Sunday, July 3, 2022

A Guerra Psicologica do Hamas - 03/07/2022

 

Em um claro ato de guerra psicológica, a organização terrorista Hamas publicou na terça-feira desta semana, um vídeo do beduíno israelense Hisham al-Sayed visivelmente debilitado, com uma máscara de oxigênio preso ao rosto e parecendo estar muito confuso. Além de al-Sayed, o Hamas também mantém prisioneiro Avera Mengistu, uma israelense de ascendência etíope, além dos corpos de dois soldados mortos na Operação Protective Edge em 2014.

Ao contrário do tenente Hadar Goldin e do sargento Oron Shaul, que são dados como mortos, acredita-se que Sayed e Mengistu estejam vivos, embora não tenha havido noticia deles desde que entraram em Gaza, Mengistu em 2014 e Sayed no ano seguinte. Ambos têm problemas mentais e provavelmente entraram em Gaza desavizadamente.

Os corpos dos dois soldados e os dois israelenses, estão sendo detidos em clara, patente, violação do direito internacional. Como aconteceu com Gilad Schalit, não foram permitidas visitas à eles nem mesmo pela Cruz Vermelha. Imaginem as condenações internacionais se Israel decidisse fazer isso? O fato de o primeiro sinal de vida de Sayed ter sido dele filmado perto da morte foi proposital – outra arma cruel no arsenal da guerra psicológica.

A publicidade no caso dos cativos do Hamas é, do ponto de vista de Israel, uma faca de dois gumes, que corta fundo dos dois lados. Quanto mais atenção os prisioneiros recebem, maior o preço o Hamas exige em troca de informações sobre eles e sua eventual libertação.

O Hamas por seu lado ganha de qualquer maneira. Embora seja o grupo apoiado pelo Irã que está mantendo quatro cativos, Israel será considerado responsável por seus destinos, especialmente os dois que estão vivos. Quanto pior a situação deles se tornar, mais Israel será culpada por não fazer o suficiente para liberá-los. Sayed e Mengistu não têm estado nas manchetes da maneira que o soldado Gilad Schalit esteve durante seus mais de cinco anos de cativeiro pelo Hamas. Schalit, também sequestrado por um túnel de terror, acabou sendo devolvido em 2011 em troca de mais de 1.000 prisioneiros, a maioria palestinos e árabes israelenses. Muitos desses prisioneiros libertados mais tarde retornaram ao terrorismo. O trauma da troca de Schalit é uma das razões pelas quais Israel não está disposta a novamente pagar um preço tão alto.

Há também diferenças fundamentais entre a forma como os israelenses se relacionam com os soldados sequestrados durante seu serviço militar e os casos de Sayed e Mengistu, que sofrem de problemas mentais e entraram em Gaza por vontade própria.

Mas não é normal que o Hamas divulgasse o vídeo de Sayed sem pedir algo em troca. Isso por si só levanta questões não apenas de por que, mas por que agora?

O Hamas disse que estaria disposto a libertar Sayed em troca de prisioneiros palestinos em prisões israelenses que estejam doentes. Isso parece até uma piada ruim. Os cidadãos detidos contra sua vontade, sem contato com suas famílias e com o mundo exterior, não podem ser comparados a prisioneiros de segurança que pertencem à organizações terroristas. Não há semelhança em quem eles são e nas condições em que estão sendo mantidos. E é vergonhoso para as organizações de supostos direitos humanos, que são muito vocais contra Israel, não abrirem a boca para que o Hamas liberte os corpos dos dois soldados e os dois prisioneiros israelenses com problemas mentais. Onde está o Comitê de Direitos Humanos da ONU? Só sabem se reunir para marretar Israel?

O objetivo do Hamas, ao divulgar o filme, sem pedir nada em troca foi de trazer o assunto da troca para a tona. Talvez, em parte, por causa das próximas eleições israelenses. Eles podem pensar que têm uma chance melhor de conseguir um acordo com Yair Lapid como primeiro-ministro nos próximos meses, em vez de esperar até depois das eleições, sem saber quem estará sentado no gabinete do primeiro-ministro.

