Algumas vezes
acontece de eu escrever aqui sobre a ONU – pelo menos uma vez a cada três meses. Isso porque é a cada três meses que
o Conselho de
Segurança da ONU realiza sua mandatória sessão sobre Israel. O
único país a sofrer este tipo de bullying diplomático deste monstruoso organismo
mundial que se alimenta em promover o antissemitismo em vez de promover os
direitos humanos e a paz.
Mas a ONU não se restringe a atacar o estado judeu somente
quatro vezes por ano.
Caso o assunto corresse o risco de sair do radar mundial, no final do ano
passado a ONU lançou uma investigação sem precedentes sobre supostos “crimes de guerra contra Israel”, com mandato
de apresentar um
relatório duas vezes por ano, e sem data para terminar. Como a ONU concedeu exclusivamente aos
palestinos o status de refugiados perpétuos, um status que eles podem passar de geração em geração, ela
precisa, paralelamente, manter o status de Israel como o culpado perpétuo.
O fato de os cinco membros permanentes do Conselho de
Segurança incluírem a Rússia e a China pode explicar por que a organização prefere se
concentrar em Israel em vez de algo mais próximo a elas.
A verdade é
que daria para falar sobre a hipocrisia e discriminação da ONU contra Israel
toda semana, mas esta
é uma ocasião especial. É difícil ficar em silêncio depois que
o funcionário da ONU Miloon Kothari, um dos três membros da “Comissão Internacional Independente
de Inquérito da ONU sobre o Território Palestino Ocupado, incluindo Jerusalém
Oriental e em Israel” repetiu numa entrevista, uma das mais
velhas tropes antissemitas conhecidas.
Mas vamos ver
primeiro o que é esta Comissão. Ela foi inicialmente aprovada em maio de 2021 pelo Conselho de
Direitos Humanos da ONU, com sede em Genebra, outro órgão da ONU que
obsessivamente ataca Israel. Ela se seguiu à Operação Guardião dos Muros de 11
dias que começou quando o Hamas em Gaza lançou mísseis, primeiro em Jerusalém e depois em
grande parte do resto do país. A Comissão de Inquérito é composta
por três membros, todos
com um longo histórico de ativismo contra Israel.
A comissão é chefiada pela sul-africana Navi Pillay,
ex-Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, que no passado apoiou
pedidos para boicotar e sancionar Israel. Os outros, Christopher Sidoti e Milton Kothari,
não têm históricos
menores de retórica vitriólica
e ações anti-Israel.
Pillay, ainda no ano passado, assinou uma carta ao presidente
Joe Biden se referindo à “dominação e opressão do povo palestino” e pediu aos EUA
que abordassem a “discriminação e opressão sistêmica sempre crescentes de
Israel”. No ano anterior, ela assinou uma petição intitulada “Sancionando
o Apartheid
de Israel”.
Sidoti não é menos comprometido. Ele é consultor do Centro
Australiano para Justiça Internacional, uma organização doentiamente
anti-Israel que exigiu que
a Austrália apoiasse o movimento BDS contra Israel e instituísse o processo penal contra israelenses por crimes de guerra. A
mesma organização assinou uma carta que denunciava “a brutalidade sistemática,
perpetrada ao longo das últimas sete décadas de colonialismo de Israel,
apartheid = e prolongada ocupação beligerante ilegal …” No mês passado Sidoti afirmou que judeus lançavam acusações de antissemitismo “como
arroz em um casamento”.
Mas foi o terceiro membro do painel que atraiu as manchetes esta
semana. Em uma entrevista ao site pró-palestino e antissionista Mondoweiss que foi publicada na
segunda-feira, o advogado indiano Kothari não apenas questionou a participação
de Israel como membro da ONU – dizendo “Eu chegaria a ponto de levantar a questão de por que
Israel é mesmo membro da Nações Unidas” – ele chegou a dizer que os judeus controlam as mídias sociais.
Chateado com as críticas à investigação da Comissão, inclusive por alguns governos, Kothari
disse: “Estamos muito desanimados com a mídia social que é controlada em grande
parte por – seja o lobby judaico ou ONGs específicas – muito dinheiro está
sendo jogado na tentativa de nos desacreditar”.
