Sunday, September 27, 2015

O Fim da ONU - 27/09/2015

Acho que chegou a hora de acabarmos com a ONU de vez. Esta organização que custa uma verdadeira fortuna para manter claramente partiu dos objetivos para a qual foi criada. E hoje ela causa mais danos do que os repara.

Somente nesta semana, o secretário-geral Ban Ki Moon recebeu o presidente do Irã, Hassan Rouhani, junto com seu ministro do exterior Javad Zarif para consultas privadas. O tema foi de como poderiam encurtar o caminho da normalização de relações com os Estados Unidos. Assim, o líder da organização criada para prevenir outro holocausto, abraça e recebe com todas as honras o governo que jurou que Israel não existirá daqui a 25 anos pois será apagada do mapa!

Mas a coisa não parou por aí. Há seis dias, a ONU nomeou para ser presidente do Conselho de Direitos Humanos, nada menos do que a Arábia Saudita! Este país que só neste ano já decepou mais cabeças do que o Estado Islâmico, além de outros flagelos como corte de mãos, pés, e chibatadas, tudo de acordo com a lei islâmica, por crimes como mágica e feitiçaria, insulto ao islão e apostasia. Um país aonde mulheres não votam, são proibidas de dirigir automóveis e de saírem de casa sem estarem acompanhadas por um membro masculino de sua família. Um país no qual para que uma mulher possa denunciar um estupro ela precisa trazer quatro homens que o testemunharam, senão ela é apedrejada até a morte por “adultério”!!.

É um escândalo ter um país com uma das piores fichas em direitos humanos principalmente no que se refere à liberdade de culto, direito das mulheres e liberdade de expressão, para não falar de direitos dos gays, ser o responsável por reportar sobre violência e discriminação contra mulheres e minorias.

O caso recente mais famoso é o de Raif Badawi que criou um blog chamado de Sauditas Liberais Livres. Ele foi condenado a mil chibatadas por supostamente ter insultado clérigos muçulmanos. Depois das primeiras 50 ele foi hospitalizado em estado grave. Mesmo assim, nem o governo nem os tribunais acharam por bem comutar ou reduzir a pena. Se está escrito no Corão, então não há com que se preocupar. Se ele morrer, será simplesmente um ato do destino.

Agora com esta nomeação, os clérigos podem alegremente resumir o flagelo e ver se ele sobrevive às outras 950 chibatadas. É como nomear um ladrão presidente do banco. Isto deteriora ainda mais a credibilidade deste conselho de direitos humanos que além da Arábia Saudita, tem outros campeões em direitos humanos como a Rússia, Cuba, China, Qatar e Venezuela. Mas tudo bem porque o grande vilão do mundo como sabemos, é Israel.

Outra pérola da ONU nesta semana foi a declaração do Conselho de Segurança sobre os tumultos em Jerusalém, mais especificamente, no Monte do Templo.

Na semana passada falei sobre a declaração virulentamente antissemita do presidente da Autoridade Palestina Mahmud Abbas na qual ele prometeu fazer de tudo para não deixar “que os pés imundos dos judeus violassem a santidade da mesquita Al-Aqsa.” Alguém ouviu alguma condenação vinda da ONU? Nada, nem mesmo uma alusão ou insinuação.

A ONU nunca cessa de espantar em sua parcialidade contra Israel. Nenhum absurdo é absurdo demais quando se trata da ONU e Israel.

A reação do Conselho de Segurança à violência foi uma declaração que totalmente ignorou a agressão muçulmana no Monte do Templo ao mesmo tempo em que expurgou toda e qualquer ligação entre o local e os judeus e o judaísmo. Foi um fantástico feito em que ao mesmo tempo obliteraram a verdade, promulgando uma mentira.

Em nenhum momento o Conselho de Segurança falou do Monte do Templo. Só se referiram ao Haram al-Sharif, que é o nome que os muçulmanos dão para o local. Em um momento os membros do Conselho conseguiram apagar três mil anos de história judaica no local, isto para não falar da história cristã, pois Jesus também esteve no Templo.