Ezra Sa'ar, um ex-membro da Agência de Segurança Interna de Israel familiarizado com o assunto, alertou sobre as manipulações do Hamas. Ele disse que “o Hamas quer o máximo benefício de manter prisioneiros israelenses, mas mantê-los escondidos por anos é um negócio complicado. E não adianta fazer tudo isso sem nenhum ganho. Eles são um meio para um fim. Isso é particularmente verdadeiro no caso de Sayed e Mengistu que não foram sequestrados ativamente, mas mais ou menos caíram nas garras do Hamas”.

É provável que a condição médica de Sayed tenha se deteriorado e esteja ruim, mas, mesmo assim, o fato de o Hamas estar enfatizando a situação de Sayed em vez de Mengistu pode servir a outro propósito.

“O Hamas é muito racional”. “Ele sabe tocar nos acordes mais sensíveis da sociedade israelense.” É possível que a organização terrorista espere que o beduíno do Negev pressione o braço do Movimento Islâmico – representado na coalizão do governo Lapid pela Lista Árabe Unida Ra’am de Mansour Abbas – que, por sua vez, pressionará o governo.

O Dr. Ron Schleifer, perito em guerra psicológica disse que “do ponto de vista da guerra psicológica, o principal objetivo do sequestro de Schalit era chocar a sociedade israelense”. Neste caso, ele disse que as impressões digitais do Irã são evidentes. “O objetivo é constranger Israel – o governo e o público israelense.

“Eles estão dizendo que, mesmo com o Mossad, o exército, as unidades de inteligência e o Shin Bet, Israel não consegue encontrar alguém detido a cerca de 40 minutos de carro de Tel Aviv. É embaraçoso. Também visa dizer a Israel e ao público israelense: 'Todas as suas armas e tecnologia não significam que você pode nos derrotar.'

“Envergonhar Israel dessa maneira é engenhoso”, diz Schleifer. A imagem de Israel não é apenas prejudicada do ponto de vista humanitário, mas também prejudicada em relação à imagem de suas famosas capacidades de segurança e inteligência.

Obviamente, o Hamas também está interessado em tentar criar divisões na sociedade israelense. Nesse caso, poderia estar tentando mostrar que Israel não se importa com os dois cativos, de origem desfavorecida, tanto quanto com os soldados desaparecidos.

“O Hamas quer promover a ‘palestinização’ dos árabes israelenses”, diz Schleifer. “Uma maneira de fazer isso é embaraçar o país e dizer aos beduínos que Israel não se importa com eles como cidadãos israelenses”.

Em uma campanha de relações públicas de longo prazo, a regra básica é: você deve manter o assunto no centro do palco, diz Schleifer. “Você tem que garantir que o tema permaneça na agenda.”

Aqui reside o cerne do dilema. Colocar o assunto no centro das atenções aumenta o preço. “Quer Sayed viva ou morra, do ponto de vista do Hamas, será um sucesso.”

O Hezbollah, outro representante iraniano, sem dúvida está procurando aprender com tudo isso, assim como aprendeu com o Hamas a construir túneis de terror através da fronteira. O membro da Knesset Tzachi Hanegbi uma vez contou uma história sobre sua falecida mãe, Geula Cohen que também era uma parlamentar. Quando Hanegbi estava servindo na Primeira Guerra do Líbano, perguntaram a ela o que ela faria se seu filho fosse feito prisioneiro. A resposta dela foi: “Como mãe, eu estaria do lado de fora do gabinete do primeiro-ministro com um megafone 24 horas por dia pedindo ao governo que fizesse o que fosse necessário para obter sua libertação. Como membro do Knesset, eu me sentaria dentro do gabinete do primeiro-ministro e diria a ele para não ouvir as pessoas do lado de fora.”

A resposta de Cohen resume essa dolorosa situação.

Continuamos esperando a libertação dos cativos, não apenas dos filmes desumanos do Hamas, mas sempre levando em conta o preço desta libertação.

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