Bem... não custa nada desacreditar esta
comissão – eles próprios
fazem um bom trabalho. Já em 2001, Kothari escreveu um relatório durante
a Segunda Intifada, usando palavras como “massacre” e “limpeza étnica” para descrever o
tratamento de Israel aos palestinos e se referiu ao terrorismo palestino como “resistência”. Alguém
poderia ter pensado que, nesta altura, Kothari poderia ter inventado algo mais original do que os
tropos anti-semitas do controle judaico da mídia apoiado por dinheiro judaico.
A Missão Permanente de Israel nas Nações Unidas em Genebra
emitiu um comunicado chamando os comentários de Kothari de “extremamente
perturbadores” e observando que Israel tinha
questionado sua nomeação em
vista de suas observações anteriores.
“Desde que a Comissão foi formada em maio de 2021, enquanto
mísseis caíam sobre
civis israelenses, ... o único objetivo [de Kothari] era argumentar que a raíz da causa do conflito era
a própria criação do Estado
de Israel e nada mais”.
“Agora ficou ainda mais evidente que esta é a visão dos próprios Comissários, bem
como de muitos dos Estados membros que criaram esta comissão. Indivíduos com opiniões tão
tendenciosas nunca deveriam ter sido nomeados para cargos que exigem os mais
altos padrões de imparcialidade, objetividade e independência”. Em outras palavras,
com cada
relatório, a Comissão está se aproximando mais à conclusão que Israel
não deveria ter sido criada.
Não há fim para as tentativas de deslegitimar Israel. E, as notícias dos comentários de
Kothari vieram junto com a publicação de outro relatório
feito pelo Coordenador
Especial da ONU para a Paz no Oriente Médio que cobre o
período de 27 de junho a
21 de julho deste ano. Parece que a ONU não tem mais nada para fazer
além de relatórios sobre Israel. Que país
aceitaria estar sob uma lupa destas?
A ONU nunca se perdoou por ter votado a favor da criação de Israel há 74 anos. Mas na época,
as apostas diziam que o Estado não iria sobreviver de qualquer maneira, a uma
invasão árabe. Então, nada melhor do que limpar a consciência do mundo pelo
Holocausto, dando um estado aos judeus, que seria logo destruído, acabando o
que Hitler havia começado. Que decepção deve ter sido quando Israel conseguiu
vencer e sobreviver.
Hoje, a ONU já reconhece um Estado da
Palestina ao mesmo tempo em que descreve os palestinos como refugiados. E
este relatório é ainda mais absurdo. Enquanto condena Israel e o que chama de
colonos judeus por 27 ataques a palestinos resultantes em 12 feridos e/ou danos
a oliveiras, ele também descreve 50 ataques de palestinos contra civis
israelenses, 39 dos quais por apedrejamento, esfaqueamentos, coquetéis molotovs
e outros incidentes.
Em outras palavras, houve mais ataques a civis israelenses
por palestinos do que o contrário. Mas para a ONU, todos os palestinos são considerados
inocentes, ao contrário dos soldados israelenses que arriscam suas vidas para
impedir ataques terroristas, que são sempre culpados. Como aceitar uma comissão que vai te
culpar por ter sido atacado? Mas a ONU o faz. E quando se retira o direito de um individuo ou de
um estado de autodefesa, você está removendo sua própria humanidade. Baratas
não têm o direito de se defender.
Não seria
mais produtivo fazer uma investigação séria sobre a participação da agência da
ONU para os palestinos UNRWA na construção de túneis do Hamas e armazéns de
armas em suas escolas e hospitais? Mas não.
As regras da ONU são claras. Elas exigem imparcialidade por
parte dos indivíduos que
conduzem investigações e inquéritos em nome da ONU– e Pillay, Sidoti e Kothari
violam completamente essas regras. Eles têm que ser demitidos.
O triste é
que mesmo sem saber quando terroristas do Hamas, Jihad Islâmico, ou a Hezbollah
irão atacar Israel, podemos ter certeza de uma coisa: que quando o fizerem, a
ONU estará pronta – com um relatório contundente criticando a resposta de
Israel.