Ninguém lembrou que estes tumultos ocorrem anualmente nos locais santos para judeus e cristãos que são explorados pelos muçulmanos para aumentar as tensões.

Mas neste ano para a ONU, é como se judeus nunca tivessem vivido na região ou tivessem qualquer ligação com o Monte. Como se tivessem inventado uma narrativa mentirosa sobre um Templo que nunca existiu somente para usurpar os direitos dos muçulmanos a esta mesquita que pelo que eles dizem, foi visitada por Maomé num sonho apesar de nunca ter existido qualquer mesquita fora da Arábia Saudita durante a sua vida.

Esta é exatamente a retórica mentirosa usada pelos árabes e muçulmanos que chegam a dizer que Jesus foi o primeiro mártir palestino e que o rei David era filisteu.

Os árabes posam como pobres vítimas às quais Israel nega os direitos mais básicos de culto, enquanto são eles que proíbem qualquer judeu ou cristão de murmurar qualquer prece no Monte do Templo, que jogam pedras nos que visitam e rezam no Muro das Lamentações abaixo e que sistematicamente tentam eliminar qualquer traço de civilização judaica no lugar. São os muçulmanos que definem a liberdade de culto como o direito de excluir todas as outras religiões.

É isso o que o Conselho de Segurança da ONU resolveu promover quando exigiu nada menos que “muçulmanos no Haram al-Sharif possam rezar em paz, livres de violência, ameaças e provocações”!!!! Sim, vocês entenderam bem. Foi o direito dos muçulmanos de rezar em paz que o vilão Israel violou!!!! A evidência, filmada e fotografada exaustivamente, de muçulmanos estocando pedras, projéteis, bombas caseiras e incendiárias na mesquita, escancarada para todos verem, foi diligentemente ignorada!

Porque frequentadores pacíficos da mesquita estariam armazenando armas num local santo como este? Aparentemente para a ONU, hostilidade fanática é definida como “liberdade de culto islâmica”.

Israel e organizações judaicas denunciaram a desavergonhada e inflamatória declaração do Conselho de Segurança, denunciando as falsificações palestinas sem qualquer referência ou reconhecimento da ligação do Judaísmo com o local.  

Se perguntarmos, porque isso é relevante, a resposta é que geralmente na ONU, quando há declarações deste tipo, elas precedem exigências maiores como, por exemplo, a de Israel renunciar à sua soberania sobre o local, que é o mais sagrado para os judeus.

Quando se trata da ONU e Israel, mentiras como estas são de esperar. Elas têm o objetivo de inculcar um vocabulário tendencioso nos noviços e continuar a moldar a mídia e acentuar os preconceitos contra Israel.

O papel da ONU se tornou a legitimação de uma agenda de ódio, exatamente o oposto da missão para a qual ela foi criada. E é por isso que ela tem que deixar de existir e ponto.

Sunday, September 20, 2015

A Violência do Monte do Templo - 20/09/2015

Após mais de três anos de violência diária em Jerusalém e incitamento Islâmico para aumentar a tensão no Monte do Templo, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou que irá endurecer a punição dos pregadores, instigadores, fabricantes de bombas e atiradores de pedras que aterrorizarem a população tentando provocar o santo Armagedon.

Já estava na hora. Mas as medidas de segurança por si só não são suficientes.

Sim, é fundamental reforçar a presença armada de Israel na parte oriental da cidade, para evitar a situação vergonhosa de túmulos serem vandalizados e familiares de mortos serem atacados no Monte das Oliveiras durante enterros, como o são. Ou a situação intolerável em que uma pessoa possa ser apedrejada até a morte em seu carro ao voltar para casa de uma refeição de Rosh Hashanah como ocorreu há uma semana com Alexander Levlovich de 64 anos. Ou um judeu ortodoxo, a caminho do Muro das Lamentações, ser violentamente surrado pelo crime de estar vestido como judeu.

