Sunday, February 28, 2021

O Vírus do Antissemitismo - 28/02/2021

Nesta época de pandemia todos nós aprendemos alguma coisa sobre o vírus. Uma delas é que a pior coisa que pode acontecer quando há um surto em um local, é o vírus ser transportado para outro local.

Em menos de um ano o Corona vírus chegou aos quatro cantos do mundo custando a vida de milhões e praticamente a economia mundial.

Mas há outro vírus se alastrando mundo a fora, de um modo não mais tão sutil. E este é o vírus do antissemitismo.

Há duas semanas, 300 pessoas foram ao cemitério da Almudena na Espanha, para comemorar a chamada “divisão azul”, uma divisão de voluntários espanhóis que lutaram do lado dos nazistas na Segunda Guerra Mundial. O evento incluiu um padre e várias saudações nazistas foram filmadas e postadas na mídia social. O que especialmente viralizou, foi um discurso inflamatório feito por uma jovem, que não devia ter 20 anos de idade, se declarando fascista e colocando a culpa de todos os males do mundo, em quem? Nos judeus, é claro.

Algumas semanas atrás, o Leo Lins, um comediante brasileiro, quis fazer uma piada dizendo que na sala de cinema era possível colocar pelo menos 18 judeus no cinzeiro se socassem bem. Para mim, o que foi ofensivo não foi tanto a piada sem graça mas as risadas incontroláveis da audiência. Lins demonstrou como o sentimento antissemita anda no Brasil.  

No final de janeiro, Hélder Teixeira, um participante do Big Brother de Portugal foi expulso do programa por imitar um soldado nazista fazendo a saudação a Hitler e tudo mais. Os promotores do programa disseram que ele havia passado todos os limites.

E na semana passada, no programa da NBC, Saturday Night Live, aqui em Nova Iorque, o comediante Michael Che, soltou uma piada idiota sobre Israel e a vacina contra o coronavírus dizendo: “Israel declarou que vacinou metade de sua população”. "Eu vou adivinhar que é a metade judia."

Por outro lado, a atriz Gina Carano, a líder do programa The Mandalorian do Canal Disney, foi despedida por ter comparado o “ódio a alguém por suas opiniões políticas com o tratamento dos judeus durante o Holocausto”. E nisso ela tem razão. O Holocausto não começou com os fornos crematórios. Ele terminou com eles. No começo os nazistas vilificaram os judeus, perseguiram aqueles que tinham alguma voz e manipularam a opinião publica contra eles. Exatamente o que os democratas fizeram e continuam a fazer com Donald Trump e seus seguidores e Carano disse isso. Alegando uma falsa indignação por ela ter feito esta simples comparação, Disney despediu a atriz.

E isso tudo nestes dois primeiros meses de 2021.

O que todas estas tentativas de comédia nas costas de judeus têm em comum é de serem de mau gosto, insensíveis, que não apenas distorcem a realidade, mas jogam com todos os estereótipos antissemitas feios sobre judeus. De serem os causadores dos males a egoístas que se preocupam apenas com eles próprios. E sobre Israel, Che está completamente errado. Todos os israelenses com mais de 16 anos podem receber a vacina, gratuitamente e isso inclui dois milhões de cidadãos árabes.

O que alarma é que o mundo mais uma vez está comprando as falsas narrativas que causaram tanta dor e mortes no passado. Do primeiro libelo de sangue, ocorrido na Inglaterra em 1144, passando pela publicação dos Protocolos dos Sábios de Sião em 1903 na Rússia sobre um suposto plano judaico de dominar o mundo, até o genocídio industrializado do Holocausto, achávamos que o mundo tinha aprendido. Que o vírus do antissemitismo havia sido erradicado na Europa. Mas não.

Ele sofreu uma mutação e contaminou os países árabes e muçulmanos. E com esta população doutrinada imigrando para o velho continente, o antissemitismo voltou para a Europa de forma diferente. Agora o antissemitismo inclui não somente o ódio ao judeu, mas à Israel. A narrativa usada na mídia social e nos noticiários é que Israel cuida de sua população judaica "branca", mas não de seus cidadãos árabes que apesar de também serem brancos, são considerados como sendo de “cor”.

