Sunday, September 26, 2021

Outra Conferencia da ONU para Promover o Antissemitismo - 26/09/2021

 

Quando a ONU anunciou em 1997 que estava organizando uma Conferência Mundial Contra o Racismo em Durban na África do Sul que iria acontecer em 2001, houve muito entusiasmo, incluindo entre as organizações judaicas e em Israel. Finalmente haveria uma oportunidade de reunir representantes do mundo inteiro, especialmente do mundo muçulmano, e discutir o antissemitismo.

Os encontros regionais preparatórios realizados na França, Chile e Senegal foram muito produtivos focando no racismo contemporâneo. Os relatórios da França e Chile explicitamente condenaram o antissemitismo. No entanto, no encontro regional em Teerã tudo começou a desmoronar.

Organizações judaicas e representantes de Israel que quiseram participar foram completamente barrados, o Irã abertamente dizendo que não admitiria israelenses ou judeus (e isso era o fórum da ONU sobre racismo!). O Irã focou exclusivamente sobre Israel, distribuindo cartoons horríveis de homens gordos com nariz curvo matando crianças palestinas, além dos Protocolos dos Sábios de Sião, um trabalho completamente falso publicado na Rússia em 1905, um plágio da obra de Maurice Joly – o Diálogo no Inferno entre Maquiavel e Montesquieu   de 1864, e que nunca mencionou os judeus - que tem o único propósito promover o ódio aos judeus.

Inesperadamente, o relatório unificado final produzido quando as quatro regiões se reuniram em maio e junho de 2001 se desviou completamente do seu propósito. Enquanto terroristas palestinos, homens-bomba, se explodiam quase diariamente no meio de civis em Israel, a ONU publicava um documento vergonhoso digno dos propagandistas nazistas mais antissemitas dos anos 30. O documento chamou Israel um “estado apartheid racista”, culpado de “genocídio”. O relatório teve que reconstruir as definições das palavras “genocídio”, “limpeza étnica” e “crimes contra a humanidade” para descrever a política de assentamento de Israel. Os líderes das maiores ONGs dedicadas aos direitos humanos como a Human Rights Watch, o Comitê de Advogados por Direitos Humanos e a Anistia Internacional, não ofereceram qualquer apoio. Nenhuma palavra sobre os ataques terroristas palestinos que só naquele ano, até junho, haviam custado a vida de 43 civis inocentes e ferido centenas.

Em setembro de 2001 a Conferência aconteceu. E foi um festival de mostras antissemitas nunca vistas desde a Segunda Guerra. Além dos cartoons horrendos, a distribuição de propaganda antissemita, posters chegaram a ser distribuídos com a foto de Hitler perguntando “e se eu tivesse ganho a guerra?”, respondendo que Israel não teria sido criada e o sangue palestino não teria sido derramado.

As minorias que tinham gastado seu último tostão para chegar até Durban, viram suas esperanças de terem suas vozes ouvidas, irem para o lixo. A delegação de estados africanos ficou frustrada pelo monopólio dos debates sobre Israel, enquanto ela tentava obter um espaço para falar sobre a discriminação de negros em países muçulmanos.

Logo que Yasser Arafat acabou seu discurso acusando Israel de querer fazer um genocídio de palestinos, os Estados Unidos e Israel abandonaram a Conferência. O resultado final foi a declaração sobre o reconhecimento da “situação do povo palestino baixo à ocupação”.

Os ataques de 11 de setembro aconteceram 3 dias depois do final da conferência. O ódio espalhado em Durban foi o único legado deixado por esta conferência da ONU.

Ela conseguiu unir o antissemitismo antigo com o novo, demonizando os judeus e seu único estado, Israel, tornando-os inimigos de tudo o que é bom, encarnando tudo o que é mal. O que escutamos hoje, que Israel é um estado imperialista, racista, colonialista, assentador, que faz limpeza étnica e mata crianças, um estado nazista, já estava lá em Durban em 2001. Foi esta ideia de apartheid para definir o estado judeu que deu à luz ao BDS.

O que Durban fez foi normalizar a ideia de que Israel pratica realmente o apartheid. 20 anos depois da primeira conferência, você entra em qualquer campus universitário americano ou mesmo no Brasil e encontra este mantra mentiroso no currículo regular. E pelo fato de que ser racista é moralmente repugnante, Israel não tem o direito de existir.

A Organização das Nações Unidas foi criada sobre as cinzas do povo judeu para promover e fortalecer a tolerância e igualdade para todos. Infelizmente hoje ela está engajada em transformar as vítimas dos nazistas do século 20 nos nazistas do século 21 através de mentiras e distorções históricas. Ela é a maior fonte de incitação ao antissemitismo, intolerância e desigualdade contra o povo judeu e o seu estado.

Mas mais que qualquer outra, a maior das mentiras das Nações Unidas é repetir que a causa do conflito árabe israelense é a ocupação de terras palestinas. De acordo com a organização, esta ocupação ocorreu num vácuo. De repente, judeus decidiram invadir terras sem qualquer razão.

