Sunday, November 28, 2021

A Jornada da Mídia de Noticiário a Ativismo - 28/11/2021

Nos últimos meses, quando olho para os Estados Unidos, penso como um país tão bom pode ser governado por pessoas tão ruins.  

Sim, porque esta administração Biden está sendo uma completa catástrofe de norte a sul, leste a oeste e só se passaram 10 meses. Tendo supostamente recebido mais votos que qualquer candidato na história dos Estados Unidos, Biden está vendo sua aprovação despencar. E mesmo se nos próximos meses o desemprego cair, a cadeia de suprimentos voltar a funcionar e a inflação for controlada, é muito provável que os democratas perderão a maioria no Congresso no ano que vem. E isso mesmo com toda a proteção da mídia de esquerda que procura ao máximo esconder as falhas de Biden e encobrir os problemas que ele próprio gerou para o povo americano.

Senão vejamos: logo que assumiu a presidência, no primeiro dia, Biden suspendeu o projeto do oleoduto entre o Canadá e o Estado do Texas que selaria a independência americana em energia. Além disso ele praticamente proibiu prospecção privada de petróleo e prospecção em áreas federais. O resultado? Um aumento absurdo no preço da gasolina que resultou no aumento de todos os produtos que dependem de transporte. Tudo isso por causa do aquecimento global. Ok.

Mas aí vem a hipocrisia. Biden correu para a OPEC, a Organização dos Países Produtores de Petróleo, e suplicou para eles aumentarem sua produção para exportarem para os EUA. Quer dizer, causar mais emissões de carbono e aquecimento global no Oriente Médio é ok?

Ele também mandou suspender o muro entre o México e os Estados Unidos causando uma inundação de migrantes na fronteira sul. 2 milhões até agora de imigrantes ilegais entraram nos Estados Unidos. Entraram e estão soltos sem vacina, muitos deles criminosos violentos e traficantes de crianças e meninas de até 10 anos de idade, usadas como escravas sexuais. Mas isso é o que a mídia chama de tratamento humano!

Quando Trump era presidente a mídia rasgou com ele dizendo que os imigrantes eram colocados em jaulas. Jaulas construídas por Obama mas quando era Obama tudo bem. As mesmas jaulas usadas hoje por Biden, que estão transbordando com criminosos, pessoas com Covid, mas a mídia não se importa.

E por falar em Covid, em sua campanha para presidente, Biden bravejou contra Trump, chamando o presidente de incompetente por causa das mortes ocorridas pelo vírus. Também chamou Trump de racista quando ele mandou fechar as fronteiras para voos da China. Nancy Pelosi foi para Chinatown, em San Francisco para mostrar sua solidariedade com os sino-americanos e denunciar o suposto racismo do governo.

Só que nestes 10 meses de governo, houve mais mortes por Covid nos Estados Unidos do que no último ano de presidência Trump e neste ano estamos com a vacina. Quem é o incompetente? E ontem, Biden mandou fechar as fronteiras americanas para voos vindos do sul do continente africano por causa da nova variante Omicron que é mais letal, mais contagiosa e mais resistente à vacina.

A reação da mídia foi de aplauso. Agora o fechamento de fronteira não é mais racista. Quanta hipocrisia!

Mas o que me causou mais espécie foi o tratamento desta mídia burra do julgamento de Kyle Rittenhouse.

Eu assisti o julgamento em sua totalidade. Para quem só leu ou ouviu sobre o caso nos jornais brasileiros, vou fazer um pequeno resumo:

Kyle no ano passado era um adolescente de 17 anos que atirou em 3 pessoas matando 2. Ele foi absolvido na semana retrasada por um tribunal do júri por ter usado de legítima defesa. Ficou obvio patente que os maiores jornais do Brasil (Folha, Estado e OGlobo) em vez de pesquisarem um pouco sobre o caso, copiaram a mídia de esquerda dos Estados Unidos que descaracterizaram não só os incidentes, mas só transmitiram ao vivo as falas do promotor levando os ouvintes à erro.

O Estadão (o Jornal o Estado de São Paulo), por exemplo, em 20 de novembro teve como manchete: Absolvido, jovem que matou dois em protesto antirracista que autodefesa “não é ilegal”. A Folha, teve a manchete “Kyle Rittenhouse é inocentado após matar dois em ato antirracista nos EUA” e OGlobo, “Tribunal absolve jovem que matou duas pessoas em protesto antirracista nos EUA”.

