Primeiramente, gostaria de esclarecer um ponto. Na semana passada eu disse que a Palestina não era um estado membro do Tribunal Penal Internacional. E isso é verdade. O que Mahmoud Abbas fez em 15 de abril de 2015, foi assinar um compromisso submetendo o Estado da Palestina, seja isso o que for, à jurisdição da Corte. Só que aí vem a imensurável hipocrisia.
Como esta
submissão é voluntária, ele declarou que ela seria válida somente a partir do
dia 13 de junho de 2014. E sabem o porquê desta data? Porque foi no dia 12 de
junho de 2014, um dia antes, que os três meninos israelenses foram sequestrados
e mortos, deslanchando a Operação Margem Protetora. Quer dizer, Abbas
abertamente disse ao Tribunal que quer a investigação sobre os supostos “crimes
de guerra” perpetrados por Israel ao buscar os meninos e depois se defender dos
ataques de Gaza que incluíam dúzias de túneis escavados para baixo de kibutzim e
comunidades judaicas no sul de Israel, mas não aceita a jurisdição da Corte para
ser investigada sobre o sequestro e o assassinato de Eyal Yifrach de 19 anos, Gilad Shaar de 16 e Naftali Frankel de 16, mortos pelo crime de
serem judeus procurando uma carona para voltar para casa.
Espero que
tenha ficado claro.
De volta à
America, dois assuntos dominaram o noticiário. Primeiro foi a absolvição de
Donald Trump neste circo que foi seu segundo impeachment, da acusação de
incitar os manifestantes que invadiram o Congresso. Esta farsa foi uma vergonha
para o legislativo americano e o resultado já era esperado. A defesa do
ex-presidente foi simples. Três semanas antes do acontecido, já haviam chamadas
de manifestações na internet e a polícia do Congresso se recusou a pedir
reforços. Se esta informação já corria semanas antes, então Trump não pode
incitar nada no próprio dia da manifestação. E ainda, a defesa mostrou vídeos dos
democratas no Congresso usando as mesmas palavras de Trump contra ele meses
antes. Não havia caso nenhum. Trump
agradeceu e avisou que seu movimento de retornar a grandeza da América tinha apenas
começado. Vamos ver.
O outro
assunto foi o escândalo não só vergonhoso, mas criminosamente cometido pelo governador
democrata (de esquerda) de Nova York, Andrew Cuomo. Cuomo, que já foi aclamado
o rei da ação contra o Covid-19 nos Estados Unidos – passou o final de semana enfrentando
chamadas para sua destituição do cargo, depois que novas alegações surgiram de
que ele e funcionários seniores encobriram a extensão das mortes pelo vírus em lares
de idosos no estado.
Tudo começou
quando o jornal The New York Post vazou uma gravação que obteve da principal
assessora do governador, Melissa DeRosa, admitindo a democratas em conversas
privadas nesta semana, que o governo tinha mentido sobre os dados verdadeiros
das mortes porque temia que o Departamento de Justiça usasse os números para
processar o estado por má conduta.
“Basicamente,
congelamos”, disse DeRosa aos legisladores, referindo-se aos tweets de Donald
Trump em agosto passado pedindo uma investigação do Departamento de Justiça,
que ela disse, transformou a questão das mortes em lares de idosos “neste
gigante futebol político”.
“Não sabíamos
que informação iriamos dar ao Departamento de Justiça, ou para a mídia ou se o
que disséssemos seria usado contra nós e nem se haveria uma investigação.”
Mas na
sexta-feira, os 14 senadores estaduais democratas de Nova York divulgaram uma
declaração conjunta pedindo a revogação dos poderes executivos de emergência de
Cuomo para lidar com a pandemia. “Embora a Covid-19 tenha testado os limites de
nosso povo e do Estado ... está claro que os poderes ampliados de emergência
que foram concedidos ao governador não são mais apropriados”, escreveram eles.
O que
aconteceu foi que no início da semana veio à tona que o número de mortes por
coronavírus nas casas de repouso de Nova York era muito maior, o dobro, do que
a administração de Cuomo havia admitido. Só depois de receber uma ordem
judicial, Cuomo revelou que o total de mortes era pouco mais de 8 mil mas cerca
de 15 mil. Cuomo deliberadamente omitiu as mortes de idosos que foram
transportados por sua ordem, e morreram em hospitais.
Numa
entrevista coletiva em janeiro, depois que a procuradora-geral de Nova York,
Letitia James, ter divulgado um relatório contundente afirmando que as mortes
em lares de idosos eram muito maiores do que o governo estava afirmando, Cuomo
irritado disse “quem se importa [se] morreram no hospital, ou numa casa de
repouso? Eles morreram”.
A admissão de
DeRosa jogou combustível nos crescentes pedidos de renúncia, impeachment ou
destituição de Cuomo, e na sexta-feira o congressista de Nova York, Tom Reed,
disse que entraria com uma ação judicial contra a assessora do governador.
Esta admissão
foi a última de uma série de atos perturbadores de corrupção por parte do
governo de Andrew Cuomo. Em vez de se desculpar ou dar respostas às milhares de
famílias de Nova York que perderam entes queridos, a administração do
governador pediu desculpas de portas fechadas aos políticos, pela “inconveniência
política que esse escândalo lhes causou”.
Só para
lembrar, Andrew Cuomo tem um irmão, o palhaço Chris Cuomo que trabalha na CNN e
usou todo o seu tempo no ar, no ano passado, para exaltar seu irmão. E isso foi
copiado pelas outras emissoras. Assim, no meio da pandemia, com Nova Iorque se
tornando líder das mortes pelo covid-19, Cuomo decide escrever um livro intitulado
“Lições de Liderança na Crise da América”. Não há limite para seu ego.
Informações
cruciais como o numero de mortes em casas de repouso e asilos de velhos nunca
devem ser ocultadas do público. A política não deve fazer parte da estratégia
de saúde durante uma pandemia tão trágica.
Até os
democratas de Nova York se revoltaram contra Cuomo, dizendo que isso foi uma “traição
à confiança pública” e ele precisa ser responsabilizado.
E enquanto
isso, Biden ainda não ligou para Bibi Netanyahu. Mas de repente ele se viu nos
sapatos de Trump quando o Irã declarou que iria continuar a enriquecer urânio
se Biden não suspendesse as sanções. Biden não se mexeu. Mas com tantos interesses em jogo e promessas
já quebradas sobre políticas e transparência em seu governo, o futuro continua
a ser um grande ponto de interrogação.
No comments:
Post a Comment