Monday, July 27, 2020

O Diálogo da Diaspora sobre Israel - 26/07/2020


A bagunça e a violência continua na América. A esquerda está jogando gasolina nos ânimos longe da memória de George Floyd. O que os arruaceiros querem é destruir os Estados Unidos por dentro. Ironicamente como os grandes impérios da história que foram destruídos pela decadência e corrupção antes de serem dominados por outros.

Ninguém acreditaria que teríamos dois meses seguidos de protestos e de mortes em meio à uma pandemia. A violência se concentra nos estados e cidades democratas mais liberais como Portland e Chicago. Seus governadores e prefeitos não reconhecem sua própria incompetência, mas culpam Trump. E a turbulência não se atém a Black Lives Matter ou à retórica anti-Trump.

Na semana passada, o "papa do sionismo liberal", o jornalista judeu americano Peter Beinart, declarou em um artigo publicado no The New York Times que "está na hora dos sionistas liberais abandonarem a ideia de separar os judeus dos árabes e abraçarem a ideia de igualdade entre judeus e árabes em um estado binacional".  Finalmente Beinart tirou a mascara! Para ele, vivendo confortavelmente na América, o estado judeu é um "câncer", que "desumaniza palestinos". Ele culpa o "trauma judeu" do Holocausto pela "infeliz obsessão sionista" por um estado judeu e decreta que "apenas a liberdade palestina pode tornar os judeus inteiros".

Ele conclui que "o preço de um Estado judeu que favorece os judeus sobre os palestinos é muito alto" e não deveria existir.

Para qualquer um que tenha seguido a jornada de Beinart de proponente do "sionismo profético" - um conceito inventado pela esquerda progressista - para cúmplice dos inimigos de Israel, isso não é surpresa. É triste e revoltante. E nos mostra a assustadora jornada intelectual em direção ao anti-sionismo e à auto-imolação que está em andamento na esquerda judaica americana.

A degeneração de Beinart é um reflexo da degeneração das comunidades judaicas americanas. 80% dos seis milhões de judeus deste país não têm qualquer contato nem com o judaísmo, nem com a comunidade judaica local ou com Israel. São os judeus que só lembram de sua identidade em protestos contra Trump, na defesa indefensável do partido Democrata e no seu apoio à quebradeira do Black Lives Matter, como se ELES fossem a voz dos judeus daqui e pior, de Israel.

Levando a conversa das ideias a ataques pessoais, o “moralmente superior” Beinart voltou a insultar qualquer pessoa à sua direita - incluindo toda a sociedade israelense, que ele diz ter se tornado "cada vez mais racista", e a porção da comunidade judaica americana, que "habita um casulo" que não empatiza com os palestinos.

Em seu artigo, Beinart tem a ousadia de encerrar seu apelo pela dissolução do Estado judeu e sua substituição por uma entidade binacional – como um momento "Yavne". E então ele fala sobre "tikkun", "shalom" e "shlemut" de um estado árabe-judeu igualitario e neutro. Beinart imagina um país onde imãs choram a "Shoah" e rabinos choram o "Nakba". Juntos, os clérigos cantarão o du'a islâmico pelos mortos judeus e farão a oração El Malei Rachamim pelos mortos muçulmanos.

Infelizmente é isso que inspira e move os judeus americanos, como Beinart: serviços memoriais delicados e transculturais para os mortos, onde todos aprendem a "ver" e a "entender" um ao outro e a "simpatizar" um com o outro. Uma geração atrás, Beinart provavelmente recomendaria que os judeus tentassem "ver" e “conhecer” os SS, para melhor "entender" os stormtroopers nazistas.

Beinart não compreende que os israelenses "viram" o suficiente do Hamas, da Fatah, da Irmandade Muçulmana e de outros movimentos jihadistas árabes para julgar por si próprios, quanta “compreensão e fraternidade” traria um estado binacional árabe-judeu. Beinart não "entende" que, após 2.000 anos de diáspora e dispersão e um recente e grande retorno à sua pátria ancestral, o povo judeu não será tão rápido em lançar sua primogenitura ao mar, mesmo que isso signifique lutar com os palestinos e um longo caminho para a paz.

A angústia de Beinart pelos palestinos é tão esmagadora que ele prefere destruir o estado dos judeus e abandonar seus cidadãos. Ele espera jogar o magnífico renascimento cultural e social da vida nacional judaica em Israel no vaso sanitário. Infelizmente, Beinart parece estar se decompondo dentro de um "casulo" próprio; dentro de um cérebro reacionário e derrotista que secreta veneno.

