Sunday, December 25, 2016

A Resolução do Adeus de Obama - 25/12/16

Há alguns meses, quando comentava neste programa sobre o enorme pacote de ajuda americana, avisei que Israel iria pagar caro por ele. Na ocasião, meu receio era que Obama iria reconhecer o estado palestino na Assembleia Geral da ONU em setembro.

A Assembleia Geral ocorreu e Obama nada fez. Ele mal falou sobre Israel em seu discurso, provavelmente se calando para não prejudicar as chances de Hillary Clinton nas eleições em novembro. Mas após Hillary ter perdido, Obama decidiu usar este último mês na presidência para finalmente extravasar seu antissemitismo e anti-israelismo sem nada que o contenha.

No começo de dezembro, Obama convidou o representante palestino Saeb Erekat junto com um representante egípcio para uma reunião final antes de sair da Casa Branca. Aproveitando a posição do Egito como membro não permanente no Conselho de Segurança, Obama compôs os termos de uma resolução que, contra toda a base legal em direito internacional, iria finalmente declarar os assentamentos israelenses na Judeia e Samaria ilegais, não apenas ilegítimos aos olhos da comunidade internacional mas ilegais.

Vamos voltar um pouco na história. Logo após a Segunda Guerra Mundial, a Cruz Vermelha - que até então era somente uma organização suíça de assistência- submeteu os termos das Convenções de Genebra para proteger populações civis em caso de guerra. 

A Quarta Convenção de Genebra em particular, proíbe a transferência de populações em territórios ocupados. Isto é, proíbe o que a China fez no Tibete, de arrancar tibetanos e assenta-los na China e transferir chineses para o Tibete. Mas nada na Convenção proíbe que pessoas privadas adquiram propriedades no território ocupado e morem lá. Muitos turcos, por exemplo, adquiriram propriedades e moram no norte de Chipre, ocupado pela Turquia. A China e a Turquia nunca foram condenadas.

Depois de 1967, judeus decidiram retornar para os locais de onde haviam sido expulsos apenas 18 anos antes, em 1949. Estes judeus reconstruíram as comunidades de Gush Etzion, Hebron, e outras. Isso, e o fato de nunca ter havido um estado palestino na região, fazia que os assentamentos não fossem ilegais. Até agora.

Os judeus não são chineses ou turcos. Eles viveram por três mil anos ininterruptamente nesta terra que leva seu nome: Judeia. Foram expulsos por 18 anos e quando voltaram foram rotulados de colonos! Isto porque o mundo colocou na cabeça que a única solução para o conflito entre Israel e os árabes é a criação de mais um estado árabe terrorista. Nenhum destes imbecis, que recusa ver a realidade, traz o fato de Israel, incluindo a Judeia e Samaria, ser menor que o Estado de Sergipe. Que de vários pontos em Jerusalem, um pode ver Tel Aviv e o Mediterrâneo de um lado e ao se virar, verá a Jordânia. Tudo a olho nú. Isto não seria problemático se Israel tivesse o Canadá ou a Austrália como vizinhos. Mas este não é o caso. Nenhum destes países admite que já como está, Israel não tem profundidade territorial estratégica para se defender.

Esta resolução, patrocinada pelo Egito, tinha que ser votada na quinta-feira, mas o Egito a retirou, depois de Donald Trump ter ligado para o presidente al-Sissi e pedido para esperar até ele ser empossado em Janeiro para conversarem. Obama ficou furioso e resolveu mostrar que ele ainda é o presidente.

Obama então contatou outros membros não permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a resolução foi re-submetida ao voto na sexta-feira à noite com patrocínio do Senegal, Nova Zelândia, Malásia e Venezuela, quando todos já deveriam estar de férias de Natal. E desta vez, diferentemente de outras resoluções, os Estados Unidos não a vetou, mas se absteve. O presidente da Ucrânia, que havia indicado que também iria se abster, recebeu um telefonema do vice-presidente americano Joe Biden que , foi pressionado durante horas. Obama queria uma votação unânime, somente os Estados Unidos se abstendo.

Com isso, hoje as comunidades judaicas além da linha verde foram da noite para o dia, literalmente, tornadas ilegais pela comunidade internacional.