Como é possível pensar assim no século 21? Infelizmente nós, judeus, temos feito um péssimo trabalho para educar o mundo sobre quem somos, sobre o que comanda nossa religião e também o fato de que os três milhões de cidadãos árabes de Israel desfrutam de maiores liberdades do que em qualquer país do Oriente Médio. Quanto à corona, dois terços dos cidadãos árabes de Israel já foram vacinados. E sobre os judeus em Israel serem brancos, Israel tem uma população judaica negra de milhares que ela salvou de perseguições em ousadas operações militares na Etiópia. Israel foi o único país da História que trouxe negros da África para a liberdade e não para a escravidão.

Seja através de comediantes ou da mídia parcial, a ideia de Israel ser um país racista que pratica o apartheid predomina. E muitas vezes este tipo de alegação fica sem resposta, pois assumimos que não há como vencer esse tipo de acusação.

Então vamos lá com fatos: A Bíblia Judaica ensinou ao mundo que todo ser humano é criado igualmente à imagem de Deus, independente de raça, cor ou credo. Sangue é considerado a coisa mais impura na religião judaica. Um ovo com uma gotícula de sangue não pode ser usado de modo algum ou ingerido. Quanto mais o sangue de um ser humano.

Israel é a única democracia no Oriente Médio aonde árabes gozam de todos os direitos igualmente aos judeus, exceto quanto a uma coisa: os árabes não são obrigados a servir o exército, que é obrigatório aos judeus. Eles podem ser voluntários.

Com os Acordos de Oslo de 1995 a Autoridade Palestina assumiu a responsabilidade pelos palestinos que vivem na Cisjordânia e em Gaza. Mesmo assim, Israel transferiu para eles milhares de doses para seus médicos e enfermeiras e concordou em vacinar cerca de 100 mil palestinos que são empregados por Israel apesar da ampla propaganda de Mahmoud Abbas que as vacinas de Israel não eram seguras e que ele iria importar a vacina russa para os palestinos.

Nada disso significa que não se possa criticar ou questionar Israel. Claro que sim. Israel é uma democracia aberta e livre. Um país com menos de 100 anos que ainda tem muito que fazer. Mas hoje, por causa de Israel, nós judeus podemos levantar a voz. Já não somos órfãos, sem-teto. Temos a obrigação de atacar cada comentário antissemita e aqueles que nos negam o direito de autodeterminação em nossa terra ancestral.

Nós sabemos a diferença entre humor e calunia. E sabemos o que é ser mal representado por estereótipos mentirosos. E isso inclui pessoas que fazem o que parecem ser piadas inofensivas, mas que perpetuam situações que são tudo menos engraçadas.

 

Sunday, February 21, 2021

O Namoro de Biden com o Irã - 21/02/2021

Por fim aconteceu. Joe Biden esperou quase um mês, mas nesta última quarta-feira ele finalmente ligou para Bibi Netanyahu, superando todos os seus predecessores na demora. Em 2001, George Bush ligou para Ehud Barak sete dias após sua posse mesmo sabendo que Barak estava prestes a perder o cargo em questão de semanas.

Em 2009, Barack Obama ligou para Ehud Olmert no dia seguinte à posse, um sinal da importância do Oriente Médio para sua agenda externa.

Em 2017, Donald Trump ligou para Benjamin Netanyahu dois dias após sua posse.

Para os que defendem o relacionamento entre Israel e a América, isso foi preocupante e perturbador. Israel é um dos aliados mais próximos da América no mundo, definitivamente o mais próximo no Oriente Médio. Com base na tradição e nos movimentos dos três últimos presidentes, o telefonema de Biden deveria ter ocorrido em questão de dias, não depois de quase um mês.