São coisas assim que destroem a credibilidade da mídia.

O que houve em Kenosha não foi um protesto antirracista, mas uma quebradeira com incêndios e destruição tão vastas que a cidade não se refez até hoje. O pessoal da quebradeira veio de outros estados americanos para fazer arruaça, quebrar lojas e saquear. Não houve protesto com marchas, cartazes ou camisetas. A polícia resolveu se retirar porque não tinha como proteger a cidade.

Kyle mora numa cidade ao lado que fica do lado do Estado de Illinois. Naquele dia ele foi junto com um amigo até Kenosha, em Wisconsin, onde mora seu pai. Ele foi para limpar grafite e toda a sujeira da quebradeira da noite anterior. Um residente local de origem indiana, portanto uma minoria, que tinha uma revenda de carros usados, pediu à ele e ao amigo para ficarem de olho no seu negócio e Kyle então, pegou seu rifle e sua autorização de porte em Wisconsin,.

O Globo por exemplo, fala repetidamente do “jovem branco” dando a total impressão ao leitor, que as vítimas eram negras ou de cor. NÃO ERAM. Eram todos brancos. Joseph Rosenbaum, tinha acabado de sair da cadeia (ainda estava com um saco plástico com suas coisas na mão) depois de ficar preso 3 anos por ter estuprado cinco meninos. Ele começou a perseguir Kyle (tudo filmado) e tentou tirar a arma dele. Kyle caiu no chão e só aí atirou, matando Rosenbaum. Kyle então correu pela avenida em direção aos carros de polícia estacionados no final dela.

No caminho, Anthony Huber, que tinha uma ordem de prisão contra ele por violência doméstica, atacou Kyle com um skate, dando duas bordoadas nele, no pescoço e na cabeça. Kyle também caiu no chão e aí atirou, matando Huber. Depois foi a vez de Gaige Grosskreutz que não só jogou Kyle novamente no chão, mas colocou uma pistola que ele carregava ilegalmente contra a cabeça dele. Kyle atirou em defesa própria, e atingiu o braço de Grosskreutz.

A arruaça começou uns 3 dias antes quando um policial branco atirou num negro em Kenosha cumprindo um mandado de prisão, ao qual o negro estava resistindo. O negro só se feriu e está bem. O policial que atirou nem foi indiciado, nem mesmo suspenso.

Kyle foi acusado de ser um supremacista branco, racista, que ele deveria ser preso e a chave jogada fora. Isto tudo na mídia americana de esquerda (MSNBC, NBC, CNN, ABC e CBS). A única que transmitiu todo o julgamento foi a Fox News, inclusive com juristas negros que repetiram ad nauseam sem vacilar, que este caso era de autodefesa e nunca deveria ter sido trazido a julgamento.

Mas lendo qualquer dos jornais brasileiros o leitor saia com um gosto amargo de injustiça na boca. Afinal, pela descrição, Kyle era um vigilante, supremacista branco que saiu à noite para caçar negros e matou dois.

Vamos deixar a coisa bem clara: Neste caso, o acusado, o juiz, o júri (com exceção de uma pessoa de cor), os advogados, os promotores e as três vítimas, eram BRANCAS.

Pior, nenhuma das empresas que se dizem “checadoras de fatos” chamou a atenção para esta distorção patente e injustiça feitas pela mídia neste caso. Elas distorcem os fatos para servirem à sua agenda de esquerda. É uma falácia.

Não há como reparar o dano que o tratamento da mídia causou a este garoto. Hoje com 18 anos ele não vê como poderá levar a vida à frente. Apesar de absolvido, o rótulo de racista, de vigilante e supremacista branco ficará para sempre associado ao seu nome. E é este tipo de responsabilidade que a mídia precisa começar a assumir. A liberdade de imprensa não cobre a liberdade de publicar mentiras e fatos distorcidos. Uma nota de rodapé na página 21 com uma errata é mais um tapa na cara.

Chegou a hora. Só assim a mídia poderá restaurar sua credibilidade.