Verdadeiramente trágica é a falsa divisão entre liberalismo e sionismo que Beinart cria, declarando que os judeus devem escolher entre um e o outro. É um esforço maligno para despojar o povo judeu de sua identidade e de uma narrativa que harmoniza o melhor do nacionalismo, afinidade democrática liberal, afiliação religiosa e justiça histórica.

Assim, a discussão entre Israel e a Diáspora, que até agora tem sido cordial, tem tomado um caminho de intolerância nunca antes visto. Para Beinart e seus 80% de seguidores “se não tivermos dois estados como solução, então Israel tem que deixar de existir”. Isto é a pura arrogância de um judeu que não mora em Israel e que se dá o direito de decidir o que é melhor para cerca de 9 milhões de israelenses e dois milhões de palestinos. E ainda, os deixa, judeus e árabes, fora da discussão.

Este é o mesmo argumento usado pelo movimento do cancelamento da cultura. Se você não tem a minha opinião, você tem que deixar de existir.

Aqui a discussão sobre Israel sempre começa com certas suposições. Sobre o que significa ser judeu ou sobre o que é o sionismo. Se Israel é apenas um lar cultural ou religioso para os judeus, um lugar de refugio, ou se os "valores" de Israel combinam com os da comunidade judaica-americana liberal e progressista.

Chegou a hora de darmos um basta nesta conversa. Não precisamos sempre procurar "soluções" para o "conflito". E chega de darmos voltas para forçar a “solução de dois estados”, algo que os palestinos claramente não têm interesse. É como se para um casal que se detesta, que não se suporta, a solução fosse trancá-los no mesmo quarto. Sabemos quanto isso poderia dar certo...

As pessoas que vivem em Israel e na Judeia e Samaria são reais. Elas são iguais às pessoas que vivem em Nova York, Miami, Moscou, Japão ou Porto Alegre. A ideia de que qualquer jornal daria espaço para alguém, mesmo o papa do sionismo liberal, começar uma opinião decidindo a existência de um país inteiro é mais que arrogância – é esquizofrênico!

Nenhum outro país do mundo está sujeito a esse ataque intelectual sobre sua existência como Israel. Que alguns americanos não se identifiquem com o "estado judeu" é inteiramente compreensível, mas querer extingui-lo, é extrapolar tudo o que é razoável.

Ninguém se atreve a dizer que a Irlanda não deve existir se não voltar a se unir à Inglaterra, contra a vontade dos irlandeses. Ninguém escreveu nos principais jornais dos EUA dizendo que "não acredita mais na Suécia ou na Noruega por que assimilaram forçosamente e ocuparam as terras dos Samis." Nenhum armênio-americano, jamais conseguiu espaço na mídia advogando a extinção da Turquia, ou um ucrano-americano clamar pela sumaria extinção da Rússia, por causa da anexação da Crimeia.  

A discussão também parece permitir outro absurdo que é descartar Israel como país simplesmente porque alguém não gosta da sua liderança ou de suas políticas. Então, se Israel não reflete os meus valores, ela não deveria existir. Esse mesmo padrão não se aplica à América. Estranhamente, judeus americanos que nunca pensaram em se mudar para Israel, exigem que Israel reflita seus valores mais do que os próprios políticos que elegem em seu canto do mundo.

Há uma indústria inteira nos EUA que se promove decidindo o que é "melhor" para Israel. Mas ela não se atreve a discutir o que é melhor para os EUA ou outros países. Isso faz parte de um vício doentio em como discutimos Israel que gira em termos de ideais, valores e conflitos e não de um país de pessoas. Esta é uma conversa profundamente hostil e tóxica.

Por esse motivo, é essencial redefinir a discussão sobre Israel. Mas não pode haver discussão se o ponto de partida é a própria existência ou se alguém “acredita” no estado judeu. Se as pessoas querem anular Israel, anulação esta que não é feita para nenhum outro país – por pior que seja - não há o que discutir.

Enquanto estátuas caem nos EUA, vale a pena revisar a estátua das discussões sobre Israel. O edifício podre foi construído com base em suposições falsas. Israel é um estado e está aqui para ficar. Você pode discordar de suas políticas, mas não pode dispensar milhões de pessoas como se fossem parte de um experimento acadêmico. Isto é injusto e imoral.

Sunday, July 19, 2020

Quanto Tentar Custa - 20 Anos de Camp David - 19/07/2020


Todos nós já ouvimos a frase: Não custa tentar.

Mas às vezes custa. E muito.

Há 20 anos nesta semana, o Presidente Americano Bill Clinton recebia o primeiro ministro de Israel Ehud Barak e o presidente da Autoridade Palestina Yasser Arafat em Camp David para tentar resolver o conflito entre Israel e os Arabes.

