Sunday, June 18, 2023

Biden Não Está do Lado de Israel - 19/6/2023

Mais uma vez a administração Biden está se imiscuindo nos assuntos internos e externos de Israel. Internamente, os Estados Unidos estão pedindo à Israel para unilateralmente ir além de suas obrigações e fazer novas concessões aos árabes palestinos em troca de ... bem... absolutamente nada.

Isto porque, apesar de Israel ter prometido em fevereiro último não aprovar novas construções de judeus na Judeia e Samaria, agora Biden quer que esta promessa se estenda a Jerusalem.

 Como isso afeta um jovem casal que tem um quarto e sala num bairro judaico que está além da linha de armistício de 1948 e quer construir uma extensão para um berçário para seu primeiro bebê?

A resposta da administração Biden é: “devagar aí”. Pelo fato de que seu apartamento em Jerusalem está além da linha de armistício de 1948, ele é parte de um “assentamento” e o casal e seu bebê são “colonos”. Como o porta-voz da Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, explicou esta semana, o governo está muito preocupado com os últimos planos de construção israelense além das antigas linhas do armistício. Qualquer construção de “assentamento” israelense “aumentará as tensões”, disse Kirby. Isso “tornará uma solução de dois estados muito mais difícil de alcançar”.

Assim, o bebezinho é um “colono”. Seu berçário vai “aumentar as tensões” e de alguma forma, impedirá a paz no Oriente Médio. Uau! Quem diria que um bebezinho judeu poderia causar tantos problemas?

A coisa é que Israel anexou os bairros de Jerusalem de facto em 1967. Há 56 anos! Muito mais do que os 19 anos de ocupação ilegal da Jordânia à estas partes da cidade. Ainda, mesmo que os Estados Unidos não reconheçam a anexação, nos acordos com os palestinos, Israel nunca se comprometeu a não construir na Área C.

Acho que John Kirby ficaria surpreso se alguma vez desse uma olhada no texto dos vários acordos que Israel assinou com seus vizinhos árabes. Não há uma palavra no acordo de Oslo I de 1993, ou no acordo de Oslo II de 1995, que proíba a construção israelense nos 60% da Judéia-Samaria que Israel controla. Nem uma palavra sobre isso no tratado de paz Jordânia-Israel (1994), no Acordo de Hebron (1997) ou no Memorando de Wye River (1998). Tampouco está nos Acordos de Abraão assinados com os Emirados Árabes, Bahrain e Marrocos.

O que o governo Biden está exigindo é algo que não pode ser encontrado em nenhum acordo que Israel já tenha assinado. E é claro, não há a qualquer limitação similar à construção árabe nas áreas A e B. E a Autoridade Palestina realiza construções constantemente, com patrocínio da União Europeia e dos Estados Unidos – sem uma palavra de protesto do Departamento de Estado dos EUA.

Ninguém mais espera que a Autoridade Palestina, digamos, extradite dezenas de terroristas para Israel. Ou proiba grupos terroristas. Ou cesse o incitamento anti-israelense e antissemita. E essas são algumas das obrigações reais assumidas pelos palestinos nos acordos de Oslo. O que Israel receberia em troca de interromper todas as construções judaicas além das linhas de 1967? Literalmente nada! Israel estaria fazendo concessões que nem mesmo Oslo exige, enquanto a AP não tem que honrar absolutamente nada que Oslo exige. É incrível!

No âmbito internacional, Biden está fazendo de tudo para apaziguar os iranianos e impedir um ataque de Israel às usinas nucleares do Irã. Pelo registro histórico, os Estados Unidos sabem que Israel tende a segurar seu fogo muito mais durante os períodos de negociações ou de acordo potencial com o Irã.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse repetidamente que qualquer acordo entre Washington e Teerã não impedirá Jerusalém de tomar medidas contra a ameaça de um Irã nuclear. Netanyahu disse na semana passada na Knesset: “Nossa posição é clara: nenhum acordo com o Irã obrigará Israel”. “Israel continuará a fazer de tudo para se defender.”