Mas não há dúvida do que esteve por trás do atraso. E porquê a falta de tal chamada não só ganhou as manchetes em todo o mundo, mas também se tornou uma questão quase diária para Jen Psaki a porta-voz da Casa Branca.

Enquanto todos os outros níveis do governo americano já fizeram e têm mantido contato com suas contrapartes israelenses, o fato de não haver contato direto entre a Casa Branca e o Gabinete do Primeiro Ministro mostra uma nova abordagem nas relações exteriores. A desculpa foi que Biden havia decidido fazer ligações com base nas regiões do mundo e quando chegasse a vez do Oriente Médio, Israel seria o primeiro.  

Mas à medida que os dias se arrastavam e a ligação não acontecia, ficou claro que uma mensagem estava sendo enviada e que a esnobação de Biden era pessoal. Não se tratava de uma mudança na política, como durante a era Obama, mas sim algo mais profundo: o governo Biden quer colocar Israel e especialmente Netanyahu no seu lugar e mostrar que Israel não controla mais em Washington.

Além disso, Biden, agindo como uma criança emburrada, demorou para ligar para Netanyahu porque o premiê israelense esperou alguns dias para congratula-lo depois da eleição em novembro.  E enquanto fotos foram publicadas durante as conversas com outros líderes, a Casa Branca não publicou nenhuma da ligação de Biden com Netanyahu.

O que estamos assistindo é um retorno à era de Obama. E Biden, que era seu vice-presidente, irá dar o troco pelas supostas transgressões de Bibi. O discurso que Netanyahu fez perante o Congresso em 2015 contra o acordo com o Irã, parece ainda estar engasgado na garganta do Partido Democrata, seis anos depois.

Muitos dos conselheiros que hoje cercam Joe Biden eram os mesmos que cercaram Obama e trabalharam no acordo com o Irã. Apesar de somente os Estados Unidos terem saído do Acordo tendo a União Europeia, a França, a Alemanha, a China, a Rússia e a Inglaterra terem se mantido, o Irã decidiu que se as sanções não fossem levantadas, eles não iriam cumprir sua parte e em janeiro aumentou o enriquecimento do urânio de 4.5% (que já violava o acordo) para 20%.

Em 12 de novembro último, a Agência Internacional de Energia Atômica avisou que o Irã já tinha armazenado 12 vezes a quantidade de urânio enriquecido do que o permitido pelo acordo.

E com tudo isso acontecendo, o Irã não reduziu seu patrocínio ao terrorismo internacional, suas ações para alcançar a hegemonia no Oriente Médio. Só na semana passada o Irã, através de suas milícias no Iraque lançaram uma barragem de mísseis contra uma base das forças de coalisão no norte do país.   

E sabem porque? Porque Biden mostrou fraqueza. Logo após a posse ele rescindiu esforços para reimpor sanções da ONU sobre o Irã. Ele chamou o absurdo acordo de 2015 uma “conquista chave da diplomacia multilateral”. Nesta semana Biden se uniu aos Europeus oferecendo começar discussões com o Irã sobre seu programa nuclear. 

E qual foi a consequência, a recompensa que Biden ganhou com este gesto de suposta “boa vontade” para não chama-lo de capitulação?

O Irã impôs hoje como prazo fatal para que as sanções bancárias e da venda de petróleo fossem suspensas. Caso contrário, o Irã irá expulsar os inspetores da Agencia Nuclear da ONU. Os mulás declararam que os Estados Unidos devem dar o primeiro passo e eliminar as sanções dando ao Irã toda a liberdade para não só reabastecer seus cofres mas os de suas organizações terroristas como a Hezbollah, o Jihad Islamico, os Houthis, as milícias pró-Irã no Iraque e outros grupos plantados na Europa e América do Sul.

Mas Biden não se importa. Ele está obcecado em voltar o relógio para 2016. Ele próprio que disse que um presidente que governa por ordens executivas, é um ditador, e ele bateu o recorde delas apenas no primeiro mês de governo.