Estes eventos diários são tão comuns que nem mais merecem qualquer linha no noticiário internacional. A não ser que alguém morra. Ou um palestino seja preso ou fique ferido. Aí o mundo se levanta em condenação uníssona contra Israel.

O problema é que a incitação vem da própria Autoridade Palestina e diretamente do seu presidente Mahmoud Abbas.

É só ler o que a mídia palestina tem publicado somente no último mês. No dia 23 de agosto a imprensa decidiu “comemorar” o aniversário do fogo que um cristão australiano, Denis Michael Rohan, ateou na mesquita de Al-Aqsa em 1969 dizendo que tinha sido um complô do governo israelense. Na mesma noite, um “documentário” foi exibido na TV mostrando “provas” de que Israel tinha decidido destruir a mesquita desde aquela época.

Abbas então deu várias entrevistas dizendo que o “chamado Templo dos judeus” não é mais do que lendas e mitos ilusórios que constituem o maior crime e fraude da história”.

No dia 14 de setembro, quando vários israelenses haviam sido feridos e árabes presos como resultado da violência no Monte do Templo, os jornais oficiais do governo de Abbas continuaram a encorajar jovens muçulmanos a sacrificarem suas vidas para defender e salvar a Mesquita de Al-Aqsa e Jerusalém, dos judeus.

Em vez de Abbas condenar a violência para acalmar a tensão, ele escolheu mais uma vez colocar gasolina no fogo, e da maneira mais vergonhosa. Com seu antissemitismo visceral transpirando por todos os poros ele declarou que “não podia permitir que os pés imundos de judeus profanassem a mesquita al-Aqsa.”

Esta retórica é obscena. Imaginem um líder judeu se referindo a um muçulmano desta forma. O mundo iria se levantar em protesto e indignação. Mas chamar judeus de imundos??  Aparentemente não há qualquer problema. O Conselho de Segurança da ONU se limitou a expressar “preocupação e pedir para Israel se abster”(?!!).

A mentira e a decepção que o mundo árabe e especialmente os súditos do rei Abbas continuam a espalhar é de uma baixeza indescritível. E quando achamos que não podem descer mais fundo na lama os palestinos nos surpreendem.

Então vamos falar a verdade mais uma vez para refrescar a memória dos ouvintes.

A verdade é que o Monte do Templo não é um lugar sagrado para os muçulmanos. Jerusalém não está mencionada uma vez sequer no Alcorão. O que os interpretadores dizem ser al-Aksa ou a “mesquita longínqua” no verso da viajem noturna de Maomé não poderia ser Jerusalém já que não havia qualquer mesquita na cidade durante sua vida. Jerusalém foi conquistada muitos anos depois da sua morte. A construção da mesquita no monte do Templo foi de acordo com os historiadores árabes, a culminação dos templos anteriores. Assim, os próprios árabes reconhecem que o Templo de Salomão esteve naquele local, apesar das diatribes insanas de Mahmoud Abbas.

Além disso, o rótulo de terceiro lugar mais santo dos muçulmanos só começou nos anos 30 inventado pelo Mufti Haji Amin Al-Husseini, amigo intimo de Hitler. Tanto que não há noticia de qualquer líder do mundo árabe que tenha ido rezar lá em qualquer momento no século XX.

Mas a prova cabal está no próprio comportamento dos muçulmanos que não condiz com nenhuma “santidade”. Muçulmanos diariamente jogam futebol na esplanada entre a mesquita e o domo da Rocha; mulheres sentam no gramado e fazem piqueniques deixando todo o lixo no chão. Antes de festas judaicas, os terroristas estocam a mesquita com armas, coquetéis molotov, fogos de artificio, madeiras e pedras. E além de tudo, eles rezam virados para a Mecca, levantando seu traseiro para o “lugar sagrado”. Alguém já ouviu algo assim nos recintos das mesquitas em Mecca ou Medina??