O presidente do Comitê de Relações Exteriores e Defesa do Knesset, Yuli Edelstein, disse na noite de sábado que "o Irã está ganhando destreza [e] a Ucrânia se tornou uma excelente plataforma para testá-las ... Precisamos ficar de olho nisso."

Os EUA e o Irã negociaram o esperado acordo nas últimas semanas via Omã, depois que as negociações para reviver o acordo nuclear de 2015 fracassaram no ano passado. O novo acordo, que se espera ser uma série de entendimentos não escritos, faria com que os EUA aliviassem as sanções em troca do Irã limitar seu programa nuclear.

Uma limitação que faz os peritos rirem. O Irã teria que interromper o enriquecimento de urânio a 60% de pureza, muito além dos 3,67% permitidos em 2015. O problema é que o mais difícil e o que leva mais tempo é o enriquecimento inicial. Ir de 60% a 90% para uma bomba nuclear, não leva tempo algum.

O Irã libertaria os americanos que mantém presos, pararia de vender mísseis balísticos para a Rússia (o que é muito duvidoso) e pararia de alvejar americanos na Síria e no Iraque. Os EUA renunciariam a quase US$ 20 bilhões em sanções e não acrescentariam mais sanções ou buscariam resoluções contra o Irã no Conselho de Segurança da ONU ou na Agência Internacional de Energia Atômica.

O governo Biden procurou chegar a entendimentos informais com o Irã, em vez de um acordo por escrito, para contornar a Lei americana (INARA), que exige que o presidente entregue ao Congresso o texto de qualquer acordo sobre o programa nuclear do Irã com um período de 30 dias para a sua revisão. 

O presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados dos EUA, Michael McCaul, escreveu a Biden, na quinta-feira, dizendo que "qualquer acordo ou entendimento com o Irã, mesmo informal, requer submissão ao Congresso".

O porta-voz do Departamento de Estado, Matt Miller, negou que houvesse qualquer acordo com o Irã. Ele disse que os Estados Unidos querem que o Irã diminua as tensões e reduza seu programa nuclear, cesse o apoio a grupos regionais que realizam ataques, interrompa o apoio à invasão da Ucrânia pela Rússia e liberte cidadãos americanos detidos. É.. boa sorte!

Uma autoridade iraniana disse à Reuters: "chame do que quiser, seja um acordo temporário, um acordo provisório ou um entendimento mútuo - ambos os lados querem evitar uma nova escalada". 

Não é uma escalada que querem evitar, mas sim um ataque israelense. E de fato, um oficial sênior disse à Reuters que o principal objetivo do acordo nuclear iminente entre os EUA e o Irã é impedir Israel de atacar o Irã. 

"Se [os] iranianos calcularem mal, o potencial para uma forte resposta israelense é algo que queremos evitar", disse o oficial. É incrível que estes oficiais sempre temem uma ação israelenses e nem se preocupam com uma ação iraniana. 

De fato, na semana passada, o supremo líder do Irã Ayatollah Ali Khamenei declarou que o Ocidente não pode impedir o Irã de obter uma arma nuclear. Isso ele falou durante uma visita ao seu projeto nuclear enquanto também declarava que tal arma era “contra” os princípios islâmicos. 

É normal para os aiatolás e líderes iranianos falarem com os dois lados da boca. Uma mensagem para seu público interno e outro para o consumo do ocidente. Esta prática é parte da doutrina muçulmana conhecida como Taqiyya. Taqiyya significa a permissibilidade de negar ou ocultar as crenças reais de alguém (ou seja, enganar os não-muçulmanos) para garantir um objetivo.

Foi isso que o profeta Maomé fez com a tribo Quraish quando ele assinou um tratado de 10 anos de paz, só para atacá-los depois de dois anos. 

Em um discurso proferido em 20 de maio desse ano, Ali Khamenei, disse ter usado a 'Taqiyya' para descrever a decisão do regime de aceitar o acordo nuclear de 2015 com o Ocidente.

Yasser Arafat admitiu várias vezes para audiências em árabe que ele via o processo de paz com Israel, como nada mais que o acordo feito por Maomé com a tribo Quraish. Em outras palavras, ele deu a sua palavra somente para declará-la nula assim que tivesse forças suficientes para destruir Israel.