Para a mídia agora está tudo está bem. As perguntas que fazem a Biden são tão ridículas que chegam a doer. No meio de uma crise de eletricidade no Texas, com pessoas morrendo de frio, o que a preocupa é qual dos cachorros que ele tem é o mais velho, como foi seu jogo de Mario Kart com sua neta, e como foi acordar na Casa Branca depois da posse.

Aqui em Nova Iorque a coisa não está melhor. O governador Cuomo está cada vez mais enrolado em tentar defraudar a justiça ao esconder as mortes em asilos. E o prefeito de Blasio, esta semana mandou fechar os rinks de skate da Fundação Trump que servem à população mais pobre da cidade como o Harlem. Só porque são de Trump. E ele disse isso. Ele quer punir o ex-presidente.

O que estamos vendo é uma vergonhosa mostra do que a esquerda, que promete união, amor, igualdade, faz na verdade. Para eles, não é uma questão de esquerda e direita. Mas entre a esquerda e o mal. Os conservadores, os que acreditam em menos governo e mais iniciativa privada, são representantes do mal. Eles querem o controle, o poder de decidir por todos o que é melhor para nós. Como se fossemos idiotas e não pudéssemos decidir nosso próprio destino. A solução? É continuar a mostrar as mentiras que eles dizem e as falsidades que prometem.   


Sunday, February 14, 2021

Os Escândalos dos Democratas Já Saindo à Tona - 14/02/2021

Primeiramente, gostaria de esclarecer um ponto. Na semana passada eu disse que a Palestina não era um estado membro do Tribunal Penal Internacional. E isso é verdade. O que Mahmoud Abbas fez em 15 de abril de 2015, foi assinar um compromisso submetendo o Estado da Palestina, seja isso o que for, à jurisdição da Corte. Só que aí vem a imensurável hipocrisia.

Como esta submissão é voluntária, ele declarou que ela seria válida somente a partir do dia 13 de junho de 2014. E sabem o porquê desta data? Porque foi no dia 12 de junho de 2014, um dia antes, que os três meninos israelenses foram sequestrados e mortos, deslanchando a Operação Margem Protetora. Quer dizer, Abbas abertamente disse ao Tribunal que quer a investigação sobre os supostos “crimes de guerra” perpetrados por Israel ao buscar os meninos e depois se defender dos ataques de Gaza que incluíam dúzias de túneis escavados para baixo de kibutzim e comunidades judaicas no sul de Israel, mas não aceita a jurisdição da Corte para ser investigada sobre o sequestro e o assassinato de  Eyal Yifrach de 19 anos, Gilad Shaar de 16  e Naftali Frankel de 16, mortos pelo crime de serem judeus procurando uma carona para voltar para casa.

Espero que tenha ficado claro.

De volta à America, dois assuntos dominaram o noticiário. Primeiro foi a absolvição de Donald Trump neste circo que foi seu segundo impeachment, da acusação de incitar os manifestantes que invadiram o Congresso. Esta farsa foi uma vergonha para o legislativo americano e o resultado já era esperado. A defesa do ex-presidente foi simples. Três semanas antes do acontecido, já haviam chamadas de manifestações na internet e a polícia do Congresso se recusou a pedir reforços. Se esta informação já corria semanas antes, então Trump não pode incitar nada no próprio dia da manifestação. E ainda, a defesa mostrou vídeos dos democratas no Congresso usando as mesmas palavras de Trump contra ele meses antes. Não havia caso nenhum.  Trump agradeceu e avisou que seu movimento de retornar a grandeza da América tinha apenas começado. Vamos ver.

O outro assunto foi o escândalo não só vergonhoso, mas criminosamente cometido pelo governador democrata (de esquerda) de Nova York, Andrew Cuomo. Cuomo, que já foi aclamado o rei da ação contra o Covid-19 nos Estados Unidos – passou o final de semana enfrentando chamadas para sua destituição do cargo, depois que novas alegações surgiram de que ele e funcionários seniores encobriram a extensão das mortes pelo vírus em lares de idosos no estado.