Mas nós sabemos que a ocupação se deu por causa de uma guerra imposta pelos vizinhos que queriam destruir o estado de Israel e jogar os judeus ao mar. Os próprios israelenses tentaram várias vezes acabar com o conflito através de negociações para estabelecer fronteiras permanentes. A responsabilidade do atual estado das coisas recai sobre aqueles que rejeitaram a autodeterminação dos judeus insistindo no tudo ou nada. E daqueles que os seguem cantando do rio ao mar, a palestina será livre.

A quarta conferência de Durban aconteceu na semana passada. Infelizmente, ela reafirmou as declarações feitas nas conferências anteriores, incluindo a primeira que focou exclusivamente em Israel, e a segunda e a terceira aonde o então presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad negou o Holocausto.

A continua inabilidade da ONU de confrontar esta agenda corrupta só a levou à falhar completamente em sua tarefa de promover a igualdade, dignidade e democratização. E esta conferência foi outro fracasso.

Não há vontade na ONU de erradicar o antissemitismo. Para isso, ela teria que reconhecer que aqueles que matam judeus só porque são judeus, são sim terroristas. Não “militantes” ou “combatentes”; que parasse de condenar o estado de Israel a cada vez que ela se defende de seus agressores; que começasse a condenar as violações dos direitos humanos em todos os lugares, mesmo onde não é conveniente, como na China, Rússia e em países muçulmanos; e finalmente, a próxima vez que alguém lhe pedir para fazer um momento de silêncio em solidariedade àqueles que querem destruir o Estado judeu, que a ONU diga não;

Só assim, a mensagem de que o antissemitismo não será tolerado, será ouvida nos corredores das Nações Unidas, onde quer que estejam suas vítimas: em Teerã, Paris ou Jerusalém.

A boa notícia é que, neste ano, 34 países decidiram boicotar a conferência de Durban. Nenhum país ocidental enviou representante de alto escalão e isto é marco importante. Todos as democracias do Conselho de Segurança da ONU ficaram ao lado de Israel declarando que a demonização do estado judeu é antissemitismo. Não é possível mais dizer que exigir o fim de Israel não tem nada a ver com antissemitismo.

Isto não foi conseguido facilmente. Foi o resultado do trabalho hercúleo de Gilad Erdan, o embaixador de Israel em Washington e neto de sobreviventes do Holocausto. Infelizmente o Brasil foi um dos países que se calou e participou da conferência ratificando suas conclusões vergonhosas. Este silêncio é o que encoraja não só a demonização de Israel, mas legitima os ataques às comunidades judaicas ao redor do mundo, sob a bandeira da luta contra um “regime racista”. E foi depois de Durban que vimos a onda de ataques a sinagogas, a judeus nas ruas da Europa e dos Estados Unidos disparar.

Todos nós temos que nos juntar neste esforço. Os judeus de hoje e aqueles que estão ao nosso lado devem deixar claro a estes antissemitas, esses racistas verdadeiros, que não temos qualquer intenção de nos deitarmos no chão e deixar que eles andem sobre nós. A lição que aprendemos foi dura demais e não mais marcharemos obedientemente para as câmaras de gás. Não vamos deixar mais passar. Vamos nos levantar, denunciar e trabalhar para que esta epidemia, este flagelo milenar do antissemitismo seja desenraizado mais cedo do que mais tarde.

 

 

O Circo Antisemita de Durban está de Volta! 26/09/2021

 

Quando a ONU anunciou em 1997 que estava organizando uma Conferência Mundial Contra o Racismo em Durban na África do Sul que iria acontecer em 2001, houve muito entusiasmo, incluindo entre as organizações judaicas e em Israel. Finalmente haveria uma oportunidade de reunir representantes do mundo inteiro, especialmente do mundo muçulmano, e discutir o antissemitismo.

Os encontros regionais preparatórios realizados na França, Chile e Senegal foram muito produtivos focando no racismo contemporâneo. Os relatórios da França e Chile explicitamente condenaram o antissemitismo. No entanto, no encontro regional em Teerã tudo começou a desmoronar.

Organizações judaicas e representantes de Israel que quiseram participar foram completamente barrados, o Irã abertamente dizendo que não admitiria israelenses ou judeus (e isso era o fórum da ONU sobre racismo!). O Irã focou exclusivamente sobre Israel, distribuindo cartoons horríveis de homens gordos com nariz curvo matando crianças palestinas, além dos Protocolos dos Sábios de Sião, um trabalho completamente falso publicado na Rússia em 1905, um plágio da obra de Maurice Joly – o Diálogo no Inferno entre Maquiavel e Montesquieu   de 1864, e que nunca mencionou os judeus - que tem o único propósito promover o ódio aos judeus.