Não é preciso prova mais contundente do total fracasso daquela iniciativa do que a completa falta de interesse da mídia e do mundo acadêmico em comemorar a data. E a razão é obvia: quem quer marcar o aniversário de um fracasso?

Mas eventos históricos não se resumem a sucessos. Fracassos também podem ser históricos quando marcam uma virada ou um marco divisório. E isso foi Camp David.

Este encontro deveria ter sido o ápice das esperanças dos Acordos de Oslo, assinados 7 anos antes. O pensamento era que se Israelenses e Palestinos pudessem sentar à mesa e tentar longa e duramente, com um mediador imparcial e engajado como Bill Clinton, eles poderiam negociar o fim do conflito centenário, com raízes em religião, identidade e história.

Mas a lição que este encontro nos deixou foi um aviso de como não proceder no futuro. Aprendemos que o que o primeiro-ministro de Israel mais esquerdista de sua história pôde oferecer – e ele ofereceu mais que qualquer outro antes dele – ficou a quilômetros de distância do mínimo que Arafat exigia, especialmente sobre Jerusalem e os refugiados.

Barak ofereceu 94% da Judeia e Samaria, e outros 6% de território de Israel própria como compensação e concordou em dividir Jerusalem para não mencionar bilhões em investimentos internacionais em um novo estado palestino. Os palestinos só tinham que desistir do direito de retorno para Israel própria e assinar um acordo de "fim de conflito e de reivindicações" por perpetuidade. A resposta deles foi um sonoro “não” .

Arafat então decidiu que o que ele não pode conseguir negociando, ele ia conseguir derramando sangue. E assim, dois meses depois dos tapinhas nas costas de Camp David, começou a segunda intifada. Quatro anos de terrorismo diário com mais de mil mortos para Israel.

O que ouvimos incessantemente dos negociadores internacionais e da mídia é que todos sabem como resolver o conflito. Simples: tudo o que Israel tem que fazer é se retirar para as linhas de 1948 com pequenos ajustes, e fazer de Jerusalém oriental a capital do novo estado palestino. Se apenas Israel oferecesse isso, a paz reinaria.

Não foi exatamente isso o que Barak ofereceu em 2000?

E é aí que este pessoal se enrosca. Quando tentam racionalizar a intransigência palestina, e explicar porque todas essas concessões, que já foram oferecidas em 2001 e 2008, foram totalmente rejeitadas.

Se o objetivo dos palestinos é realmente constituir dois estados para dois povos, criar um estado palestino independente vivendo lado a lado com um estado judeu, por que esse conflito ainda não foi resolvido?

Não foi resolvido porque não se trata de uma disputa sobre território. É preciso entender que o termo "solução de dois estados" significa algo completamente diferente para os palestinos. Para eles, dois estados significam um estado árabe na Cisjordânia e um estado binacional em Israel. A exigência palestina é que todos os refugiados palestinos e seus descendentes perpetuamente tenham o direito de se mudar para Israel a qualquer momento que escolherem. Em outras palavras, a destruição demográfica de Israel como um estado judeu.

Os negociadores ocidentais e os políticos de ambos os partidos políticos americanos nunca entenderam completamente o que os palestinos estão realmente dizendo. Como todos bons diplomatas eles escreveram documentos gerais e ambíguos para que tanto os árabes como Israel pudesse declarar vitória!

O que aprendemos com o fracasso de Camp David é que temos que ser bem específicos colocando no papel exatamente o que é esperado dos palestinos e em troca do quê.  Mas isso vai ficar para a próxima geração.

Por quê?

Porque os árabes não podem, no momento, assinar um acordo que encerre todas as reivindicações e ponha uma resolução final ao conflito. Que reconheça o direito de um Estado judeu de existir e viver sem ser molestado em terras que já foram muçulmanas. Israel sempre exigiu isso e foi rejeitada. Este é o eterno ponto cego dos negociadores e presidentes americanos que parecem querer apenas um papel assinado, achando que a ambiguidade criará confiança. Essa também foi a razão do fracasso dos Acordos de Oslo, pelos quais Israel trocou terras por promessas não cumpridas.

Eu vou agora esclarecer um outro ponto. Não há direito internacional para o retorno de refugiados, certamente não para descendentes de refugiados. De fato, todos os outros refugiados no mundo auxiliados pelo Alto Comissariado da ONU para Refugiados devem ser reabilitados no país onde receberam refúgio. E isto foi especialmente verdade para os refugiados judeus que fugiram dos países árabes depois da Declaração do Estado de Israel.   