Os muçulmanos proibiram qualquer prece não-muçulmana no local no ano de 1187. Que religião é esta que proíbe pessoas de rezaram para D-us??? Especialmente se eles acreditam que Allah é o mesmo deus dos cristãos e dos judeus?? Só um retardado mental para defender um decreto medieval destes nos nossos dias, em pleno século XXI!!!!

Não só está o atual Mufti Mohamed Ahmad Hussein, decidido a manter esta lei bárbara e ultrapassada, mas ele criou sentinelas masculinos e femininos chamados de “mourabitoun” e “mourabitaat” para assediar os visitantes não muçulmanos no Monte do Templo. Conheço cristãos que se emocionaram durante a visita, derramando algumas lágrimas somente para serem ameaçados fisicamente pois ao que parece “chorar também é considerado prece”.

A audácia, mentiras e hipocrisia dos árabes não conhecem limites. Os que “deturparam” e “poluíram”, destruíram e danificaram os locais sagrados dos judeus durante décadas são pessoas como o Sr. Abbas e residentes árabes de Israel. No início do século passado eles atacavam judeus no Muro das Lamentações, intencionalmente jogando esterco e dejetos humanos, usando-o como depósito de lixo e para banheiros públicos.

São árabes que jogam pedras para baixo do Monte do Templo, para ferir pessoas rezando no Muro das Lamentações. São eles que incendiaram, destruíram e profanaram mais de 40.000 túmulos de judeus no Monte das Oliveiras entre a Guerra de Independência a Guerra dos Seis Dias usando as lápides para construir calçadas, escadas e casas de banho públicas.

E é o Estado de Israel que profana lugares santos? Quem incendiou as sinagogas de Gush Katif? Quem ateou fogo ao túmulo de José? Quem joga centenas de coquetéis molotov por mês no Túmulo de Rachel? E nem falo dos lugares santos cristãos que hoje estão sob controle muçulmano.

Os que poluem e profanam o Monte do Templo com violência e mentiras são os membros do Hamas e do Jihad islâmico em Israel e os palestinos que provocam a histeria com falsos alertas que "Al-Aqsa está em perigo."

Bibi Netanyahu diz querer manter o status quo, mesmo em detrimento do direito dos judeus de rezarem no local. Mas o status quo está morto. Ele foi morto pelo “mourabitoun” e pelas calúnias do Waqf e da Autoridade Palestina que diariamente negam qualquer ligação judaica com o Monte do Templo (e de fato a qualquer parte da terra de Israel). Com a radicalização da posição árabe, Israel tem que deixar bem claro que quando ela decidiu manter o Waqf muçulmano encarregado da mesquita, foi uma liberalidade que pode ser revogada a qualquer momento.

Israel ganhou a guerra e os árabes a perderam. Não, a terceira guerra mundial não será decretada. A região está bastante ocupada lutando entre si e até o governo da Jordânia que tanto ameaça, hoje precisa de Israel para sobreviver. Ao mesmo tempo, Israel e os que apoiam o estado judeu precisam lançar uma nova iniciativa diplomática para solidificar os direitos de acesso e prece de judeus e cristãos no Monte do Templo.

Talvez porque Abbas esteja prestes a denunciar os acordos de Oslo e declarar pela enésima vez o Estado Palestino na ONU, ele quer gerar tumulto suficiente para fazer Israel capitular em mais alguma de suas exigências absurdas?

Independentemente, Israel não deve engolir a violência islâmica que se tornou o novo status quo no Monte do Templo. Israel deve colocar na mesa um plano para trazer equidade e justiça na administração da esplanada que inclua o acesso de todos, de qualquer fé, ao lugar mais sagrado para o povo judeu.


Sunday, September 13, 2015

Shanah Tovah! - 13/09/2015

Em algumas horas o ano judaico de 5775 irá terminar e celebraremos o novo ano que começa com o por do sol. Amanhã na sinagoga perguntaremos quem irá viver, quem irá morrer, quem por fogo e quem pela água.