Inesperadamente, o relatório unificado final produzido quando as quatro regiões se reuniram em maio e junho de 2001 se desviou completamente do seu propósito. Enquanto terroristas palestinos, homens-bomba, se explodiam quase diariamente no meio de civis em Israel, a ONU publicava um documento vergonhoso digno dos propagandistas nazistas mais antissemitas dos anos 30. O documento chamou Israel um “estado apartheid racista”, culpado de “genocídio”. O relatório teve que reconstruir as definições das palavras “genocídio”, “limpeza étnica” e “crimes contra a humanidade” para descrever a política de assentamento de Israel. Os líderes das maiores ONGs dedicadas aos direitos humanos como a Human Rights Watch, o Comitê de Advogados por Direitos Humanos e a Anistia Internacional, não ofereceram qualquer apoio. Nenhuma palavra sobre os ataques terroristas palestinos que só naquele ano, até junho, haviam custado a vida de 43 civis inocentes e ferido centenas.

Em setembro a Conferência aconteceu. E foi um festival de mostras antissemitas nunca vistas desde a Segunda Guerra. Além dos cartoons horrendos, a distribuição de propaganda antissemita, posters chegaram a ser distribuídos com a foto de Hitler perguntando “e se eu tivesse ganho a guerra?”, respondendo que Israel não teria sido criada e o sangue palestino não teria sido derramado.

As minorias que tinham gastado seu último tostão para chegar até Durban, viram suas esperanças de terem suas vozes ouvidas, irem para o lixo. A delegação de estados africanos ficou frustrada pelo monopólio dos debates sobre Israel, enquanto ela tentava obter um espaço para falar sobre a discriminação de negros em países muçulmanos.

Logo que Yasser Arafat acabou seu discurso acusando Israel de querer fazer um genocídio de palestinos, os Estados Unidos e Israel abandonaram a Conferência. O resultado final foi a declaração sobre o reconhecimento da “situação do povo palestino baixo à ocupação”.

Os ataques de 11 de setembro aconteceram 3 dias depois do final da conferência. O ódio espalhado em Durban foi o único legado deixado por esta conferência da ONU.

Ela conseguiu unir o antissemitismo antigo com o novo, demonizando os judeus e seu único estado, Israel, tornando-os inimigos de tudo o que é bom, encarnando tudo o que é mal. O que escutamos hoje, que Israel é um estado imperialista, racista, colonialista, assentador, que faz limpeza étnica e mata crianças, um estado nazista, já estava lá em Durban em 2001. Foi esta ideia de apartheid para definir o estado judeu que deu à luz ao BDS.

O que Durban fez foi normalizar a ideia de que Israel pratica realmente o apartheid. 20 anos depois da primeira conferência, você entra em qualquer campus universitário americano ou mesmo no Brasil e encontra este mantra mentiroso no currículo regular. E pelo fato de que ser racista é moralmente repugnante, Israel não tem o direito de existir.

A Organização das Nações Unidas foi criada sobre as cinzas do povo judeu para promover e fortalecer a tolerância e igualdade para todos. Infelizmente hoje ela está engajada em transformar as vítimas dos nazistas do século 20 nos nazistas do século 21 através de mentiras e distorções históricas. Ela é a maior fonte de incitação ao antissemitismo, intolerância e desigualdade contra o povo judeu e o seu estado.

Mas mais que qualquer outra, a maior das mentiras das Nações Unidas é repetir que a causa do conflito árabe israelense é a ocupação de terras palestinas. De acordo com a organização, esta ocupação ocorreu num vácuo. De repente, judeus decidiram invadir terras sem qualquer razão.

Mas nós sabemos que a ocupação se deu por causa de uma guerra imposta pelos vizinhos que queriam destruir o estado de Israel e jogar os judeus ao mar. Os próprios israelenses tentaram várias vezes acabar com o conflito através de negociações para estabelecer fronteiras permanentes. A responsabilidade do atual estado das coisas recai sobre aqueles que rejeitaram a autodeterminação dos judeus insistindo no tudo ou nada. E daqueles que os seguem cantando do rio ao mar, a palestina será livre.

A quarta conferência de Durban aconteceu na semana passada. Infelizmente, ela reafirmou as declarações feitas nas conferências anteriores, incluindo a primeira que focou exclusivamente em Israel, e a segunda e a terceira aonde o então presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad negou o Holocausto.

A continua inabilidade da ONU de confrontar esta agenda corrupta só a levou à falhar completamente em sua tarefa de promover a igualdade, dignidade e democratização. E esta conferência foi outro fracasso.

Não há vontade na ONU de erradicar o antissemitismo. Para isso, ela teria que reconhecer que aqueles que matam judeus só porque são judeus, são sim terroristas. Não “militantes” ou “combatentes”; que parasse de condenar o estado de Israel a cada vez que ela se defende de seus agressores; que começasse a condenar as violações dos direitos humanos em todos os lugares, mesmo onde não é conveniente, como na China, Rússia e em países muçulmanos; e finalmente, a próxima vez que alguém lhe pedir para fazer um momento de silêncio em solidariedade àqueles que querem destruir o Estado judeu, que a ONU diga não;

Só assim, a mensagem de que o antissemitismo não será tolerado, será ouvida nos corredores das Nações Unidas, onde quer que estejam suas vítimas: em Teerã, Paris ou Jerusalém.