Sunday, November 14, 2021

A Cegueira que Não Deixa Diferenciar Vítimas de Vilões - 14/11/2021

Em junho deste ano, o governo da Bélgica anunciou que iria retirar a segurança militar das instituições judaicas, apesar do país estar sofrendo a maior onda antissemita dos últimos anos, devido à guerra com Gaza em maio deste ano. O governo simplesmente disse aos judeus de procurarem a polícia. É de notar que, com exceção da França, os judeus não sofrem antissemitismo no resto da União Europeia, tanto quanto na Bélgica.

O carnaval anual em Aalst “é somente humor”, disse o prefeito da cidade à BBC em 2020, sobre os carnavalescos vestidos com uniformes da SSs e judeus caricaturados com narizes enormes e chapéus de pele imensos. Foi muito “humorística” mesmo a deportação de 25 mil judeus belgas para Auchswitz onde foram mortos.

Este tipo de expressão popular só acontece quando governos adotam atitudes antissemitas ou se calam frente a elas. Em sua mídia social, o Ministério das Relações Exteriores da Bélgica se gaba de “multiculturalismo” e de “multilateralismo” que dizem fazer parte do “DNA belga”.

Multiculturalismo sabemos o que é. Na prática é aceitar o domínio do Islamismo e seus valores medievais sobre a Europa cristã.

O multilateralismo belga é o que acontece quando seu governo fornece milhões de euros para ONGs que propagam narrativas anti-Israel, promovem ações legais, e campanhas discriminatórias de BDS que demonizam o estado judeu.

Um dos objetivos declarados, publicados sobre este gasto do dinheiro público é, na redação de um destes acordos, “mitigar a influência de vozes pró-Israel". Qualquer democracia que se preze consideraria isso uma grave apropriação indébita de fundos públicos. Mas não a Bélgica!

Um exemplo notório envolveu o Diretor Geral para o Multilateralismo do Ministério das Relações Exteriores, Axel Kenes. No ano passado, ele convidou Brad Parker, um conselheiro sênior da Defesa Internacional das Crianças -Palestinas – a DICP, para se dirigir ao Conselho de Segurança da ONU, presidido na época pela Bélgica.

Esta ONG recebe financiamento público por meio de sua parceira belga, a ONG Broederlijk Delen. Muitos funcionários e membros do conselho do DICP têm laços comprovados com a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), responsável pelos assassinatos de judeus em Israel e no exterior. O Ministério da Defesa de Israel designou a própria DICP como uma organização terrorista em outubro.

Porque o Estado belga financia estas e outras ONGs, intimamente associadas ao terrorismo?

Essa questão foi colocada no parlamento federal belga à atual ministra do desenvolvimento e cooperação, Meryame Kitir. Ela prometeu uma investigação. Membros do Parlamento honestamente preocupados, disseram que a investigação deveria ser independente e transparente. Ao final não foi nenhum dos dois. Kitir simplesmente declarou que, tendo investigado, não havia caso para discutir.

A pergunta é: Como a promoção de uma luta, que inclui matar civis inocentes por meio de atos terroristas, se torna o “dever” de um governo democrático que não tem nada com a estória? E porque o outro lado desta estória, o lançamento de milhares de mísseis indiscriminadamente sobre uma população civil, explosões de ônibus, esfaqueamentos, tiroteios, acabam vilificando as vítimas reais e vitimizando os perpetradores?

Desde 2016, muitas publicações vieram à tona sobre as ligações de pelo menos 13 ONGs financiadas pela Belgica e o grupo terrorista Frente Popular para a Libertação da Palestina. De 2014 a 2021, os governos europeus e a União Europeia doaram mais de € 200 milhões para ONGs palestinas com altos funcionários ligados à Frente Popular, alguns dos quais estavam diretamente envolvidos no assassinato da adolescente israelense Rina Schnerb, de apenas 17 anos, em 2019.

No passado, a política diplomática da Bélgica era caracterizada por uma certa prudência para manter um ar de neutralidade em questões complexas. O chamado conflito israelense-palestino é um assunto muito complexo. Hoje esta neutralidade foi consciente e abertamente substituída na Bélgica por uma narrativa simplista de bem contra o mal. Só que nesta versão ela romantiza qualquer coisa palestina, enquanto demoniza tudo que é israelense.