Os palestinos dizem “que continuarão a buscar uma paz justa que proporcionará às gerações futuras seu direito de primogenitura; suas terras serão devolvidas, de um jeito ou de outro.” Os ocidentais ingênuos só ouvem as palavras "paz justa" e assumem que isso significa dois estados para dois povos. Na verdade, o que isso significa é o direito ilimitado de todos os palestinos e seus descendentes de se instalarem em Israel em perpetuidade.

O debate da anexação obscureceu o verdadeiro paradigma do conflito. A questão a ser feita não é se Israel anexar 30% da Judeia e Samaria, se isso acabaria com o sonho de um estado palestino. A pergunta é: os palestinos estão prontos a aceitar a Judeia e Samaria com trocas de terras que garantam a segurança de Israel? eles assinariam uma resolução de fim de conflito e aceitariam um estado judeu? A resposta hoje é não. Então como disse, este não é um conflito territorial, ou isso teria terminado há muito tempo.

Se os obstáculos para um acordo final são intransponíveis nesse momento, que assim seja. O que é necessário é não aceitarmos um suposto acordo de paz de apenas concessões infrutíferas por Israel.

Camp David e a Segunda Intifada fundamentalmente mudaram o cenário político de Israel. Nunca mais um partido de esquerda foi eleito para liderar o país e a esquerda vem perdendo cada vez mais apoio. 

E tudo isso começou há 20 anos atrás quando tentar custou muito para Israel.



Sunday, July 12, 2020

Cancelando a Cultura - 12/07/2020


Depois da nova expressão “racismo sistêmico” que a mídia e a esquerda estão usando gratuitamente sem explicar o que é, temos uma nova agora: “cancelar a cultura”.

Se procurarem o termo em inglês, vai aparecer “online Shaming”, que é humilhar, ridicularizar, intimidar e abusar em publico, através da internet ou plataformas sociais e da mídia local, companhias e pessoas que não comungam da justiça social.

Mas este cancel culture vai mais além. Ela quer cancelar a cultura ocidental, o legado que líderes brancos deixaram, especialmente na América. Depois de vandalizarem estatuas de todo o tipo de homens brancos, independente de suas ideologias, agora querem destruir as esculturas do Monte Rushmore.

Lá estão George Washington, o líder da independência e primeiro presidente americano, Thomas Jefferson que defendia o direito do povo de se autogovernar (a base da democracia), Theodore Roosevelt, que tornou a América uma potencia internacional e Abraham Lincoln que acreditava que somos todos iguais e acabou com a escravidão. A multidão ignorante os condena por serem brancos. Que eles viveram há mais de 150 anos não importa. Eles têm que ser julgados pelos valores de hoje e são culpados.

Mas a coisa não para aí. Empregados da Ford exigiram esta semana que a empresa deixe de montar carros para a polícia. O presidente da empresa de alimentos Goya foi bullied impiedosamente nas mídias sociais e seus produtos boicotados por ele ter elogiado o presidente Trump na Casa Branca.

Há três semanas, comentei que os sites conservadores ZehoHedge e the Federalist tinham tido sua monetização suspensa pelo Google depois de uma campanha de uma jornalista novata da NBC. Ela só começou na empresa há 6 meses mas conseguiu afetar estas publicações aonde dói mais: no bolso. 

Isto depois de termos o PraguerU, um site educacional em que vídeos sobre a Constituição Americana, do professor de Harvard, Alan Dershowitz foram retirados do ar por serem supostamente “ofensivos”. E isso não se atém aos Estados Unidos. O comentarista brasileiro conservador Bernardo Kuster, teve seus vídeos excluídos do Youtube e depois de restitui-los, o Youtube desmonetizou completamente o canal do Bernardo alegando que o conteúdo era nocivo e perigoso para os expectadores. Quando questionado sobre qual conteúdo tinha sido considerado nocivo e perigoso, o Youtube se recusou a responder. 

Notem que o Youtube, do Google, como o Facebook e outras plataformas, há 20 anos conseguiram uma proteção contra ações na justiça, alegando serem apenas um veículo de postagem e não podem ser responsáveis por elas. Agora que elas resolveram se tornar ativistas políticos, monitorando e decidindo que tipo de mensagem pode ser veiculada, deveriam perder esta isenção. Aí sim, a coisa fica interessante.