A boa notícia é que, neste ano, 34 países decidiram boicotar a conferência de Durban. Nenhum país ocidental enviou representante de alto escalão e isto é marco importante. Todos as democracias do Conselho de Segurança da ONU ficaram ao lado de Israel declarando que a demonização do estado judeu é antissemitismo. Não é possível mais dizer que exigir o fim de Israel não tem nada a ver com antissemitismo.

Isto não foi conseguido facilmente. Foi o resultado do trabalho hercúleo de Gilad Erdan, o embaixador de Israel em Washington e neto de sobreviventes do Holocausto. Infelizmente o Brasil foi um dos países que se calou e participou da conferência ratificando suas conclusões vergonhosas. Este silêncio é o que encoraja não só a demonização de Israel, mas legitima os ataques às comunidades judaicas ao redor do mundo, sob a bandeira da luta contra um “regime racista”. E foi depois de Durban que vimos a onda de ataques a sinagogas, a judeus nas ruas da Europa e dos Estados Unidos disparar.

Todos nós temos que nos juntar neste esforço. Os judeus de hoje e aqueles que estão ao nosso lado devem deixar claro a estes antissemitas, esses racistas verdadeiros, que não temos qualquer intenção de nos deitarmos no chão e deixar que eles andem sobre nós. A lição que aprendemos foi dura demais e não mais marcharemos obedientemente para as câmaras de gás. Não vamos deixar mais passar. Vamos nos levantar, denunciar e trabalhar para que esta epidemia, este flagelo milenar do antissemitismo seja desenraizado mais cedo do que mais tarde.

 

 

Sunday, September 19, 2021

O Impasse Nuclear com o Irã - 19/9/2021

 

No impasse nuclear que nos encontramos agora, entre os Estados Unidos e o Irã - sendo que Israel e os Estados árabes sunitas - as partes mais interessadas -ficam assistindo de escanteio está ocorrendo uma vacilação muito perigosa.

Quando, como e onde este impasse irá terminar é completamente incerto.

Mas a América vacilou primeiro.

Fontes da inteligência israelense explicaram que quando Washington viu que Ebrahim Raisi seria eleito presidente do Irã, logo tentou suavizar algumas de suas linhas vermelhas, na esperança de fechar um acordo antes que ele assumisse o cargo.

Essas posições incluíram mostrar uma flexibilidade sobre as centrífugas avançadas, deixando o Irã coloca-las em armazenamento em vez de destruí-las. Estas centrífugas estão permitindo o enriquecimento de uranio para uma bomba nuclear em um ritmo mais rápido.

De acordo com o acordo nuclear de 2015, Teerã foi autorizado a reter um número muito limitado de suas centrífugas avançadas, em comparação com as centenas que opera agora.

Além disso, a administração Biden também teria mostrado alguma flexibilidade em relação às sanções econômicas que estaria disposta a remover como parte de um retorno ao acordo.

O que Biden e seu bando de incompetentes no Departamento de Estado não entendem é que uma mostra de fraqueza nunca funciona no Oriente Médio. Essas concessões pré-Raisi foram o que encorajou o novo líder iraniano a buscar mais concessões, paralisando as negociações por quatro meses e avançando a 60% de enriquecimento - apenas um passo abaixo dos 90% necessários para uma bomba nuclear.

Na semana passada, a República Islâmica concordou em renovar as negociações com a Agência Internacional de Energia Atômica sobre as inspeções nucleares e permitiu à agência o acesso inicial a alguns de seus equipamentos de observação nuclear após meses bloqueando os inspetores.

Surpreendentemente a Agência relatou que alguns dos seus equipamentos foram danificados, mas não revelou se os danos às câmeras foram causados ​​pelo ataque de junho à instalação nuclear iraniana de Karaj (atribuída a Israel) e se sua conclusão foi baseada em relatórios iranianos ou se ela confirmou independentemente a causa dos danos.

Esta é uma questão importante, porque levanta suspeitas de que os iranianos adulteraram equipamentos da AIEA nos últimos meses para ocultar certas atividades. E até agora, as autoridades israelenses não negaram envolvimento no ataque a Karaj.

O Irã também está avançando por outro lado. Através da Hezbollah, Teerã quer ser vista como “salvadora” do Líbano, prometendo enviar tanqueiros de petróleo para aliviar a crise econômica e a total falência do Estado. O Irã vê o Líbano como uma outra seção do tabuleiro e quer remover as peças americanas da área. Sem poder fazê-lo militarmente, o Irã irá usar seu petróleo. Isto, no contexto da saída deplorável dos Estados Unidos do Afeganistão, o Irã acredita que com um pequeno empurrão, a América irá levantar as mãos também no Líbano.

O Irã está jogando habilmente este jogo de xadrez. Sem dúvida sente que finalmente começou a lucrar com a nova abordagem conciliatória em Washington e agora irá ameaçar ainda mais o ocidente se não receber o que quer: o levantamento total das sanções pelos EUA antes de um retorno ao JCPOA.