A resolução é muito problemática e perigosa. Ela abre o caminho para sanções, boicotes e o arrolamento dos moradores judeus nestas áreas como criminosos de guerra. A resolução também não leva em conta que ao colocar tudo além da linha verde na ilegalidade, ela exige a saída dos judeus da cidade velha de Jerusalem, do Muro das Lamentações e de todos os outros locais judaicos sagrados como o túmulo de Raquel e dos Patriarcas. Ela coloca na ilegalidade quase meio milhão de israelenses que moram nos bairros ao norte, leste e sul de Jerusalem e outro meio milhão que vivem na Judeia e Samaria.

O outro lado da moeda desta resolução é que ela retira qualquer incentivo dos palestinos sentarem na mesa de negociação. Na sexta-feira eles conseguiram absolutamente TUDO, sem fazerem QUALQUER concessão, nem mesmo cessar a incitação e ataques terroristas. De fato, qualquer ataque a assentamentos e a judeus além da linha verde, de ontem em diante será visto como legitima defesa dos palestinos. Na prática, esta resolução revogou os acordos de Oslo que haviam estabelecido que o status das comunidades judaicas e Jerusalem deveriam ser negociadas entre as partes.

Esta resolução hipócrita é o troco pessoal de Obama para Netanyahu. Um assistente de Bibi uma vez me disse que a aversão de Obama pelo primeiro ministro era tão patente que chegava a ser física. Agora que Hillary perdeu a eleição, Obama sabe que a maioria de seu legado imposto através de ordens executivas, será desmantelada por Trump. Mas uma resolução como esta aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU será impossível revogar.

A arrogância e a hipocrisia deste homem não tem limites.  Ele está fazendo tudo para minar a presidência de Trump. Sinceramente, em 30 anos de América, nunca tive tanta vergonha deste país e de me dizer cidadã.

E o que fazer agora?

Por um lado, Trump pode dar o troco e imediatamente transferir a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalem. Trump também pode suspender a ajuda americana para a UNRWA a agência de refugiados exclusiva dos palestinos que não faz nada a não ser promover o terrorismo. Ele também pode tentar negociar com estes ou os próximos membros do Conselho de Segurança para revogar esta resolução algo nunca feito antes. No limite ele pode se recusar a continuar a financiar a ONU que depende da América em nada menos que 25% de seu orçamento anual.

Bibi por seu lado, já começou a tomar passos importantes chamando de volta os embaixadores israelenses na Nova Zelândia e no Senegal e cancelando os programas de ajuda, especialmente em agricultura, que Israel patrocina no país africano. Ele também cancelou a ajuda monetária de milhões de shekels a agências da ONU que mantêm presença em Israel, trabalhando contra o país.

Mas Bibi pode ir mais além. Já que a comunidade internacional estabeleceu as fronteiras como a linha verde de 1949 sem consultar Israel, Israel pode agora aproveitar esta oportunidade e anexar a área C e as comunidades judaicas na Judeia e Samaria ao Estado de Israel. O resto, Israel deverá se separar completamente dos palestinos, cancelando vistos de trabalho, transferência de doentes para hospitais israelenses para serem tratados de graça e cancelar o fornecimento de água e eletricidade aos palestinos sem receber pagamento durante por anos.

Parece até um presságio que esta votação tenha ocorrido na véspera do festival das luzes, da festa que Israel comemora a vitória contra os gregos e a re-dedicação do Templo em Jerusalém. Dizem que a parte mais escura da noite é antes da aurora. Que esta mostra vergonhosa, desonesta, infame e indigna dos países civilizados se torne na faísca que desencadeie a luz e a redenção para Israel e o povo judeu.




Sunday, December 18, 2016

O Fim de Aleppo - 18/12/2016

A batalha por Aleppo acabou. O regime do ditador xiita Bashar al-Assad e seus aliados, a Rússia, o Irã e as milícias paramilitares da Hezbollah venceram.


Aleppo era a cidade mais importante da Síria, o centro comercial do país. Damasco, a capital, era a segunda. A importância da cidade remontava a seis mil anos antes da era cristã tendo sido um dos polos da Rota da Seda até 1869 com a inauguração do Canal de Suez.
Aleppo antes da Guerra

Visitei Aleppo em 1998, sua cidade velha, o mercado fechado mais antigo do mundo com as especiarias moídas na hora, os deliciosos sorvetes e doces, sua arquitetura medieval e artesanato, a enorme cidadela que pelo que dizem foi visitada pelo patriarca Abraão, e a grande mesquita construída sobre o gigante templo romano de Júpiter.