Dito isso, a pergunta é: existe uma única autoridade representando o Ocidente nessas negociações nucleares internacionais ou em tratativas com os palestinos que saiba – e muito menos se importe – com tudo isso?

Biden precisa apaziguar os iranianos porque está em plena campanha para reeleição e não quer uma ação israelense contra o Irã com ele no leme. Ele ainda quer ser visto como apaziguador dos palestinos para se aproximar da Arabia Saudita de quem depende para o petróleo. Mas isso não pode ser às custas de Israel.

Biden tem que parar de tratar o Estado judeu como seu lacaio.

 

Sunday, June 4, 2023

O Delicado Relacionamento Judaico-Cristão - 4/6/2023

 

No domingo passado tivemos um incidente muito desagradável em Jerusalem. E as manchetes na internet e mídias sociais não esperaram por uma explicação: ‘Cristãos perseguidos por judeus ortodoxos em Jerusalém! “Judeus ortodoxos cuspiram em fiéis cristãos perto do Monte do Templo!” “Violência contra cristãos. A verdadeira face de Israel.”

Estas são apenas algumas das postagens que viralizaram no último domingo, acompanhadas por imagens de judeus ortodoxos protestando contra um evento cristão realizado nas escadarias sul do Monte do Templo em Jerusalém, um local arqueológico aberto à visitação do público.

O evento cristão, titulado Pentecostes 2023: Dia Global de Oração por Jerusalém e pelas Nações, atraiu cristãos de uma ampla variedade de ministérios e organizações. De acordo com o site da organização, o objetivo principal do evento era alcançar 100 milhões de pessoas para orar, elogiar e exaltar Jesus sobre as nações, a oração por Israel, a paz de Jerusalém e lançar uma década de evangelismo. Neste ponto, a organização dá um outro link que mostra como evangelizar e difundir o evangelho.

Israel é um dos países mais tolerantes do mundo quando se trata de liberdade de culto. E sem dúvida é o único que dá esta liberdade na região. Mas o fato é que mesmo sentindo-se em “casa” com toda esta liberdade, não-judeus não podem simplesmente fazer o que querem. Eles não podem esquecer que são apenas convidados no país.

Quando 300 pessoas tomam as escadarias de um site arqueológico e começam a cantar, a orar, isso provoca preocupações de segurança, pois também havia turistas que compraram entrada para visitar o local. Assim, a polícia decidiu fechar o site para os não-participantes do evento cristão e sumariamente removeu os turistas.

Em torno de 40 manifestantes judeus, liderados pelo proeminente líder religioso sionista, rabino Zvi Tau, e pelo vice-prefeito de Jerusalém, Aryeh King, se mantiveram na porta de fora para expressarem seu desgosto para com estes que vieram para fazer proselitismo aos judeus em Israel.

Mas a mídia não contou o que realmente aconteceu, dando a entender que os manifestantes atacaram os cristãos. Em nenhum momento os manifestantes interagiram ou mesmo se aproximaram do grupo cristão. A balbúrdia se deu entre os manifestantes e a polícia.

Mas para os cristãos de todo o mundo, o comportamento dos manifestantes foi uma evidência do ódio judaico ao cristianismo e da intolerância à liberdade de culto dos cristãos em Jerusalém. Para os judeus que apoiam os manifestantes, a ameaça da atividade missionária cristã visando ativamente os judeus justifica a indignação exibida pelos manifestantes.

Vamos ser bem claros. Toda e qualquer tentativa de converter judeus ao cristianismo (ou a qualquer outra religião) é inaceitável se quisermos uma melhora no relacionamento judaico-cristão. A cessação destas atividades é uma pré-condição para o diálogo e a cooperação. Ainda mais em Israel.

A maioria dos cristãos ignora a história do antissemitismo cristão e não consegue entender a reação de suspeita da maioria na comunidade judaica. Uma suspeita que não é sem fundamento.