De acordo com seus termos, o Irã precisaria desistir de todo o seu urânio enriquecido acima de 20% e a maior parte do que foi enriquecido, tem que ser reduzido para 5% antes que as sanções sejam suspensas.

Com tudo isso em jogo, Israel também pareceu vacilar nas entrevistas antes do Yom Kippur.

O ministro da Defesa, Benny Gantz, tornou-se o primeiro alto funcionário israelense a dizer publicamente que já não se opõe de todo a um retorno americano ao JCPOA.

Até agora, Gantz, o primeiro-ministro Naftali Bennett, o ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e todas as outras autoridades israelenses se opunham veemente ao acordo que dá ao Irã total liberdade para produzir o que quiser, inclusive bombas nucleares em 9 anos.

Se havia uma diferença entre as abordagens de Netanyahu e Bennett, era só no estilo. Netanyahu queria deixar claro a posição de Israel sobre o acordo entre os EUA e o Irã, a fim de ganhar pontos políticos com partes do eleitorado americano e israelense e, possivelmente, intimidar o Irã.

Bennett tentou reconquistar o apoio do Partido Democrata americano, que atingiu níveis historicamente baixos com Netanyahu. Mas a declaração de Gantz cruzou uma nova linha.

Isso aconteceu apenas um dia depois que o ministro das Relações Exteriores, Yair Lapid, minimizou a conquista do Irã de estar a apenas um mês de urânio suficiente para uma arma nuclear.

Lapid disse em voz alta o que apenas os críticos israelenses, cientistas nucleares e, às vezes, funcionários do exército falavam entre si.  Ele explicou que mesmo que a República Islâmica chegue ao ponto em que tenha urânio suficiente, ainda levará mais de alguns meses para ser capaz de enviar uma bomba nuclear.

Na verdade, até mesmo especialistas nucleares e oficiais de inteligência israelenses disseram há algum tempo que o Irã precisaria de pelo menos 6 meses depois de desenvolver uma arma nuclear para conseguir armar um míssil balístico ou outro meio de entrega.

O Chefe de Gabinete do exército de Israel, Tenente-General Aviv Kohavi e vários oficiais de inteligência do IDF estimam o prazo em quase dois anos.

A disparidade deriva principalmente de quanto o Irã realizou clandestinamente nas áreas de detonação e desenvolvimento de mísseis balísticos desde 2003 (uma época sobre a qual Israel sabe muito depois que o Mossad confiscou os arquivos nucleares do Irã) e quais atividades Teerã pode ou não ser física e financeiramente capaz de empreender em paralelo.

Lapid pode estar tentando aliviar a pressão sobre seu governo de fazer algo e também sobre os EUA para voltar ao acordo, argumentando que se o Irã não está tão perto de construir uma bomba, então os EUA podem esperar por um acordo “melhor”.

Mas, junto com a declaração de Gantz, parece que pelo menos alguns membros do atual governo israelense estão prontos a engolir um retorno dos EUA ao JCPOA, desde que tenham garantias da volta das sanções econômicas em caso de violação – o que é uma idiotice já que sanções demoram meses, senão anos para surtirem efeito - e garantias dos EUA de que não resistiriam aos planos israelenses de atacar as instalações nucleares iranianas no futuro, se necessário.

E será isso suficiente para um retorno iraniano e americano ao Acordo? O Irã demanda o mesmo acordo e Biden se comprometeu a tampar os buracos do acordo original.  Como fica? E como Israel agirá se Washington e o Ocidente simplesmente murcharem sob a pressão iraniana e se contentarem com um Acordo mais fraco, no qual o Irã consegue manter permanentemente suas centenas de centrífugas avançadas - mesmo se elas estiverem temporariamente fechadas?

Todas essas são questões em aberto.

Mas o vacilo de todos os lados nos últimos dias começou a remodelar a geopolítica em torno do assunto - e parece que mais mudanças e surpresas podem não estar longe.

 

Sunday, September 12, 2021

Há 20 anos - 12/09/2021

 

Há vinte anos, no dia 11de setembro de 2001, eu cheguei particularmente cedo no escritório na rua 45 e 5ª avenida em Nova Iorque. Estava com viagem marcada para o Brasil naquela noite para o casamento da minha irmã que ocorreria dois dias depois.

Depois de fechar a mala em casa, e para evitar o trânsito da manhã, decidi fazer a pé os poucos quarteirões e aproveitar o céu especialmente azul e o ar límpido e fresco do mês de setembro, que anuncia a chegada do outono. O dia estava tão brilhante que ao cruzar a 5ª avenida, pude ver as torres do World Trade Center no sul da cidade.

Comecei a responder a e-mails e a fazer minha agenda da viagem.  Meu escritório ficava junto a uma corretora de valores que tinha várias televisões penduradas sem voz. Minha janela dava para a 5ª avenida.