Mercado de Aleppo antes e depois da Guerra

 Só não pude visitar a Sinagoga Central aonde meus ancestrais rezaram, porque era proibido. A mesma sinagoga que abrigou por 600 anos, o Codex, a mais antiga Bíblia completa conhecida. Até 1947.

Sinagoga Central de Aleppo

Logo após a ONU ter votado pela partilha e a criação de um estado judeu, a população de Aleppo perpetrou um pogrom contra a população judaica da cidade. 75 judeus foram mortos, centenas foram feridos. Dez sinagogas, cinco escolas, um orfanato e um clube de jovens junto com várias lojas e 150 casas de judeus foram queimadas e destruídas. Durante o tumulto o Codex foi perdido mas parte dele reapareceu em Israel em 1958. No dia seguinte ao pogrom, metade dos judeus fugiu da cidade e nos anos seguintes o resto da comunidade judaica deixou a Síria para sempre.

Sem fazer comparações quanto à magnitude da destruição, as imagens que nos chegam hoje de Aleppo lembram as fotos tiradas das casas e sinagogas depois do pogrom. 

Destruição da Sinagoga 1947

Destruição de Aleppo hoje

Quem poderia imaginar que após ter sobrevivido todas as invasões da história, Aleppo ira sucumbir a uma guerra civil religiosa entre sunitas e xiitas?

Até agora, mais de 300 mil pessoas foram mortas na Síria e milhões fugiram de suas casas e não há qualquer esperança que a situação se resolva num futuro próximo. Sobrou apenas negociar a evacuação da população civil e rebeldes.

Com cinco semanas para transferir a presidência para Donald Trump, Obama deixa a Casa Branca sobre as ruinas de Aleppo. Seu legado sobre o Oriente Médio será todo este horror e sua herança para o próximo governo, será este fiasco de proporções bíblicas.

O que a mídia interpretou ser uma busca informada e resoluta para reinventar o Oriente Médio em seu discurso no Cairo em 2009, resultou em uma mostra de ignorância, arrogância, ingenuidade e negligência de Obama. A consequência foi múltiplos banhos de sangue e perdas estratégicas na região que agora culminaram com a queda de Aleppo. O discurso foi intitulado “Um Novo Começo”. Nele Obama citou o Corão, pediu desculpas pelo envolvimento americano no golpe do Irã de 1953, censurou a França por proibir o uso do véu e bradou para a audiência muçulmana delirante que “os assentamentos têm que cessar”!

Naquele momento, a politica do presidente Teddy Roosevelt de "falar manso e carregar um bastão longo foi substituída por “grite e não carregue qualquer bastão”. Naquele momento também, o mundo começou a perder o medo do Tio Sam.

Apenas uma semana após o discurso, os aiatolás roubaram as eleições no Irã, assassinaram e prenderam centenas de manifestantes pró-democracia e Obama ficou quieto. Um ano e meio mais tarde, Obama lembrou de sua voz e a usou para defender o resultado das eleições no Egito que colocaram a Irmandade Muçulmana no poder, jogando seu aliado Hosni Mubarak para baixo do ônibus. Quer dizer, no Irã era ok não respeitar as eleições...

Aí veio a guerra na Líbia, quando ele cunhou o oximoro “liderar por trás” e sua promessa de atacar a Síria se ela usasse armas químicas contra civis. Em 2013, John Kerry chamou o ataque químico de Assad uma “obscenidade moral”. Mas não obsceno o suficiente para agir.

No Egito, os islamistas já tinham sido removidos do governo mas Obama decidiu boicotar o novo governo de Al-Sissi. Aí a Rússia abocanhou o mercado de armas egípcio. Mas Putin não parou aí.

Vendo que Obama era um tigre sem dentes, a Rússia anexou a Crimeia e parte da Ucrânia. Ao mesmo tempo, ela triplicou suas forças na Síria e com toda a passividade em Washington, a Rússia decidiu entrar na guerra ativamente.  

Do outro lado do mundo, a China também se aproveitou da fraqueza de Obama e apressou a construção de ilhas para expandir seu mar territorial, provocou navios japoneses, coreanos e filipinos e implantou uma plataforma offshore nas ilhas Paracel.