Esta situação chegou a tal ponto que nesta semana 150 escritores e acadêmicos (que não são de direita) assinaram uma carta publicada na revista Harpers dizendo que apesar de “Trump ser uma ameaça real à democracia”, “a livre troca de informação e ideias - a força vital de uma sociedade liberal - está se tornando, a cada dia, mais restrita.” Que “a censura também está se espalhando” que há “uma intolerância a opiniões opostas, uma tendência a envergonhar e ostracizar e a ofuscar questões políticas com uma certeza moral que não pode ser discutida”. 

Líderes da mídia, em pânico, estão aplicando punições precipitadas e desproporcionais. Editores são demitidos; livros são retirados das prateleiras; jornalistas são impedidos de escrever sobre certos tópicos; professores são investigados por citar obras de literatura em sala de aula; um pesquisador foi demitido por circular um estudo acadêmico. Quaisquer que sejam as defesas o resultado tem sido limitar cada vez mais o que pode ser dito sem a ameaça de represália. Escritores, artistas e jornalistas que temem por seus meios de subsistência temem se afastar do consenso.

Pois é. O bicho que a esquerda criou, agora voltou para mordê-la.

Mas a situação é ainda pior quando se trata de antissemitismo. No mês passado falei aqui sobre o jogador sérbio de futebol Alexander Katai, que jogava para o Los Angeles Galaxy. A mulher dele, que mora em Chicago, colocou em sua mídia social em sérbio, comentários sobre os protestos da morte de George Floyd, chamando os manifestantes de “manada”. Por causa desses comentários e apesar de publicar uma desculpa imediata dizendo que Black lives matter, e que sua mulher tinha cometido um erro, Katai foi sumariamente demitido do time. Ele tinha um contrato de 1.3 milhões de dólares, nada comparado com as grandes estrelas do esporte. Isto foi em junho.

Nesta ultima segunda-feira, o jogador negro de futebol americano Desean Jackson, publicou uma citação atribuída a Hitler e compartilhou citações antissemitas do líder da Nação do Islã Louis Farrakhan em uma série de postagens.

Jackson, que tem 1,4 milhões de seguidores no Instagram, escreveu entre outras:
  “Como os judeus brancos sabem que os negros são os verdadeiros filhos de Israel e, para manter as Américas em segredo, os judeus chantagearão a América. Eles extorquirão a América, seu plano de dominação mundial não funcionará se os negros souberem quem eles são. Os cidadãos brancos da América ficarão aterrorizados ao saber que, durante todo esse tempo, estão maltratando, discriminando e linchando os Filhos de Israel.”

O time para o qual ele joga, os Eagles, divulgou um comunicado na terça-feira, chamando as mensagens de "absolutamente assustadoras" e dizendo que "está avaliando as circunstâncias e tomará as medidas apropriadas". Como é??? Continuam avaliando o quê????

Pelo fato de Jackson ser negro, ele tem o direito de dizer o que quer? seu contrato não será cancelado e ele continuará a receber os 28 milhões de dólares que lhe cabe. O salário-base dele este ano é de 6.2 milhões de dólares. Isso é mais de 33 milhões de reais até o final deste ano sem contar com o merchandising. E ele tem a coragem de dizer que é parte de uma minoria “perseguida” nos Estados Unidos.

Jackson também postou um clipe de Farrakhan, onde ele diz que o Dr. Fauci, consultor de coronavírus da Casa Branca, e Bill Gates da Microsoft, estariam planejando criar uma vacina contra o vírus que vai "despovoar a Terra".

Farrakhan é um notável antissemita cujas postagens foram sim banidas pelo Facebook, mas só em 2019, por promover "violência e ódio". Entre outras ele chama os judeus de cupins, de sinagoga de Satã, de controlarem todas as profissões e meios de comunicação, de promoverem atos sexuais degenerados e daí por diante.

Com a repercussão negativa, Jackson então postou que: "Qualquer um que acha que odeio a comunidade judaica tomou minhas postagens de maneira errada". Sério??? Qual parte estava errada?

Aí ele resolveu postar um pedido de desculpas meia-boca em seu Instagram: dizendo que sua “intenção era elevar, unir e incentivar a cultura(negra)com positividade e luz. Infelizmente, isso não aconteceu. Eu machuquei involuntariamente a comunidade judaica no processo e por isso sinto muito!

É, se um jogador branco tivesse dito algo assim, ele teria sido cortado imediatamente como ocorreu com Katai.

Não podemos ser forçados a escolher entre justiça e liberdade. A verdadeira justiça não ocorre sem liberdade. Especialmente liberdade de expressão. É só ver o que ocorre na China ou na Coreia do Norte. Prestem atenção que a censura sempre vem da esquerda.  A solução seria promovermos outras plataformas que dão a voz aos conservadores e também darmos o troco à estes monopólios aonde dói mais: no bolso.