De repente, ao levantar os olhos do computador, vi a notícia em um dos televisores que um pequeno avião havia atingido uma das torres do Twin Towers. Meu primeiro pensamento foi que deveria ter sido um novato pilotando um monomotor para não ter conseguido desviar de um prédio tão colossal numa manhã sem uma nuvem sequer no céu. Aí as imagens começaram a popular todos os canais. O tamanho do rombo, para quem conhecia os edifícios não podia ser de um avião pequeno. O rombo era enorme.

Pouco a pouco, todos os corretores, assistentes e outros como eu começaram a se levantar em silencio e olhar para aquelas imagens terríveis. Ouvi alguém dizer “que acidente horrível”! Ela nem terminou a frase quando outro avião bateu na outra torre. Ninguém se mexeu. Estávamos todos congelados, com os pés pregados no lugar. Daí para frente tudo pareceu acontecer em câmera lenta.

Devagar olhei para minha mesa e olhei para a rua. A imagem ainda está entalhada na minha memória. As pessoas não se mexiam, todas olhando em direção às torres. Os carros parados e motoristas e passageiros ao lado, de pé com suas mãos na boca. Pareciam ter ficado assim uma eternidade. Parecia que o tempo tinha parado.

Logo tentei falar com minha outra irmã que também morava em NY e que ia frequentemente para o World Financial Center que ficava na frente das torres. As linhas estavam todas congestionadas. Tentei ligar para o Brasil e consegui falar brevemente com a família, avisando que eu estava bem. Felizmente minha irmã também conseguiu ligar para eles e assim fiquei sabendo dela.

E aí um outro sobressalto e gritos abafados dos corretores. Um outro avião havia atingido o Pentágono. O noticiário falava de um quarto avião que  estaria se dirigindo para a Capital Washington. E enquanto continuávamos trocando os olhos entre as telas e o telefone, vimos a torre sul implodir e depois a torre norte. E o dia ficou escuro. Pela janela uma camada de poeira subiu a 5ª avenida. E só então, sem quase trocarmos uma palavra, pegamos nossas coisas e fomos para a rua.

Lentamente peguei a direção de casa. As ruas completamente desertas. As lojas, os delis, tudo fechado. Parecia que estava num inverno nuclear. Num filme de ficção científica onde todos morrem e você é o único sobrevivente.

Obviamente ninguém viajou naquele dia. Fui até a estação de polícia perto de casa e me ofereci como voluntária para o que fosse preciso. Por dois dias fiz sanduiches para os policiais e outros voluntários que estavam escavando o local a procura de sobreviventes.  

E foi aí que o pesadelo começou. Sim porque até então, a coisa toda parecia surreal. Parecia que iriamos acordar a qualquer momento. Mas não.

O caminho para o trabalho se tornou uma via dolorosa. Durante meses, além da poeira, das cinzas e do cheiro intolerável de queimado no ar, centenas de pessoas com fotos de seus entes queridos encheram as ruas parando pedestres com os olhos suplicantes por alguma notícia. Quem sabe vimos aquele filho sorridente em algum hospital? Ou aquela mãe cortando um bolo de aniversário? Ou quem sabe aquele pai abraçando um bebê estivesse vagando nas ruas ferido.

Estas eram pessoas reais. Filhos, filhas, mães, pais, avós, amigos, colegas. Quase 3 mil pessoas morreram naquele dia entre eles, 412 policiais e bombeiros que em vez de fugirem do perigo, correram para ele. Muitos que estavam de folga e até recém aposentados.

Logo começaram as incontáveis procissões funerárias na Catedral de St. Patrick, no coração da cidade. Não dava para não parar e fazer uma pequena prece por aquelas famílias de preto, de luto, nos pés da escadaria da catedral. Foi muito difícil manter a compostura e não chorar. A dor de cada família, infinita.

Os nova-iorquinos, conhecidos por sua atitude profissional e pouco cordial, de repente mostraram seu lado humano. Milhares se voluntariaram. Doações começaram a jorrar, de sangue a dinheiro, e organizações de assistência foram formadas.

As pessoas que não viveram este momento em Nova Iorque não podem imaginar o que foi aquilo. Morávamos no centro financeiro e na cidade mais importante da maior potência do mundo. E em menos de uma hora, o cartão postal do que era Nova Iorque tinha mudado para sempre junto com nossas vidas.

Hoje temos que passar por detetores de metal e raios-x, tirar nossos sapatos e passar por revistas corporais se quisermos pegar um avião. Sim, porque os terroristas islâmicos não se satisfizeram com os ataques de 11 de setembro. De 2002 até hoje, mais de 2000 pessoas no mundo inteiro foram mortas em nome desta ideologia pré-histórica que quer retornar o mundo para a época de Maomé no deserto da Arabia Saudita, para a idade da pedra.

Uma ideologia que, no Afeganistão, havia sido deixada para trás, reduzindo a mortalidade de mulheres em 50% e aumentando sua alfabetização em 40%. Uma ideologia que infelizmente já está sendo reinstalada no Afeganistão. As mulheres não poderão sair de casa, a não ser acompanhadas por um macho de sua família. Não poderão estudar, trabalhar ou decidir seu destino. Voltarão a ser propriedades de seus guardiões. Se você é uma viúva e não tem filhos homens, um pai ou um irmão, pior para você. Morra de fome. Mesmo se tiver um diploma universitário. Se sair, será sumariamente executada. Não pode nem mendigar nas ruas.