Por cima de toda esta falta de lei e ordem no mundo, o Oriente Médio que Obama achava poder pacificar com algumas frases de efeito, vomitava seus cidadãos numa onda migratória nunca antes vista, colocando em perigo não só o futuro da União Europeia, mas o sistema internacional como um todo.

Este é o resumo do governo Obama que hoje resta sobre as cinzas de Aleppo. Com as cortinas caindo sobre sua presidência, Obama precisaria pedir desculpas. Primeiro para as vítimas e as famílias massacradas, refugiadas, empobrecidas, por sua total incompetência e sua falta de visão, dando passagem livre a Assad o homem que hoje detém o recorde de ter matado mais árabes que qualquer outra pessoa na história; segundo, ao povo americano, pois em oito anos ele jogou na lixeira 70 anos de trabalho e dominação na região sem qualquer coisa em troca, e sem um plano B; e finalmente Obama deve pedir desculpas aos aliados árabes que perderam total confiança na América.

O próximo presidente Donald Trump parece saber que o islamismo radical junto com a política de expansão da Rússia são os inimigos do dia. Seus discursos são claros quanto a isso. Não é atraente ou bonito, ou muito menos politicamente correto ou humanista como a mídia e os idealistas gostariam. Mas diferentemente do Cairo em 2009, Trump sabe que ele precisa restaurar não só a sanidade, mas a sentido de realidade no governo americano.

Nesta semana 82 civis foram massacrados por milícias xiitas da Hezbollah em Aleppo. Eles entraram nas casas de sunitas e atiraram em todos, mulheres, crianças, velhos. Mataram também todos os médicos e pacientes que se encontravam no único hospital restante no leste da cidade. O mundo ficou silencioso. Da mesma forma que em Ruanda, Srebrenica, Darfur, Afeganistão, Iraque e no Monte Sinjar dos Yazidis, o mundo continua a preferir dar condolências e prêmios às vitimas do que pegar em armas e defender os inocentes.

O Nunca Mais dito após o Holocausto para justificar a criação da ONU, foi apenas um slogan. O silencio desta organização, sem mesmo uma reunião do Conselho de Segurança sobre o destino de Aleppo é ensurdecedor. Como finalmente confessado por Ban Ki Moon nesta semana em seu discurso final como Secretário Geral, o foco da ONU é desproporcionalmente Israel. Achamos que no século 21 estaríamos mais esclarecidos, mais civilizados. Acho que os Hunos poderiam nos dar algumas lições de humanidade. E este é o mundo que estamos deixando para nossos filhos.



Sunday, December 11, 2016

Trump e Uma Nova Estratégia Para o Oriente Médio - 11/12/2016

Os mulás no Irã não devem estar dormindo ultimamente. Justo quando seus planos estavam indo tão bem, tendo recebido bilhões de dólares de Obama, assinado um acordo que os permitiu manter seu programa nuclear e cristalizado sua influência no Afeganistão, Iraque, Síria e Líbano, Donald Trump é eleito. O problema não é Donald Trump em si como presidente, mas os membros do gabinete que ele escolheu para liderar o Pentágono, o Departamento de Segurança Interna e seu conselheiro sênior em segurança nacional.

O General John Kelly que será o próximo Secretário de Segurança Interna alertou para a infiltração de iranianos pela fronteira Mexicana e a crescente presença e influência do Irã na América do Sul. O próximo Secretário de Defesa, General James Mattis (que tem o apelido de Cachorro Louco) e o Brigadeiro General Michael Flynn que será seu conselheiro em segurança nacional, foram ambos demitidos por Obama por sua oposição ao acordo com o Irã. Obama simplesmente não permitiu qualquer voz dissonante sobre o acordo então eles foram devidamente “aposentados”.

Se Obama pudesse fazer o mesmo com líderes de outros países, eles também entrariam na fila dos desempregados. Os egípcios ficaram frustrados quando Obama exigiu a resignação de Mubarak, quando apoiou Morsi da Irmandade Muçulmana e depois quando levou semanas para reconhecer Al-Sissi o qual chamou de golpista. Os estados do Golfo árabe estão desapontados com Obama não só por causa do acordo nuclear com o Irã mas com a falta de qualquer ação contra o continuo apoio dos mulás a grupos terroristas e ao incitamento de suas minorias xiitas ameaçando os governos da Arábia Saudita, Emirados Árabes, Bahrain e outros.

