Obama ganhou a briga do acordo
com o Irã. Nesta semana 34 senadores americanos declararam seu apoio ao acordo
- assegurando sua sobrevivência no caso
de uma desaprovação pelo Congresso. Isto porque o remédio de Obama para uma possível
desaprovação é o veto. Mas se pelo menos 2/3 do senado – formado por 100
senadores – votarem contra, anulariam o veto do presidente. Com 34 votos, Obama
tem mais de 1/3.
Ninguém está muito surpreso
com esta vitória. Seria incomum se um presidente ainda no cargo não conseguisse
convencer 34 senadores do valor deste acordo, que Obama deixará como seu legado
em relações internacionais.
Assim, a sorte está lançada
apesar da oposição da maioria do povo americano e de quase 2/3 do senado.
Mas a verdadeira notícia não é
essa. A notícia é que, mesmo sabendo que
os Estados Unidos irão manter a aprovação deste acordo com o Irã, Benjamin
Netanyahu prometeu continuar a denunciá-lo.
Por que a insistência do
primeiro ministro israelense neste exercício inútil para mudar um resultado
inevitável?
A resposta a esta questão veio
do Senador Republicano Tom Cotton que em visita a Israel esta semana disse que
ele como ele, Netanyahu sabe que esse “não é o fim da estória com o Irã, só o
fim de um capítulo. E o que quer que aconteça com o acordo, nós ainda temos que
confrontar a agressão iraniana nos próximos anos, enquanto estiver sob o
controle dos aiatolás”.
Em outras palavras, ao
continuar sua oposição ao acordo, Netanyahu está tentando impactar outros
capítulos que ainda não foram escritos no qual o Irã será o maior adversário.
Deste ponto de vista, os argumentos de Israel hoje são menos direcionados ao
programa nuclear e mais sobre a ameaça convencional, que com os bilhões de
dólares transferidos aos mulás, ficou substancialmente maior.
Muitos da esquerda de Israel e
judeus americanos se opuseram veementemente à campanha de Netanyahu acusando o
primeiro ministro de entrar numa guerra sabendo que iria perder e se indispor
com o maior aliado do estado judeu.
Mas Netanyahu e outros líderes
políticos em Israel e nos Estados Unidos que reconhecem o perigo deste acordo
que permite a Republica Islâmica se tornar uma potência nuclear – têm o dever
de denunciá-lo. Não faze-lo seria uma negligência de suas obrigações.
O Estado de Israel foi criado
em grande parte como resultado das lições duramente aprendidas durante a
Segunda Guerra Mundial. Uma delas é que o povo judeu não pode se basear em
promessas de outros para sua proteção e continuidade. Em vez disso, Israel precisa
ter os meios políticos e militares para proteger a si própria e determinar seu
próprio destino.
E neste caso com o Irã há em
Israel um raro consenso de oposição ao acordo. Tanto a direita como a esquerda
entendem que um Irã liderado por mulás empenhados em trazer o fim dos tempos
com capacidade nuclear ou a corrida armamentista na região trazida por esta
capacidade são ameaças existenciais para o estado judeu.
Este consenso deve ser
articulado publica e abertamente em toda a oportunidade e em qualquer meio.
Se esta batalha estava
destinada a ser perdida desde o começo ou não, é irrelevante. Israel deve
continuar a usar de todos os meios para avisar o mundo dos perigos deste acordo
seja para conseguir altera-lo ou anulá-lo de uma vez por todas.
Netanyahu foi duramente
criticado por desafiar publicamente o presidente Obama. Muitos em Israel
falaram sobre uma deterioração das relações com a America. No entanto, ambos
Obama e o secretário de estado John Kerry deixaram bem claro que várias
ocasiões que apesar de tentar bloquear o acordo ser um erro, eles respeitavam
as preocupações e receios de Netanyahu. Ambos disseram que queriam uma
cooperação mais estreita para aumentar o pacote de segurança que assegurará sua
vantagem militar de Israel.
Para quê um pacote maior e
melhor de ajuda militar se o acordo com o Irã é tão bom? E a contenção de Obama
durante as negociações de que o Irã estava “a beira de se tornar um país mais
moderado, que estaria pronto a se juntar à comunidade internacional e abandonar
seu passado revolucionário?
Nunca houve uma só indicação
de que os iranianos estariam indo nesta direção. Muito pelo contrário. A
indicação é de endurecimento e expansionismo.
De acordo com o diretor geral
do Ministério do Exterior de Israel, Dore Gold, o Irã está tentando instalar um
novo front da Hezbollah contra Israel nos Altos do Golã e transferindo algumas
de suas armas mais avançadas para a Hezbollah, incluindo GPS para mísseis
balísticos para melhorar sua precisão. E tudo isto ocorrendo durante as
negociações com os Estados Unidos.
De acordo com Gold, continuar
a denunciar o acordo, continuar a avisar que ele irá dar ao Irã bilhões de
dólares e legitimidade para seus esforços subversivos na região, é uma maneira
de antecipar o próximo argumento em favor do Irã: que a Republica Islamica deve
ter um papel na ordem regional do Oriente Médio como resultado do acordo”.
A retórica israelense, no
entanto, irá manter o foco no Irã como um regime pernicioso e sem remorsos que
não mudou de modo algum seu objetivo anti-Israel ou anti-americano.
Liderar uma campanha agressiva
contra o acordo do Irã foi a coisa certa a fazer tanto moral quanto
taticamente. Há momentos na história em que lideres devem tomar uma posição
clara e inequívoca, independentemente das chances de sucesso. Quando os motivos
forem puros, até os inimigos mostrarão respeito.
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