Tudo começou quando o jornal The New York Post vazou uma gravação que obteve da principal assessora do governador, Melissa DeRosa, admitindo a democratas em conversas privadas nesta semana, que o governo tinha mentido sobre os dados verdadeiros das mortes porque temia que o Departamento de Justiça usasse os números para processar o estado por má conduta.

“Basicamente, congelamos”, disse DeRosa aos legisladores, referindo-se aos tweets de Donald Trump em agosto passado pedindo uma investigação do Departamento de Justiça, que ela disse, transformou a questão das mortes em lares de idosos “neste gigante futebol político”.

“Não sabíamos que informação iriamos dar ao Departamento de Justiça, ou para a mídia ou se o que disséssemos seria usado contra nós e nem se haveria uma investigação.”

Mas na sexta-feira, os 14 senadores estaduais democratas de Nova York divulgaram uma declaração conjunta pedindo a revogação dos poderes executivos de emergência de Cuomo para lidar com a pandemia. “Embora a Covid-19 tenha testado os limites de nosso povo e do Estado ... está claro que os poderes ampliados de emergência que foram concedidos ao governador não são mais apropriados”, escreveram eles.

O que aconteceu foi que no início da semana veio à tona que o número de mortes por coronavírus nas casas de repouso de Nova York era muito maior, o dobro, do que a administração de Cuomo havia admitido. Só depois de receber uma ordem judicial, Cuomo revelou que o total de mortes era pouco mais de 8 mil mas cerca de 15 mil. Cuomo deliberadamente omitiu as mortes de idosos que foram transportados por sua ordem, e morreram em hospitais.

Numa entrevista coletiva em janeiro, depois que a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, ter divulgado um relatório contundente afirmando que as mortes em lares de idosos eram muito maiores do que o governo estava afirmando, Cuomo irritado disse “quem se importa [se] morreram no hospital, ou numa casa de repouso? Eles morreram”.

A admissão de DeRosa jogou combustível nos crescentes pedidos de renúncia, impeachment ou destituição de Cuomo, e na sexta-feira o congressista de Nova York, Tom Reed, disse que entraria com uma ação judicial contra a assessora do governador.

Esta admissão foi a última de uma série de atos perturbadores de corrupção por parte do governo de Andrew Cuomo. Em vez de se desculpar ou dar respostas às milhares de famílias de Nova York que perderam entes queridos, a administração do governador pediu desculpas de portas fechadas aos políticos, pela “inconveniência política que esse escândalo lhes causou”.

Só para lembrar, Andrew Cuomo tem um irmão, o palhaço Chris Cuomo que trabalha na CNN e usou todo o seu tempo no ar, no ano passado, para exaltar seu irmão. E isso foi copiado pelas outras emissoras. Assim, no meio da pandemia, com Nova Iorque se tornando líder das mortes pelo covid-19, Cuomo decide escrever um livro intitulado “Lições de Liderança na Crise da América”. Não há limite para seu ego.

Informações cruciais como o numero de mortes em casas de repouso e asilos de velhos nunca devem ser ocultadas do público. A política não deve fazer parte da estratégia de saúde durante uma pandemia tão trágica.

Até os democratas de Nova York se revoltaram contra Cuomo, dizendo que isso foi uma “traição à confiança pública” e ele precisa ser responsabilizado.

E enquanto isso, Biden ainda não ligou para Bibi Netanyahu. Mas de repente ele se viu nos sapatos de Trump quando o Irã declarou que iria continuar a enriquecer urânio se Biden não suspendesse as sanções. Biden não se mexeu.  Mas com tantos interesses em jogo e promessas já quebradas sobre políticas e transparência em seu governo, o futuro continua a ser um grande ponto de interrogação.



Sunday, February 7, 2021

Uma Decisão Imoral do Tribunal Penal Internacional - 7/2/2021

 Nesta última sexta-feira à noite, enquanto o país celebrava a entrada do Shabbat, o último do último lock-down, Israel sofria mais um duro golpe da comunidade internacional.