Todos conhecem a frustração de Israel para com Obama, não só pelo acordo nuclear com o Irã, mas por ter deixado um vácuo enorme na Síria que permitiu a Rússia assumir o controle. Israel teria mil vezes mais preferido uma ingerência americana a ter que lidar com a Rússia que tem laços econômicos estreitos com o Irã e hoje conta com várias bases militares na Síria.

Mas vejam como o mundo dá voltas. Foi noticiado há alguns meses, que um país do Golfo árabe recebeu inteligência sobre um navio cheio de armas que deveria sair do Irã para os rebeldes xiitas no Iêmen. Este país decidiu avisar os americanos. Os dias passaram e nada! Então, este país do Golfo resolveu quebrar o protocolo e passou a informação para o Mossad, o famoso serviço de inteligência de Israel. Israel levou a informação a serio e mandou um recado ao Irã que se o navio partisse, ele não chegaria ao seu destino. O navio nunca saiu do porto.

Se esta estória que está correndo Washington é verdadeira ou não, é irrelevante. O mundo sabe que o que Israel promete, ela faz. E esta também é a reputação do General James “Cachorro Louco” Mattis. Durante sua liderança do Comando Central, Mattis visitou Jerusalem varias vezes, tendo se encontrado com o então Chefe das Forças Armadas Gaby Ashkenazi. Numa destas conversas, Ashkenazi lhe perguntou quais eram os três maiores desafios que ele estava encontrando em seu comando. Sua resposta foi: Irã, Irã e o Irã. Isto mostra o quanto Obama enterrou sua cabeça na areia e que realmente, ser um organizador comunitário não é bagagem suficiente para ser presidente.

Apesar de nunca ter sido político, Donald Trump, como um homem de negócios, definiu bem a situação entre Israel e os palestinos: “é um acordo que não pode ser feito”. Wow! Isto já é um sopro de ar fresco que mostra que Trump não irá embarcar numa “missão impossível” levianamente. Ele sabe que para ter sucesso no que todos os presidentes anteriores falharam, ele terá que analisar muito bem o que não funcionou.

Primeiro, ao tentar resolver o conflito, presidentes anteriores esbarraram na intransigência palestina que não consegue aceitar a presença de um Estado Judeu na região. Aí só restava uma opção: pressionar a única parte vulnerável às ameaças americanas a fazer concessões: Israel. Trump já avisou que não acredita em tais pressões e que para um acordo dar certo, as partes devem negociar entre elas e não engolir algo imposto por outros.

Trump também definiu este conflito como a guerra que nunca acaba. Ele parece entender que o inimigo islâmico tem uma paciência infinita. A guerra entre xiitas e sunitas dura há 1.400 anos sem qualquer esperança de resolução num futuro próximo.  Tempo é o que eles acreditam ter de sobra e que arrastar as coisas só trabalha a seu favor.

Se Trump quiser molhar os pés neste conflito ele não pode seguir os passos daqueles que não compreenderam a mentalidade da região, que veem somente Israel como um elemento de instabilidade numa vizinhança aonde francamente estabilidade não é a palavra do dia. Ontem foi reportado que o exército sírio teria supostamente desintegrado e forças do Estado Islâmico teriam retomado Palmira. O mesmo parece ter ocorrido com o exército do Líbano. Fotografias recentes das forças da Hezbollah lutando em Mosul no Iraque mostraram tanques M1A1 Abrams e transportes blindados M-113 dados pelos Estados Unidos ao exército libanês! Como o grupo terrorista se apossou deles, ninguém sabe.

Trump tem que ver Israel como um aliado estratégico essencial dos interesses americanos e reexaminar esta formula falha de concessões territoriais. Ele tem que atacar a fonte real do problema: a inabilidade dos árabes de aceitarem um estado judeu no Oriente Médio em qualquer circunstância.

Realmente, com mais de 100 conflitos sangrentos ao redor do mundo, é difícil entender porque todos os recentes governos americanos veem este como o mais importante a resolver. Se Trump quer mesmo este desafio, ele terá que adotar uma estratégia completamente diferente.