Isso leva a uma condenação absurda e desproporcional de Israel, enquanto encobre ONGs palestinas que tem o único propósito o assassinato de israelenses. Vemos esse absurdo também nas Nações Unidas, cujas 211 condenações de Israel desde 2015 extrapolam qualquer medida. 

Só no ano passado, Israel foi condenada 17 vezes contra 6 condenações para o resto do mundo. O Reino Unido e os estados da União Europeia, como a França, a Bélgica, a Alemanha e a Espanha, votaram sim em mais de dois terços das resoluções contra Israel em 2020. Mas essas mesmas nações não conseguiram apresentar uma única resolução no mesmo ano sobre a situação dos direitos humanos na China, Venezuela, Arábia Saudita, Bielo-Rússia, Cuba, Turquia, Paquistão, Vietnã, Argélia ou em qualquer dos outros 175 países.

Os políticos belgas operam em um mundo impulsionado por pura ideologia, onde a transparência e a responsabilidade são mínimas, e as consequências por seus atos, completamente inexistentes. Mas eles não conseguem mais esconder sua parcialidade quando financiam ONGs ligadas a organizações terroristas comprometidas com a destruição de Israel. Esse tipo de postura nunca deveria fazer parte do “DNA” de qualquer democracia decente contra outra democracia.

A narrativa falsa perpetrada pela perniciosa campanha do BDS foi aceita com ansiedade demais por estados e organismos internacionais que abrigam um antissemitismo arraigado. Nenhuma outra causa uniu facções tão diferentes mais do que o ódio aos judeus, cuja última versão é o ódio ao Estado judeu, vestido na roupagem de “direitos humanos”. Se realmente se importassem com direitos humanos, a ONU e a UE encorajariam o diálogo entre israelenses e palestinos, não a demonização de Israel.

E isso nos leva à França. Depois da vergonhosa absolvição do muçulmano Kobili Traoré pelo impiedoso assassinato antissemita da médica Sarah Halimi, de 65 anos, com a desculpa que ele estava drogado por cannabis, a corte francesa desta vez condenou Yacine Mihoub, de 32 anos, à prisão perpétua por ter assassinado a sobrevivente do Holocausto de 85 anos, Mireille Knoll. Os dois casos são muito semelhantes pois as duas foram assassinadas em suas casas, por muçulmanos vizinhos à elas e pelo único fato de serem judias. 

Sarah não conseguiu justiça. Traoré foi descrito como uma vítima do sistema, um desempregado, que constantemente fumava maconha. Como se isso fosse uma desculpa para jogar uma mulher de idade do sexto andar de seu apartamento aos gritos de Ala uakbar.

Um ano depois do assassinato de Sara Halimi, o corpo parcialmente queimado de Mireille Knoll foi encontrado em seu apartamento em Paris em março de 2018. Ela foi roubada e esfaqueada 11 vezes e seus agressores incendiaram sua casa. Seu assassino era filho de vizinhos de Knoll e conhecia bem a vítima.

Knoll era uma criança de 9 anos quando escapou da batida em 1942 no Val d'Hiv quando mais de 13 mil judeus franceses foram deportados para campos de concentração onde a maioria pereceu.

O promotor público disse que, uma vez que Yacine Mihoub conhecia Knoll e que eles viviam em condições bastante semelhantes, apenas o ódio religioso poderia ter motivado o assassinato.

É muito triste quando respiramos um ar de alívio com uma decisão justa tanto no âmbito legal como moral. Isto deveria ser a regra, não a exceção em sociedades desenvolvidas.

Estes países europeus que se dizem senhores da moralidade mundial, que se sentem no direito de passar sermões em Israel, são tão cegos que ainda, no século XXI, não aprenderam a separar as verdadeiras vítimas dos vilões.


Sunday, November 7, 2021

A Inaceitável Banalização do Holocausto - 07/11/2021

Esta semana, judeus de todo o mundo comemoram o 83º aniversário da Kristallnacht, "A Noite dos Cristais", lembrando as janelas das lojas e casas de judeus que foram destruídas durante a noite de 9 a 10 de novembro de 1938. A maioria das sinagogas em toda a Alemanha, Áustria e Sudetos da Tchecoslováquia que tinham sido anexados pela Alemanha, foram saqueadas e incendiadas naquela noite. Milhares de negócios pertencentes a judeus foram danificadas e 30 mil homens judeus foram enviados para campos de concentração.