Este verão que termina no hemisfério norte começou com a chegada de algumas centenas de migrantes da África procurando melhores condições de trabalho na Europa. Mas a indecisão do ocidente em bater de frente com o Estado Islâmico no Iraque e na Síria transformou esta onda num tsunami. Hoje milhares de refugiados vindos principalmente da Síria tomam um caminho perigosíssimo para chegar à costa europeia. Só ontem foram 10 mil refugiados.

As centenas de milhares que se encontram em campos na Jordânia estão procurando também ir para a Europa e não enfrentarem mais um inverno nestes campos miseráveis. Assim, atrás dos milhares que conseguiram chegar na Alemanha, Suécia e outros países, existem milhões que logo irão bater nas portas da Europa.

O Presidente do Conselho Europeu Donald Tusk disse esta semana que a “onda de imigração não é um incidente isolado mas o começo de um verdadeiro êxodo” notando que a Europa terá que lidar com isso por muitos anos vindouros”.

Esta massa de refugiados vindos do Oriente Médio para a Europa é certamente o evento do ano não só pela quantidade astronômica de individuos mas também por sua qualidade. Como demonstrado por Tusk, não é preciso ser um teólogo para ver a similaridade de povos inteiros enfrentando o mar para a liberdade. 

Também não é preciso ser um historiador  para fazer analogias entre este drama e as grandes migrações da Asia que precederam o saque de Roma.

A pressão destes migrantes está se formando e ainda não chegou ao seu ápice. Muitos governos europeus têm razão para temer que tal invasão irá de fato causar fissuras na Europa.

A busca da Europa por coesão politica, apesar das tribulações econômicas, hoje está sendo colocada em questão por vários governos que querem soluções diferentes para esta crise. Foi o que fez o primeiro ministro da Hungria Viktor Orbans se colocar contra a Chanceler alemã Angela Merkel.

De fato, não fiquem surpresos se Merkel for a ganhadora do premio nobel da paz. O evento do ano foi sem dúvida impactado por sua visão, compaixão e determinação, tudo em contraste com a maioria dos outros líderes do mundo que até há duas semanas atrás ainda se diziam surpresos pela massa humana procurando refugio.  

Nos últimos anos, vimos a crescente radicalização e fragmentação das sociedades no Oriente Médio. Sunnis que lutam contra Shiitas e entre si. Minorias exterminadas, escravizadas e oprimidas. Regimes caem, se levantam e caem de novo. Hoje, cada sociedade árabe está em guerra ou em perigo de entrar em guerra. E em cada caso não se trata do bem lutando contra o mal mas são vários graus de barbarismo lutando entre si.

Da OLP ao Estado Islâmico, passando pelo Hamas, a Irmandade Muçulmana, o regime de Bashar al-Assad na Siria, os aiatolás no Irã, a Hezbollah, o regime de Erdogan na Turquia , a Arábia Saudita, todos usam algum grau de tortura e opressão regularmente. E todos o fazem enquanto quotam o al-Corão.

Israel até que tem respondido racionalmente para o massacre em suas fronteiras. Ela ajuda aonde pode. Por exemplo, Israel está dando assistencia ao governo egípcio em sua guerra contra os jihadistas no Sinai. Também está dando suporte ao regime da Jordânia. E finalmente Israel dá ajuda humanitária para as vítimas do banho de sangue na Síria. Os hospitais no norte do país estão cheios de feridos sírios.

Mas ainda é cedo para dizermos se a humanidade de Merkel não só impactou a história mas também a moldou. No topo, sua inclusão tem que ser aceita por outros líderes mas no final, o impacto social, religioso, cultural, economico, e politico deste influxo migratorio pode ter um resultado totalmente diferente do que ela tinha em mente.

Os vulcões politicos, os terremotos sociais, os tsunamis migratórios que o mundo árabe causou irão dominar não só esta década mas todo este século que começou com os ataques de 11 de setembro de 2001.

A linha entre impactar a história e moldá-la às vezes é muito fina. Este é o caso de Mohamed Bouazizi, o pobre vendedor de legumes que ateou fogo a si próprio em Tunis e assim deflagrou e simbolizou um movimento que começou com fogo na África do Norte antes de chegar às praias do sul da Europa.