Primeiro, chega de ver os palestinos como vítimas e a parte fraca nesta arena. Israel tem 8 milhões de pessoas cercada por centenas de milhões de árabes. Vamos começar a responsabilizar os palestinos por seus fracassos. Quatro vezes eles rejeitaram um estado para tentar obter mais e mais. Deixe bem claro que os Estados Unidos não irão recompensar os palestinos por promoverem uma cultura antissemita de ódio aos judeus e israelenses e não prepararem sua população para aceitar a paz. Chegou a hora também de parar de chamar as casas de judeus construídas além da linha de armistício de 1949 de ilegítimas.

E em troca de assegurar a defesa do mundo árabe sunita contra a hegemonia iraniana, Trump deve exigir que países como Arábia Saudita, Kuwait, Qatar, Bahrain, e outros reconheçam Israel. No recente Fórum Saban, John Kerry disse que não haverá um processo de paz separado entre Israel e os palestinos e o resto do mundo árabe. É este tipo de miopia que levou ao acordo com o Irã.  Chegou a hora de alguma criatividade. Em vez de continuar insistindo na falida “solução de dois estados”, vamos dar uma chance a outras soluções como, por exemplo, a criação de uma federação entre a Jordânia e as cidades árabes na Judeia e Samaria.


Mas acima de tudo, lembrar o conselho do ex-ministro da defesa de Israel Moshe Ya’alon: “Enquanto os palestinos educarem seus filhos a odiar os judeus, a matar os judeus e admirar os chamados “mártires” – o conflito nunca será resolvido”.