Foi esta ideologia que protegeu e escondeu Bin Laden durante décadas. E se 20 anos atrás entramos no Afeganistão para nos certificarmos que seu território não seria mais usado como base para nos atacar, Joe Biden resolveu se render a eles. Ele queria de todo o jeito declarar no 20º aniversário dos ataques, que a guerra no Afeganistão tinha chegado ao fim. Ela não chegou ao fim. Ela acabou de ficar pior. Há 20 anos, a América destronou o Talibã. Hoje eles voltaram e pior, armados com 85 bilhões de dólares em equipamento de guerra dos mais avançados. O Afeganistão hoje tem mais helicópteros de ataque Black Hawk que a Australia. Que a Inglaterra.

Não podendo com sua vergonha, Biden nem um discurso fez nas cerimonias de ontem. Ele convidou os ex-presidentes Obama e Clinton para marchar com ele, todos em silencio. Trump preferiu marchar à frente dos policiais e bombeiros de NY que o receberam como herói.

A causa da ira e críticas contra Biden, vêm do sentimento que todas as 2,997 vidas perdidas em 11 de setembro e nos dias subsequentes, as vidas de 2.461 soldados americanos, de 3,846 provedores de serviço americanos, de 1,144 soldados de outras nações, de milhares de afegãos, todas estas vidas foram perdidas em vão.

Como todos os anos, ontem lemos os nomes e honramos o legado dos que se foram. E cada um repassa a memória que carrega daquela manhã. Uma manhã que fez brotar o melhor de nós, do nosso patriotismo, da nossa solidariedade e sacrifício. Naquela época não houve brancos, negros, nacionais, imigrantes, seculares, religiosos, heteros ou homos. Éramos todos americanos.

E é este sentimento que busco quando vejo a que ponto chegamos na divisão e verdadeira demência da sociedade de hoje. É o cantinho onde guardo o que há de melhor no ser-humano. E é onde vou buscar esperança para o próximo ano, neste Yom Kippur.


Sunday, September 5, 2021

Uma Resolução Para Combater o Antisemitismo Neste Ano Novo Judaico - 05/09/2021

 

De acordo com dados da Agência Judaica para Israel, existem hoje aproximadamente 15,2 milhões de judeus vivendo em todo o mundo.

A porcentagem de judeus é de apenas 0,2%. Isto é, um quinto de um porcento da população mundial. Mas mesmo com este número ínfimo, os judeus, e seu estado Israel ainda são o foco da atenção mundial com um aumento inexplicável de atos antissemitas, iniciativas de boicotes e sanções a Israel especialmente vindos de países ocidentais.

E isso vale também para a América. Nas últimas duas décadas, os judeus americanos viram o antissemitismo ressurgir, especialmente na Europa, com preocupação, mas talvez também com um pouco de condescendência. Fomos a diáspora mais sortuda da história. Os detetores de metal em algumas de nossas instituições eram pouco mais do que uma precaução.

E então aconteceu. Em 27 de outubro de 2018, numa manhã de Shabat tranquila 11 judeus na cidade de Pittsburgh foram massacrados por um supremacista branco enquanto oravam.

A mensagem dos líderes comunitários e rabinos na época, era que o massacre cometido na sinagoga Árvore da Vida havia sido uma exceção e não deveria mudar nossa atitude fundamental sobre o país. A América ainda era o que pensávamos que era. Ou pelo menos foi o que dissemos até 27 de abril de 2019.

Pela segunda vez na história americana - e pela segunda vez em seis meses - judeus foram mortos a tiros na sinagoga por um neonazista, desta vez em Poway, Califórnia. Oito meses mais tarde, em dezembro do mesmo ano, tivemos o tiroteio em Jersey City que deixou 3 mortos num supermercado kasher. E no final daquele mês, um judeu foi morto a facadas em Monsey, Nova Iorque. De lá para cá não tivemos casos com mortes, mas o número de incidentes antissemitas tem aumentado de modo muito preocupante, especialmente os violentos.

Somente neste ano, ocorreram 15 ataques violentos a judeus na cidade de Nova Iorque. em grande parte não cobertos pela imprensa, talvez porque, como na maioria dos casos anti-semitas aqui, os perpetradores não eram supremacistas brancos mas sim negros. Nesta cidade, que tem a maior população judia do mundo, houve quatro vezes mais crimes de ódio contra judeus do que contra negros nos últimos 3 anos. Esses horrores – espancamentos com tijolos; chicotadas com cinto, pauladas e socos - são apenas pontas do iceberg do antissemitismo que era encontrado nas margens da esquerda e direita mas que se moveram rapidamente para o meio das águas da corrente principal.

E se nossa percepção estiver errrada? E se a história dos judeus na América em vez de ter sido uma uma linha reta ascendente, foi mais um pêndulo, que hoje está voltando para os preconceitos do Velho Mundo que achávamos haviam morrido?