A atual corrente migratoria, por sua vez, não pode ser atribuida a um indivíduo, seja ele um membro da elite, como Assad ou um homem do povo como Bouazizi. Mas ela tem um símbolo.

Alan Kurdi tinha três anos quando seu corpo foi engolido pelas águas do Mediterrâneo entre a Turquia e a Grecia. Mesmo assim, em sua breve vida, ele foi vitimado por quatro doenças que assolam o mundo árabe: o tribalismo, o fundamentalismo, o racismo e a tirania.

O tribalismo dos líderes alawitas da Siria os fizeram odiar a minoria kurda na qual ele nasceu. O fundamentalismo das tropas do Estado Islamico que invadiram sua cidade de Kobani, forçaram seus pais a fugirem para salvarem sua vida. E a tirania síria privou a familia do menino de passaportes que lhes dariam a oportunidade de emigrarem de modo seguro, uma violação dos direitos humanos que é parte da perseguição do regime de Assad de sua minoria Kurda.

O pequeno menino de short azul e camisa vermelha que parecia dormir na praia foi vítima das elites árabes que alimentam as massas no Oriente Médio com uma dieta diária de ódio, violência, ignorancia, fanatismo, destituição e desespero. 

Isto em parte responde à pergunta do porque países árabes ricos como a Arabia Saudita, Kuwait, Bahrain, Qatar não abrirem suas portas. Mesmo o fazendo, estes refugiados sabem do tratamento que irão receber e preferem a Europa. Alan Kurdi está morto, mas na sua morte ele escancarou os regimes politicamente decadentes, socialmente despedaçados e moralmente falidos do Oriente Médio e fez o mundo livre ouvir o grito de socorro dos indefesos.

Apesar de todas as condenações do ocidente que continua a pressionar Israel para mais concessões para estes bárbaros para supostamente trazer uma paz ilusória, Israel continua a ser um oasis de estabilidade nesta região.


É verdade, Israel está só. Mas estar só não é sempre a pior coisa. Hoje, com certeza não é a pior opção.   

Assim, na prece de amanhã quando perguntarmos nas sinagogas “quem por fogo e quem pela água?” muitos de nós irá pensar no que começou com um feirante queimado na Tunisia e continuou com um bebê afogado nas praias da Turquia.


Sunday, September 6, 2015

A Vitória de Obama e a Batalha de Netanyahu - 06/09/2015

Obama ganhou a briga do acordo com o Irã. Nesta semana 34 senadores americanos declararam seu apoio ao acordo -  assegurando sua sobrevivência no caso de uma desaprovação pelo Congresso. Isto porque o remédio de Obama para uma possível desaprovação é o veto. Mas se pelo menos 2/3 do senado – formado por 100 senadores – votarem contra, anulariam o veto do presidente. Com 34 votos, Obama tem mais de 1/3.

Ninguém está muito surpreso com esta vitória. Seria incomum se um presidente ainda no cargo não conseguisse convencer 34 senadores do valor deste acordo, que Obama deixará como seu legado em relações internacionais.

Assim, a sorte está lançada apesar da oposição da maioria do povo americano e de quase 2/3 do senado.

Mas a verdadeira notícia não é essa. A notícia é  que, mesmo sabendo que os Estados Unidos irão manter a aprovação deste acordo com o Irã, Benjamin Netanyahu prometeu continuar a denunciá-lo.

Por que a insistência do primeiro ministro israelense neste exercício inútil para mudar um resultado inevitável?

A resposta a esta questão veio do Senador Republicano Tom Cotton que em visita a Israel esta semana disse que ele como ele, Netanyahu sabe que esse “não é o fim da estória com o Irã, só o fim de um capítulo. E o que quer que aconteça com o acordo, nós ainda temos que confrontar a agressão iraniana nos próximos anos, enquanto estiver sob o controle dos aiatolás”.