Sunday, December 4, 2016

O Dia de "Solidariedade " ao Povo Palestino - 04/12/2016

No dia 29 de novembro de 1947, a ONU votou a histórica partilha entre árabes e judeus do que havia sobrado do Mandato Britânico da Palestina depois que 77% da área fora usada para criar a Jordânia. A sessão, presidida por nosso Oswaldo Aranha aprovou a resolução 181 por 33 votos a favor a 13 contra. Segundo a resolução, dos 23% que restaram da Palestina, 12% seriam dados aos judeus e o resto aos árabes. A maioria do território dada aos judeus ficava no deserto.  Os árabes não aceitaram e o resto é história.
Trinta anos depois, como para escancarar seu arrependimento por ter votado a criação do Estado de Israel, a ONU instituiu, no mesmo dia 29 de novembro, o Dia de Solidariedade ao Povo Palestino. Assim, a cada ano desde 1977, em vez da ONU lembrar sua histórica e única recriação de um país desaparecido há dois mil anos, comemorar a ressuscitação de uma cultura bíblica em sua terra natal, a ressurreição de uma língua considerada morta há séculos, a ONU grita “Mea Culpa” aos quatro ventos e conduz eventos “culturais” para surrar Israel.
Este ano, Ban Ki-Moon declarou que “o numero de demolições de casas palestinas dobrou. Gaza continua em emergência humanitária, sua infraestrutura desmoronando e economia paralisada”. Nada sobre os contínuos ataques terroristas, mísseis que continuam a chover de Gaza e a reconstrução bem noticiada pelo Hamas dos túneis para trazer a guerra para Israel. Nada sobre os 332 projetos de construção que Israel está gerenciando na Faixa e as toneladas de ajuda humanitária que Israel manda todos os dias para Gaza.
Mas este ano a ONU não parou aí. A Assembléia Geral votou e aprovou seis resoluções condenando Israel. Uma delas, usou somente os termos árabes para descrever o Monte do Templo em Jerusalem, novamente ignorando as raízes bíblicas judaicas e cristãs do local. 147 membros votaram a favor, inclusive novamente o Brasil, somente sete contra e oito se abstiveram. Outros países que haviam denunciado a resolução da UNESCO lembram-se (?), como a França, Itália, Alemanha e Inglaterra, também votaram a favor das resoluções. Os heróis que votaram contra foram os Estados Unidos, Canada, Israel, as Ilhas Marshall, a Micronesia, Nauru e Palu.
A resolução principal declarou que “qualquer ação tomada por Israel, para impor suas leis, jurisdição e administração na Cidade Santa de Jerusalem são ilegais e portanto nulas e sem efeito”. As outras resoluções incluíam perolas como mandar Israel transferir o controle dos Altos do Golan para a Síria (!!!) e terminar o que chamaram de “ocupação” do povo palestino.
Mas o que chamou a atenção mesmo, no entanto, foi o uso de um cachecol com a bandeira palestina pelo grande palhaço deste circo, o Presidente da Assembleia Geral Peter Thomson do super-importante país as Ilhas Fiji.  O embaixador de Israel na ONU Danny Danon criticou Thomson severamente e com razão. Como presidente da Assembleia Geral ele deveria se manter neutro e não se enrolar na bandeira palestina e vomitar ataques contra Israel.
Em resposta, durante o discurso de Thomson, Dannon segurou uma cópia do Jornal The New York Times de 30 de Novembro de 1947 que tinha em sua manchete: “Assembleia Vota Pela Partilha da Palestina. A Margem foi de 33 a 13; Árabes Se Retiram; Aranha Elogia o Trabalho ao Final da Sessão”.
Nestes quase 70 anos, o que fizeram os árabes e os que se auto intitulam “Palestinos” além de terrorismo, destruição e morte?
Ninguém na Assembleia Geral ou em qualquer outro fórum internacional jamais levantou a voz para dizer que depois de 70 anos e bilhões de dólares doados a eles, chegou a hora de se concentrarem em construir um estado em vez de incitação e terrorismo.
Os que gritam “Palestina Livre” deveriam saber que a liberdade não é algo dado. É uma responsabilidade e uma obrigação. A pergunta é: que tipo de liberdade os palestinos buscam? Que responsabilidades estão eles prontos a assumir e que preço estão dispostos a pagar pela liberdade?
Desde os acordos de Oslo, Israel saiu de cada cidade palestina deixando a administração delas à Yasser Arafat e a Mahmoud Abbas. E o que estes dois paladinos da democracia fizeram? Construíram um dos maiores sistemas de corrupção governamental, sem um sistema judiciário efetivo ou uma indústria. Não construíram uma só estação de tratamento de água e esgoto ou uma só estação elétrica. Seu sistema educacional é todo voltado a envenenar diariamente as mentes das crianças a partir do jardim de infância com propaganda antissemita do pior tipo.
Isto é liberdade? Quando ensinam seus filhos que judeus são macacos e porcos, eles não estão marchando em direção à libertação da Palestina. Estão acorrentando sua próxima geração ao racismo, preconceito, ignorância e pobreza de espírito.
Em vez de construírem algo, criarem algo, eles escolhem a cultura do assassinato e destruição como vimos com os incêndios  há duas semanas. Eles não pararam até que líderes palestinos vieram para a mídia reclamando que os incêndios também estavam afetando árabes israelenses e palestinos. Quer dizer, se estivessem afetando unicamente os judeus, então poderiam continuar ateando os fogos. Esta é a mentalidade.
Infelizmente sabemos que mentalidade é algo muito difícil de mudar. Mas esta semana tivemos um brilhante exemplo aqui nos EUA do que ainda é possível.
Apesar de ainda não ter sido inaugurado como presidente, Trump não hesitou parar tudo o que estava fazendo e decidiu salvar mil e cem empregos da fábrica Carrier de ar-condicionados que estava se mudando para o México.
Ele ligou diretamente ao presidente da empresa e negociou com o governo de Indiana (que é de seu vice) incentivos fiscais à fabrica se ela ficasse nos Estados Unidos e garantisse os empregos dos americanos. Depois de dois dias, a fábrica concordou e mil e cem empregos foram salvos.
Isto foi um direto tapa na cara de Obama que havia declarado semanas antes da eleição que não havia jeito de evitar que fábricas se mudassem para outros países mais pobres aonde é mais barato fabricar produtos para o consumidor americano.
Trump ainda declarou que receberá um salário simbólico de um dólar por ano como presidente.
São coisas como estas que estão mudando a opinião de muitos democratas e independentes a favor de Trump. Há um otimismo no ar. A bolsa está subindo loucamente mostrando uma confiança sem precedentes dos mercados no próximo governo. A América apostou num homem de negócios e não num político, alguém que não deve nada a ninguém e prometeu limpar o lodaçal em Washington.
Seria tão bom se os ventos que sopram aqui chegassem ao hemisfério sul... Mas isto fica para uma outra vez.

Dedico este comentário aos que pereceram no trágico vôo da Lamia. Recuso a definir o que ocorrer como acidente, pois acidente é algo imprevisível. Isto foi um caso de no mínimo altíssima negligência e desprezo para com a vida do próximo. Minhas preces estão com as famílias destes jovens atletas e dos não tão jovens jornalistas, treinador e assistentes que deveriam ainda estar conosco.