Logo no começo da Igreja, no primeiro milênio da era cristã, os líderes da hierarquia católica europeia desenvolveram ou solidificaram a doutrina de que todos os judeus (não os romanos) tinham sido os responsáveis pela crucificação de Jesus; e que a destruição do Templo pelos romanos e a dispersão do povo judeu foi uma punição pela contínua negação em abandonar sua fé e aceitar o cristianismo. Os cristãos impuseram medidas antijudaicas cada vez maiores nos séculos seguintes, incluindo atos de ostracismo, humilhação, expropriação, violência e assassinato.

Nos séculos X e XI, essas doutrinas contra os judeus foram endurecidas e expressas pelo zelo militar-espiritual das Cruzadas que em sua jornada de ida e volta a Jerusalem, massacravam as comunidades judaicas por onde passavam.

No século XII a Igreja criou o Tribunal do Santo Ofício, a Inquisição, através do qual ela perseguiu judeus e conversos à força, para que não voltassem ao judaísmo, seguindo as famílias durante séculos. Para tanto, a Igreja chegou até a elaborar um manual para os inquisidores, que detalhava as técnicas de interrogatório, os instrumentos a serem usados e as torturas a serem ministradas a suspeitos para que “confessassem” seus atos “judaizantes”. Os judeus foram perseguidos, torturados, expulsos, expropriados, tiveram seus filhos sequestrados, foram acusados de todas as barbaridades, de envenenar poços de água, a trazerem a peste negra, e como não, a usarem o sangue de crianças cristãs para fazerem a matzah na Pascoa. Durante séculos e em todos os lugares. Não é de se espantar que os judeus mantenham sua desconfiança.

Os cristãos precisam entender que a base essencial de reconhecimento e demonstração de respeito para com o judaísmo é precisamente a rejeição de qualquer esforço para converter judeus ao cristianismo. Tentar afastar os judeus da fé judaica e aproximá-los do cristianismo é atacar o povo judeu e o judaísmo de Israel.

Graças a Deus, a maioria das principais organizações cristãs sionistas se opõe abertamente à atividade missionária dirigida aos judeus. Na verdade, os líderes dessas organizações são frequentemente criticados no mundo cristão por se absterem do proselitismo. Essas organizações cristãs sionistas estiveram notavelmente ausentes do evento de domingo.

Em seu site, o evento Pentecostes 2023 lista vários ministérios proeminentes entre seus organizadores e parceiros que apoiam a pregação do cristianismo aos judeus em Israel. Embora grande parte do conteúdo do evento fosse oração, em vários discursos, bem como em materiais promocionais do evento, o objetivo de fazer o povo judeu aceitar Jesus estava explícito.

Isso mostra o estado delicado da relação judaico-cristã e o dano que resulta da falta de tato, respeito e sinceramente, de educação. Como disse o vice-prefeito de Jerusalem Aryeh King, imaginem se um grupo de 300 judeus ortodoxos se instalassem na praça de São Pedro em frente ao Vaticano para convencer cristãos a deixarem sua religião. Não dá para imaginar. Imediatamente a guarda suíça iria removê-los de lá. Nem falamos sobre Meca onde não-muçulmanos não podem nem entrar na cidade.

A responsabilidade pela percepção negativa de Israel em geral e dos judeus observadores da Torá em particular, resultante do protesto de domingo, recai diretamente sobre a mídia que exacerbou o que ocorreu com o protesto. Ela usou as imagens desses manifestantes como prova de que Israel restringe os direitos de todas as religiões de cultuar livremente. O que é patentemente falso.

Um número crescente de cristãos evangélicos está aprendendo a ter um relacionamento respeitoso com os judeus e Israel, sem agenda de conversão. Assim, enquanto repudiamos e nos distanciamos daqueles que tentam minar o judaísmo com seu trabalho missionário, devemos abraçar e encorajar aqueles que são verdadeiramente nossos amigos.

Aos meus amigos cristãos, digo que estudem a história das doutrinas e comportamentos cristãos antijudaicos, sejam sensíveis à identidade judaica e, acima de tudo, para que o relacionamento entre as religiões continue a crescer e prosperar, respeitem nossa fé e nossa aliança com o Deus de nossos pais sem tentar mudar quem somos. Caso contrário, essa amizade não é amizade.