Sunday, September 6, 2015

A Vitória de Obama e a Batalha de Netanyahu - 06/09/2015

Obama ganhou a briga do acordo com o Irã. Nesta semana 34 senadores americanos declararam seu apoio ao acordo -  assegurando sua sobrevivência no caso de uma desaprovação pelo Congresso. Isto porque o remédio de Obama para uma possível desaprovação é o veto. Mas se pelo menos 2/3 do senado – formado por 100 senadores – votarem contra, anulariam o veto do presidente. Com 34 votos, Obama tem mais de 1/3.

Ninguém está muito surpreso com esta vitória. Seria incomum se um presidente ainda no cargo não conseguisse convencer 34 senadores do valor deste acordo, que Obama deixará como seu legado em relações internacionais.

Assim, a sorte está lançada apesar da oposição da maioria do povo americano e de quase 2/3 do senado.

Mas a verdadeira notícia não é essa. A notícia é  que, mesmo sabendo que os Estados Unidos irão manter a aprovação deste acordo com o Irã, Benjamin Netanyahu prometeu continuar a denunciá-lo.

Por que a insistência do primeiro ministro israelense neste exercício inútil para mudar um resultado inevitável?

A resposta a esta questão veio do Senador Republicano Tom Cotton que em visita a Israel esta semana disse que ele como ele, Netanyahu sabe que esse “não é o fim da estória com o Irã, só o fim de um capítulo. E o que quer que aconteça com o acordo, nós ainda temos que confrontar a agressão iraniana nos próximos anos, enquanto estiver sob o controle dos aiatolás”.

Em outras palavras, ao continuar sua oposição ao acordo, Netanyahu está tentando impactar outros capítulos que ainda não foram escritos no qual o Irã será o maior adversário. Deste ponto de vista, os argumentos de Israel hoje são menos direcionados ao programa nuclear e mais sobre a ameaça convencional, que com os bilhões de dólares transferidos aos mulás, ficou substancialmente maior.

Muitos da esquerda de Israel e judeus americanos se opuseram veementemente à campanha de Netanyahu acusando o primeiro ministro de entrar numa guerra sabendo que iria perder e se indispor com o maior aliado do estado judeu.

Mas Netanyahu e outros líderes políticos em Israel e nos Estados Unidos que reconhecem o perigo deste acordo que permite a Republica Islâmica se tornar uma potência nuclear – têm o dever de denunciá-lo. Não faze-lo seria uma negligência de suas obrigações.

O Estado de Israel foi criado em grande parte como resultado das lições duramente aprendidas durante a Segunda Guerra Mundial. Uma delas é que o povo judeu não pode se basear em promessas de outros para sua proteção e continuidade. Em vez disso, Israel precisa ter os meios políticos e militares para proteger a si própria e determinar seu próprio destino.

E neste caso com o Irã há em Israel um raro consenso de oposição ao acordo. Tanto a direita como a esquerda entendem que um Irã liderado por mulás empenhados em trazer o fim dos tempos com capacidade nuclear ou a corrida armamentista na região trazida por esta capacidade são ameaças existenciais para o estado judeu.  

Este consenso deve ser articulado publica e abertamente em toda a oportunidade e em qualquer meio.

Se esta batalha estava destinada a ser perdida desde o começo ou não, é irrelevante. Israel deve continuar a usar de todos os meios para avisar o mundo dos perigos deste acordo seja para conseguir altera-lo ou anulá-lo de uma vez por todas.

Netanyahu foi duramente criticado por desafiar publicamente o presidente Obama. Muitos em Israel falaram sobre uma deterioração das relações com a America. No entanto, ambos Obama e o secretário de estado John Kerry deixaram bem claro que várias ocasiões que apesar de tentar bloquear o acordo ser um erro, eles respeitavam as preocupações e receios de Netanyahu. Ambos disseram que queriam uma cooperação mais estreita para aumentar o pacote de segurança que assegurará sua vantagem militar de Israel.

Para quê um pacote maior e melhor de ajuda militar se o acordo com o Irã é tão bom? E a contenção de Obama durante as negociações de que o Irã estava “a beira de se tornar um país mais moderado, que estaria pronto a se juntar à comunidade internacional e abandonar seu passado revolucionário?

Nunca houve uma só indicação de que os iranianos estariam indo nesta direção. Muito pelo contrário. A indicação é de endurecimento e expansionismo.

De acordo com o diretor geral do Ministério do Exterior de Israel, Dore Gold, o Irã está tentando instalar um novo front da Hezbollah contra Israel nos Altos do Golã e transferindo algumas de suas armas mais avançadas para a Hezbollah, incluindo GPS para mísseis balísticos para melhorar sua precisão. E tudo isto ocorrendo durante as negociações com os Estados Unidos.

De acordo com Gold, continuar a denunciar o acordo, continuar a avisar que ele irá dar ao Irã bilhões de dólares e legitimidade para seus esforços subversivos na região, é uma maneira de antecipar o próximo argumento em favor do Irã: que a Republica Islamica deve ter um papel na ordem regional do Oriente Médio como resultado do acordo”.

A retórica israelense, no entanto, irá manter o foco no Irã como um regime pernicioso e sem remorsos que não mudou de modo algum seu objetivo anti-Israel ou anti-americano.

Liderar uma campanha agressiva contra o acordo do Irã foi a coisa certa a fazer tanto moral quanto taticamente. Há momentos na história em que lideres devem tomar uma posição clara e inequívoca, independentemente das chances de sucesso. Quando os motivos forem puros, até os inimigos mostrarão respeito.



No comments:

Post a Comment