Somente na Alemanha, desencadeando seu ódio infernal, os alemães destruíram 267 sinagogas, atacaram 7 mil negócios pertencentes a judeus e prenderam dezenas de milhares de homens judeus que foram enviados para campos de concentração, tudo no decorrer de algumas horas.

Achavamos que nunca mais. Nunca mais o mundo desceria para um lodo tão profundo. Mas em menos de 100 anos, os judeus estão experimentando um ressurgimento do antissemitismo que está causando arrepios nos últimos sobreviventes daquela era terrível. Portas de sinagogas estão sendo reforçadas, empresas judaicas atacadas, monumentos judaicos desfigurados, cemitérios vandalizados. Adultos e crianças têm o cuidado de não usar nada que possa identificá-los como judeus, e aqueles que o fazem correm o risco de ataques verbais e até físicos. Isso está acontecendo em toda a Europa e também nos EUA.

Membros da Antifa, a organização que se diz supostamente antifascista, são conhecidos por apoiar o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) anti-Israel. E na Alemanha, onde o antissemitismo foi suprimido após a derrota do regime nazista, este ódio está novamente levantando sua cabeça monstruosa.

Na recente eleição para o governo, o Partido AfD (Alternativa para a Alemanha) obteve 10,3% dos votos. É um partido político de direita que se opõe à União Europeia e à imigração, especialmente a imigração de muçulmanos. Mas, como sabemos, esses sentimentos têm uma facilidade enorme para se estenderem aos judeus. Sua plataforma nacionalista extremamente popular, fez com que até partidos moderados normalizassem posições de extrema direita.

Hoje mais do que nunca, e por causa deste ressurgimento do antissemitismo, a recordação da Noite dos Cristais, que serviu de prelúdio ao Holocausto, deve evocar solenidade e reflexão e lembrar a todos nós, o horror único perpetrado pela Alemanha e seus colaboradores contra o povo judeu.

Mas, em vez de inclinar a cabeça em respeito nesta data, muitos que preferem banalizar a memória do Holocausto em vez de dignificá-la.

Apenas nos últimos dias, uma ampla gama de pessoas em todo o mundo fez comparações ao Holocausto, com um abandono tão revoltante que beira a pura inanidade.

Este é um insulto não apenas à história, mas especialmente aos 6 milhões de judeus que foram assassinados. E não podemos permitir que isto continue.

Tome, por exemplo, nada menos que o Arcebispo de Canterbury, Justin Welby, cuja família - por parte de pai - é judia. Em uma entrevista à BBC na conferência de Mudança Climática da ONU em Glasgow, ele insinuou que o aquecimento global é potencialmente pior do que o genocídio nazista, dizendo que os líderes que não abordarem as questões ambientais serão vistos pelas futuras gerações “em termos muito mais fortes do que falamos hoje dos políticos da década de 1930, dos políticos que ignoraram o que estava acontecendo na Alemanha nazista”. Além disso, ele afirmou que, a mudança climática "permitirá um genocídio em uma escala infinitamente maior".

Depois que seus comentários provocaram uma tempestade de indignação, Welby tuitou um pedido de desculpas, observando corretamente que "nunca é certo fazer comparações com as atrocidades cometidas pelos nazistas, e que sentia “muito pela ofensa causada aos judeus por essas palavras."

Mas isso levanta a questão: por que ele sentiu a necessidade de fazer referência ao Holocausto, que não tem nada a ver com as emissões de carbono na sociedade moderna?

Do outro lado do oceano, aqui no estado do Kansas, um nível semelhante de insensibilidade foi exibido quando a memória do Holocausto foi explorada por oponentes de um mandato de vacina federal nos termos mais vergonhosos.

Falando ao Comitê de Saúde da legislatura estadual do Kansas, o líder trabalhista Cornell Beard comparou o tratamento dispensado aos que se negam a tomar a vacina, aos judeus europeus no século anterior. Beard disse aos legisladores que “basicamente, estamos dizendo que você que não tomou a vacina, é o judeu moderno”, e que “você vai usar essa estrela ... e não nos importamos se você reclamar ou não”.