Em outras palavras, ao continuar sua oposição ao acordo, Netanyahu está tentando impactar outros capítulos que ainda não foram escritos no qual o Irã será o maior adversário. Deste ponto de vista, os argumentos de Israel hoje são menos direcionados ao programa nuclear e mais sobre a ameaça convencional, que com os bilhões de dólares transferidos aos mulás, ficou substancialmente maior.

Muitos da esquerda de Israel e judeus americanos se opuseram veementemente à campanha de Netanyahu acusando o primeiro ministro de entrar numa guerra sabendo que iria perder e se indispor com o maior aliado do estado judeu.

Mas Netanyahu e outros líderes políticos em Israel e nos Estados Unidos que reconhecem o perigo deste acordo que permite a Republica Islâmica se tornar uma potência nuclear – têm o dever de denunciá-lo. Não faze-lo seria uma negligência de suas obrigações.

O Estado de Israel foi criado em grande parte como resultado das lições duramente aprendidas durante a Segunda Guerra Mundial. Uma delas é que o povo judeu não pode se basear em promessas de outros para sua proteção e continuidade. Em vez disso, Israel precisa ter os meios políticos e militares para proteger a si própria e determinar seu próprio destino.

E neste caso com o Irã há em Israel um raro consenso de oposição ao acordo. Tanto a direita como a esquerda entendem que um Irã liderado por mulás empenhados em trazer o fim dos tempos com capacidade nuclear ou a corrida armamentista na região trazida por esta capacidade são ameaças existenciais para o estado judeu.  

Este consenso deve ser articulado publica e abertamente em toda a oportunidade e em qualquer meio.

Se esta batalha estava destinada a ser perdida desde o começo ou não, é irrelevante. Israel deve continuar a usar de todos os meios para avisar o mundo dos perigos deste acordo seja para conseguir altera-lo ou anulá-lo de uma vez por todas.

Netanyahu foi duramente criticado por desafiar publicamente o presidente Obama. Muitos em Israel falaram sobre uma deterioração das relações com a America. No entanto, ambos Obama e o secretário de estado John Kerry deixaram bem claro que várias ocasiões que apesar de tentar bloquear o acordo ser um erro, eles respeitavam as preocupações e receios de Netanyahu. Ambos disseram que queriam uma cooperação mais estreita para aumentar o pacote de segurança que assegurará sua vantagem militar de Israel.

Para quê um pacote maior e melhor de ajuda militar se o acordo com o Irã é tão bom? E a contenção de Obama durante as negociações de que o Irã estava “a beira de se tornar um país mais moderado, que estaria pronto a se juntar à comunidade internacional e abandonar seu passado revolucionário?

Nunca houve uma só indicação de que os iranianos estariam indo nesta direção. Muito pelo contrário. A indicação é de endurecimento e expansionismo.

De acordo com o diretor geral do Ministério do Exterior de Israel, Dore Gold, o Irã está tentando instalar um novo front da Hezbollah contra Israel nos Altos do Golã e transferindo algumas de suas armas mais avançadas para a Hezbollah, incluindo GPS para mísseis balísticos para melhorar sua precisão. E tudo isto ocorrendo durante as negociações com os Estados Unidos.

De acordo com Gold, continuar a denunciar o acordo, continuar a avisar que ele irá dar ao Irã bilhões de dólares e legitimidade para seus esforços subversivos na região, é uma maneira de antecipar o próximo argumento em favor do Irã: que a Republica Islamica deve ter um papel na ordem regional do Oriente Médio como resultado do acordo”.

A retórica israelense, no entanto, irá manter o foco no Irã como um regime pernicioso e sem remorsos que não mudou de modo algum seu objetivo anti-Israel ou anti-americano.

Liderar uma campanha agressiva contra o acordo do Irã foi a coisa certa a fazer tanto moral quanto taticamente. Há momentos na história em que lideres devem tomar uma posição clara e inequívoca, independentemente das chances de sucesso. Quando os motivos forem puros, até os inimigos mostrarão respeito.