O Tribunal Penal Internacional de Haia tomou uma decisão terrível ao se dar uma justificativa legal para abrir uma investigação de crimes de guerra contra Israel.

Em uma decisão majoritária, mas não unanime, publicada após um estudo que levou nada menos que seis anos pela promotora-chefe Fatou Bensouda, os juízes do TPI disseram que, “A jurisdição territorial do Tribunal sobre a situação na Palestina ... se estende aos territórios ocupados por Israel desde 1967, ou seja, Gaza e a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental.”

Garantir a si próprio jurisdição sobre estes territórios abre caminho para que o tribunal investigue Israel por alegados crimes de guerra. Agora vamos ver o tamanho da palhaçada:

Quem for ao site do Tribunal, vai poder ler com detalhes o mandato conferido a ele. O Tribunal foi estabelecido pelo Estatuto de Roma de 2002 com o objetivo de ter jurisdição sobre cidadãos dos países que aceitassem se submeter à ele, para levar à justiça perpetradores de crimes mais sérios (que eles próprios descrevem como genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e crimes de agressão) cometidos em seus territórios ou por seus cidadãos. Isto não tira a responsabilidade dos tribunais internos de cada país de promover a justiça. O Tribunal deixa bem claro que só pode ser acionado quando um Estado membro se recusa ou não quer levar à justiça estes tipos de crimes ou quando ele próprio pede ao Tribunal para começar uma investigação ou ainda quando a ONU refere um caso a ele.

Então vamos lá. Entre os 123 membros do Tribunal, nem Israel, e nem a Autoridade Palestina (e nem os Estados Unidos, a China, o Irã ou a Rússia se alguém estiver curioso), são membros deste Estatuto. Portanto, nem um nem outro poderia referir um caso ao Tribunal ou ter seus cidadãos julgados por ele.

O que torna esta decisão ainda mais imoral é o fato da promotora-chefe Fatou Bensuda, dar à Autoridade Palestina o beneficio de referir um processo sem ela sofrer as consequências. Ela se refere a crimes de guerra contra o Estado da Palestina, ou a situação na Palestina, que não existe e não é membro. Mas se um outro país referir uma acusação de crimes de guerra contra a Autoridade Palestina por milhares de mísseis lançados contra a população civil de Israel, aí é, “me desculpe”, “a Autoridade Palestina não é membro, não é um estado”.

Aliás, em seu site, o Tribunal limita crimes de guerra a homicidio, mutilação e tortura, tomada de reféns, intencionalmente direcionar ataques contra a população civil, ou contra prédios dedicados à religião, educação ou hospitais, saqueamento, estupro e outras formas de violência sexual e recrutar crianças menores de 15 anos para combate. Israel nunca foi acusada de cometer quaisquer destes atos contra civis. Mas estes têm sido o modus operandi do Hamas, Jihad Islamico e outros grupos terroristas contra Israel.

Acusações contra israelenses podem incluir operações militares como a Margem Protetora de 2014 contra grupos terroristas na Faixa de Gaza que entre 7 de julho e 24 de agosto lançaram nada menos que 4,562 mísseis contra a população civil de Israel, mataram 7 civis, incluindo um menino e uma família de beduínos, e feriu 126. O Tribunal também decidiu que a construção de comunidades judaicas na Judeia e Samária configuram crimes de guerra.

Como esperado, Israel e os Estados Unidos responderam duramente à decisão do tribunal.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reagiu imediatamente dizendo que “o Tribunal Penal Internacional provou mais uma vez ser um órgão político e não uma instituição judicial”. “Isso é simplesmente um antissemitismo mais refinado”.

Netanyahu ainda disse “este tribunal foi criado para prevenir horrores como o Holocausto nazista contra a nação judaica, e agora está atacando o único país da nação judaica.”