Surpreendentemente, nenhum dos legisladores presentes se opôs ou protestou contra a comparação. Parece que as imagens do Holocausto se tornaram uma ferramenta popular nas mãos daqueles que se opõem à vacinação COVID-19 em todo o mundo.

No sábado passado, em Melbourne, Austrália, um manifestante contra as inoculações obrigatórias vestiu uma réplica do uniforme do campo de concentração e ergueu uma placa dizendo “a história se repete”. E quando foi confrontado por transeuntes judeus, ele se recusou a recuar.

Naquele mesmo dia, na cidade de Novara, no noroeste da Itália, manifestantes também vestiram uniformes de campo de concentração no estilo nazista e alguns até carregavam números, uma referência direta à forma de como os judeus foram tatuados pelos alemães nos campos de extermínio.

Na Holanda, uma rabina reformista chamada Tamara Benima, causou comoção quando disse em um discurso que, embora aqueles por trás das restrições ao coronavírus tenham boas intenções, “como judia, o que aconteceu na Alemanha nazista é um aviso para mim. Todos os que estavam no poder tinham a melhor das intenções. Também quando eles declararam os judeus um perigo para a 'saúde pública'. Também quando eles declararam uma guerra contra o 'vírus' daqueles tempos.” O “vírus” sendo os judeus. Como se isso fosse alguma coisa que chegasse próximo a ser racional, plausível ou moral.

Não pense que referências como estas são inócuas. Esse tipo de declarações apenas banalizam, depreciam e rebaixam o Holocausto, reduzindo-o a uma mera analogia. Uma analogia que está permitindo o ressurgimento do antissemitismo.

E, claro, inevitavelmente, o obsceno e o absurdo acabam se encontrando, como quando o treinador do Bristol Rovers, um time de futebol inglês, lamentou o fraco desempenho de seus jogadores e a perda de um jogo a “um Holocausto, um pesadelo, um absoluto desastre."

E outra coisa. Não deveria ser necessário dizer, mas, aparentemente, é preciso: o Holocausto não é um ponto de discussão política. Nunca deveria ser.

Mas é. Como o foi, quando a revista Isto É publicou em sua capa, uma foto de Bolsonaro como Hitler com os famigerados penteado e bigodinho onde estava escrito “genocida”. A manchete: “As práticas abomináveis do mercador da morte”.  A desculpa da revista foi que o conteúdo explicava apenas o relatório da CPI da Covid-19 e a “catástrofe perpetrada pelo presidente e seus asseclas”.

Não me importa até que a reportagem elogiasse o presidente Bolsonaro. Como sabemos, uma imagem vale mil palavras e a conotação da capa foi clara. Bolsonaro não encomendou o vírus chinês. Hitler encomendou os campos de concentração e de extermínio. Bolsonaro não proibiu a vacinação. Hitler sancionou usar judeus para experimentos médicos atrozes. No Brasil tivemos 600 mil mortes, dos quais uma certa porcentagem não divulgada morreu com o vírus e não pelo vírus. Eram pessoas que tinham outras doenças graves e pegaram a Covid. Hitler construiu uma verdadeira indústria da morte que assassinou 6 milhões de judeus, homens, mulheres e mais de um milhão de crianças, incluindo o primo da minha mãe de 9 anos de idade gaseado junto com sua avó em Auschwitz. Também assassinou meio milhão de Ciganos, 50 mil homossexuais, além de milhares de alemães deficientes que fizeram parte do programa de eutanásia para eliminar indesejáveis.

Mas em especial, o Holocausto foi a tentativa sistemática dos alemães e seus colaboradores de assassinar o povo judeu e apagá-lo da face da terra. Foi o último ato do mal, a pior atrocidade cometida nos anais da humanidade.

E nem os políticos, nem a mídia, e nem ativistas têm o direito de invocar sua memória sagrada em prol de seus interesses políticos.

Portanto, a todos aqueles que citam caprichosamente o Holocausto, seja em relação às vacinações COVID, às mudanças climáticas ou ao futebol, eu digo a vocês: parem. Simplesmente parem.

Não quero saber de suas boas intenções quando seu objetivo é alcançar algum resultado imediato. Elas não me interessam. Elas não valem nada quando o resultado a longo prazo é a banalização do Holocausto e do que o mundo deveria ter aprendido com ele. E isso é quase tão ruim quanto negá-lo.