A verdade é que há uma divisão que permeia nosso povo desde o Êxodo do Egito. Na versão cinematográfica de Hollywood, todos os judeus seguiram Moisés e deixaram o Egito. Mas na tradição judaica, a coisa não foi bem assim. Com medo de enfrentar o desconhecido e sem saber como agir como um povo livre, a maioria dos escravos israelitas escolheu permanecer no Egito.

Na época as consequências de saírem eram imprevisíveis, mas a escolha fundamental era a mesma: a nossa segurança depende de nos parecermos com os outros? Ou ela vem de assumirmos a identidade que nos fez diferentes?

A primeira opção declara que a segurança dos judeus vem de nos acomodarmos às demandas de sociedade no meio da qual vivemos. Se pudéssemos apenas mostrar que somos gregos perfeitos, alemães patrióticos e assim por diante, eles nos amariam. (Ou, pelo menos, se absteriam de nos matar.) E aí lembramos do que ocorreu com a ala judaica do Partido Comunista da Rússia, o Yevsektsiya, que cumpriu as ordens de Lenin zelosamente para provar que eram comunistas leais. Até, é claro, o regime mandar prende-los e finalmente mata-los também.

A outra opção, a de assumirmos nossa identidade, geralmente se traduziu em humilhação e dor. Mas esta opção também nos ensinou que a segurança para os judeus sempre veio de líderes e movimentos internos - dos macabeus aos sionistas - que nos exortaram a sermos nós, mais completos e livres - mesmo que isso nos tornasse profundamente impopulares ou desprezados.

Essas duas opções sempre atormentaram os judeus. E elas acabaram por se incorporar no judeu mais improvável de todos: Theodor Herzl.  

Quando ouvimos o nome de Herzl, não podemos deixar de associá-lo com a criação do Estado de Israel. Mas o sionismo - o casamento do antigo anseio judeu de retornar à Terra Santa com o sonho moderno de autodeterminação - não foi a solução inicial de Herzl para o interminável antisemitismo europeu.

Em 1893, apenas três anos antes de propor a ideia do Estado judeu no "Der Judenstaat", ele argumentara que os judeus do império austro-húngaro deveriam se tornar cristãos. Em seu livro “A História dos Judeus”, Simon Schama diz que Herzl imaginou "uma procissão em plena luz do dia para a Catedral de Santo Estêvão", onde os judeus seriam submetidos a um "batismo em massa" para o catolicismo. Somente um ato tão inequívoco os tornaria finalmente aceitáveis ​​para seus vizinhos.

Mas aí, como e por que, apenas três anos depois, ele mudou de ideia? Os estudiosos debatem este mistério até hoje. O fato é que ele de alguma forma chegou à conclusão de que uma conversão para fora do judaísmo não era uma resposta ao antissemitismo. Essa era uma opção suicida nascida do medo e do desespero. A única resposta, Herzl concluiu, era para os judeus escolherem a vida: vidas inteiras como judeus, não pela metade.

E isso continua sendo verdadeiro hoje.

Não houve um único momento na história judaica em que não houvessem anti-semitas determinados a erradicar o Judaísmo e os judeus. Quando o assassino de Pittsburgh gritou “todos os judeus devem morrer”, ele estava apenas repetindo uma ordem proferida em uma língua diferente por Amalek, o vilão que perseguiu os antigos israelitas no deserto em seu caminho para a Terra Prometida.

Através da história, os judeus só se sustentaram porque nossa tradição sempre foi renovada por pessoas que, diante da tragédia, optaram por não aceitarem o fim da história judaica. Em vez disso elas decidiram escrever o próximo capítulo.

O longo arco da nossa história deixa claro que a única maneira de lutar é travando uma batalha afirmativa por quem somos. Entrando na briga por nossas tradições, por nossa religião, por nossos valores, por nossas idéias, por nossos ancestrais, por nossas famílias e pelas gerações que virão depois de nós em todas as suas variedades e correntes.

Até agora, cada ataque antissemita no solo americano, gerou uma grande mostra de solidariedade. Cristãos, muçulmanos, budistas, hindus e pessoas de outras denominações entenderam que um ataque à comunidade judaica poderia ser um preludio de um ataque a eles também. Quando um sem-número de residentes de Pittsburg compareceu para recitar o Kadish, que o jornal local havia publicado em aramaico na primeira página, eles não estavam simplesmente defendendo nosso direito de existir. Mas o nosso direito de levar uma vida plena como judeus, sem medo, sem vergonha. O que significa que eles poderiam fazer o mesmo.

Nestes tempos de provação, com um ano novo prestes a começar, a melhor resolução que podemos tomar e nossa melhor estratégia é a de construir, sem vergonha, um Judaísmo, um Povo Judeu e um Estado Judeu que sejam não apenas seguros e resilientes, mas também generativos, humanos, alegres e afirmativos da vida. Um Judaísmo capaz de acender uma fogueira em cada alma judia - e nas almas de todos aqueles que amarram sua sorte à nossa.