muçulmanos no Oriente Médio existiram muito antes do estado de
Israel. As populações nunca se deram bem
desde a época das cruzadas. Se este tivesse sido o caso, como explicar que no
local de nascimento de Jesus há hoje uma maioria muçulmana? Os cristãos são
minoria porque perderam este conflito milenar. Se Simon tivesse tido o trabalho
de analisar a situação de modo imparcial teria verificado que o êxodo acontece somente
nas áreas controladas pela Autoridade Palestina.
De fato, Israel é o único país do Oriente Médio,
em que a população cristã aumentou. Em 1948 haviam 34 mil cristãos e hoje 140
mil. Agora vamos ver se há uma retratação da CBS por este jornalismo pobre e
amador.
De volta à Feliz Israel, a vida lá não é um sonho mas
está longe de ser este pesadelo dos vizinhos. A Síria ganhou sua independência
da França 2 anos antes de Israel e a população lá não tem muito o que comemorar
66 anos depois.
Esta pesquisa da felicidade mediu fatores como saúde,
segurança econômica, liberdade política e educação – todas as coisas que os
israelenses adoram discutir e são livre para faze-lo – em hebraico, em alta voz,
em público e até com estranhos. É claro que ela tem seus inimigos e parte desta
inimizade é francamente pura inveja.
Os israelenses estão aí: não só vivos mas felizes!
Eles podem ter seus problemas mas considerando o estado do mundo ao seu redor,
eles têm muita razão para toda esta felicidade.
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