Ele acrescentou que o tribunal "lança essas acusações delirantes contra a única democracia do Oriente Médio", enquanto se recusa a "investigar os verdadeiros crimes de guerra diários cometidos por ditaduras brutais como o Irã e a Síria." A Síria também não é membro do TIP.

Nos Estados Unidos, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, disse que o governo Biden está comprometido com a segurança de Israel e se opõe à decisão do tribunal.

“Como deixamos claro quando os palestinos pretendiam aderir ao Estatuto de Roma em 2015, não acreditamos que os palestinos se qualifiquem como um estado soberano e, portanto, não estão qualificados para obter a adesão como um estado, ou participar como um estado em organizações internacionais, entidades ou conferências, incluindo o TIP ”, disse Price.

“Os Estados Unidos sempre assumiram a posição de que a jurisdição do tribunal deve ser reservada aos países que consentem à se submeter a ela, ou que são encaminhados pelo Conselho de Segurança da ONU”, acrescentou.

O que torna a decisão do tribunal ridícula é que coloca Israel em pé de igualdade com grupos terroristas como o Hamas e o Jihad Islâmico. Esses grupos visam civis intencionalmente com todos os meios ao seu alcance de tuneis a misseis. Israel age para se defender.

?Quem se responsabiliza quando civis árabes morrem quando os terroristas armazenam armas e lançam mísseis de casas e pátios de escolas? Ou quando os explosivos explodem por erro? Aí os terroristas os qualificam de “acidente de trabalho” e tudo bem, o mundo engole. Isso não é crime de guerra.

Mas quando Israel adverte repetidamente antes de atacar para se defender, ou quando aceita cessar-fogos indecentes, e continua a enviar suprimentos e medicamentos para seus inimigos - isso para o Tribunal ainda é um crime de guerra. É patético e revoltante.

A contenção que Israel tem mostrado ao longo dos anos em face desses ataques de mísseis deve ser aplaudida. Nenhum outro país iria aguentar ser atacado diariamente, seja com mísseis ou por lobos solitários desta maneira. Mas não. Quando se trata de Israel, ela é vestida com o San Benito e é acusada imoralmente de crimes de guerra.

E com relação às comunidades judaicas na Judeia e Samária como é que construir casas em Shiloh, Hevron, Beit El e Jerusalem - berços do povo judeu – se torna um crime de guerra?

E ainda como pode esta corte decidir que a Autoridade Palestina é um estado soberano sobre o qual ela diz ter jurisdição? Um suposto estado apto a depositar uma queixa junto ao Tribunal, quando nunca, nunca na história da humanidade houve um estado palestino, nem na época dos Filisteus, dos quais os chamados palestinos - que são árabes vindos da Arábia e do Egito - hoje dizem ser descendentes.

Pelo amor de D-us! Adolf Eichmann era um criminoso de guerra. Saddam Hussein era um criminoso de guerra. Pol Pot era um criminoso de guerra. Os responsáveis ​​pelos genocídios no Camboja, Ruanda e Darfur são criminosos de guerra. Mas o juiz da Suprema Corte de Israel, David Mintz, que mora em Dolev, na Samaria, é um criminoso de guerra? Aonde chegamos?

Agora Israel vai precisar lutar contra esta decisão e tomar medidas para proteger seus soldados, oficiais e quaisquer membros do governo ou da população que podem estar associados com a Judeia e Samaria. Terá de trabalhar em dobro com seus aliados, para alienar este Tribunal e mostrar que esta decisão ridícula não irá prevalecer.

É enojador ver Israel no banco dos réus desta maneira quando tudo o que ela faz é se defender. Se isso não é antissemitismo de uma promotora pró-palestina, que escreveu esta decisão justo antes de terminar seu termo para deixar a batata estourar com seu sucessor, não sei o que é.

Mas os países ao redor do mundo, inclusive o Brasil que é membro desta palhaçada, e seus cidadãos que podem ser trazidos frente a este Tribunal, precisam saber que o que começa com Israel geralmente não termina com Israel.